quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

Dom Feliciano, o primeiro bispo do Rio Grande do Sul

 


Se quiser pôr à prova o caráter de um homem, dê-lhe poder.” Abraham Lincoln

Dom Feliciano José Rodrigues Prates é filho de Gravataí, tendo nascido no 3º distrito, próximo à Rua da Glória (Glorinha), lugar, hoje, denominado de Contendas. O batismo dele ocorreu em 1781, na matriz da Aldeia dos Anjos: “Aos vinte e três dias do mês de julho de mil setecentos e oitenta e um, nesta Matriz de Nossa Senhora dos Anjos, Bispado do Rio de Janeiro, batizei e pus os santos óleos a Felício, filho legítimo de João Nepomuceno de Carvalho, batizado na Matriz Nossa Senhora do Rosário, do Rio Grande do Sul. Neto, por parte paterna, de José Rodrigues Carvalho, natural da cidade de Lisboa, e de Dona Teodósia Faustina, batizada na matriz da Colônia do Sacramento, e, parte materna, do Aferes Antônio Nunes da Costa, natural da Europa, e de Dona Isabel Antônia Ribeiro, batizada na Matriz de Santo Antônio dos Anjos, da Vila de Laguna, foi seu padrinho Santos Cosata Teles, e a sua madrinha, Teodósia Margarida da Costa Prates, do qual fiz este assento, que assinei, eu, vigário Bernardo Lopes da Silva”, página 27, do livro I de assentamento de batismo da Aldeia dos Anjos.

Um fato curioso cerca o nome Feliciano, dado ao primeiro bispo sul-rio-grandense. Na realidade, Feliciano foi batizado com o nome de Felício, porém, quis seu pai perpetuar o nome do seu primeiro filho, Feliciano, nascido em 1778, e que faleceu após o seu nascimento, mudando-lhe o nome de Felício para Feliciano, homenageando, assim, o seu primeiro filho. Dom Feliciano criou-se no seio de uma família numerosa, com 10 irmãos. A Diocese do Rio Grande do Sul foi desmembrada da Diocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, em 1848 pelo Sumo Pontífice Pio IX e por assento imperial de 05 de maio de 1851. Quando foi nomeado 1º Bispo do RS, Dom Feliciano zelava pelas almas de encruzilhada do Sul. Convém lembrar que o 1º bispado brasileiro foi o da Bahia, sendo o nosso o décimo. Dom Feliciano foi um modelar cristão, tendo servido no exército, como Capelão. Prestou bons serviços, entre outros, no Regimento de Lumarejas e no Dragão de Rio Pardo, fazendo todas as campanhas do Marquês do Alegrete, recebendo medalhas “Campanha do Sul”, com os hábitos de Cristo e da Rosa.

Deixando o exército, Dom Feliciano foi exercer as modestas funções de Vigário da Freguesia de Santa Bárbara da Encruzilhada. Este sacerdote, filho de lavrador, vivendo uma existência simples e humilde, durante 30 anos, por decreto de 05 de maio de 1851, é nomeado bispo da Diocese do Rio Grande do Sul, recentemente criada, e confirmado pelo Papa Pio IX, pela Bula APOSTOLATUS OFFICIUM, de 26 de setembro. A 29 de maio de 1853 foi sagrado na Igreja do Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro, pelo Bispo Dom Manuel Rodrigues de Araújo, Conde de Irajá. Regeu a diocese pelo período de 4 anos, 11 meses e 29 dias. Faleceu a 27 de maio de 1858.

Em julho de 1981, festejou-se o Bicentenário de Dom Feliciano, sendo encerradas as homenagens em Gravataí, no dia 23 de julho de 1981, havendo missa solene, rezada por Dom Vicente Scherer, presentes Amaral de Souza , governador gaúcho e outras autoridades. Assim como os rios procuram o mar, as pessoas dirigiram-se à praça, fronteira à matriz, para prestarem a sua homenagem, depositando flores no monumento dedicado a Dom Feliciano. No interior da Igreja Nossa Senhora dos Anjos, festivamente e merecidamente, foi desterrada placa comemorativa àquele que, zelosamente, conduziu os destinos espirituais do povo gaúcho durante 76 anos, 10 meses e 13 dias.

Quanto mais você lê, mais fáceis de entender se tornam os textos. Aplique-se a leitura, independente da profissão que escolher para seu futuro. Pois a leitura lhe fará um profissional melhor a cada dia.” Leandro Pedroso, professor de História e Religião.

Você quer saber mais?

ROSA, José. História de Gravataí. Porto Alegre: EDIGAL, 1987.

Sacerdotes e cientistas

 


O conhecimento da natureza é o caminho é o caminho para a admiração do Criador.” Justus Von Liebig, químico patrono da Universidade de Giessen, Alemanha.

