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domingo, 26 de agosto de 2018

A mãe do saber da antiguidade, a gloriosa Biblioteca de Alexandria.




Autor: Leandro Claudir Pedroso

           Dedico esse trabalho a minha esposa Camila, uma leitora dedicada aos estudos dos saberes antigos, um pequeno trabalho sobre aquela que era a luz do saber da antiguidade e que ainda hoje inspira mentes como a sua!

A cidade de Alexandria foi construída a pedido de Alexandre o Grande da Macedônia que começou a ser construída em 331 a.C. Cleomenes se encarregou de edificar a cidade que foi projetada pelo arquiteto Dinócrates de Rodas. Alexandre nunca conheceu sua cidade.

Os faraós Ptolomeu I, Sóter e Ptolomeu II, Filadelfo trabalharam para converter Alexandria em um centro de saber. Eles próprios eram homens do saber, Ptolomeu I era escritor e elaborou uma biografia de Alexandre Magno. Ptolomeu I herdou a biblioteca do filosofo grego Aristóteles e não mediu esforços para amplia-la. Contratou um erudito ateniense para supervisionar a organização de uma grande biblioteca que com o tempo se tornou a maior e mais famosa biblioteca do mundo antigo. Sua grandeza só foi superada 17 séculos depois com a invenção da imprensa que generalizou o uso do livro. Junto a biblioteca havia um templo dedicado as musas (Mouseion em grego, Museum em latim, que conhecemos por museu) aonde os sábios podiam trabalhar em paz e sem incômodos, livre de impostos e mantidos pelo Estado. Havia 14.000 estudantes no museu, era como uma universidade. Foi em Alexandria que Euclídes elaborou sua geometria, Eratostenes mediu a circunferência da Terra, Herófito e Erasístrato realizaram enormes progressos em anatomia, Ctesibio aperfeiçoou o relógio mais engenhoso dos tempos antigos, que funcionava a água. A ciência alexandrina era de inspiração grega, mas a tecnologia era egípcia que a influenciava. Foi graças a Ptolomeu II, que trouxe da Judeia os estudiosos para assessorar a tradução das escrituras ao grego. A tradução grega da Biblia é conhecida como a dos setenta, pois segundo a tradição foi traduzida por 70 sábios.

O primeiro grande incêndio ocorreu em 48 a.C que tomou conta da Biblioteca de Alexandria do qual encontramos a narração dos fatos graças a Plutarco: “Quando o inimigo se esforçou para interromper sua comunicação pelo mar, ele foi forçado a desviar esse perigo, incendiando seus próprios navios, que, depois de queimarem as docas, se espalharam e destruíram a grande biblioteca." (Plutarco, Vida de César, 49.6). Segundo todas as fontes a tragédia do grande incêndio se deu dentro do cenário da perseguição de Júlio César ao seu rivalPompeu.

Durante o governo do imperador romano Caracalla (211-217 d.C), foi posto fim aos investimentos estatais do Império Romano para a biblioteca de Alexandria, nesses cortes incluíram as verbas para os estudiosos que ali desenvolviam vários trabalhos voltados para as mais variadas áreas do pensamento à medicina. Mas esse não foi um golpe isolado para a nossa mãe guerreira e guardiã dos saberes antigos, pois já fazia um século que a biblioteca estava em decadência e desde o ano 100 d.C havia contribuído pouco ao conhecimento do mundo. Ptolomeu foi o ultimo cientista de renome que trabalhou nela, realizando o resumo das principais obras dos primeiros astrônomos, uma obra de grande referencia na antiguidade a julgar pela escassez que informação e complexidade desigual para seus pares ou letrados de outras áreas. Os estudiosos de todo mundo ficaram ofendidos com a decisão do imperador que custaria a vida da biblioteca e impediria os estudiosos de continuarem com seus trabalhos devido a ausência de verba para seus trabalhos e ajuda de custo para sua subsistência enquanto pesquisavam e desenvolviam trabalhos junto a biblioteca.

