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segunda-feira, 27 de julho de 2015

Pré-história do Rio grande do Sul


O perfil geográfico do Rio Grande do Sul foi formado por sucessivas transformações que iniciaram há cerca de 600 milhões de anos. Esse território já foi um mar, já foi um deserto, e em várias regiões aconteceram soterramentos massivos por derrames de lava. Crê-se que somente há dois milhões de anos a geografia se definiu mais ou menos como hoje a conhecemos, quando se fixou a faixa arenosa do litoral. A vida na pré-história do Rio Grande do Sul foi rica em espécies animais e vegetais.

Há apenas cerca de 12 mil anos antes do presente (AP) iniciou a ocupação humana, com a chegada de grupos de caçadores-coletores vindos do norte.Várias regiões da América do Sul nesta época já haviam sido povoadas, algumas ao que parece desde alguns milênios antes, por populações de origem asiática. A tese predominante é que elas tenham originalmente cruzado o Estreito de Behring, no extremo norte da América do Norte, que então estava seco por causa de uma glaciação global, migrando em seguida para o sul, ocupando neste percurso muitos espaços ao longo de gerações.

Os pioneiros que chegaram no território do Rio Grande do Sul encontraram uma região bastante diferente da que hoje vemos. Em 12 mil anos AP, a glaciação, que cobrira de gelo toda a Patagônia (região ao sul da Argentina atual) e esfriara o clima global, começava a regredir, e o clima da região, mais seco e frio do que no presente, se aquecia e umedecia. No entanto, provavelmente a neve ainda caía na região todos os invernos. O nível do mar subia, ao derreter o gelo glacial que se acumulara no mundo, e inundava a planície litorânea. A vegetação local provavelmente era esparsa, composta principalmente de savanas, com matas apenas nas terras altas e nas margens dos rios. A fauna local também era outra, composta de muitas espécies gigantes, como os milodontes, gliptodontes e toxodontes.

A penetração humana deu-se aparentemente através da fronteira oeste, ao longo do rio Uruguai, onde o estado hoje faz divisa com a Argentina e o Uruguai. No município de Alegrete, localizado nesta área, às margens do rio Ibicuí, foi encontrado o sítio arqueológico com vestígios humanos mais antigo do estado, cuja datação o situou com 12.770 anos. Esses primeiros povos, que compartilhavam de uma mesma cultura material, conhecida como tradição Umbu, viviam da caça e da coleta nas planícies do pampa, entre seus campos abertos e matas ciliares. Eram nômades, e devem ter estabelecido acampamentos temporários de acordo com a abundância sazonal de determinados recursos naturais, seguindo rotas de migração de animais ou épocas de amadurecimento de vegetais comestíveis.

Deixaram registros relativamente pobres. Os sítios arqueológicos incluem vestígios de assentamentos, restos de alimentação como ossos de animais e sementes, além de adornos pessoais e artefatos líticos como pontas de flecha e lança em pedra lascada, boleadeiras, cortadores, raspadores e outras ferramentas. Sua cultura predominou por cerca de 11 mil anos, ainda que exibisse adaptações regionais ao variado cenário do território, que se compõe de diferentes tipos de ecossistemas.

Deve ser lembrado que as mudanças climáticas que a região atravessou ao longo de milênios determinaram importantes modificações na composição da flora e da fauna, às quais as populações humanas precisaram se adaptar, e isso se refletiu em variações em seus costumes e culturas. Durante o ótimo climático, um período de importante elevação nas temperaturas globais ocorrido a partir de 6 mil anos AP, esses povos passaram a colonizar as matas das serras e a subir o planalto. Aparecem gravuras rupestres e ferramental adaptado ao trabalho com madeira, especialmente machados bifaciais. Formava-se ali a chamada tradição Humaitá.

