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sábado, 4 de junho de 2016

Civilização Paquimé. PARTE II



Paquimé, Casas Grandes, é uma zona arqueológica situada no noroeste do estado de Chihuahua, no México. Este local, nomeado Património da Humanidade pela Unesco em 1998, caracteriza-se pelas suas construções em terra argilosa e as suas portas em forma de "T".
Paquimé atingiu o seu apogeu nos séculos 14 e 15 e desempenhou um papel-chave no comércio e contatos culturais entre a cultura Pueblo do sudoeste dos Estados Unidos e norte do México e as civilizações mais avançadas da Mesoamérica. Os extensos vestígios arqueológicos, de que apenas parte foram descobertos, são uma clara evidência da vitalidade de uma cultura perfeitamente adaptada ao meio envolvente, mas que de repente se eclipsou durante a época da conquista espanhola.

Descrição histórica

A chamada Cultura Pueblo do sudoeste dos Estados Unidos da América, com uma economia baseada na agricultura,  espalhou-se lentamente para sul durante o primeiro milénio dC. No século VIII,  no local de Casas Grandes, a noroeste de Chihuahua, foi fundada uma aldeia composta por construções escavadas,  por populações Mogollon do Novo México.



Paquimé desenvolveu-se lentamente até meados do século XII, quando passou por uma dramática expansão e alterações culturais.

As construções escavadas foram substituídas por estruturas mais elaboradas, acima do solo, em adobe e com um desenho complexo. A presença de elementos como as plataformas, campos de jogos, um sofisticado sistema de distribuição de água e edifícios de armazenamento especializados para produtos exóticos, como araras e perus, artefatos com conchas, cobre e agave indica influências das civilizações mais avançadas da Mesomérica. Resiste ainda hoje a incerteza entre os arqueólogos sobre se isso terá representado uma invasão do sul ou uma expansão indígena para lidar com um elevado volume de comércio.Paquimé tornou-se um grande centro de comércio, ligada a um extenso número de pequenos aglomerados em torno dele. Estima-se que a população durante o período de prosperidade, nos séculos XIV e início de XV, com cerca de 10 mil habitantes, tornando-se uma das maiores aglomerações proto-urbanas  da América do norte.



Após a conquista espanhola do México foi imposta à região uma nova estrutura social e econômica centrada no modelo europeu, na qual Paquimé não participou. O declínio rápido relatado pelos exploradores espanhóis refere apenas pequenas comunidades agrícolas a noroeste de Chihuahua. A ruptura final surge no final do século XVII, quando a colonização espanhola intensiva da área resultou no êxodo dos habitantes sobreviventes.



sexta-feira, 3 de junho de 2016

Civilização Paquimé. PARTE I.


Vista área da cidade de Paquimé.

Paquimé localiza-se em Casas Grandes, Chihuahua, no México. Paquimé, no norte do México, tinha edifícios de sete andares, climatizados, e um sofisticado sistema hidráulico, em pleno século XIII. A cidade de barro é um mistério que até hoje os arqueólogos não sabem explicar. É um Patrimônio Mundial da Unesco desde 1998.

Paquimé, que atingiu o seu apogeu nos séculos XIV e XV, teve um papel fundamental no comércio e nos contactos entre a cultura de Pueblo (que viviam no noroeste dos Estados Unidos e norte do México) e as culturas mais avançadas da Mesoamérica. As ruínas são uma clara prova da vitalidade de uma cultura que foi perfeitamente adaptada ao seu ambiente físico e económico, mas que desapareceu no tempo da Conquista Espanhola.


Os espanhóis que chegaram em 1556 ao deserto de Chihuahua, no norte do México, já encontraram Paquimé em ruínas. A cidade foi abandonada no ano 1340, depois de incendiada por um ataque dos índios ópatas, que vieram do norte, provavelmente de onde fica hoje o Estado do Novo México, nos Estados Unidos. Para os europeus, Paquimé era uma das sete cidades de Cíbola, um suposto reino mítico existente no Novo Mundo que os invasores imaginavam repleto de ouro.


O ouro nunca apareceu, mas os edifícios de argila com sete andares, o labirinto de ruas e os muros curvos continuam a intrigar os arqueólogos. A civilização paquimense é praticamente desconhecida. Sabe-se que tem parentesco remoto com os povos anasazi, do Colorado, nos Estados Unidos, e hopi, do Novo México: todos eles construíam vilas de barro, que ficaram conhecidas por “pueblos”.

Ar refrigerado ambiental

O que distingue Paquimé é o prodígio da climatização das casas em um deserto onde a temperatura oscila de 10 graus centígrados negativos a 45 positivos ao longo do ano. As paredes têm 75 centímetros de largura e, com isso, bloqueiam o calor. As casas estão voltadas para o sol da manhã e ficam na sombra durante a quentura da tarde. A pintura, em tons pastel, branco, rosa e verde, reflete a luz do sol, sem absorvê-la. Pequenas janelas, no alto das paredes, garantem o máximo de ventilação e o mínimo de insolação. Até parece ar-refrigerado.