Georges Lemaître (1894-1966), o padre do Big Bang

          O físico e matemático belga, que combinou ciência e fé em seus trabalhos, foi o primeiro a falar da origem do universo em expansão e com um passado infinito. Ciência e fé não costumam dar bons casamentos, mas há exceções, como a do cientista e sacerdote católico belga Georges Lemaître, que não é apenas um exemplo reconhecido pela comunidade científica, mas que, com grande humildade, foi capaz de corrigir o próprio Albert Einstein. Estamos falando do padre da Teoria do Big Bang, que tentou demonstrar a origem do universo. Sem renunciar à sua fé católica, Lemaître falou de um passado infinito do universo, mas que não entrava em contradição com sua crença em um Deus criador do mundo, já que tanto Aristóteles quanto São Tomás de Aquino mostraram que a criação de um universo não precisaria de um começo no tempo. Foi nomeado professor associado de matemática na Universidade Católica de Lovaina. Em 1927, defendeu sua tese no MIT: 'O campo gravitacional em uma esfera fluida de densidade invariante uniforme, segundo a teoria da relatividade'. Neste novo papel de pesquisador e divulgador, Georges Lemaître realizou a derivação do que hoje é conhecida como a Lei de Hubble, que relata a velocidade com que uma galáxia se afasta e a sua distância. Lemaître respondeu às objeções a sua teoria em um documento publicado na revista Nature, em maio de 1931. "Se o mundo começou com um único quantum, as noções de espaço e tempo não teriam nenhum significado no princípio; só começariam a ter algum significado sensato quando o quantum original fosse dividido em um número suficiente de quanta. Se esta sugestão estiver correta, o começo do mundo aconteceu um pouco antes do começo do espaço e do tempo". Em realidade, Lemaître sempre expressou que era importante manter uma separação entre as idéias científicas e as crenças religiosas sobre a criação. Esta foi a primeira formulação explícita da Teoria do Big Bang, atualmente aceita e que naquele momento também era aceita pela maioria dos cientistas e a qual Georges chamou de "hipótese do átomo primordial". Em 1933, Einstein e Lemaître disponibilizaram-se a ministrar uma série de conferências na Califórnia. Depois de ouvir Lemaître explicar sua teoria em um desses seminários, Einstein levantou-se e disse: "Esta é a mais bela e satisfatória explicação da Criação que em algum momento eu tenha escutado". Ele morreu na cidade belga de Lovaina, em 20 de junho de 1966, aos 71 anos, dois anos depois de ter escutado a notícia da descoberta da radiação cósmica de fundo de microondas cósmicas, que era a prova definitiva de sua teoria astronômica fundamental do Big Bang.

Os cosmólogos usam o termo "Big Bang" para se referir à ideia de que o universo estava originalmente muito quente e denso em algum tempo finito no passado. Desde então tem se resfriado pela expansão ao estado diluído atual e continua em expansão atualmente. A teoria é sustentada por explicações mais completas e precisas a partir de evidências científicas disponíveis e da observação. Medições detalhadas da taxa de expansão do universo colocam o Big Bang em cerca de 13,8 bilhões de anos atrás, que é considerada a idade do universo.

Padre Gregor (1822-1884) Mendel, o pai da genética

Foi um biólogo, botânico e monge austríaco. Descobriu as leis da genética, que mudaram o rumo da biologia. Gregor Johann Mendel nasceu em Heinzendorf, Áustria, no dia 22 de julho de 1822. Filho de camponeses, observava e estudava as plantas. Sua vocação científica desenvolveu-se paralela à vocação religiosa. Em 1843, com 21 anos, Mendel entrou para o Mosteiro Agostiniano de São Tomás, em Brünn, antigo Império Austro-Húngaro, hoje República Tcheca, onde foi ordenado padre e, passou a estudar teologia e línguas. Em 1847 ordenou-se e em 1851 foi enviado pelo abade à Universidade de Viena, para estudar ciências naturais, matemática e física. Leis de Mendel: ele passou a dividir seu tempo entre lecionar numa escola técnica e plantar ervilhas-de-cheiro no jardins do mosteiro iniciando suas experiências com hibridação (cruzamento de espécies diferentes). Foram dez anos dedicados ao cruzamento de 22 variedades e acompanhando sete fatores com base na cor e forma da semente, forma da vagem, altura do caule etc., que lhe forneceram dados para formular as leis relativas à hereditariedade.

A primeira lei chamada “lei do monoibridismo”, foi resultado de uma série de cruzamentos com ervilhas durante gerações sucessivas e, mediante a observação do predomínio da cor (verde ou amarela), que lhe permitiu formular que existe nos híbridos uma característica dominante e uma recessiva. Cada caráter é condicionado por um par de fatores (genes) que se separam na formação dos gametas. A segunda lei chamada “lei da recombinação ou da segregação independente” foi formulada com base na premissa segundo a qual a herança da cor era independente da herança da superfície da semente, ou seja, num cruzamento em que estejam envolvidos dois ou mais caracteres, os fatores que determinam cada um deles se separam de forma independente durante a formação dos gametas e se recombinam ao acaso, para formar todas as recombinações possíveis. Os trabalhos de Mendel sobre hereditariedade que projetaram nova luz nas leis da herança não tiveram repercussão no meio científico da época. Sem estímulo para continuar e sobrecarregado com seus deveres administrativos no mosteiro, em 1868, ele abandonou por completo o trabalho científico. Sua obra permaneceu ignorada até o século XX, quando alguns botânicos, em pesquisas independentes, chegaram a resultados semelhantes e resgatam as "Leis de Mendel".