Enquanto isso, se completava a conquista do litoral, formando-se uma cultura específica, a tradição Sambaqui, adaptada à vida junto ao mar e nas planícies costeiras. São característicos dessa tradição os depósitos de conchas, carapaças de crustáceos e restos de peixes que lhe deram o nome, os sambaquis, onde também são encontrados enterramentos e artefatos indicativos de sua associação com o mar, tais como anzóis e pesos de redes. Também se encontram indícios de práticas agrícolas rudimentares, sugerindo que eram sedentários pelo menos em parte do ano. Outras características que os distinguem são os assentamentos sobre colinas artificiais baixas, conhecidas como cerritos, formadas em zonas alagadiças da planície costeira.

Por volta de 3 mil anos AP o clima esfriou novamente e se estabilizou em uma condição semelhante à do presente, produzindo novas adaptações na vida selvagem e nas culturas humanas que floresciam. Nas serras e no planalto, onde o clima permaneceu relativamente frio, com nevadas e geadas frequentes, os povos da tradição Humaitá, que colonizaram a área durante o ótimo climático, precisaram se adaptar, aparecendo então típicos abrigos subterrâneos cobertos de palha, que podiam se organizar em aldeias com várias unidades.

Pouco mais tarde, coincidindo com o início da era cristã, chega a segunda grande onda humana a atingir a região, composta de indígenas Guaranis procedentes da Amazônia. Cogita-se que eles também devem ter sido impelidos à migração pelas mudanças climáticas globais. Eles tinham uma desenvolvida cultura agrícola, domesticavam animais e dominavam a técnica da terracota e da pedra polida. Colonizaram os vales florestados da depressão central, o litoral e parte das serras, evitando porém as regiões mais altas e frias, e pouco avançaram sobre o pampa, já que preferiam climas mais quentes e o ambiente florestal a que estavam acostumados no norte, mas sua influência cultural foi mais ampla. Seus sítios se distinguem das outras tradições pela forma dos assentamentos, em aldeias mais estáveis e estruturadas, e pela abundância de artefatos em pedra polida como pontas de flecha, machados, maceradores, e vasos em cerâmica de diferentes formatos e decoração, técnicas que se observa doravante aparecer nos sítios de outros grupos. A sua influência também se revelou na expansão da agricultura.

Outro grupo a descer do norte junto com os guaranis foi o dos Jês, de cultura similarmente desenvolvida, deixando uma marca maior no planalto, onde primeiro influenciaram os povos da tradição Humaitá e logo os suplantaram. Mas quando o Brasil foi "descoberto", em 1500, quase todos os índios do estado, que somavam de 100 mil a 150 mil na estimativa dos estudiosos, já eram Guaranis ou estavam misturados a eles. Os grupos menos afetados por essa invasão foram os Jês do planalto médio, e os Charruas e Minuanos, do pampa.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

A Questão do Paleoíndio e as tradições culturais



A Questão do Paleoíndio
Pedro Ignácio Schmitz

As periodizações locais e regionais no Brasil apresentam algumas controvérsias por se basearem em diferentes pressupostos, métodos ou dados.

Para que possamos nos localizar no tempo e no espaço faremos abaixo uma tabela de comparação entre os nomes das periodizações usadas de uma forma geral e os nomes americanos aproximadamente correspondentes:

Periodização Geral

Periodização Americana

Paleolítico
(Inferior, Médio e Superior)
Período Lítico
(Pré-Pontas e Paleolíndio)
Mesolítico
Período Arcaico
Neolítico
Período Formativo

Conceitua-se Paleoíndio a cultura que possui os seguintes elementos: populações que teriam vivido predominantemente da caça de megafauna, sítios principalmente de matança, artefatos identificadores usados como facas, raspadores e raspadeiras, ambiente frio e seco, populações  pouco numerosas, dispersa e nômade. O Período Arcaico por sua vez caracteriza-se por uma cultura de adaptação ao clima pós-glacial e que buscava novos recursos alimentares de forma geral e diversificada.