Os paquimenses também eram bons de hidráulica. A cidade possuía água em abundância, trazida do Rio Casas Grandes por um canal de 8 quilômetros. Havia aquedutos atravessando praças, poços e um reservatório, onde a água era filtrada em um tanque de sedimentação formado com camadas de seixos, cascalho e areia para absorver as impurezas. “Havia até uma roda com pás, que mantinha a água em movimento para evitar a estagnação e a putrefação”, diz o arqueólogo inglês Ben Brown, do Instituto Nacional de Antropologia e Arqueologia do México. “Eles tinham confortos de que muita gente ainda carece no mundo moderno.”

Construtores buscavam conchas a 300 quilômetros

Arqueólogos escavaram Paquimé em 1958 e 1961. Acharam indícios de ocupação humana desde antes da era cristã. Os paquimenses seriam descendentes dos povos mogollón, que se fixaram no rio Casas Grandes. A cidade teve seu apogeu entre 1261 e 1340. Aparentemente, depois da destruição, um clã paquimense, os patki, migrou para o norte e fundiu-se aos hopis do Novo México, onde ainda hoje existe o clã palatkwabi.


O mais intrigante, porém, é a engenharia que possuíam. Os paquimenses conheciam a fundo os materiais de construção e as técnicas de proporção e misturas. As paredes de terra argilosa e cascalho não têm material orgânico, como palha, ramos ou esterco, comum nos adobes antigos. São mais resistentes. Espantados, os arqueólogos encontraram 4 milhões de conchas da espécie nassarius, que eram pulverizadas e misturadas para impermeabilizar o revestimento das casas. O surpreendente é que elas foram trazidas do Golfo da Califórnia, que fica a 300 quilômetros de Paquimé.


Concepção artística de Paquimé em seu auge. 

domingo, 4 de outubro de 2015

Relatório sobre o filme ‘Hans Staden’.


Autor: Contrutor CHH

            Hans Staden fez duas viagens ao Brasil, uma em 1548 e outra em 1550. Possuía um escravo chamado Guaramirim. Hans foi capturado quando procurava seu escravo o índio Guaramirim, mas Hans acaba nas mãos dos Tupinambás. Uma tribo inimiga dos portugueses, mas aliada dos franceses. Eles confundem Hans com um português e levam ele para aldeia para passar por todos os rituais antes de ser servido como alimento de vingança pela morte dos tupinambás nas mãos dos portugueses. Ao se aproximarem da aldeia todos começam a gritar ‘ ai vem chegando nossa comida’, pintam seus corpos e enfeitam-se com vários adereços, dançam e cantam ao redor de Hans Staden que está apavorado. Os homens da aldeia realizam rituais com chocalhos na tenda onde Hans é colocado e realizam uma espécie de interrogatório com ele insistindo ser ele português, enquanto Hans nega veementemente não ser português, mas eles não acreditam nele. Os índios Tupiniquins são inimigos dos Tupinambás, pois os tupiniquins apoiam e lutam ao lado dos portugueses. Hans tenta explicar o mal entendi e diz ser amigo dos franceses e não dos portugueses, pois os franceses tem aliança com os tupinambás. Hans procura refúgio em orações em sua língua natal o alemão. Após algum tempo as índias pegam Hans e raspam sua barba enquanto cantam. Os tupinambás cuidam da alimentação de Hans para que ele esteja saldável quando ser realizado o ritual antropofágico.

            Hans tenta rejeitar a comida, mas é obrigado a comer, pois senão irão sacrifica-lo e come-lo antes que emagreça. No filme podemos ver que as índias cuidam  da limpeza da aldeia, os pajés são homens, os homens da tribo é que escoltam Hans  a vários lugares. Ele bebe junto aos índios o Cauim uma bebida fermentada, feita com mandioca ou milho primeiramente mastigado pelas índias e depois cuspido em um tacho aonde a fermentação ocorre devido as enzimas presentes na saliva humana. Os tupinambás explicam a Hans que comer o inimigo é um gesto de vingança. Os índios ficam bêbados com o Cauim e Hans tem alucinações devido a bebida.

            Então Hans decide construir uma cruz para orar ao seu Deus e prática a sua fé diante da quase certa morte. Ele se ajoelha diante da cruz e ora, a noite ele interage com os índios em volta da fogueira. Tem inicio uma epidemia na aldeia, e os nativos temem que seja o Deus branco de Hans que está punido eles por terem preso seu fiel. Esperto Hans aproveita a oportunidade e utiliza a superstição dos índios e instiga a sua crença que seu Deus está deixando os tupinambás doentes. Agora eles pedem ajuda a Hans que os cure e eles não lhe faram mais mal e nem zombaram dele mais.

            Vemos que outra função das mulheres na aldeia é lamentar os mortos. Pois diante da epidemia muitos nativos morrem e o povo da aldeia encontra-se a beira do desespero. Os índios homens fabricam arcos e flechas para guerra e para a caça enquanto as mulheres fazem a comida.

