domingo, 5 de setembro de 2010

TEORIA DA REAL INDEPENDÊNCIA.

TEORIA DA REAL INDEPENDÊNCIA DO BRASIL


(Registrada na Biblioteca Nacional, na Categoria Teses/Monografia,
sob o nº415.174, Livro 775, Folha 334)


Autor: Márcio Inácio Franco
marc.franco@yahoo.com.br


ÍNDICE POR CAPÍTULOS


I - A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL CONFORME CONSTA DOS REGISTROS, CONSOANTE É ENSINADA NAS ESCOLAS SÍNTESE
II - A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL, QUE, CONFORME EVIDÊNCIAS PARALELAS (ALIADAS À LÓGICA E AO RACIOCÍNIO) PODE SER EXPLICADA
III - A REAL INDEPENDÊNCIA DO BRASIL — ASPECTOS QUE NÃO ESTÃO INCLUÍDOS NOS LIVROS CONVENCIONAIS DA HISTÓRIA DO BRASIL
IV - CONCLUSÃO
ANEXO - CARTA ESCRITA POR D. PEDRO I EM JUNHO DE 1822, DIRIGIDA A SEU PAI
D. JOÃO VI, EM PORTUGAL (ORIGEM: BIBLIOTECA NACIONAL DE PORTUGAL)

I
A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL CONFORME CONSTA DOS
REGISTROS, CONSOANTE É ENSINADA NAS ESCOLAS — SÍNTESE


Antes da INDEPENDÊNCIA, o Brasil já havia sido elevado de um simples Brasil-colônia para REINO UNIDO DE PORTUGAL E ALGARVES, em 1815, por D. João VI.


Sobre a mesma elevação para Reino Unido, com muita propriedade narra o livro BRASIL - ENCONTROS COM A HISTÓRIA de Vanise Ribeiro e Carla Anastásia, volume 2, Editora do Brasil S/A, página 52:


- Essa decisão criou uma situação muito estranha: o Brasil, pois não era nem colônia, nem país independente. Os brasileiros não possuíam os mesmos direitos dos portugueses e sustentavam com o pagamento de impostos as despesas da Corte e os gastos militares do governo português sediado no Brasil.


O livro acima referido retrata também o que foi chamado de - CENAS DA INDEPENDÊNCIA”, à folha 67, conforme relato histórico feito pelo Major Francisco de Castro Canto e Mello sobre os acontecimentos ocorridos no dia em que D. Pedro proclamou a independência do Brasil, a saber:


“Cenas da Independência”
‘Partiu o Príncipe regente da Corte, com direção à São Paulo, a 14 de agosto de 1822 [...]
No dia 25 de agosto fez Sua Alteza a sua solene entrada em São Paulo, com grande acompanhamento da guarda de honra e povo [...]
Por alguns dias demorou-se Sua Alteza nesta capital [...] até que, a 5 de setembro, dirigiu-se para Santos.
No dia 7 de setembro, D. Pedro I recebeu algumas correspondências (ofícios), vindas de Portugal, nas quais traziam notícias importantes e que fizeram com que o Príncipe apressasse sua volta para a capital de São Paulo.
Ao chegar no alto da colina, próxima ao Ypiranga, a três quartos de légua da cidade, encontrou o Príncipe ao major Cordeiro, de cujas mãos recebeu os ofícios e cartas que lhe eram enviados pela Princesa Real e por José Bonifácio, e ao lê-los, tendo conhecimento das intenções das Cortes portuguesas, e comunicando-os aos que o rodeavam, depois de um momento de reflexão, bradou: — É tempo!... Independência ou Morte!... Estamos separados de Portugal!
Em ato contínuo, arrancando o laço português que trazia no chapéu, o arrojou para longe de si, e desembainhando a espada, ele e os mais presentes, prestaram o juramento de honra, que para sempre os ligava à realização da idéia grandiosa de liberdade.´”


Destarte, de um modo geral, a Independência do Brasil é narrada pelos livros de história nos moldes acima sintetizado. Os referidos livros, entretanto, escrevem, narram, apresentam a história com propriedade, ou seja, de modo correto, em face dos documentos e provas existentes, relacionados com a História do Brasil.