O nome Tradição Itapirica criado pelo PRONAPA, a partir de material da Bahia, designa um complexo tecnológico que data cerca de 9.000 à 6.500 anos a.C, sendo que em alguns lugares teria alcançado datas mais recentes, predominantemente dentro do Holoceno mas com elementos paleoíticos que ultrapassavam o período e talvez o ambiente característico do Pleistoceno, daí a ideia de chama-lo de Paleoíndio Defasado.

Nesses sítios a alimentação era baseada na caça generalizada e no consumo de produtos vegetais, sua localização se dava  em abrigos rochosos, grutas e cavernas. Esta cultura arqueológica também se estende em Goiás de 9.000 a 6.000 a.C.

A fase Paranaíba, de Goiás caracteriza-se por uma cultura arqueológica em que as pontas de projétil estão ausentes, não podendo assim ser chamadas de Pré-pontas. Atualmente pesquisas  ainda nos revelam que as culturas arqueológicas dos caçadores das savanas tropicais têm como identidade a unifacialidade de seus artefatos.

A dúvida que resta é que esses materiais não contêm elementos paleolíticos suficientes para adequar- se ao conceito de Paleoíndio no Brasil Central.

Pré-história da Região do Parque Nacional Serra da Capivara
Anne-Marie Pessis

O Parque Nacional Serra da Capivara localiza-se no sudeste do Estado do Piauí. O clima da região hoje é semi-árido mas em épocas pré-históricas predominava um clima tropical úmido que se estendeu até cerca de 12.000 anos atrás, permitindo o desenvolvimento de uma grande vegetação.

Existem evidências de que a presença humana nesta região  remota 50.000 anos dado que autora nos mostra seguir a mesma linha de raciocínio da arqueóloga Niède Guidon. Por outro lado há também evidências da presença humana no sítio arqueológico Monte Verde que datam 33 mil anos. Ainda não é possível precisar as vias de penetração do continente nesse período, nem construir teorias que expliquem o processo do povoamento americano.

Comprova-se através de vestígios que durante milênios essa região teria uma única cultura material . Possuíam como habitação lugares abertos próximos a fontes de água independentemente do grau de nomadismo ou sedentarismo. Foram encontradas nas paredes do Parque Nacional uma grande quantidade de pinturas rupestres com representações de animais muito diversificadas.

A partir de 10.000 anos as transformações climáticas afetaram a sobrevivência dos grupos humanos, as populações ali instaladas desde o Pleistoceno iniciaram um novo período cultural que perdurou de 12 mil á 3.500 anos AP ( Tradição Nordeste e Agreste).

A Tradição Nordeste (12 mil a 6 mil anos AP) desenvolveu uma cultura material mais aperfeiçoada se comparada com seus antecessores. Aparece o uso de instrumentos feitos de sílex que eram mais duráveis, surge  o polimento do material lítico, introduzindo o uso da queima da argila para fabricação de cerâmica. Sua característica mais importante é a arte rupestre marcada por três estilos baseados na organização social dos grupos da Tradição Nordeste:

1 Estilo Serra Capivara: pinturas homogenias relacionadas com a vida, caça e mitos.
2 Estilo De Transição Serra Talhada: o aumento da população gerou variedades de grupos e rivalidade entre eles fato testemunhado pelos temas violentos nas pinturas.
3 Estilo Serra Branca: os grupos da Tradição Nordeste já tinham suas características étnicas bem diferenciadas e procuravam expressar essa diferença pintando ornamentos próprios de sua etnia.

A Tradição Agreste (10.500 a  3.500 anos AP) esse povo surge na região do Parque Nacional com uma cultura diferente, sua técnica de arte rupestre era grosseiramente pintada.
Em 3.500 anos aparecem os primeiros agricultores ceramistas na região.

Os mais Antigos Caçadores-Coletores do Sul Do Brasil
Pedro Augusto Mentz Ribeiro

Os mais antigos caçadores-coletores da região sul do Brasil, seriam os componentes da Tradição Umbu e Humaitá. Devido as paisagens abertas e fechadas encontradas no sul brasileiro, afirma-se que a Tradição Umbu e Tradição Humaitá apresentam traços característicos peculiares a cada uma delas, o que lhes diferencia.