            Chega então a aldeia um francês que já é amigo antigo dessa tribo tupinambá e diz que Hans é francês para o ajudar e diz que Hans não é português, Hans por ser um homem culto fala alemão, português e o tupinambá, mas não sabe falar francês o que deixa os índios com certeza de ele não ser francês e ajuda do francês acaba não sendo muito útil, principalmente pelo fato de negarem leva-lo junto com eles no navio.

            As mulheres cantam músicas para o ritual antropofágico e desenham na clava que deve ser usada no ritual para mata-lo e um guerreiro deve ser escolhido para usar a clava.

            Chega a aldeia um grupo de guerreiros que capturaram um tupiniquim seus inimigos e logo iniciam os rituais para realizar a refeição com o corpo do inimigo. Eles matam e cozinham o tupiniquim e todos comem sua carne menos Hans.
            Um grupo de portugueses vai em resgate de Hans Staden e deixam um baú com vários badulaques que os índios gostam. Os portugueses estão tentando se aproximar dos tupinambás para resgatar Hans. Os homens indígenas é que fazem as trocas com os europeus. Os tupinambás levam Hans com eles ao atacarem índios de tribos adversárias ou portugueses. Os tupinambás pegavam os portugueses que  haviam tentado resgatar Hans antes. Ao retornar a aldeia os índios haviam destruído a cruz que Hans havia construído.

            Como a epidemia se agrava entre os índios e mais deles são vitimados pela doença, os próprios índios reconstroem a cruz achando que o Deus que Hans acredita os está punindo e além de uma chuva constante que assola a região. Hans então ciente da oportunidade ora e logo após a chuva para e os nativos dão os méritos ao Deus que Hans acredita.

            A aldeia tupinambá que capturou Hans da ele de presente a outra aldeia tupinambá. Mas Hans não gosta da ideia, pois já havia escolhido uma índia da outra tribo por esposa. Então o cacique da outra tribo diz que ele deverá escolher uma dentre as mulheres de sua aldeia como esposa também.

            Então os franceses vêm buscar Hans e trazem consigo uma camisa. Tem ordens de levar Hans a todo custo para a Europa, ele já está a 9 meses com os tupinambás. Os índios da nova aldeia de Hans vão com ele até o navio francês esperando receber a promessa das mercadorias que lhes foi feita.  Hans explica para o cacique que voltará para seu país, mas retornará novamente.

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Os nativos brasileiros e os indígenas da América do Norte.



Os nativos do Brasil: No território do Brasil atual, os portugueses entraram em contato com povos diversos. Havia grande heterogeneidade étnica, linguística e cultural. A maioria dos grupos vivia da coleta, a da caça e da pesca, e alguns praticavam a agricultura. Não há um consenso entre os especialistas sobre a quantidade de nativos que vivia no território hoje pertencente ao Brasil quando ocorreu a invasão portuguesa. Os números oscilam entre 2,5e 5 milhões de pessoas pertencentes a centenas de povos. Cada povo tinha costumes e tradições próprios. De forma geral, pode-se dizer que os grupos se organizava em aldeias fixas ou itinerantes (no caso de grupos nômades), dependendo da etnia.

A visão religiosa era semelhante,  respeitando a diversidade de cada grupo. Cultuavam elementos e algumas forças da natureza como o Sol, a Lua, o trovão, as águas. Organizavam rituais, danças festas, criavam adornos e faziam pinturas corporais e com motivos religiosos. Não havia entre eles a noção de propriedade. A terra e o que nela fosse produzido ou coletado eram bens comuns a todos da mesma aldeia. A aldeias eram organizadas hierarquicamente e havia um chefe, responsável pela tomada de decisões e pela liderança do grupo em caso de guerras. As decisões eram tomadas de acordo com os costumes de cada grupo : alguns consultavam os membros masculinos do grupo ou os homens mais idosos, por exemplo. Alguns grupos relacionavam-se com outros, mantendo contatos pacíficos e por sua vez reunindo-se em festas e rituais. Outros eram considerados inimigos e era para caça, coleta,  agricultura e armazenamento.

As técnicas de produção, dependendo da cultura e do local onde habitam; alguns, por exemplo, usavam cerâmica queimada, outros não. Para os portugueses, o contato com os saberes indígenas foi muito importante. Eram os nativos que conheciam as matas e seus recursos, como as plantas comestíveis ou as que podiam ser usadas como remédios, bem como a localização de fontes de água. O contato inicial dos portugueses foi com os tupis, habitantes do litoral. Por isso, os missionários que fizeram parte da colonização do Brasil elegeram o tupi como língua geral, desconsiderando a imensa variedade linguística  entre os nativos. Muitas manifestações culturais e línguas indígenas, que existiam quando os portugueses fizeram contato com eles, permaneceram entre seu descendentes nos diversos grupos  indígenas atuais. Os tupis se referiram aos demais grupos indígenas como tapuia, que quer dizer “inimigo”. Por isso, os portugueses classificaram os indígenas brasileiros em dois grupos: tupis, os do litoral, e tapuia, os do interior do território. Pelo que se sabe por cronistas e viajantes que estiveram no Brasil nos primeiros séculos da colonização, os indígenas aceitaram melhor os portugueses do que o contrário.