Não obstante o exposto, nada impede que evidências paralelas, acompanhadas da lógica analisada pelo raciocínio possam “visualizar” uma outra realidade, com relação à Independência do Brasil, conforme será tratado no capítulo seguinte.

II
A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL, QUE, CONFORME EVIDÊNCIAS PARALELAS (ALIADAS À LÓGICA E AO RACIOCÍNIO) PODE SER EXPLICADA


Iniciando com o que chamamos de “evidências paralelas” é de grande importância o artigo escrito pelo Dr. Adriano A. da Costa Filho no Jornal Mundo Lusíada , sob o título O REINO UNIDO DE PORTUGAL, BRASIL E ALGARVES, ou seja:


“Chegando a comitiva real ao Brasil, D. João tomou grandes providências que na realidade foi o início do progresso do Brasil como grande nação internacional, e podemos enumerar essas atitudes básicas:
1- Decretou a abertura dos portos às nações amigas.
2- Favoreceu os ingleses, com taxas baixas para importação de seus produtos.
3- Na Bahia foram instaladas várias industrias tais como do vidro, pólvora, moagem do trigo, indústria canavieira, gado, cultivo do algodão, tabaco e as salinas. Ainda em Salvador, criou a Escola Cientifica Médico-Cirúrgica.
4- No Rio de Janeiro, criou o primeiro Banco do Brasil, a Casa da Moeda, a Real Junta do Comércio, agricultura, fábricas e incentivou a navegação, criando a Marinha Mercante brasileira.
5- Também no Rio de Janeiro, houve a abertura cultural, criando a imprensa Régia, o Teatro Real e convidou a Missão de Artes da França.
6- Convidou várias expedições científicas a virem ao Brasil, para registrar a fauna, a flora e estudar o povo brasileiro.
7- No ano de 1815, o Brasil foi elevado a Centro Administrativo do reino, e finalmente alterou a condição brasileira à: Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.
Com isso os brasileiros tiveram representação política em Lisboa, porém, os portugueses queriam o retorno da corte para Portugal. O rei partiu no ano de 1821, sendo que o filho de D. João VI, D. Pedro I, permaneceu no Brasil como regente e assumiu a liderança do movimento da independência e aí fica uma dúvida, teria D. João VI aconselhado o filho a proclamar a independência do Brasil, antes que outros o fizessem, porque já existia um grande movimento de brasileiros para conseguir a independência de Portugal . E D. Pedro I proclamou a independência às margens do córrego do Ipiranga no dia 7 de setembro de 1822.
Mais tarde, D. Pedro I voltou para Portugal deixando o seu filho D. Pedro II com a incumbência de reinar no Brasil, porém, como era menor, outros comandaram o Brasil até a sua maioridade, e lá em Portugal, D. Pedro I assumiu o poder do reino como D. Pedro IV.
Como vemos pela descrição acima, o Brasil tornou-se independente sem derramamento de sangue, tornou-se uma grande potência, evidentemente com a ajuda do reino de Portugal e seus descendentes, porque também D. Pedro II modernizou o Brasil, criando as estradas de ferro, o telégrafo, o telefone, dinamizou a marinha mercante, estradas novas e enfim promoveu a grandeza do Brasil.”


Conforme se pode observar acima, já é pré-existente a idéia ou a dúvida, com relação à natureza da Real Independência do Brasil, ou seja, se foi mesmo uma Independência “litigiosa” ou se foi uma Independência “consensual”.