Permanecem discussões sobre qual das duas tradições teria sido a primeira a penetrar na América e no sul do Brasil. Mas através das datações obtidas, acredita-se que a primeira teria sido a Tradição Umbu na qual encontrava-se nesta área em torno de 12.000 a 7.000 anos AP, sendo que a Tradição Humaitá só chegaria ao sudeste do Paraná e ao nordeste do Rio Grande do Sul a partir de 7.000 anos AP. Entretanto, não dispõem-se de dados, que poderiam referir-se aos caminhos percorridos por ambas tradições antes de chegar ao sul do Brasil.

Tradição Umbu

Os habitantes que formaram essa tradição conviveram com uma fauna extinta composta por tatu- gigante, tigre-dentes-de-sabre, mastodontes e etc.

A cultura material desta tradição, está dividida em :

I Período – O mais antigo, que vai de 6.000 à 11.500 anos AP, ocorreu no sudoeste e na encosta do planalto sul do Rio Grande do Sul.

II Período – Datado de 6.000 AP, a cultura material irá surgir na encosta do planalto, centro e leste do Rio Grade do Sul.

III Período – Datado de 6.000 AP até mais ou menos a época da conquista, 575, já será possível encontrar em toda a região a indústria pré-cerâmica Umbu.

O que vai indicar um aumento populacional e uma melhor adaptação ao meio ambiente, será a sofisticação na tipologia de pontas, os aterros nas áreas alagadiças, a adoção de cerâmica e o aumento de sítios arqueológicos com grande quantidade de material.

Foram os únicos a ocuparem áreas alagadiças, que no verão propiciaram melhor coleta de moluscos e caça de rãs, cuícas e etc.

Utilizavam a técnica de lascamento e polimento para obter seus instrumentos líticos, dominavam o lascamento por percussão direta  e indireta (bipolar) e pressão.

A Tradição Umbu possui como material característico a pedra lascada (furadores, raspadores, pré-formas bifaciais, facas bifaces), pedra utilizada (bigorna, polidores), pedra matéria corante (fragmentação de laterita com e sem sinais de utilização), ossos (furadores, agulhas, anzóis), dente (canídeo, tubarão) e as conchas que eram utilizadas na fabricação de discos de colar.

A arte rupestre encontrada no sul do Brasil, são atribuídas aos portadores desta tradição, quase todas estas manifestações são encontradas na encosta dos planaltos, foram produzidas utilizando a técnica de alisamento e picoteamento. Usam motivos geométricos, bimorfos (pegadas) e puntiformes.


sexta-feira, 8 de março de 2013

Isótopos revelam que temperatura dos dinossauros era semelhante a dos mamíferos!



Crânio de um Camarasaurus, mostrando sua mandibula com dentes em forma de espátulas grandes. Imagem: Sauriermuseum Aathal [5], Switzerland.

No debate sobre se os dinossauros eram de sangue frio (mais corretamente, que possuiam a temperatura do ambiente ou não) ou quente [1].  Seria bom se houvesse alguma forma de descobrir qual era a temperatura do corpo dos dinossauros [2].

Surpreendentemente, existe um meio, graças a Robert Águia da Caltech e seus colegas foram capazes de fazer uso do fato de que os isótopos ¹³C e 18O preferencialmente se ligam entre si por uma quantia que depende da temperatura [2]. Em particular, a quantidade precisa de ligação de carbonato nos ossos depende da temperatura na qual eles foram formados:

“quanto maior a temperatura, menos essa combinação isotópica está presente.”[1]

Dente de Brachiosaurus datado do periodo Jurassico, encontrado em Tendaguru na Tanzania. Imagem: Thomas Tütken [4] University of Bonn [3].

Os pesquisadores acham que a temperatura do corpo de grandes saurópodes [1] do periodo Jurassico [1] deve ter sido entre 36-38°C semelhante ao dos mamíferos modernos e diferente dos modelos previsto na escala baseada  para sague frio que variava entre 4-7°C [2]. Eles de fato deveriam ser bastante quentes por causa de seu grande tamanho e da dificuldade associada em se livrar do calor.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Mary Leakey, contribuições ao conhecimento humano!