Nicolau Copérnico (1473-1543): padre, matemático e astrônomo

Com 24 anos, Nicolau Copérnico partiu para a Itália, onde estudou Direito Canônico durante três anos. Em 1501, regressa à Polônia, ordena-se padre e é nomeado cônego da Catedral de Frauenburg. Estudioso incansável, com 30 anos volta para a Itália onde estuda a cultura da Grécia clássica, aprofunda seus conhecimentos matemáticos e estuda medicina, nas universidades de Roma, Ferrara e Pádua. Em 1506, regressa definitivamente à Polônia. Teoria Heliocêntrica de Copérnico: de volta à Polônia, Nicolau Copérnico instala-se na torre do muro que cercava a Catedral, que lhe servia de observatório e, posteriormente ficou conhecida como "Torre de Copérnico", onde passa a se dedicar à elaboração se sua nova e revolucionária teoria do Universo iniciada durante os anos em que estudou na Itália. O novo sistema planetário imaginado por Copérnico contradizia as ideias geocêntricas de Ptolomeu - de que a Terra era o centro do Universo e em torno dela giravam todos os corpos celestes. A ninguém ocorria duvidar dessa concepção – o geocentrismo – mesmo porque a Bíblia e a Igreja aceitavam como verdade indiscutível. A ideia de Copérnico de que o Sol, e não a Terra, era o centro do Universo, que a Terra em vez de ser estática como se pensava, que girava ao redor do Sol e esse percurso correspondia ao ano terrestre, que a Terra fazia um movimento sobre si mesma, de onde se devia buscar a explicação para a sucessão dos dias e das noites, era um sacrilégio para a época. Em 1512, Nicolau Copérnico publica seu primeiro livro “Pequeno Comentário”. A publicação causou celeuma: alguns acolheram com desconfiança e hostilidade, para outros, Copérnico era um visionário ou um louco. O compêndio de 6 volumes que guarda as teorias de Copérnico “Sobre as Revoluções dos Corpos Celestes”, concluído em 1530, só foi publicado em 1543, depois que 30 anos se passaram. Conta-se que o primeiro exemplar impresso do trabalho de Copérnico chegou às mãos do astrônomo no último dia de sua vida. Na capa estava escrito “De Revolutionibus Orbium celesti” (Os Movimentos dos Corpos Celestes). Embora a Teoria Heliocêntrica de Copérnico tenha encontrado alguns adeptos entre os seus contemporâneos, o sistema só foi realmente consagrado depois dos trabalhos de Kepler e de Galileu Galilei. Nicolau Copérnico faleceu em Frauenberg, Polônia, no dia 24 de maio de 1543. Com toda a sua vasta cultura, Copérnico era um homem extremamente humilde. Passava as noites estudando as estrelas e de dia, nas horas vagas, exercia a medicina se dedicando aos doentes pobres.

Padre Landell de Moura (1861-1928), pioneiro das telecomunicações

Contemporâneo de Nikola Tesla, Graham Bell, Marconi Guglielmo, o gaúcho Roberto Landell de Moura, nascido em 21 de janeiro de 1861, é considerado um dos pioneiros das telecomunicações no mundo. Harmonizou a fé de ser padre com a ciência, foi a primeira pessoa a conseguir transmitir voz por ondas de rádio sem fio. Ao contrário de seus pares, porém, teve sua capacidade limitada por uma baixa ambição pessoal, e pela falta de espírito empreendedor das autoridades brasileiras. Os primeiros sinais da genialidade de Landell de Moura surgiram ainda na juventude. Aos 16 anos, afirmou em manuscritos ter inventado um aparelho telefônico semelhante ao do norte-americano Graham Bell. Em 1876, mudou-se de Porto Alegre para o Rio de Janeiro, onde foi estudar na Escola Politécnica. Lá, permaneceu por poucos meses, até ser viajar para Roma para se tornar padre. Sua formação eclesiástica ocorreu entre 1878 e 1886. Foi nesse período que adquiriu também seus conhecimentos em física, que o levaram às suas descobertas anos depois. Não se sabe com exatidão se estudou a disciplina formalmente ou se ele era um autodidata.

Transmissão radiotelegráfica

Uma das principais controvérsias envolvendo o padre é sua atribuição como a primeira pessoa a realizar uma transmissão radiotelegráfica. Isso teria ocorrido anos antes do italiano Guglielmo Marconi criar o primeiro sistema de telegrafia sem fio, em 1896. O consenso histórico e científico mundial continua a favorecer o italiano, que venceu o Nobel de Física em 1909.