Os indígenas da América do Norte: Centenas de grupos indígenas habitavam a região hoje chamada de América do Norte, antes da chegada dos europeus. E assim, como nos outros lugares do continente, os indígenas norte-americanos também apresentavam grande diversidade étnica e cultural. Estima-se que havia mais de 300 línguas diferentes na região. Havia tribos nômades e sedentários que ocupavam a extensão entre os oceanos Atlântico e Pacífico. Sioux (ou Dakotas), apaches, comanches iroqueses, cheroquis, algonguinos, cheyennes e crow são alguns dos grupos indígenas norte-americanos. Nas regiões do Ártico, viviam os inuits ou esquimós, com características bastantes distintas dos demais grupos em razão da adaptação a um ambiente extremamente hostil.

A economia desse grupo estava fundamentada na busca pelo que a natureza oferecia, como a caça da foca e de aves, a pesca da baleia e de outros animais de grande porte. Dos animais caçados, aproveitavam a pele para o vestuário, e o marfim e os ossos para a confecção de instrumentos de caça, como pontas de lanças e flechas, além da produção de esculturas. A domesticação do cachorro possibilitou aos esquimós o uso de trenós para locomoção e caça. Cada etnia indígena tinha seu idioma e, entre os grupos diferentes, a comunicação ocorria por meio de sinais. Entre as tribos nômades, uma das formas de obter alimentos era a caça de grandes animais, como antílopes, alces, búfalos e bisões. Dentre os grupos citados, destacavam-se os iroqueses, que ocupavam a área do Grandes Lagos e dos Apaches centrais. Sua organização social era matriarcal. Tinham uma forte estrutura guerreira, o que lhes possibilitou resistir por quase sois séculos à dominação inglesa, dificultando a expansão das colônias.


segunda-feira, 27 de julho de 2015

Pré-história do Rio grande do Sul


O perfil geográfico do Rio Grande do Sul foi formado por sucessivas transformações que iniciaram há cerca de 600 milhões de anos. Esse território já foi um mar, já foi um deserto, e em várias regiões aconteceram soterramentos massivos por derrames de lava. Crê-se que somente há dois milhões de anos a geografia se definiu mais ou menos como hoje a conhecemos, quando se fixou a faixa arenosa do litoral. A vida na pré-história do Rio Grande do Sul foi rica em espécies animais e vegetais.

Há apenas cerca de 12 mil anos antes do presente (AP) iniciou a ocupação humana, com a chegada de grupos de caçadores-coletores vindos do norte.Várias regiões da América do Sul nesta época já haviam sido povoadas, algumas ao que parece desde alguns milênios antes, por populações de origem asiática. A tese predominante é que elas tenham originalmente cruzado o Estreito de Behring, no extremo norte da América do Norte, que então estava seco por causa de uma glaciação global, migrando em seguida para o sul, ocupando neste percurso muitos espaços ao longo de gerações.

Os pioneiros que chegaram no território do Rio Grande do Sul encontraram uma região bastante diferente da que hoje vemos. Em 12 mil anos AP, a glaciação, que cobrira de gelo toda a Patagônia (região ao sul da Argentina atual) e esfriara o clima global, começava a regredir, e o clima da região, mais seco e frio do que no presente, se aquecia e umedecia. No entanto, provavelmente a neve ainda caía na região todos os invernos. O nível do mar subia, ao derreter o gelo glacial que se acumulara no mundo, e inundava a planície litorânea. A vegetação local provavelmente era esparsa, composta principalmente de savanas, com matas apenas nas terras altas e nas margens dos rios. A fauna local também era outra, composta de muitas espécies gigantes, como os milodontes, gliptodontes e toxodontes.

A penetração humana deu-se aparentemente através da fronteira oeste, ao longo do rio Uruguai, onde o estado hoje faz divisa com a Argentina e o Uruguai. No município de Alegrete, localizado nesta área, às margens do rio Ibicuí, foi encontrado o sítio arqueológico com vestígios humanos mais antigo do estado, cuja datação o situou com 12.770 anos. Esses primeiros povos, que compartilhavam de uma mesma cultura material, conhecida como tradição Umbu, viviam da caça e da coleta nas planícies do pampa, entre seus campos abertos e matas ciliares. Eram nômades, e devem ter estabelecido acampamentos temporários de acordo com a abundância sazonal de determinados recursos naturais, seguindo rotas de migração de animais ou épocas de amadurecimento de vegetais comestíveis.

Deixaram registros relativamente pobres. Os sítios arqueológicos incluem vestígios de assentamentos, restos de alimentação como ossos de animais e sementes, além de adornos pessoais e artefatos líticos como pontas de flecha e lança em pedra lascada, boleadeiras, cortadores, raspadores e outras ferramentas. Sua cultura predominou por cerca de 11 mil anos, ainda que exibisse adaptações regionais ao variado cenário do território, que se compõe de diferentes tipos de ecossistemas.