Mary Leakey (Londres, 6 de fevereiro de 1913 – 9 de dezembro de 1996) foi uma arqueóloga e antropóloga do Reino Unido.
Descobriu os primeiros fósseis do Proconsul, um gênero de primatas fósseis que viveram no Mioceno africano, de 14 a 18 milhões de anos atrás. O proconsul é considerado um antropoide muito primitivo que já apresentava traços dos símios, como a ausência de cauda, mas ainda conservava alguns dos macacos.

Leakey nasceu em 6 de fevereiro de 1913, em Londres e morreu em 9 de dezembro de 1996 no Quênia. As primeiras pesquisas e descobertas da arqueóloga foram publicadas pelo seu marido, Louis S. B. Leakey.
Era filha de um pintor que viajava o mundo retratando paisagens, Mary Leakey desenvolveu gosto pela aventura logo cedo. Em 1925, aos 12 anos, começou a escavar uma caverna na França, onde sua família estava morando. Seu interesse pela pré-história foi desperto, e ela passou a colecionar as ferramentas que encontrava, criando seu primeiro sistema de classificação. Por parte de mãe, Leakey era prima de um arqueólogo.

Mary Leakey também fazia ilustrações dos objetos que encontrava. Em 1932, seu trabalho chamou a atenção da famosa arqueóloga Gertrude Caton–Thompson, que a convidou para acompanhá-la em suas jornadas. Como artista e arqueóloga amadora, a britânica participou de expedições; em uma delas, conheceu Louis Leakey, que precisava de uma ilustradora. Enquanto trabalhavam juntos, eles se apaixonaram e mantiveram um romance, apesar de Louis estar casado à época.

Louis e Mary Leakey tiveram três filhos ao longo da década de 1940. Os garotos passaram a maior parte da infância em sítios arqueológicos. Os Leakeys faziam escavações e explorações como uma família. Em 1960, ela se tornou diretora de escavações na garganta de Olduvai, na África. Com a morte do marido, em 1972, Mary e os três filhos mantiveram vivo o interesse pela arqueologia, criando uma tradição na área como a família Leakey.

Mary morreu em 9 de Dezembro de 1996, 83 anos de idade, paleoantropóloga de renome, que não só realizou uma pesquisa significativa de sua própria, mas tinha sido de valor inestimável para as carreiras de investigação de seu marido Louis Leakey e seus filhos Richard, Philip and Jonathan.

Em 1948, Maria encontrou o primeiro fóssil verdadeiramente importante de sua carreira como arqueóloga, o Proconsul africanus. O fóssil consistia de metade do crânio, as maxilas superior e inferior, e todos os dentes.

Mary e Louis examinando fóssil de Zinjanthropus boisei. Imagem: Notícias Terra.


A primeira grande descoberta de Mary revelou um símio extinto, que se acredita ser um ancestral muito antigo dos seres humanos. O gênero Proconsul de primatas hoje tem quatro espécies conhecidas.

Em 1959, Mary descobriu um crânio de hominídeo, que ela reconstruiu a partir de centenas de fragmentos, e seu marido chamou de Zinjanthropus Bosei (mais tarde reclassificado para Australopithecus boisei).

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Confira a história do alemão que encontrou 500 contos de fadas medievais.


Conto; A doninha. Imagem: Guia do Estudante Abril.