Telefonia sem fio

O certo é que o Landell de Moura foi pioneiro em outro assunto: em 1890, fez a primeira demonstração pública da transmissão de voz via ondas de rádio. Ou seja, na prática, inventou o telefone sem fio. O experimento foi em São Paulo e documentado em jornais da época. No ano seguinte, patenteou o equipamento no Brasil. Sem apoio das autoridades, tentou sucesso no Estados Unidos, onde também conseguiu registrar patentes para o telefone e o telégrafo sem fio. Voltou em seguida ao país natal e continuou sendo ignorado pelos governantes, sem investimento para desenvolver suas invenções.

Legado esquecido

Embora tenha suas patentes registradas e reconhecidas, a eficácia de seus aparelhos era bastante limitada. Reproduções mais recentes de seu telefone sem fio mostraram que ele funciona, mas a voz sai muito distorcida. O fato é que a falta de atenção e investimento por parte do Brasil deu margem para que a radiodifusão se desenvolvesse em outros lugares do mundo, por outras mentes visionárias. Mas isso não tira os méritos de Landell de Moura como cientista responsável por grandes inovações. Uma de suas descobertas mais avançadas foi ter percebido, ainda em 1891, que ondas curtas (de alta frequência) são mais adequadas para transmissões em longas distâncias. Este fato só virou consenso científico na década de 1920.

Televisão

Atribui-se ao cientista a invenção, ou pelo menos ao desenvolvimento do protótipo de um equipamento capaz de transmitir imagens via ondas eletromagnéticas, um precursor da televisão. A este aparelho, projetado em 1904, ele deu o nome de Teleforama. Durante a sua carreira, Landell de Moura transitou entre a religião e a ciência: ele praticamente conduzia seus experimentos entre uma missa e outra. Hoje, é reconhecido como um exemplo de que ciência e religião podem andar de mãos dadas.

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Construindo História Hoje

https://construindohistoriahoje.blogspot.com/2019/02/grandes-cientistas-e-fe.html

http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/581045-o-sacerdote-georges-lemaitre-o-padre-do-big-bang-que-fez-einstein-mudar-de-ideia

https://www.ebiografia.com/gregor_mendel/

https://www.ebiografia.com/nicolau_copernico/



Impérios perdidos das Américas

 


Tente mover o mundo – o primeiro passo será mover a si mesmo.” Platão

    Os primeiros europeus a contemplar a vasta cidade de Tenochtitlán (Asteca- na América Central), menos de um século depois que ela se tornara o centro do estado mais poderoso da América Central ficaram extasiados com sua beleza. Um deles, o conquistador Bernal Diaz, escreveu que “estes grandes burgos e pirâmides e edifícios que se erguiam da água, todos feitos de pedra, pareciam uma visão encantada. Era tudo tão maravilhoso que eu não sei como descrever essa primeira visão de coisas nunca ouvidas, vistas ou sonhadas antes”. Diaz estava escrevendo sobre a capital de um dos dois grandes impérios do Novo Mundo que, sem qualquer contato direto ou conhecimento um do outro, chegaram a ser dominantes em suas regiões no decurso do século XV. Ambos os impérios — um onde é agora o México, o outro, estendendo-se pela orla ocidental da América do Sul (civilização Maia) — possuíam estruturas sociais complexas e construíram imensas cidades. Suas artes e ofícios atingiram altos níveis de sofisticação, embora desconhecessem veículos com rodas e os trabalhos em ferro e a única escrita que usassem fosse a pictográfica — linda de se olhar, mas complicada para transmitir informações. As duas sociedades demonstravam cuidado e engenhosidade no provimento da subsistência de seus cidadãos, ao mesmo tempo que praticavam o sacrifício humano — uma delas numa escala única nos anais históricos.

    Esses mundos alternativos, às vezes com traços estranhamente parecidos aos das culturas eurasianas, às vezes surpreendentemente originais, foram os impérios dos astecas e dos incas. Ambos atingiram a proeminência no decorrer do século anterior, mas seriam destruídos poucas décadas depois de 1500, após a chegada dos conquistadores espanhóis. A história dos astecas — os construtores de Tenochtitlán — iniciara-se pouco mais de duzentos anos antes da conquista espanhola, quando tinham chegado ao fértil vale do México como um bando empobrecido de bárbaros, vestidos com roupas grosseiras de sisal e carregando com devoção a imagem de seu deus tribal, Huitzilopochtli. Haviam sido forçados a abandonar sua antiga terra natal a noroeste, possivelmente em consequência de mudanças climáticas que haviam transformado seus campos em desertos. Outras tribos da mesma região derrotaram os astecas na competição pelas boas terras agrícolas da bacia do México e, entre 1220 e 1260, fundaram cidades-estados nas proximidades do lago Texcoco. Essas tribos rivais preencheram o vácuo deixado pelo colapso do antigo império tolteca e logo dominaram os refugiados remanescentes daquela civilização pelo poder militar. Um punhado de cidades-estados toltecas que ainda existiam, tais como Xico e Colhuacán, tinham conseguido se manter, impressionando os imigrantes com sua cultura e tradições. Seus orgulhosos senhores adaptaram-se às novas circunstâncias, permitindo o casamento de suas filhas com os chefes que estavam chegando.

