segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Como o Homo sapiens sapiens superou os outros hominídeos?



Fóssil de um Cro-Magnon (Homo sapiens sapiens) encontrado no sitio arqueológico de Mondeval Sora na Itália. Imagem: Science Photo.

Como vimos nos textos anteriores, como humanidade somos uma espécie que não possui concorrente na natureza e nem outras variedades de espécies humanas como ocorre com outros animais, mas aprendemos que nem sempre foi assim. Nas postagens “A Evolução do Homem: os primatas” e “A Evolução do Homem: a aurora da humanidade” entendemos que somente nos últimos 30 mil anos nós temos o domínio no planeta há mais ou menos cerca de 1,8 milhões de anos disputávamos o domínio no planeta com mais espécies como o Australopithecus boisei, robustus, Homo rudolfensis, Homo habilis, Homo erectus e Homo ergaster. E convivência não é a palavra mais correta a ser usada na relação que essas espécies mantinham umas com as outras. A suposição de que os "imigrantes" vindos do sul da África (Homo sapiens sapiens) teriam superado o Homo sapiens neanderthalensis na Europa e Oriente Médio por sua técnica mais avançada e sua maior inteligência é uma as suposições que possuímos acerca dessa situação estudada no texto “A Evolução do Homem: a supremacia do Homo sapiens sapiens.”.

Atualmente precisamos ver tudo isso como um processo cultural complexo, apontando as  mudanças climáticas nos últimos 40 mil anos de sua existência como um fator que possivelmente contribuiu para o desaparecimento do Homo sapiens neanderthalensis. Tais mudanças podem ter desencadeado movimentos migratórios, o que teria sido reforçado pela chegada de novos grupos humanos ao continente. Na Europa de 40 mil anos atrás viviam 250 mil pessoas no máximo, não deve ter sido muito difíceis para o novo grupo de Homo sapiens multiplicar-se e superar os "primeiros europeus [1].” O interessante é que o código genético da raça humana moderna não possui quase nenhum vestígio de parentesco com os homens e mulheres do Espécie Homo sapiens neanderthalensis.

Independente de como tenha sido, seja competindo por espaço, água ou quando possuía a mesma dieta alimentar competindo por comida, chegando a lutarem entre si pela sobrevivência da sua espécie [1]. Há diversas versões, muitas vezes contraditórias, sobre a cadeia de reações que gerou o homem, sobre o estilo de vida e comportamento dos hominídeos, de como eles e o Homo sapiens sapiens, entre 75 mil e 100 mil anos atrás teriam emigrado da África Austral para o resto do mundo, e de como interagiram com outros descendentes ou antecessores do Homo erectus dessas zonas. Vários Australopithecus conviveram, por alguns milhões de anos, com o Homo habilis e erectus. Como interagiram quando se encontravam, ninguém sabe ao certo [2].

Infelizmente, jamais será possível encontrar a verdade e os cientistas apenas podem conjecturar hipóteses, adaptadas aos achados que vão sendo descobertos, já que, como afirmou Napoleão Bonaparte (1769 - 1821).

"História,  é uma  versão de acontecimentos do passado sobre a qual algumas pessoas decidiram concordar."

Napoleão Bonaparte

As várias espécies de hominídeos que nos precederam, com diferentes graus de desenvolvimento eram mais propícios a caçarem-se mutuamente do que a terem convívios amigáveis e, ao entrarem em contato, tentavam matar os machos de outros grupos de hominídeos. Ainda hoje temos não só várias tribos humanas que lutam e matam-se mutuamente, por espaço vital [2].

As descobertas recente demonstram que o número de ossos ancestrais diretos não tem aumentado muito e essa quantidade de espécies ainda são poucas em relação ao número imenso de elos perdidos que faltam para fixar a escala evolutiva humana em uma plataforma segura onde não haverá aberturas para dúvidas.O que diferenciou o Homo sapiens sapiens foi seu maior desenvolvimento técnico desencadeado na explosão criativa do paleolítico, com o aperfeiçoamento do desenvolvimento da linguagem e a produção de ferramentas cada vez mais apurada [1].