III
A REAL INDEPENDÊNCIA DO BRASIL — ASPECTOS QUE NÃO ESTÃO INCLUÍDOS NOS LIVROS CONVENCIONAIS DA HISTÓRIA DO BRASIL


Consoante a história ensina, de modo geral, qualquer independência de uma colônia, ou equivalente, em relação ao país dominador, sempre foi precedida de verdadeiras, longas e sangrentas batalhas entre o povo colonial, contra o exército do país colonizador.


Entretanto, a Independência do Brasil se concretizou sem derramamento de sangue, sem guerras reais, mas apenas com “guerras de corso”, e ao que tudo indica, “guerras de corso” também simuladas.


Destarte, o “Grito do Ipiranga” proferido por D. Pedro I, sob a rubrica “Independência ou Morte” tratou-se, na realidade, de um gesto estrategicamente dissimulado. Como início de evidência paralela, podemos citar parte da carta com as datas de 19 e 22 de junho de 1822 (cópia do original em anexo) escrita por D. Pedro I a seu pai [há apenas setenta e sete (77) dias antes do tão importante e tão famoso “Grito do Ipiranga”], onde o Príncipe Regente, D. Pedro I, demonstra seu grande amor, afeto e respeito a seu pai D. João VI, ou seja, amor, afeto e respeito incompatíveis com uma declaração de “Independência ou Morte”, a 07 de setembro de 1822, a saber:


“Meu pai, e meu senhor, Tive a honra, e o prazer de receber de V.M. duas cartas, hum pelo Costa Coito, e outra pelo Chamberlain, em as quaes V.M. me comonicava o seu estado de saúde fizica, a qual eu estimo mais, que ninguém, e em em que me dizia ¾ Guia-te pelas circunstâncias com prudência, e cautela — esta recommenação he digna de todo homem, e muito mais de um pai a hum filho e de hum Rei a um subdito, que o ama, e respeita sobremaneira. [sublinados e negritos atuais]


Outra evidência, que comprova a inteira submissão de D. Pedro I a seu pai D. João VI, consta também em outro trecho da mesma carta, in verbis:
“Tenho a hona de protestar novamente a V.M. os meus sentimentos de amor, respeito, e submissão, de filho, para um Pay carinhoso, e de súbdito para um Rey justo.
Deus guarde a preciosa vida, e saúde de V.M. como todos os bons portuguezes; e mormente nós Brazileiros o havemos mister.
Sou de V. M. ¾ Súbdito fiel, e filho obedientíssimo, que lhe beija a Sua Real Mão — PEDRO.”


Apenas os dois trechos acima descritos já demonstram cabalmente a incompatibilidade de uma verdadeira guerra pela Independência, promovida pelo ilustre D. Pedro I contra seu pai D. João VI, não menos insigne.


Não obstante a já demonstrada incompatibilidade, o trecho ainda mais determinante e até comprovador da mesma incompatibilidade, e, por conseguinte, a maior EVIDÊNCIA PARALELA é o que diz D. Pedro I a seu pai, D. João VI, na referida carta (cópia na íntegra em anexo), ipsis litteris:
“Eu ainda me lembro, e me lembrarei sempre do que V.M. me disse, antes de partir dois dias, no seu quarto (Pedro se o Brazil se separar antes seja para ti, que Me Hás de respeitar do que para algum desses aventureiros) Foi chegado o momento da quasi separação, e estribado eu nas eloqüentes, e singelas palavras expressadas por V.M., tenho marchado a diante do Brazil, que tanto me tem honrado.
Pernambuco proclamou-me Principe Regente, sem restricção alguma no Poder Executivo, aqui consta-me que querem aclamar V.M. Imperador do Reino Unido, e a mim Rei do Brazil (...)
Huma vez que o Brazil todo, está persuadido desta verdade eterna, a separação do Brazil he inevitável (...)