    Aos poucos, estabeleceu-se um modus vivendi. Quando apareceram pela primeira vez, os astecas foram considerados pelos outros ocupantes da bacia como grosseiros que mantinham costumes tão primitivos, que acabavam por prestar serviço aos reis toltecas de Colhuacán, primeiro como servos, depois como soldados mercenários. Os astecas tinham assimilado a crença local na superioridade cultural tolteca, mas o desejo de imitar seus suseranos não os impediu de manter seus próprios rituais. Mas após uma desavença devido aos seus rituais religiosos e terem ultrajado seus benfeitores, os astecas tiveram que fugir, instalando-se numa pequena, remota e isolada ilha cercada de brejos, no oeste do lago Texcoco. De acordo com a lenda, ali encontraram um uma águia sentada em um cacto, com uma serpente no bico, um sinal que fora previsto há muito tempo por seus sacerdotes, indicando o sítio de sua futura capital. Chamando o povoamento de Tenochlitlán, de Tenoch, nome do líder que os guiará até o vale do México, essa se tornaria a capital do futuro Império Asteca.

Quanto mais você lê, mais fáceis de entender se tornam os textos. Aplique-se a leitura, independente da profissão que escolher para seu futuro. Pois a leitura lhe fará um profissional melhor a cada dia.” Leandro Pedroso, professor de História



História de Gravataí



Os primeiros sesmeiros

    Os primeiros sesmeiros (agricultores que recebiam doações de terras da coroa portuguesa com o obejtivo de cultivá-las) que se radicaram nesta região, estabeleceram-se, onde hoje fica Viamão, Cosme da Silveira e Ávila e Antônio de Sousa Fernandes, sendo que os demais, em campos de Capivari. O historiador Gen. Borges Fortes cita o nome de Sousa Fernandes, referindo-se aos primeiros povos de Gravataí. A sesmaria de Francisco Pinto Bandeira circundava o Morro de Sapucaia, e a de Sousa Fernandes estava localizada nos campos entre este cerro e o de Itacolomi. Posteriormente apareceram outros sesmeiros em 1738 a 1797, 1756 a sesmaria da “Figueira” foi comprada por Domingos Gomes Ribeiro, essa sesmaria viria a ser conhecida por Barro Vermelho. Em 1784 era proprietária dessas terras Dona Maria Eufrásia Quintanilha, sendo adquirida posteriormente pela família Paim de Andrade. No mesmo ano de 1784, João Garcia Dutra ficou proprietário da Sesmaria dos Ferreiros que se estendia até o Passo da Cavalhada.

    Por ocasião da demarcação da fronteira, resolveram as autoridades adquirir uma área suficiente de terra, para nela, aldear os silvícolas das raças Tapes e Guaranis, comandados pelo Gen. Gomes Freire de Andrades. A área escolhida foi um rincão, em local alto e vistoso, distante uma milha e meia do rio Gravataí. Era dividida pelos arroios Barnabé e Ferreiros, e pelo rio Gravataí.

Primeira capela e igreja

    De 1760 a 1761, construiu-se a primeira capela em solo gravataiense, sendo curada a partir de 21 de dezembro de 1761. O padre Bernardo Lopes da Silva foi o indicado para ser o seu capelão. Tornou-se paróquia, em 1772, a Capela de Nossa Senhora dos Anjos. Em 1765, já aqui assentados os silvícolas, oriundos de Rio Pardo, encontramos os primeiros registros de batismo. No mesmo local onde se encontra a atual matriz, construiu-se o segundo templo, por ordem do governador José Marcelino de Figueiredo, em 1774. O material de construção e os serventes eram fornecidos pela Caixa dos Bens das Famílias Rurais. Tal casa de Deus possuía as mesmas dimensões da atual matriz, mas sem torres.

Fundamentos da Aldeia

    No dia 08 de abril de 1763, chegava ao rincão o Capitão e Dragão Antônio Pinto Carneiro, conduzindo uma leva de 1.000 índios, procedentes de Rio Pardo, sendo originários dos Sete Povos das Missões. Antônio Pinto Carneiro lançou os fundamentos da Aldeia. Aqui, havia uma modesta capela, existindo já índios agrupados.