Deve ser lembrado que as mudanças climáticas que a região atravessou ao longo de milênios determinaram importantes modificações na composição da flora e da fauna, às quais as populações humanas precisaram se adaptar, e isso se refletiu em variações em seus costumes e culturas. Durante o ótimo climático, um período de importante elevação nas temperaturas globais ocorrido a partir de 6 mil anos AP, esses povos passaram a colonizar as matas das serras e a subir o planalto. Aparecem gravuras rupestres e ferramental adaptado ao trabalho com madeira, especialmente machados bifaciais. Formava-se ali a chamada tradição Humaitá.

Enquanto isso, se completava a conquista do litoral, formando-se uma cultura específica, a tradição Sambaqui, adaptada à vida junto ao mar e nas planícies costeiras. São característicos dessa tradição os depósitos de conchas, carapaças de crustáceos e restos de peixes que lhe deram o nome, os sambaquis, onde também são encontrados enterramentos e artefatos indicativos de sua associação com o mar, tais como anzóis e pesos de redes. Também se encontram indícios de práticas agrícolas rudimentares, sugerindo que eram sedentários pelo menos em parte do ano. Outras características que os distinguem são os assentamentos sobre colinas artificiais baixas, conhecidas como cerritos, formadas em zonas alagadiças da planície costeira.

Por volta de 3 mil anos AP o clima esfriou novamente e se estabilizou em uma condição semelhante à do presente, produzindo novas adaptações na vida selvagem e nas culturas humanas que floresciam. Nas serras e no planalto, onde o clima permaneceu relativamente frio, com nevadas e geadas frequentes, os povos da tradição Humaitá, que colonizaram a área durante o ótimo climático, precisaram se adaptar, aparecendo então típicos abrigos subterrâneos cobertos de palha, que podiam se organizar em aldeias com várias unidades.

Pouco mais tarde, coincidindo com o início da era cristã, chega a segunda grande onda humana a atingir a região, composta de indígenas Guaranis procedentes da Amazônia. Cogita-se que eles também devem ter sido impelidos à migração pelas mudanças climáticas globais. Eles tinham uma desenvolvida cultura agrícola, domesticavam animais e dominavam a técnica da terracota e da pedra polida. Colonizaram os vales florestados da depressão central, o litoral e parte das serras, evitando porém as regiões mais altas e frias, e pouco avançaram sobre o pampa, já que preferiam climas mais quentes e o ambiente florestal a que estavam acostumados no norte, mas sua influência cultural foi mais ampla. Seus sítios se distinguem das outras tradições pela forma dos assentamentos, em aldeias mais estáveis e estruturadas, e pela abundância de artefatos em pedra polida como pontas de flecha, machados, maceradores, e vasos em cerâmica de diferentes formatos e decoração, técnicas que se observa doravante aparecer nos sítios de outros grupos. A sua influência também se revelou na expansão da agricultura.

Outro grupo a descer do norte junto com os guaranis foi o dos Jês, de cultura similarmente desenvolvida, deixando uma marca maior no planalto, onde primeiro influenciaram os povos da tradição Humaitá e logo os suplantaram. Mas quando o Brasil foi "descoberto", em 1500, quase todos os índios do estado, que somavam de 100 mil a 150 mil na estimativa dos estudiosos, já eram Guaranis ou estavam misturados a eles. Os grupos menos afetados por essa invasão foram os Jês do planalto médio, e os Charruas e Minuanos, do pampa.

domingo, 26 de julho de 2015

A América antes dos europeus:



Estudar a história da América antes da invasão europeia é uma tarefa difícil, pois muitas sociedades ameríndias não deixaram textos escritos, e os documentos encontrados até hoje sofreram diversas interpretações, o que dificulta um percepção adequada de como os nativos americanos viviam. Devemos destacar ainda que inúmeros povos desapareceram sem deixar muitos vestígios, tornando o estudo complexo e sujeito a constantes revisões.

A procura e interpretação desses vestígios feitos pelos arqueólogos que buscam, em objetos, pinturas e outros registros, indícios de costumes, cultos religiosos, hierarquia social, alimentação, hábitos funerários, entre outras pistas possibilita-nos entender melhor as sociedades ameríndias anteriores à chegada dos europeus. Durante um longo período, o continente americano foi povoado por caçadores e coletores. Somente por volta de 5000 a.C. iniciou-se na região um processo que culminou na agricultura. Esse processo não abrangeu todas as sociedades, e aquelas que desenvolveram a agricultura não o fizeram da mesma forma.

Enquanto alguns grupos de nativos americanos mantiveram a caça e a coleta como atividades principais – como foi o caso dos esquimós, que habitavam as regiões geladas, outros incorporaram também a agricultura a suas atividades, por exemplo, algumas sociedades indígenas brasileiras. Outras sociedades, como a dos maias, astecas e incas, por sua vez, organizaram-se em torno de Estados, com uma hierarquia bem definida e construção de grandes centros habitacionais e áreas agrícolas capazes, inclusive, de produzir excedentes utilizados em relações de troca de produtos.