Assim, em conclusão de capítulo, e diante de tão grande evidência, é importante agora a utilização do raciocínio, para fazer uma conexão da reiterada carta escrita por D. Pedro I a seu pai D. João VI, entre 19 e 22 de junho de 1822, e as cartas (tratadas no primeiro capítulo desta teoria) recebidas pelo Príncipe em 07 de setembro de 1822, que, dentre outras coisa, “deram conhecimento das intenções das Cortes portuguesas”, e reitere-se, a saber:


”Ao chegar no alto da colina, próxima ao Ypiranga, a três quartos de légua da cidade, encontrou o Príncipe ao major Cordeiro, de cujas mãos recebeu os ofícios e cartas que lhe eram enviados pela Princesa Real e por José Bonifácio, e ao lê-los, tendo conhecimento das intenções das Cortes portuguesas, e comunicando-os aos que o rodeavam, depois de um momento de reflexão, bradou: — É tempo!... Independência ou Morte!... Estamos separados de Portugal!”


A tratada conexão deve nos fazer raciocinar que as cartas escritas por D. Pedro I, entre 19 e 22 de junho de 1822, de navio, devem ter levado aproximados trinta (30) dias para chegar à Corte Portuguesa, ou, teriam então chegado a Portugal por volta de 22 de julho de 1822. Respectivamente, D. João VI e seus conselheiros devem ter levado mais alguns dez (10) dias para a leitura das cartas, somada à reflexão para preparar cartas e ofícios em resposta, e aliada ainda à própria redação e expedição das cartas e ofícios de resposta, quando estaríamos por volta do início do mês de agosto de 1822.


Da tratada expedição das cartas e ofícios em resposta, igualmente de navio, os mesmos documentos devem ter levado de trinta a quarenta dias para chegarem, ou, mais precisamente, chegaram às mãos de D. Pedro I naquele importante 07 de setembro de 1822, quando após a leitura e rápida reflexão, o ilustre Príncipe Regente decidiu bravamente, e sem mais qualquer dúvida, pelo “Grito do Ipiranga”, ou pelo tão importante “Independência ou Morte!... Estamos separados de Portugal!”


Agora, com maior conhecimento da carta de origem, escrita por D. Pedro I a seu pai, podemos deduzir o que veio escrito em uma das cartas ou em um dos ofícios recebidos pelo Príncipe Regente das mãos do Major Cordeiro, em 07 de setembro de 1822
(...) Certamente que D. Pedro recebeu instruções para declarar a independência do Brasil, em uma das cartas que provavelmente apenas foram lidas pelo destinatário, que, na primeira oportunidade a teria destruído, queimando-a como historicamente e, porque não dizer, até o presente não é incomum destruir-se cartas ou documentos do tipo TOP SECRET.


IV
CONCLUSÃO


Diante de todo o exposto, e mediante a carta anexamente reproduzida, qualquer leitor, leigo ou intelectual, historiador ou não, poderá tirar suas próprias conclusões. Entretanto, é importante que o autor da presente teoria apresente também sua própria conclusão, em síntese, dizendo que considera a INDEPENDÊNCIA DO BRASIL um fruto de BRILHANTE ESTRATÉGIA DA CORTE PORTUGUESA, apontando como os principais estrategistas o Príncipe Regente e seu pai D. João VI.


Não obstante que tenha então havido uma DISSIMULAÇÃO, entretanto, a mesma simulação deve ser interpretada não como um fruto d e malícia ou má fé, porém, apenas como um remédio amargo que simultaneamente evitaria tanto derramamento de sangue, colocaria o Brasil realmente como uma nação independente, não mais um “Brasil colônia”, e obviamente atenderia os interesses da Coroa Portuguesa, no sentido em que, não sendo de todo intransigente, reconhecendo que a independência seria inevitável, conseguiu manter como o primeiro imperador de um Brasil independente, aquele que já era o tão ilustre Príncipe Regente (...)


Também, conforme tratado no primeiro capítulo, somente o “tempo” dirá se a presente teoria deverá também ter lugar em livros de HISTÓRIA DO BRASIL, de maneira que o aluno possa ser também convocado à reflexão, e estimulado ao raciocínio (...)


(a) Márcio Inácio Franco
23/08/2007