Esqueça as historinhas açucaradas dos irmãos Grimm. A essência dos contos de fadas medievais foi coletada por um burocrata alemão que só agora ganha reconhecimento

O escritor russo León Tolstói escreveu que para ser universal era preciso saber cantar sua aldeia. Durante toda a vida, Franz Xaver von Schönwerth fez isso em seu tempo livre. O resultado, um calhamaço de 30 mil páginas manuscritas, reúne anotações sobre a vida cotidiana da região de Oberpfalz, no sudeste da Alemanha, perto da atual República Tcheca, onde ele nasceu - e espetaculares 500 contos de fadas (alguns conhecidos, mas em versões diferentes, outros totalmente inéditos). O trabalho de Von Schönwerth, considerado um dos maiores folcloristas da Alemanha, só agora começou a ser resgatado. "O legado dele é uma fonte sem igual. Ele nos permite uma visão única na vida da Alemanha no meio do século 19", diz Manuel Trummer, professor da Universidade de Regensburg e especialista em Von Schönwerth. "A quantidade e a densidade dos manuscritos são únicos e apresentam uma universalidade que os fazem importantes não apenas para a Alemanha."

O modus operandi do folclorista era até singelo. Enquanto estava em Munique, onde viveu a maior parte do tempo por causa de suas obrigações na corte de Maximiliano 2º, de quem foi secretário-geral e conselheiro, convidava pessoas originárias da Oberpfalz para um café e escutava suas histórias. Essas pessoas geralmente não tinham altos cargos ou riqueza. Pelo contrário, eram da classe mais baixa. Ele também desenvolveu um questionário, que sempre repetia para seus entrevistados. Em 1860 e 1861, passou temporadas em Oberpfalz fazendo o trabalho de pesquisa no local - conversando com pessoas, transcrevendo o que lhe era contado, fazendo perguntas sobre diversos temas. Em seus relatos, há uma visão direta, metódica e quase sem interferência sobre o trabalho, a comida, as roupas, os passatempos, os ditados, as histórias e os contos de fadas que andavam de boca em boca na população de sua região.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Dicinodonte jachaleria candelariensis teria vivido há 220 milhões de anos. Segundo pesquisadores, trata-se da parte da superior mandíbula.

Belermino Steffanelo e o curador do museu, Carlos Rodrigues, exibem o fóssil do Dicinodonte jachaleria candelariensis (Foto: Maieve Soares/Divulgação/Prefeitura de Candelária)

Um fóssil do dicinodonte jachaleria candelariensis, dinossauro herbívoro que teria vivido há 220 milhões de anos, foi encontrado na cidade de Candelária, a 198km de Porto Alegre. A descoberta é a mais recente do Brasil dentro do período triássico. Segundo pesquisadores, trata-se da parte superior da mandíbula do animal.

O pesquisador Belermino Steffanelo, voluntário do Museu Aristides Carlos Rodrigues, encontrou o fóssil durante escavação nas margens da RSC 287, nas proximidades do Cerro do Botucaraí. O local é considerado um dos mais difíceis de serem explorados da cidade.

“Fomos fazer outro trabalho no local e acabamos encontrando o fóssil. Vamos regularmente até as localidades de afloramento, pois, com as chuvas e demais ações do tempo, acabamos sempre encontrando algo”, conta Steffanello.

O material foi encaminhado para o professor da UFRGS Cezar Schultz, especialista no assunto. O pesquisador destaca a importância da descoberta. “Esse material é correspondente ao período de tempo em que surgiu o grupo dos dinossauros. Há uma grande chance haver em Candelária um testemunho dos primeiros dinossauros que andaram sobre a terra”, afirma.

Descobertas de fósseis já fazem parte da rotina de Candelária. A cidade é localizada na faixa entre os municípios de Bom Retiro do Sul e Mata. A região é a única do país na qual já foram encontrados fósseis do período triássico.

No final de outubro, também foram encontrados fósseis pertencentes a um rincossauro. A descoberta aconteceu na RS 153, no município de Vale do Sol.

Você quer saber mais?

http://g1.globo.com/brasil/noticia/2011/12/fossil-de-dinossauro-do-periodo-triassico-e-encontrado-no-rs.html

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quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Pampadromaeus, com penas dinossauro descoberto no Rio Grande do Sul é um dos mais antigos do Mundo.

O dinossauro foi descoberto em 2004, mas foi classificado somente agora. Foto: Gabriel de Mello/Ulbra/Divulgação.