Em 273 d.C as tropas do imperador romano Aureliano invadem o Egito para expulsar a rainha Zenobia de Palmira que havia à  3 anos ocupando o pais que era uma província romana. Aureliano persegue as tropas de Zenobia até Palmira aonde as destrói. Enquanto isso nesse inteirem no Egito um homem rico, chamado Firmo aproveitou-se da confusão e se declarou imperador. Aureliano ao retornar de Palmira e ficar sabendo do ocorrido, invade Alexandria (então capital da província do Egito) e crucifica Firmo. Mas a gloriosa biblioteca de Alexandria sofreu um abalo com isso tudo, pois no decorrer dessas contendas entre Firmo e Aureliano foram destruídos alguns edifícios da biblioteca de Alexandria, a pérola da dinastia Ptolomaica que havia perdurado por 600 e sobrevivido á 300 anos o fim da dinastia.  E sem dúvida em tudo se perdeu inumeráveis rolos de papiro que existiam na biblioteca e com eles o seu conhecimento e sabedoria acumulados de 1000 anos de cultura grega.

domingo, 19 de agosto de 2018

A maçonaria e a jarda megalítica. Parte II: entendendo a jarda megalítica!




“As coisas devem ser como são, ou nós humanos nunca teríamos nos desenvolvido para testemunha-las. Nosso ambiente existe em sua forma atual porque o observamos!”
Principio Antrópico
Autor: Leandro Claudir Pedroso

Segundo o autor Christopher Knight, houve uma civilização primaria que criou a “Jarda Megalítica” e difundiu entre os povos com sua variante Egípcia e Suméria. Uma civilização mais avançada que suas contemporâneas, denominada pelo autor como “Civilização Um”, civilização está que difundiu seus conhecimentos avançados de matemática e geometria aos outros povos.

A jarda megalítica foi redescoberta pelo professor Thom. Acreditava-se que todas as unidades de medida da antiguidade eram baseadas em partes do corpo humano (braço, mão, dedo), mas a jarda megalítica que equivale a 82,966 centímetros nos mostrou que as coisas não são bem como todos pensavam.

Essa unidade de medida aparece desde a Grã-Bretanha até França durante as primeiras descobertas do professor Thom.

Segundo o professor a jarda megalítica deve ter dito um centro de difusão, pois não foi encontrada variação perceptível na mesma que justificasse uma variação por aprendizado com culturas vizinhas. Mas pelo contrario ela mantem uma exatidão tremenda em sua medida, e a única maneira de justificar isso é um centro difusor do conhecimento! Um centro difusor de conhecimento não é uma ideia nova, muitos linguistas acreditam que havia uma única língua global a aproximadamente 15 mil anos e do mesmo modo foi descoberto que muitas culturas compartilham um método de medição e geometria vindo de uma fonte aparentemente única à 15 mil anos.

Acreditava-se que todas as unidades de medidas da antiguidade eram baseadas em partes do corpo humano (braço, mão, dedos), mas a Jarda Megalítica (82.966 cm) mostrou-se que não, aparecendo em uma região que vai da Inglaterra à França. A mesma teve que ter um centro difusor para que não houvesse variação perceptível em sua medida. Todas as varas de medida eram feitas em um só lugar e distribuídas para as comunidades, achava Thom até descobrir que a Jarda Megalítica era usada também no atual território francês. 


segunda-feira, 6 de agosto de 2018

A maçonaria e a jarda megalítica. Parte I.




Autor: Leandro Claudir Pedroso

O autor do livro Civilização Um, Christopher Knight entrou para maçonaria em 1976 e em seu livro ele relata que um dos seus objetivos ao entrar para a ordem era saber oque eles faziam e ensinavam por trás de suas portas e janelas fechadas! Mas depois de algum tempo iniciado na ordem o próprio autor afirma que nem mesmo os mais antigos membros sabiam ou tinham ideia de onde vinham seus antigos e alguns um tanto esquisitos rituais e principalmente oque significavam.

