segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

O Rei está nu!


A Roupa Nova do Rei. Imagem: Hans Christian Andersen.

Era uma vez, no palácio de um reino distante, um monarca muito vaidoso, mas muito amado pelo seu povo. Suas grandes virtudes: a generosidade e a persuasão. Pela generosidade, queria que todos os pobres ficassem ricos como ele. Pela persuasão, a todos convencia. E todos o ouviam, e todos acreditavam no que ele dizia. Era tido por sábio, principalmente quando dizia que não sabia.

O antigo desejo por “eterno poder”

Mas, desde que foi coroado, se angustiava com o pesadelo de um dia não ser mais rei. Afinal, à coroa tudo devia, pois com ela tudo podia. Adorava viajar. Tudo com o dinheiro arrecadado dos súditos que pagavam rigorosamente os impostos ao tesouro do rei, temerosos de que, caso os sonegassem, ele mandasse soltar os leões famintos que mantinha, para esse fim, numa jaula junto á estrebaria do palácio. Mas o de que ele mais gostava mesmo era de passear pelas terras do seu reino numa bela carruagem que de tão grande tinha até um compartimento escuro do lado oposto àquele do cocheiro. Lá – cochichavam as fofoqueiras do reino – se ele quisesse (?) até que poderia levar alguma cortesã, que no palácio elas eram abundantes. Era preciso eternizar o governo.

Bolsinhas de pano

A melhor ideia foi encomendar aos tecelões da aldeia milhares de bolsinhas de pano, que mandou distribuir aos mais pobres. Cheias de moedinhas, para que, segundo se dizia, não precisassem mais trabalhar, nem escolher outro rei. Com isso, aumentou o número de cavalos e de carretas pelas trilhas do reino – embora continuassem péssimas -, dando muito trabalho aos seleiros, carpinteiros e a todos os trabalhadores.

Panteão Maia



Panteão Maia. Imagem: Seu History.

O panteão maia, que fundamenta a crença mitológica da cultura maia, possui um conjunto de deuses adorados em uníssono. Os maias basearam suas crenças na observação de fenômenos naturais, o que foi traduzido em um caráter místico com expressões naturalistas, em que tanto o conhecimento cientifico quanto as crenças religiosas, constituem um todo indissolúvel, sobre o qual estão organizadas a sociedade, a politica e as mais diferentes atividades humanas. Hunab Ku, principal divindade no Universo Maia, centro da galáxia, mente e coração do Criador, reúne em si o aspecto masculino e feminino da natureza sendo a divindade criadora, por excelência.

YUMKAX

O senhor do milho jovem, é o deus maia da agricultura, da prosperidade, da abundância e da vida. É representado como um jovem com uma espiga de milho nas duas mãos. Durante o período clássico foi considerado uma invocação de Hunahpú (gêmeo divino de Popol Vuh), que ao morrer, ressuscita na forma de Yumkax e é comumente representado surgindo da terra, emergindo do casco de uma tartaruga, imagem que é narrada na “ressurreição do milho”. É o deus do milho, das montanhas, dos bosques, da selva e da juventude, atacado constantemente pelo deus da seca e defendido pelo deus das chuvas.

Entre os maias de Yucatán, era considerado filho de Itzamná e Ixchel e vigia da selva. É o governante, a inteligência diretriz da agricultura e da vida na natureza. Segundo os maias, a alma, antes de tomar o corpo humano, atravessa diferentes partes do reino da natureza, adquirindo consciência plena; por isto, todo ser humano possui em seu interior um instrutor elementar, feito com substâncias básicas da natureza, que conhecem a sabedoria de milhões de espécies. A doutrina maia de Yumkax revela os mistérios da evolução e da relação íntima entre a vida elementar e a humana; considera impossível separar nossa vida do grande oceano da vida universal, e, que o ser humano preparado pode desencadear uma tempestade de fazer tremer a terra, curar ou fazer prodígios.

CHAAC

Chaac, uma das manifestações de Itzmaná, é uma importante divindade associada à água e, sobretudo à chuva. Representado com um grande tronco inclinado até o alto, tinha grande importância e o povo o invocava para obter boas colheitas. Segundo relatos, esse deus vivia nas cavernas ou nos “cenotes” (depressões aquíferas muito comuns na península), que eram também consideradas a entrada para o inferno. Por vezes, é representado como quatro deuses, separado pelos quatro pontos cardiais, e como um homem velho com aparência semelhante a um anfíbio ou um réptil, com seu característico nariz grande e curvado, carregando um machado que representa o trono, o raio. Já o associaram com a rã ou sapo. Diante de seu poder está à seca, a chuva, o granizo, o gelo e o raio, motivo pelo qual, os feiticeiros antigos, temiam sua cólera. Seu nome provém de fontes escritas na época colonial, nas quais aparece também como herói cultural; o Dicionário de Motul diz que Chaac “... foi um homem de grande estatura que ensinou a agricultura, e que também foi conhecido como deus dos pães, da água, dos trovões e relâmpagos”. Efetivamente, Chaac é uma das divindades quádruplas, que são as que dominam os quatro rumos do cosmos. É importante no cultivo do milho e outros produtos, e, por sua vez, também é o símbolo da fertilidade. A esse deus também se relacionavam as águas internas do ser humano, ou seja, a energia criadora.


AH PUCH


Ah Puch é o rei e Deus de Xibalbá, o inferno. Descrito como um esqueleto ou cadáver com um rosto de jaguar adornado com sinos, é o deus da morte. Tem como cabeça um crânio, e as costas nuas mostrando partes da coluna vertebral; se seu corpo está coberto de carne, ela aparece inchada e com círculos negros que sugerem a sua decomposição. Os acessórios imprescindíveis de sua vestimenta são ornamentados em forma de cascavéis. Ah Puch, antítese de Itzamná, tem, como ele, dois hieróglifos de seu nome, e é depois dele, a única divindade que se distingue desta maneira. O primeiro representa um cadáver com os olhos fechados pela morte, e o segundo, é a própria cabeça do deus com seu nariz longo, as mandíbulas descarnadas e como prefixas, uma faca de sílex (vidro vulcânico) para os sacrifícios. O deus da morte era a divindade padroeira do dia Cimí, que significa morte, em maia. No caso de Ah Puch, estamos diante de uma divindade de primeira classe, fato comprovado pela frequência em que é representado nos códigos. Como chefe dos demônios, reinava no mais baixo dos nove mundos subterrâneos dos maias.