Cientistas de quatro universidades brasileiras apresentaram nesta quinta-feira em Canoas (RS) o resultado do estudo de uma espécie de dinossauro descoberta em 2004 em Agudo (RS). Após a classificação, o predador plumado ganhou o nome de Pampadromaeus barberenai. A pesquisa foi coordenada pelo professor Sergio Cabreira, da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), e contou com cientistas das universidades de São Paulo (USP), Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e de Minas Gerais (UFMG).

Os fósseis, datados de 228 milhões de anos atrás, foram descobertos em 2004

Segundo os paleontólogos, o primeiro nome faz referência ao pampa, os campos característicos do Rio Grande do Sul, e o sufixo grego "dromaeus" à palavra grega para "corredor". Já o segundo nome homenageia o pesquisador e paleontólogo brasileiro Mario Costa Barberena, um dos fundadores do Programa de Pós-graduação em Paleontologia do Instituto de Geociências da Ufrgs.

O aspecto do Corredor dos Pampas

O dinossauro tinha apenas 50 centímetros de altura, 1,2 metro de comprimento e pesava aproximadamente 15 quilos. Ele passa a ser chamado de Pampadromaeus barberenai, ou Corredor dos Pampas. O nome genérico refere-se às pradarias típicas do Rio Grande do Sul. O sufixo grego dromaeus se refere ao fato de ser uma espécie corredora. O nome barberenai é uma homenagem ao paleontólogo brasileiro Mario Costa Barberena, um dos fundadores do programa de pós-graduação em Paleontologia do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs).

“Estes materiais fósseis ajudam os pesquisadores de todo o mundo a encontrarem respostas para a origem dos mamíferos, dos dinossauros e das aves”, explicou o pesquisador e doutor Sérgio Furtado Cabreira, responsável pela descoberta no município de Agudo. Segundo ele, trata-se de um acontecimento importante para a ciência brasileira. “Conseguimos estabelecer oficialmente mais um grupo de dinossauros”, acrescentou.

Grupo de cientistas é composto por gaúchos e paulistas.

A equipe de paleontólogos utilizou-se de radiografias e tomografias computadorizadas de diversas estruturas para chegar em uma reconstrução mais próxima possível do Pampadromaeus. “Esta espécie representa um dos mais antigos membros da linhagem do grupo de dinossauros com pescoço longo, característica típica dos herbívoros. Porém, ele se alimentava de pequenos animais, insetos e compartilhava características dos famosos bípedes carnívoros, como o Tiranossauro rex, que existiram 75 milhões de anos atrás”, explicou.

A pesquisadora Marina Bento Soares, da Ufrgs, salientou outro aspecto do dinossauro gaúcho. A presença de penas. “Somente depois de descobertas na China que se percebeu que as penas tinham origem no isolamento térmico e não com o voo”, frisou. Lembrou que Pampadromaeus, por seu porte, era um animal ágil, de atividade intensa mesmo em clima frio. “Por isso a decisão de fazer a réplica com penas”, comentou Marina.

O fóssil descoberto tem 228 milhões de anos e, destacam os pesquisadores, possui muitas características do grupo dos terópodos - famosos carnívoros como Tyrannosaurus rex e Velociraptor mongoliensis -, em especial ser bípede. Apesar disso, estes predadores existiram apenas 75 milhões atrás, muito depois do corredor dos pampas.

Contudo, o Pampadromaeus é um dos mais antigos representantes da linhagem dos sauropodomorfos, no qual se destacavam dinossauros de pescoço longo, geralmente herbívoros e grandes - como os titanossauros. O dinossauro gaúcho, apesar de pertencer ao grupo, era bem diferente - tinha apenas 1,2 m e era onívoro (comeria pequenos animais, inclusive insetos, e vegetais).

A descoberta indicaria que os primeiros sauropodomorfos e terópodos eram muito semelhantes, mas acabaram gerando dinossauros bem diferentes, o primeiro os saurópodos (herbívoros), enquanto os terópodos continurariam com "monstros" como os tiranossauros.