Então decidiu ele mesmo procurar os significados de tudo que cercava a maçonaria e seus rituais e origens. Chegou a algumas conclusões bem interessantes de que outrora ciência e religião foram dois lados da mesma moeda, estando o estudo e o culto ao planeta Vênus ligados a nomeação de reis e as construção em pedras. Desde os sítios megalíticos da Grã-Bretanha até o templo de Jerusalém encontramos indícios de observações cuidadosas do planeta Vênus, associado ao nascimento e ressurreição.

Nos templos maçônicos encontramos plantas astronômicas em sua construção, com os três ofícios principais a Leste, Sul e Oeste para marcar o sol nascente, o meio-dia e o poente. Existem presentes no templo dois grandes pilares designados de Boaz e Joaz que marcam o extremo Norte do Sol nascente solsticial no templo original de Salomão.

Para ser um candidato a membro o individuo deve representar um trabalhador da pedra e é ele deverá ser ritualmente “assassinado” e ressuscitado na escuridão quase total enquanto o planeta Vênus simbolicamente se ergue a Leste, antes do Sol.

O fato do tema da construção em pedra estar ligado a eventos astronômicos é crucial  nesses rituais e Deus é chamado pelos maçons de “Grande Arquiteto do Universo” ou “Grande Geômetra do Universo”. Essa descrição do criador enfatiza a importância das medições do céu e da Terra.

O ritual maçônico que é usado hoje afirma que o verdadeiro segredo da ordem foi perdido há 3 mil anos e segredos substitutos foram criados até o tempo que os originais pudessem ser recuperados.

quarta-feira, 1 de agosto de 2018

As Origens das Mil e Uma Noites



Eternas, as histórias das Mil e Uma Noites se espalharam por todo o mundo, sendo contadas para crianças e adultos através dos séculos. A trama é sobre o sultão Shariar, que, após descobrir a traição da mulher, decide casar-se cada noite com uma jovem diferente, mantando-a ao amanhecer. Tal condenação só é desfeita quando Sherazade, a impetuosa filha do grão-vizir, se oferece como noiva do sultão e faz com que as noites se multipliquem ao inebriar o marido com suas histórias envolventes.

É problema altamente controvertido a origem das Mil e Uma Noites. Massudi, que viveu no século XI e foi um dos escritores mais viajados do seu tempo, afirmou que as Mil e Uma Noites foram tiradas do persa HEZAR AFSANEH [mil histórias].
Está última obra, segundo se afere de uma referência que a ela faz Firduzzi, no prefácio de SCHANAMEH [livro dos reis], é atribuída a um poeta persa, Rasti, que teria vivido na segunda metade do século X. E, assim, o erudito Massudi parece estar com a razão, pois as duas heroínas principais das Mil e uma Noites, Sherazade e Dinazade estão com seus nomes persas nas páginas famosas de HEZAR AFSANEH.
Mas os persas, de acordo com a opinião de Clemente Huart, foram colher na Índia, o enredo dos principais contos que figuram no famoso Hezar Afsaneh.
O orientalista e historiador alemão Gustavo Weill (1808-1889), que professor de línguas orientais em Heidelberg, afirma que os contos árabes das Mil e uma Noites diferem totalmente das primitivas  formas indiana e persa.
A difusão extrema desses contos no espaço e no tempo – universidade – imortalidade – decorrem de condições que merecem ser frisadas. São fundamentalmente obra de imaginação e inocência.

