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quarta-feira, 9 de outubro de 2024

As invasões holandesas no Brasil

    As invasões holandesas no Brasil ocorreram no contexto das disputas coloniais entre as potências europeias no século XVII. A Holanda, que à época era uma potência emergente e rival da Espanha, tinha grande interesse no comércio de açúcar, que prosperava na região nordeste do Brasil. Em 1580, a União Ibérica unificou as coroas de Portugal e Espanha, levando a Holanda a buscar novas formas de controlar o comércio de açúcar, já que os espanhóis eram seus inimigos. Entre 1624 e 1625, os holandeses realizaram a primeira invasão, capturando Salvador, então capital da colônia portuguesa. No entanto, essa ocupação foi de curta duração, sendo a cidade retomada por uma força luso-espanhola.

    A segunda invasão holandesa começou em 1630, desta vez em Pernambuco, o principal centro de produção de açúcar da colônia. Com a conquista de Olinda e Recife, os holandeses passaram a controlar uma vasta área do Nordeste, incluindo as capitanias da Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. O objetivo da invasão era estabelecer o controle do comércio açucareiro e explorar economicamente a colônia.

    Entre 1637 e 1644, o Brasil holandês foi governado por Maurício de Nassau, que trouxe um período de relativa estabilidade e progresso. Nassau incentivou o desenvolvimento urbano, a construção de estradas e pontes, além de promover pesquisas científicas e a tolerância religiosa entre colonos. Recife foi modernizada e se tornou um importante centro cultural e econômico durante seu governo. Ele também tentou reconciliar os interesses dos senhores de engenho portugueses e a Companhia das Índias Ocidentais, que financiava a colonização holandesa.

   Contudo, após sua saída em 1644, devido a desentendimentos com a Companhia, a situação se deteriorou. Os holandeses enfrentaram dificuldades financeiras e a resistência luso-brasileira cresceu, resultando nas batalhas dos Guararapes (1648 e 1649), onde as forças luso-brasileiras, compostas por brancos, negros e indígenas, uniram-se contra o domínio holandês. Essas vitórias foram decisivas para a expulsão dos holandeses, consolidada em 1654, após a rendição em Recife.

    As invasões holandesas deixaram um impacto duradouro na história do Brasil, tanto na economia, que sofreu grandes perdas com a destruição de engenhos, quanto na cultura, pela influência arquitetônica e científica que os holandeses trouxeram para o Nordeste.

Você quer saber mais?

Boxer, Charles R. A História do Brasil Holandês. São Paulo: Editora Unesp, 1996.

Pereira, João Pedro. Os Holandeses no Brasil: A História das Invasões e da Conquista do Nordeste. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006.

Lima, Jorge. A Invasão Holandesa e a Resistência Pernambucana: O Papel de Maurício de Nassau. Recife: Editora Universitária, 2010.

Os militares presidentes do Brasil (ditadura civil-militar).

    Os governos dos presidentes militares do Brasil ocorreram durante o período da Ditadura Militar, entre 1964 e 1985. Esse período foi marcado por uma série de golpes, repressão política, censura, mas também por algumas iniciativas de desenvolvimento econômico e infraestrutura. O regime teve cinco presidentes militares: Castelo Branco, Costa e Silva, Médici, Geisel e Figueiredo.

    Castelo Branco (1964-1967) foi o primeiro presidente do regime militar. Seu governo focou na estabilização econômica, criando o PAEG (Programa de Ação Econômica do Governo) para controlar a inflação e estimular o crescimento econômico. Ele também aprovou o AI-2 (Ato Institucional nº 2), que extinguiu os partidos políticos existentes e instaurou o bipartidarismo com a Arena e o MDB.

  Costa e Silva (1967-1969) enfrentou uma crescente oposição ao regime, especialmente de movimentos estudantis e intelectuais. Para lidar com isso, ele implementou o Ato Institucional nº 5 (AI-5), em 1968, que deu ao governo plenos poderes para fechar o Congresso, intervir nos estados e municípios, cassar mandatos e suspender direitos civis, tornando o regime mais autoritário. Seu governo terminou abruptamente por causa de problemas de saúde.

    Emílio Garrastazu Médici (1969-1974) é lembrado pelo período mais repressivo da ditadura, com forte censura à imprensa, perseguição e tortura de opositores, especialmente guerrilheiros urbanos e rurais. Ao mesmo tempo, o governo de Médici foi marcado pelo chamado "Milagre Econômico", com crescimento do PIB em níveis elevados, impulsionado por obras de infraestrutura, como a construção da Transamazônica e da ponte Rio-Niterói. No entanto, a desigualdade social aumentou.

    Ernesto Geisel (1974-1979) adotou uma política de abertura lenta, gradual e segura, começando um processo de transição para a democracia. Geisel iniciou a distensão política, enfrentando resistências internas dos setores mais radicais das Forças Armadas. Seu governo suspendeu o AI-5 em 1978 e promoveu a reforma partidária, que permitiu o surgimento de novos partidos. No entanto, a repressão ainda continuou, como foi o caso do assassinato do jornalista Vladimir Herzog, que gerou grande repercussão.

   João Figueiredo (1979-1985) foi o último presidente militar e deu continuidade ao processo de abertura política iniciado por Geisel. Em 1979, aprovou a Lei da Anistia, que permitiu o retorno de exilados políticos e perdoou crimes cometidos tanto por militares quanto por opositores. Seu governo enfrentou uma grave crise econômica, com alta inflação e crescimento da dívida externa. A insatisfação popular crescia, impulsionando movimentos por eleições diretas, como a campanha das "Diretas Já". Em 1985, após eleições indiretas, o civil Tancredo Neves foi eleito, encerrando o ciclo militar.

    Esse período da história brasileira deixou marcas profundas na política e na sociedade, com legados que ainda são debatidos até hoje.

Você quer saber mais?

Skidmore, Thomas E. Brasil: De Castelo a Tancredo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.

Gaspari, Elio. A Ditadura Envergonhada. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

Dreifuss, René Armand. 1964: A Conquista do Estado. Rio de Janeiro: Vozes, 1981.

Fico, Carlos. O Grande Irmão: Da Espionagem à Filtragem na Ditadura Militar Brasileira (1964-1985). São Paulo: Civilização Brasileira, 2008.

Martins Filho, João Roberto. O Poder Militar no Brasil: Política e Ideologia no Exército Brasileiro (1964-1984). São Paulo: Hucitec, 1995.