Governo de José Marcelino de Figueiredo

    Em 23 de abril de 1769, foi empossado governo do continente, no Arraial de Viamão, José Marcelino de Figueiredo, fazendo da Aldeia uma organização exemplar, agora, contando com 2.712 almas. Prédios públicos são construídos, os índios são matriculados; manda abrir a primeira rua; contrói alguns prédios públicos. Os índios forma radicados no plantio do trigo e árvores frutíferas. Três moinhos são construídos, para substituir os pilões. Ordena a construção de uma olaria, suprindo as necessidades da Aldeia e parte do mercado do Porto dos Casais, hoje, Porto Alegre, fornecendo tijolos e telhas. Institui a primeira igreja. Mandou também construir teares para os índios tecerem seus vestuários. Em 1770, é fundada uma escola, destinada a instruir os meninos indígenas, tendo como professor Antônio José de Alencastro, primeiro professor público no Rio Grande do Sul. Em 1778, há a criação de um educandário para o ensino das meninas: Escola Mirante das Recolhidas das Servas de Maria. Nas escolas os indígenas não podiam falar o guarani, somente o português, e, com isso, diluiu-se uma rica bagagem cultural, haja vista que a língua, deixada pelos indígenas, se não proibida, teria-nos legado um vocabulário mais farto, tornando possível um maior aprofundamento no que tange às nossas raízes. Em 1795, a Aldeia desmembrou-se da Freguesia de Viamão, passando à categoria de Freguesia, sendo anexadas as terras à direita do rio Gravataí, desde a nascente até a foz. É importante lembrar que a agricultura dos povos guaranis concentrava-se na Costa do Itacolomi, a exemplo dos povos missioneiros, que concentravam suas culturas, separadas das moradias.

Primeira Rua de Gravataí

    A Rua Anápio Gomes, cujo nome foi oficializado em 1966, em homenagem ao ex-prefeito e filho deste município, foi aberta por ocasião da criação da Povoação de Nossa Senhora dos Anjos da Aldeia, em 1769, por ordem do governador José Marcelino de Figueiredo, para dar organização e feição urbanística ao povoado de indígenas trazidos de Rio Pardo, segundo documentos à Capela de Viamão e de Rio Grande. Inicialmente, foi chamada de Rua Primeira, depois de Rua da Direita. Assim foi oficializado o nome de Rua da Direita, como aparece nos documentos oficiais, até a Proclamação da República. Até a década de 20, esta rua foi chamada de “Rua de Baixo”. Alguns a chamavam de “Rua do Seu Lessa ou Rua do Cássio”. Convém lembrar que Seu Lessa foi o primeiro juiz municipal. A rua só passou a ser chamada Marechal Floriano Peixoto, pela população, após sua remodelação, iniciada pelo prefeito José Loureiro da Silva, quando Gravataí perdeu as características de Aldeia: casas de beirais baixos e ruas lamacentas.

Nossa Igreja Matriz e sua história

    Após a igreja sem torres, foi construída a atual. Apesar das preocupações do vigário e da iminência de desabamento, só em 1855, o presidente João Lins Vieira Cansansão do Sinimbu, atendendo ao fato de que a população da Aldeia promovera entre si uma subscrição que rendera 15 contos de réis para a construção da nova igreja, resolve empreender a obra por arrematação. Finalmente, em 1887/1888, a Irmandade contrata com João Cariboni a conclusão da obra, inclusive a cobertura das torres. Nessa mesma ocasião, os dois sinos foram instalados no alto da torre esquerda. Cabe aqui referir que a tradição trouxe até nós que os dois sinos de nossa matriz foram trazidos das Missões, por José Ângelo da Fonseca, numa viagem de carreta de bois que durou seis meses.

Instalação da Vila

    O progresso do povoado era incessante. Por isso, através de uma lei de 11 de julho 1880, o presidente da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, Sr. Henrique de Ávilla, elevou a Aldeia dos Anjos para a categoria de Vila. E em 23 de outubro de 1880 declarada a nova vila com o nome de Nossa Senhora dos Anjos de Gravatahy.

Meios de transportes coletivos- tração animal

    Marcelino Costa, residente em Gravataí, na Rua Anápio Gomes possuía uma empresa de carros de tração animal, fazendo transporte de passageiros a Porto Alegre. Eram duas carruagens de quatro rodas. Segunda, quarta e sábado eram os dias escolhidos para as viagens. Tais carruagens eram conhecidas por diligências ou breques. Existiam na década de 1920. As diligências de quatro rodas transportavam seis passageiros, e as de duas rodas, dois passageiros. As passagens eram caríssimas, e a viagem durava, ida e volta, seis horas, devido ao lastimável estado de trafegabilidade das estradas.