Humanos, que estranhos primatas. Andando sobre duas pernas, possuidores de cérebros enormes e colonizadores incansáveis de cada canto da Terra. Antropólogos e biólogos procuraram sempre entender como a nossa raça diferenciou-se tão profundamente do modelo primata. Foram desenvolvidos, ao longo dos anos, todos os tipos de hipóteses, visando explicar cada uma dessas particularidades. Um conjunto de evidências, porém, indica que essas idiossincrasias mistas de humanidade têm, na realidade, uma linha em comum: elas são, basicamente, o resultado do que Charles Darwin, chamou de seleção natural, atuando para maximizar a qualidade dietética e a eficiência na obtenção de alimentos. Mudanças na oferta de alimentos parecem ter influenciado fortemente nossos ancestrais hominídeos. Assim, em um sentido evolutivo, somos o que comemos.

Dessa forma, o que comemos é ainda uma outra forma pela qual nos diferenciamos de nossos parentes primatas. Populações de humanos contemporâneos pelo mundo afora, adotam dietas mais calóricas e nutritivas que aquelas de nossos primos, os grandes macacos.

1-Então, quando e como os hábitos alimentares de nossos ancestrais divergiram dos hábitos de outros primatas?

O tipo de ambiente que uma criatura ocupa irá influenciar a distribuição de energia entre esses componentes, em que condições mais duras representam, obviamente, maiores dificuldades. No entanto, o objetivo de todos os organismos é o mesmo: assegurar a reprodução, visando garantir, a longo prazo, o sucesso das espécies. Portanto, ao observarmos a forma como os animais se deslocam para obter a energia alimentar, podemos compreender melhor como a seleção natural produz a mudança evolutiva. As características que mais distinguem os humanos de outros primatas são, certamente, os resultados da seleção natural, agindo no melhoramento da qualidade da alimentação humana, e a eficiência com que nossos ancestrais obtiveram os alimentos [1]. Alguns cientistas sugeriram que muitos dos problemas de saúde enfrentados pelas sociedades modernas seriam consequências de uma discrepância entre o que ingerimos e o que nossos antepassados comeram.

Estudos entre populações que vivem tradicionalmente apontam que os humanos modernos estão aptos a suprir suas necessidades nutricionais usando uma ampla variedade de estratégias. Adquirimos flexibilidade alimentar. A preocupação com a saúde no mundo industrial, em que alimentos calóricos concentrados estão facilmente disponíveis, não se originam de desvios de uma dieta específica, mas de um desequilíbrio entre a energia que consumimos e a que necessitamos.O que é extraordinário em nosso cérebro grande, sob uma perspectiva nutricional, é o quanto de energia ele consome aproximadamente 16 vezes mais que um tecido muscular por unidade de peso. Porém, apesar de os humanos apresentarem, quanto ao peso corporal, cérebros maiores que os dos outros primatas (três vezes maior que o esperado), as necessidades totais de energia em repouso do corpo humano não são maiores que a de qualquer outro mamífero do mesmo porte. Usamos uma grande parte de nossa quota diária de energia para alimentar nossos cérebros vorazes. Na verdade, o metabolismo de um cérebro em repouso ultrapassa de, 20 a 25%, as necessidades de energia de um humano adulto - bem mais que os 8 a 10% observados em primatas, e que os 3 a 5% em outros mamíferos [2].


2-Além disso, quanto os humanos modernos se distanciaram do padrão alimentar ancestral?

Baseando-nos nas estimativas de tamanho corporal de hominídeos compilados por Henry M. McHenry, da University of California, em Davis, Robertson  estimamos a proporção das necessidades de energia em repouso que poderiam ser necessárias para alimentar os cérebros de nossos antigos ancestrais. Um Australopithecus típico, pesando entre 35 e 40 kg, com um cérebro de 450 cm³, teria reservado cerca de 11% de sua energia em repouso para o cérebro. Enquanto um H. erectus, pesando entre 55 e 60 kg e com um cérebro de cerca de 850 cm³, teria reservado cerca de 16% de sua energia em repouso - ou seja, cerca de 250 das 1.500 kcal diárias - para este órgão [1]. Além de todos os primatas, espécies com cérebros maiores ingerem alimentos mais ricos; os humanos são um exemplo extremo dessa correlação, ostentando o maior tamanho relativo de cérebro e a dieta mais variada. Conforme as análises recentes de Loren Cordain, da Colorado State University, os caçador-coletores contemporâneos obtêm, em média, 40 a 60% de energia da carne, do leite e de outros produtos de origem animal [2].