O município de Agudo concentra um grande número de fósseis que datam até 200 milhões de anos atrás. A importância é tamanha que levou à criação da “Rota Paleontológica”, que inclui as cidades de Faxinal do Soturno, Dona Francisca e São João do Polêsine. Nesses municípios, já foram encontrados fósseis de répteis, dicinodontes, cinodontes, pronto-mamíferos e dinossauros ancestrais.

O estudo foi coordenado pelo paleontólogo Sergio Cabreira (Ulbra) e contou com os pesquisadores Cesar Leandro Schultz e Marina Bento Soares (Ufrgs), Max Cardoso Langer e Jonathas Bittencourt (USP) e Daniel Fortier (UFMG), além do biólogo e mestrando Lúcio Roberto da Silva (Ulbra).

Você quer saber mais?

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http://www.correiodopovo.com.br/Noticias/?Noticia=364135

http://noticias.terra.com.br/ciencia/noticias/0,,OI5487006-EI8147,00-Com+penas+dinossauro+descoberto+no+RS+ganha+o+nome+de+pampa.html

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domingo, 19 de dezembro de 2010

Brasileiro e chinês acham répteis alados.

REINALDO JOSÉ LOPES
EDITOR DE CIÊNCIA

A parceria entre paleontólogos brasileiros e chineses trouxe à tona duas novas espécies de pterossauros, répteis voadores da Era dos Dinos. Os bichos têm um estranho mosaico de características, embolando ainda mais as tentativas de entender a evolução de seu grupo.

"Eles abrem uma nova janela para a diversidade de pterossauros e mostram que, de fato, a gente ainda não entende bem as relações entre eles", disse à Folha Alexander Kellner, especialista do Museu Nacional da UFRJ e coautor da descrição (a "certidão de nascimento" científica) dos répteis alados.

Junto com Xiaolin Wang (membro da Academia Chinesa de Ciências) e outros colegas, Kellner batizou os novos bichos de Darwinopterus linglongtaensis e Kunpengopterus sinensis.

DARWIN E MITOLOGIA

Além da homenagem óbvia a Charles Darwin, o "pai" da teoria da evolução, há também um tributo a Kun Peng, criatura voadora da mitologia chinesa (e antigo nome de uma empresa aérea da região norte da China).

No estudo, que acaba de sair na revista especializada "Anais da Academia Brasileira de Ciências", os paleontólogos admitem a dificuldade de classificar os novos bichos, bem como seus parentes mais próximos.

Em tese, por serem pterossauros de cauda longa, eles estariam entre os répteis voadores mais primitivos. Mas a coisa parece ser bem mais complicada, diz Kellner.

"Eles têm tanto características primitivas quanto derivadas [ou seja, "avançadas", diferentes do padrão ancestral de seu grupo]", explica.

Um exemplo é a chamada fenestra nasoantorbital do Kunpengopterus -nome complicadíssimo para uma grande cavidade craniana, perto do focinho e das órbitas dos olhos, cuja presença ajuda a deixar o crânio mais leve. Esse é um traço derivado, enquanto a fusão dos ossos da mandíbula dos bichos segue o padrão primitivo.

Como ocorre com outros fósseis chineses da província de Liaoning, os bichos tiveram alguns de seus tecidos moles preservados. Há algumas das fibras que davam sustentação às asas das criaturas e, no caso do Kunpengopterus, parte do que parece ter sido uma vistosa crista.

Até pouco tempo atrás, achava-se que apenas os pterossauros de cauda curta, os chamados pterodactiloides, possuíam cristas. "Mas os de cauda longa têm nos surpreendido ultimamente, tanto apresentando cristas ossificadas quanto as de tecido mole", afirma Kellner.

O paleontólogo defende a tese de que, na maioria das espécies, membros de ambos os sexos tinham os ornamentos, diferentemente do que se vê entre certas aves.

Você quer saber mais?

http://www1.folha.uol.com.br