Transporte coletivo – primeiros ônibus

    Quem teve iniciativa, visando ao aprimoramento do transporte coletivo, em Gravataí, foi a Empresa Reis e Costa, de Gomercindo Reis e de Olinto Costa, em 1924. Na década de 1930, havia a Empresa Gravataiense, com ônibus verdes, contendo listra marrom. Os ônibus eram abertos, com bancos inteiros e com estribo nas laterais, tendo uma cobertura de lona para proteger as pessoas da chuva. O ponto de saída dos ônibus era na atual Rua Cônego Pedro Wagner coma Rua Dr. José Loureiro da Silva. O ponto de chegada era o canto esquerdo do Mercado Público, na Av. Borges de Medeiros, esquina com a Voluntários da Pátria, em Porto Alegre. No local de chegada, existia um café onde se reuniam os passageiros. Quando alguém queria ir a Porto Alegre, mandava um recado ao motorista o qual ia buscar a pessoa em casa, sendo as viagens feitas duas vezes por semana. Depois dos dois primeiros ônibus, passou a circular a Empresa Gravataiense. Seus ônibus eram verdes com listras marrons. Na década de 1940, quando houve o racionamento de gasolina, devido a crise do Petróleo causada pela Segunda Guerra Mundial, a Empresa Gravataiense tinha alguns ônibus movidos a gasogênio. Gerado do carvão de lenha, possuía dois tubos feitos de latão que e5ram colocados na traseira do carro. No primeiro tubo, era colocado o carvão e, através de uma mecha de pano ou algodão embebido em álcool, era aceso o carvão. O gás, filtrado do segundo tubo, ia diretamente ao motor para mover o carro.

Escola Dom Feliciano: marco cultural de Gravataí

    Os moradores da Aldeia dos Anjos fizeram um pedido à Superiora-Geral da Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria, objetivando nela ser fundado um colégio. Três irmãs foram enviadas para Gravataí: Maria Matilde, Maria Marta e Maria Gertrudes. O embrião dessa potência cultural, que é hoje a Escola Dom Feliciano, estava germinando e toda a comunidade gravataiense estava sendo conclamada a colaborar com uma tão feliz ideia como demonstra muito bem o seguinte convite: “Realizar-se-á, em Gravatahy, no salão “Padre Vargas”, da Aliança Cathólica, no dia 18/07/1925, às 20 horas, levado pelo corpo cênico Parochial, grande festival, em benefício das obras do Collégio Parochial “Dom Feliciano”. O grande festival aconteceu lentamente, mas decididamente, debruçado no horizonte cultural gravataiense, estava surgindo o Dom Feliciano.

    O Sr. Antônio Cardoso de Jesus muito gentilmente ofereceu um prédio no qual começou a funcionar a Escola ( Primário). Em 1926, o vigário Cônego Pedro Wagner, ardoroso batalhador da causa do ensino e da educação em Gravataí, conseguiu um prédio próprio para o tranquilo funcionamento da Escola, não tendo sido firmado qualquer contrato de aluguel. Aos 2 de março de 1926, iniciaram as aulas com bom número de alunos internos e externos.

Antigo Porto das Canoas

    O Porto das Canoas ficava no rio Gravataí, ainda hoje é possível identificar o local onde ficava o porto, os alicerces das tulhas e depósitos, assim como as muretas onde as embarcações atracavam, as margens do porto no local hoje conhecido como Passo das Canoas. O Porto das Canoas foi de grande utilidade para o transporte da produção do Município, desde tempos remotos. Dentre as embarcações que utilizavam esse porto, temos conhecimento das “gasolinas”, tanto para o transporte coletivo como para o de carga. Havia também os “lanchões”, sendo barcos tocados a vara. Pelas gasolinas, eram transportados produtos como farinha de mandioca, polvilho, sendo receitas básicas do Município. Também eram transportados melaço, rapadura, tijolos e telhas pelas gasolinas. A produção de farinha era comprada pelos comerciantes e depositada em grandes casarões que eram denominados de “tulhas”. Após era levada até o porto, em carretas, puxadas por bois, e, em carroças, puxadas por cavalos. Dava acesso ao Porto a primeira rua de Gravataí, partindo-se da Praça Floriano Peixoto. Os carreteiros, que traziam farinha e polvilho do interior, sesteavam, soltava os bois e faziam fogo no chão, na Praça Borges de Medeiros, não sendo cortada, como hoje, pela Rua Osvaldo Aranha. Nas gasolinas de transporte coletivo, eram transportados passageiros que iam a Porto Alegre ou vinham de Porto Alegre à Vila Nossa Senhora dos Anjos. As autoridades de Porto Alegre, e até os médicos, quando vinham a Gravataí, do Porto das Canoas, eram conduzidas nas diligências até o centro. As gasolinas traziam mercadorias para os comerciantes que tinham depósitos no Porto das Canoas como Pedro Dutra, Acácio Soares, Ary Tubbs e outros. Também havia, como embarcação, uma pequena barca de madeira que, através de um arame preso nas laterais, fazia com que se pudesse atravessar o rio, chegando ao lado de Viamão. Tal barca era puxada manualmente. As “gasolinas”, que serviam ao transporte coletivo, também recebiam nomes como : “Gasolina Nilza”, de propriedade do Sr. Lalau; a “Gasolina Gomes”, de transporte de carga, pertencia ao Sr. Alcides Gomes, e a “Gasolina Vitória”, de transporte de carga, pertencente ao Sr. Pequeno Revessa.