Quando os europeus chegaram à América no século XV, encontraram sociedades organizadas vivendo na região da América do Norte, da Mesoamérica (terras do atual México e parte da América Central) e na região andina (atuais territórios do Peru, Equador, norte do Chile e Bolívia). Algumas  dessas culturas apresentavam sistemas de escrita, desenvolvimento matemático e astronômico, calendários (muitos deles mais precisos que os dos europeus) e grandes centros habitacionais que chegaram a surpreender os recém chegados.

►Os maias: A civilização maia desenvolveu-se na Península de Yucatán, onde hoje é o sul do México, Guatemala, Belize e partes de El Salvador e Honduras. A data mais antiga de uma inscrição maia e de 292 a.C., e foi encontrada em Tikal, atual Guatemala. Contudo, sabe-se que essa civilização começou a se desenvolver muito antes e foi influenciada culturalmente por povos que os antecederam na região, destacando-se os olmecas, zapotecas e teotihuacanos. Sabe-se da existência de mais de 50 centros maias que se sucederam em importância durante vários períodos.

De 250 a 900, denominado pelos historiadores de Período Clássico: Tikal, Uaxactún e Piedras Negras, na Guatemala; Nakum, em Belize; Copán, em Honduras; Palenque, Bonampak e Yaxchilán, no estado mexicano de Chiapas.

De 900 a 1250,  (Período Pós-Clássico), destacaram-se, na Península de Yucatán, os centros de Chichén Itzá e Uxmal. A hegemonia de Chichén Itzá foi quebrada por volta de 1250 d.C. pela cidade de Mayapán.

A base da economia maia era a agricultura. As terras eram cultivadas coletivamente, porém os camponeses tinham de pagar tributos pelo seu uso, já que, em última instância, elas pertenciam ao Estado. Do ponto de vista político, os centros urbanos estavam ligados a vários tipos de ‘confederações’ ou ‘reinos’. Uma elite de sacerdotes e militares detinha o poder e executava as cerimônias religiosas. Á frente dos ‘reinos’, estava o halac uinic (o ‘homem verdadeiro’), uma espécie de rei-sacerdote. Corporações de artistas, artesãos, camponeses e escravos completavam o quadro social. Os maias eram politeístas, sua religião deificava a natureza e seus cultos eram singulares. Em falta de registros precisos, não podemos afirmar com segurança quais foram os motivos que levaram ao declínio da sociedade maia. Mas acreditasse que um processo de desestruturação social iniciado em 900 d.C, levou a população a abandonar os grandes centros urbanos e a dispersar-se. Somado isso a um período de seca que assolou a América Central nesse período a fragmentação gradativa da sociedade maia foi uma questão de tempo.

►Os astecas: ao chegar ao México, vindos da região de Aztlán, os astecas (ou mexicas), guerreiros conquistadores, foram paulatinamente influenciados pelas culturas toltecas e zapotecas, que já estavam em declínio. Por volta de 1325, os mexicas fundaram Tenochtitlán, que se tornou uma das mais importantes cidades astecas. Depois de violentas lutas durante o reinado de Itzcoatl (Serpente de Obsidiana), este, em aliança com o governador de Texcoco, formou a Tríplice Aliança (Tenochtitlán, Texcoco e Tlacopán). O fortalecimento militar, combinado com a confiança que tinham em seu próprio destino, possibilitou a contínua expansão política e econômica. Povos de línguas e costumes diferentes foram submetidos pelos mexicas (Astecas). Com relação a estrutura social sabe-se que a sociedade asteca era estratificada e diretamente relacionada com a hierarquia política e econômica. O grupo dominante, dividido em vários níveis hierárquicos, referencias e cargos e títulos diversos, controlava os altos cargos administrativos e não pagava tributos. Ciosos de seus privilégios, os nobres teriam forjado a imagem de que eles eram os responsáveis pela urbanização e embelezamento da cidade, pelo estabelecimento de rotas comerciais, por artes e ofício, pela propagação da língua náhuatl, pela boa administração e pela manutenção e renovação do Sol e da humanidade por intermédio das oferendas, cujo objetivo era a restauração da energia divina. O poder político era centralizado e o tlatoani (aquele que comanda) era eleito vitaliciamente pela elite mexica. Os mexicas estabeleceram uma intensa área de comércio. Os comerciantes chamados pochtecas, constituíam um grupo social a parte, que, além dos produtos trazidos pelos mercadores recebiam tributos pagos pelos povos dominados.

Os astecas adotavam um calendário solar com 18 meses de 20 dias, mais um décimo nono mês de cinco dias, perfazendo 365 dias.

Sua arquitetura era grandiosa sofisticada. A cidade de Tenochtitlán tinha pontes, canais, calçadas, praças e avenidas. Os manuscritos hieroglíficos e pictográficos (chamados códices) atestam a habilidade dos escribas-pintores.

Já a religião mexica caracterizou-se pela variedade de manifestações, pelo politeísmo, pela origem heterogênea e pelos sacrifícios aos deuses. Os astecas empreendiam as chamadas ‘guerras floridas’ para conseguir prisioneiros que, depois, seriam sacrificados.