OQUE CONTÉM AS MIL E UMA NOITES


O verdadeiro livro das Mil e Um Noites, na sua forma completa, não é obra cuja leitura possa ser aconselhada para crianças ou adolescentes. É um livro profundamente contraindicado sobre vários aspectos, pois muitos dos seus contos foram imaginados com a finalidade exclusiva de divertir adultos.
Este livro, que a saudosa poetisa Cecília Meireles considerava glorioso, encerra em suas páginas sermões bem graves: erros e anacronismos.
Quando observado numa tradução, não escoimada da parte obscena, vamos encontrar na imensa cadeia das Mil e uma noites:

Ø  Contos maravilhosos e de aventuras;
Ø  Contos de amor e intrigas de namorados;
Ø  Romances de viagens;
Ø  Aventuras de cavalaria e guerra;
Ø  Lendas fantásticas cheias de crueldades;
Ø  Cenas de zombaria contra judeus e cristãos;
Ø  Contos do gênero policial;
Ø  Anedotas brejeiras e pornográficas;
Ø  Episódios fantásticos e obscenos;
Ø  Lutas religiosas;
Ø  Parábolas e apólogos;
Ø  Fábulas;
Ø  História de erudição (até com problemas de matemática).

E todos os enriquecidos por delicados trechos poéticos nos quais transparece a beleza, a suavidade e o encantamento dos versos árabes.

FONTES DAS MIL E UMA NOITES
Em muitos livros de histórias em séries os árabes foram buscar inspiração para os seus contos maravilhosos. Poderíamos citar os seguintes:

v  Mahabharata: poema escrito em sânscrito.
v  Ramayana: poema indiano de origem muito remota.
v  Dasa-Koundra: (Aventura de dois adolescentes). Livro muito popular na Índia.
v  Katha-Sarit-Sagara: (Oceano infindável de histórias). Contos copilados por Samodéva.
v  Tutinamesh: (Contos de um papagaio). Pequenos apólogos que se afastam muito dos bons princípios morais.
v  Contos de Nang-Trantrai: (Contos da jovem rendeira). Histórias da Índia antiga escritas sob influência das religiões bramânica.
v  Fábulas de Kalila e Dina: que foi traduzido para o português pelo professor Ragy Basile.
v  Hitopadexa: (introdução útil), coleção de fábulas e apólogos morais da Índia. Para este livro há uma excelente tradução de monsenhor Sebastião Salgado.


DIVULGAÇÃO DAS MIL E UMA NOITES
O orientalista francês ANTOINE GALLAND, tendo tomado conhecimento, em suas viagens a Constantinopla dos contos das Mil e Uma Noites fez deste uma tradução que se tornou obra clássica da literatura francesa. Como agiu Galland para tornar sua tradução interessante e viva?

a)    Aproveitou apenas uma quarta parte dos contos originais. A sua escolha foi recair sobre as lendas mais curiosas e de enredo mais palpitante.
b)    Teve o cuidado de abolir todas as cenas que pudessem ferir os princípios cristãos.
c)    Suprimiu do enredo dos contos todos os versos, poemas e citações poéticas.
d)    Procurou fazer uma tradução que fosse isenta de expressões chulas ou pouco edificantes.

A obra de Galland alcançou, na Europa, um êxito extraordinário, sendo traduzida para vários idiomas. Foi Galland quem teve a glória de tornar o livro das Mil e Uma Noites conhecido no Ocidente. Ele faleceu aos 69 anos, em 17 de fevereiro de 1715.  Além da tradução das Mil e Uma Noites, Galland deixou cerca de 15 obras, algumas das quais de grande valor literário.

IMITAÇÕES DAS MIL E UMA NOITES
Seguindo a trilha gloriosa de Galland, muitos escritores tentaram imitar a obra do grande orientalista.
Além do livro intitulado Mil e Um Dias, traduzido por Petis de La Croix,  poderíamos citar os seguintes:

ü  Mil e Um Quartos de Hora (contos tártaros).
ü  Aventuras Maravilhosas do Mandarim Fum-Hoan (contos chineses).
ü  As Sultanas de Gazarate (Contos mongóis)
ü  Aventuras de Abdallah, filho de Hanif.