Engenhos, Alambiques e Moinhos

    Nos primórdios da nossa economia, houve grande número de engenhos, moinhos e alambiques no nosso Município. Os engenhos eram movidos por tração animal. Garapa é o nome que se dá ao líquido que escorre da cana moída. Após, é colocada no forno, em grande tacho, para a fabricação do melado que, batido em tachos, é transformado em rapadura, feita em formas de madeira. Quando pronta, a rapadura é empalhada, com palha de milho, sendo amarrada com tiras de bananeira ou palha de milho. O Alambique é o lugar onde se fabrica a cachaça, sendo a água destilada da garapa, através do uso da serpentina. A garapa é fervida, e o líquido que forma a cachaça é extraído através da serpentina, gerando três tipos de aguardente: forte, média e moderada. Quanto aos moinhos graneleiros, tivemos alguns no Município, mandatos construir pelo governador José Marcelino de Figueiredo. Alguns eram movidos por tração animal; outros, por roda d’água. Antes de ir ao moinho, o milho era debulhado e sempre torrado em casa. No moinho, passava pela mó, saindo, após, a farinha. Moído o milho, pagava-se a moagem. A mecanização da lavoura, as terras gastas e o êxodo rural encarregaram-se de fazer diluir, quase que totalmente, tais afazeres no seio da população gravataiense.

    Em 1930 termina a era dos intendentes e começa a época dos prefeitos nomeados.

    João Cândido Machado, Tenente e Coronel, foi o primeiro Prefeito nomeado de Gravataí (1930-1931), precedendo a brilhante administração do Dr. José Loureiro da Silva (1931-1936). O ano de 1931 marcou o início de uma nova fase econômica para Gravataí, motivada pela nomeação do Prefeito José Loureiro da Silva, prefito nomeado, que veio dar uma vida nova ao Município com sua profícua administração. Efetuou reformas nas velhas casas de beirado baixo, melhorou as ruas que eram empoeiradas, no verão, e barrentas, no inverno, e a Vila, que antes era iluminada deficientemente pelo motor a querosene, de corrente contínua, instado no fundo do quartel velho, onde hoje fica a Junta Militar. O prefeito José Loureiro da Silva, o grande administrador que remodelou e urbanizou a Vila.

A Atafonas e as Farinhadas

    A cultura da mandioca teve participação ativa na economia do Município, fornecendo a farinha de mandioca e o polvilho. Para a obtenção da farinha de mandioca, inclusive a já torrada, utilizava-se as atafonas, sendo moinhos manuais ou movidos por cavalgaduras. As atafonas aqui existentes eram de tração animal, movidas por bovinos, equinos ou muares. A mandioca era trazida por carretas de tração bovina, sendo raspada manualmente com pequenas facas apoiadas num banquinho. Após, era levada ao tremonhado (em moenda ou moinho, utensílio que apara o grão triturado, a farinha)., ao rodízio e, depois, era levada à prensa para extrair o líquido. As prensas eram de madeira, e os tipitis eram de taquara. Da massa da mandioca, extraía-se o polvilho.

Você quer saber mais?

ROSA, Jorge. História de Gravataí. EDIGAL: Gravataí, 1987.

 

Estudando história

 


    Existem várias maneiras de registrar o passado. Uma delas são as fotografias, nelas podemos identificar como os lugares ou as pessoas eram há tempos atrás. O passado não pode ser visitado, mas por meio da história podemos conhecê-lo pelos registros históricos. O trabalho do historiador é como o de um detetive, juntando vestígios deixados pelas pessoas que viveram no período. Depois se deve delimitar os acontecimentos que desejamos investigar. Definido o que iremos estudar o historiador então deverá escolher onde buscar as pistas, essas serão suas fontes históricas que nos trazem os vestígios do passado. Elas podem ser jornais, fotografias, livros, e no caso de serem eventos acontecidos há muito tempo atrás podem ser encontrados em pedras, papiros (papel primitivo), pergaminhos (material para escrever feito de couro). 

   Temos também diferentes formas de medir o tempo, os primeiros grupos humanos adotavam a natureza como referencial para medir o tempo, ou seja, a natureza era seu calendário. Os nativos indígenas de nosso município, os índios Carijós utilizavam essa maneira para medir o tempo. Observavam a posição do Sol, as fases da Lua e os períodos de chuva e estiagem. Com o advento da agricultura as civilizações precisaram medir o tempo de maneira mais precisa, e assim nasceu os calendários. O calendário que usamos hoje é o gregoriano, e ele tem por base o tempo que a Terra demora para dar uma volta completa em torno do Sol, que é de 365 dias 5 horas e 49 minutos, e está em vigor há quase 500 anos.

      O calendário gregoriano utilizado em países cristãos tem como marco inicial o nascimento de Jesus Cristo, e nele estamos no ano de 2023, mas existem outros calendários como o judaico que é utilizado em Israel e em comunidades judaicas ao redor do mundo, e tem por marco a criação do mundo por Deus e estão no ano de 5782. Já os islâmicos marcam seu calendário do momento da migração de Maomé de Meca para Medina, e estão no ano de 1444, esse calendário é mais utilizado pelos muçulmanos da África e Ásia.

O aprendizado é uma jornada, e você não a fará sozinho!”

Leandro, professor de História