Todos esses livros, e cerca de outros 30 de mesmo gênero, não passavam de ridículas mistificações literárias que o público não levou a sério.


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Referências:

Referencias:
GALLAND, Antoine (versão). As Mil e Uma Noites. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015.


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quinta-feira, 14 de junho de 2018

Richard Wagner, Compositor, dramaturgo e filosofo.



Fonte: Grandes Vidas, Grandes Obras – biografias famosas.

Tinha um dom especial para conseguir que as pessoas falassem dele. Era um homem de pequena estatura, enfermiço, com uma cabeça demasiado grande em relação ao corpo; sofria dos nervos e não tolerava sobre a pele qualquer tecido mais áspero que a seda; as suas ilusões de grandeza convertiam-no num monstro vaidade.

Julgava-se um dos grandes dramaturgos do mundo, um dos grandes pensadores e um dos maiores compositores – uma combinação de Shakespeare, Platão e Beethoven. Conversador terrivelmente fastidioso, passar uma tarde com ele era ouvir durante horas um interminável monólogo. Algumas vezes revelava certo brilhantismo, mas outras tornava-se desesperadamente maçador. O seu único tema de conversa era ele próprio.

Queria ter sempre razão. Se algum dos que o escutavam mostrava o menor desacordo, ainda que fosse sobre o ponto mais trivial, começava uma arenga que poderia demorar horas.

Tinha as suas próprias opiniões sobre qualquer assunto – vegatarismo, drama, política, música – e para as apoiar escrevia  inúmeros folhetos, cartas e livros que publicava a custa de outros. Como se isso não bastasse, sentava-se a lê-las à família e aos amigos durante horas.

Também escreveu óperas. E mal acabava de produzir uma, logo convidava, ou, melhor ordenava a admiradores e amigos que fossem a sua casa, a fim de lhas ler em voz alta. Não fazia isto para ouvir críticas, mas apenas para escutar aplausos. Tocava piano no mau estilo dos compositores e, no entanto, durante as festas sentava-se ao piano na presença de alguns dos melhores pianistas da época e tocava e sem descanso... a sal própria música. A voz também deixava muito a desejar, mas nem por isso se abstinha de convidar para sua casa eminentes cantores e diante deles interpretar as suas próprias óperas, cantando todos os papéis.

Tinha a estabilidade emocional de uma criança de seis anos, quando não estava contente, falava desatinadamente e batia com os pés no chão, ou afundava-se numa melancolia suicida, falando em partir para o Oriente e acabar  os seus dias como monge budista.  Dez minutos depois, quando  alguma coisa lhe agradava, corria à volta do jardim da sua casa, altava sobre um sofá ou punha-se de cabeça para baixo. Podia ficar aniquilado com a morte de um dos seus cães favoritos, mas, apor vezes, a sua frieza de coração era tal que teria feito tremer um imperador romano.

Faltava-lhe o sentido das responsabilidades. Nunca lhe veio à ideia que tinha obrigação de ganhar a vida. Estava convencido de que era o mundo que lhe devia dar-lhe comida. Pedia dinheiro emprestado a toda a gente, homens, mulheres, amigos e estranhos. Escrevia inúmeras cartas solicitando empréstimos e chegava a oferecer ao suposto benfeitor o privilégio de contribuir para o seu sustento, sentindo-se mortalmente ofendido se aquele declinava uma tal “honra”. Não foi encontrado qualquer recibo comprovativo de que alguma vez houvesse devolvido dinheiro aos seus credores, sem que estes tivessem primeiro interposto as respectivas ações de cobrança de divida.

Qualquer quantia que lhe chegava ás mãos gastava-a como um rajá indiano.  O menor projeto de por em cena uma das suas óperas bastava para fazê-lo abrir contas que superavam dez vezes mais a quantia que havia de receber pelos direitos de autor. Embora não tivesse3 o dinheiro suficiente para pagar a renda da casa, as paredes e os tetos eram forrados de seda cor-de-rosa. Nunca ninguém saberá, nem ele mesmo chegou, a saber, a quantidade de dinheiro que devia. O seu maior benfeitor deu-lhe uma ocasião o equivalente a duzentos mil escudos para pagar os encargos mais urgentes; porém, um ano mais tarde, teve de enviar-lhe mais o equivalente a quinhentos mil escudos, a fim de evitar que o seu protegido fosse preso por dividas.

Mas sobre tudo era sem dúvida um dos melhores dramaturgos da sua época, um dos maiores pensadores e um dos mais extraordinários gênios musicais que o mundo conheceu. O mundo, na realidade, devia-lhe o sustento.

Quando consideramos que escreveu treze óperas e dramas musicais, dos quais onze são ainda postos em cena e oito figuram sem discussão, ente as melhores obras músico-dramáticas de sempre, as dividas e as dores de cabeça que fez sofrer aos outros não nos parecem um preço muito elevado.  Um homem que não gostou de ninguém, a não ser de si próprio, remiu todas as culpas escrevendo Tristão e Isolda. Uns quantos milhares de dólares de dividas não foram paga demasiado elevada pela sua tetralogia “O anel de Nibelungo”.

sábado, 2 de junho de 2018

Uma breve reflexão crítica sobre o capitalismo




A instantes ouvia Yo-YoMa (arte 1) interpretando a Sarabanda em Ré maior, BWV 1011 , de Bach, era o "extra" de uma apresentação junto a Filarmônica de Berlim; ao fundo dava-se para notar a satisfação dos violinistas, dos violonistas, dos cellistas, dos baixistas, homens dos naipes das cordas. Nossos iguais nos causam uma maior simpatia. Yo-YoMa é um violoncelista! Ayn Rand, e tomarei como verdadeiro o seu depoimento, é uma pessoa que viu uma utopia de igualdade, sofrer todo o tipo de percalços, justamente nós que buscamos a igualdade e a justiça social sobre outro prisma econômico. Seu relato é de quem viu a utopia na prática, e o que ela viu não foi bom, tentar negá-lo é pueril, buscar extrair disto uma reflexão é o melhor, para quem acredita não refutar (até por que há exemplos notórios uma vergonha para socialistas ) é o exemplo de coisas que não devem acontecer (mas infelizmente aconteciam e acontecem...).

E qual seria a reação de Ayn sobre os crimes de Al Capone? Que sob a tutela da corrupção dos poderes de Estado (E.U.A.) cometia seus crimes. Mas isso não se compara ao relato de um general americano. Lotado em um porta aviões dizia ele que sua atuação mundo afora em prol das companhias americanas (na América Central, Fruit Company, República de Bananas; na África e Ásia ) não se comparava a atuação de Al Capone! Al, dizia ele, tocava horror em dois, três quarteirão comprava alguns juízes e policiais; ele, o general, representava os interesses destas empresas mundo afora. Perguntava ele: quem era o verdadeiro gângster? O capitalismo está aí triunfante, prometendo -e não dando a todos o que promete- felicidade que não vem fartura para alguns, vive de crises que o fortalecem enormemente o capital, e fazem negócios com a China! Duas grandes guerras entre potências capitalistas: 70 milhões de mortos! Exceção: URSS (Ah! Se não fosse Stalingrado...).

Vemos as coisas na perspectiva do que acreditamos. Mas é coerente ver o todo. Como os músicos da Filarmônica, que após a satisfação de Yo-YoMa, interpretaram a Sinfonia n 6 de Tchaikovsky - a Patética. E, como aviso casual, encerram a sinfonia com o seu movimento final: o Adágio Lamentoso.

Autor: Prof. Luiz Modesto da Cunha, professor de História e colaborador do Construindo História Hoje.