►Os incas: Na região da Cordilheira dos Andes, na costa oeste da América, desenvolveu-se um grande império: ou Império de Tawantinsuyu – que significa ‘quatro caminhos’ -, também chamado de Império Inca. A origem dos incas é incerta, mas sabe-se que eles estabeleceram na região a partir do século XIV, tendo Cuzco como o centro de seu império. Ao longo do século XIV, uma série de monarcas guerreiros conquistou a hegemonia local e Cuzco passou a ser o centro do mundo incaico. A maioria da população inca vivia em uma multiplicidade de pequenas coletividades agropastoris. O chefe do ayllu era o kuraka, que, entre outras funções, distribuía terras, organizava os trabalhos coletivos e era responsável pela resolução dos conflitos. O território do ayllu chamava-se marca. Cada família tinha, para usufruto, lotes de terra. Extensas áreas de estepes eram utilizadas coletivamente para a atividade agropastoril, com a criação da alpaca e da lhama animais típicos da região. A terra, em última instância, pertencia ao Império Inca, que recebia parte da produção e tinha o direito de exigir a prestação de serviços dos súditos. Todos tinham de trabalhar, somente os inválidos e doentes estavam dispensados. Os instrumentos de trabalho eram simples, como a enxada de madeira chamada taclla. Cultivavam cerca de 300 variedades de batatas, plantavam milho nos vales mais quentes, produziam uma bebida chamada chicha. Nas áreas úmidas produziam a coca, a mastigação dessa planta reduzia a fome e o cansaço e possuía importância em seus rituais religiosos. Produziam a quinoa o arroz andino. As técnicas agrícolas eram avançadas, com a construção de terraços e canais. O guano (excremento de ave marinha) era utilizado como fertilizante.

A sociedade inca era hierarquizada e subdividia-se: No topo da pirâmide social estava o sapa inca ( o ‘único inca’), soberano absoluto e adorado como um deus. Os incas construíram estradas pavimentadas, criaram um sistema de correio. Os templos e palácios bem como as fortalezas, destacavam-se, ainda hoje, pelas técnicas de construção. Os incas integraram as construções às paisagens andinas, como podemos observar em Machu Picchu e Ollantaitambo. Produziam cerâmica e tecidos. Quanto a religião, os incas eram politeístas e idólatras. Cultuavam o deus Sol (Inti) que ocupava um lugar de destaque no panteão andino. Acreditavam em um deus criador Viracocha, cultuavam os mortos e realizavam sacrifícios principalmente de animais, mas também de humanos. Os soberanos eram mumificados e guardados no templo do Sol. Procissões, sacrifícios, danças, jejum e abstinência sexual caracterizavam o ritual dos diversos festivais religiosos.


quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Ilha Mítica de Aztlan

Representação da partida de Aztlan no códice Boturini.
Aztlan é "altepetl" talvez mítica da qual futuro astecas teriam começado sua migração para a região central do México no ano 1 Flint, de acordo com os escritos astecas e testemunhos recolhidos pelos cronistas espanhóis no século XVI.
Aztlan era uma ilha no meio de um lago. Depois de deixar a ilha, os astecas teriam chegado em um lugar chamado Chicomoztoc, ou seja, "as sete cavernas"; ao contrário de Aztlan, que aparece apenas nas narrativas astecas Chicomoztoc é considerado por muitos grupos nahuas como seu lugar de origem lendária. Os astecas teriam encontrado uma imagem de seu deus Huitzilopochtli e juntou-se outras tribos. 
Análise 
Aztlan é considerado por muitos estudiosos contemporâneos como um lugar puramente simbólica, um reflexo de uma cidade de verdade, talvez México-Tenochtitlan. De fato, as histórias são cheias de simbolismo, como a data de partida, 1 Flint, representando o início.
Diego Durán refere uma das tradições mais curiosas sobre Aztlan, que o imperador Moctezuma I enviou emissários em busca do lugar de origem dos astecas. Liderados por magia Aztlan, eles vão ter encontrado Coatlicue, a mãe de Huitzilopochtli, que lhes perguntou notícias de seus parentes distantes em Tenochtitlan. As receitas de novo magicamente Aztlan, emissários foram, portanto, capaz de indicar a localização. Esta história mostra que os astecas em si não eram claros sobre a localização de Aztlan, exceto que ele estava em algum lugar ao norte. 
As sete cavernas de Chicomoztoc, na História Tolteca-Chichimeca
Pressupostos Localização 
Muitos especialistas, postulando que era um lugar histórico, tentou descobrir Aztlan em diferentes partes do norte ou da Mesoamérica, a partir do qual as tribos chichimecas, os astecas são um ramo. 
O cosmógrafo francês do século XVI, André Thevet o variou de sua parte na Flórida. 
Pesquisadores proponentes modernos dessa visão têm procurado encontrar um site norte em uma ilha em um lago. Entre os locais mais citados são a ilha de Janitzio no meio do lago Patzcuaro, no estado mexicano de Michoacán, ou Mexcaltitán ilha no estado de Nayarit.
Aztlan [em espanhol Aztlán (AFI: [asˈtlan]), do nauatle Aztlān, (AFI: [ˈastɬaːn])] é a lendária terra ancestral dos povos nauas, um dos principais grupos culturais da Mesoamérica. Asteca deriva do termo nauatle que significa "povo de Aztlan". 
As lendas nauatles relatam que sete tribos viviam em Chicomoztoc ("lugar das sete cavernas"). Cada caverna representava um diferente grupo naua: xochimilcas,tlahuicas, acolhuas, tlaxcaltecas, tepanecas, chalcas e mexicas. Devido à origem linguística comum, estes grupos são também chamados nahuatlaca (ou povos nauas). Estas tribos acabaram por abandonar as cavernas e estabeleceram-se "próximo" de Aztlan, ou Aztatlan.
As diferentes descrições de Aztlan são aparentemente contraditórias.Enquanto algumas lendas descrevem Aztlan como um paraíso, o códice Aubin diz que os astecas estavam sujeitados por uma elite tirânica (Asteca Chicomoztoca). Guiados pelo seu sacerdote, os astecas fugiram, e no caminho, o seu Deus Huitzilopochtli proibiu-os de se autodenominarem astecas, dizendo-lhes que deveriam ser conhecido como os mexicas. Ironicamente, os acadêmicos do século XIX - em particular, William H. Prescott - denominá-los-iam como astecas.
O papel de Aztlan nas histórias lendárias astecas é ligeiramente menos importante que a própria migração paraTenochtitlan. Segundo a lenda, a migração para sul teve início em 24 de Maio de 1064; 1064 é também o ano da explosão vulcânica de Sunset Crater no Arizona e o primeiro ano solar asteca, começando em 24 de Maio, após o evento da Supernova do Caranguejo de Maio a Julho de 1054, que deixou os céus à noite tão claros quanto de dia. Cada um dos sete grupos é creditado com a fundação de uma grande cidade-estado no México Central.
Segundo as lendas astecas, os mexicas foram a última tribo a partir. Quando chegaram ao actual vale do México, toda a terra havia sido ocupada, e foram forçados a ocupar uma área na margem do lago Texcoco.
Após a conquista do México, a história de Aztlan ganhou importância e foi relatado por Diego Durán em 1581 e por outros que tratar-se-ia de um paraíso tipo Jardim do Éden, livre de doenças e morte, que existia algures no norte longínquo. Tais histórias impulsionaram as expedições espanholas à actual Califórnia.
Locais postulados para Aztlan
Aztlan tem muitos dos traços próprios de um mito, como sucede comTamoanchan, Chicomoztoc, Tollan e Cibola, mas ainda assim os arqueólogos tentaram identificar o local geográfico original para os mexicas.
O nome de Aztalan, Wisconsin (um sítio da cultura mississippiana), foi proposto por N. F. Hyer em 1837, pois ele pensava que poderia ter sido Aztlan, seguindo uma sugestão etimológica de Aztatlan de Alexander von Humboldt. Esta informação é incompatível com a correlação feita pelos académicos modernos dos relatos recolhidos por cronistas em Tenochtitlan após a conquista espanhola.
Existe um lago em redor de Cerro Culiacan, o lago Yuriria, que faz com que a montanha se pareça bastante a uma ilha quando fotografada desde a água, e semelhante à ilustração à direita.
Em meados do século XIX, Ignatius Donnelly, no seu livro Atlantis: The Antediluvian World, procurou estabelecer a ligação entre Aztlan e o suposto "continente perdido" Atlântida da mitologia grega; contudo os pontos de vista de Donnelly nunca foram reconhecidos como credíveis pela maioria dos académicos.
Em 1887, o antropólogo mexicano Alfredo Chavero sugeriu que Aztlan estava situado na costa do Pacífico no estado de Nayarit. Apesar de tal sugestão ter sido refutada por académicos seus contemporâneos, recebeu ainda assim alguma aceitação popular. No início da década de 1980, o presidente mexicano José López Portillo sugeriu que Mexcalititán, também em Nayarit, era a verdadeira localização de Aztlan, mas tal foi denunciado por historiadores e políticos mexicanos como uma jogada política.1 Mesmo assim, o estado de Nayarit incorporou o símbolo de Aztlan no seu brasão de armas com a legenda "Nayarit, berço dos mexicanos". Vários estudos académicos demonstram que esta pretensão artificial foi um ardil político para aumentar o turismo nesta zona costeira.
Eduardo Matos Moctezuma presume que Aztlan se situa algures nos actuais estados de Guanajuato, Jalisco e Michoacán. De facto, os académicos são consistentes em chamar a atenção para a medida de "150 léguas" desde Tenochtitlan, documentada pelos escribas espanhóis que recolhiam relatos dos mexicas, como sendo a distância ao local de origem, coincidindo com Chicomoztoc, "Cerro del Culiacan", que é na realidade uma montanha com uma bossa quando vista da face sul.
Foi também proposto que o local original de Aztlan fosse a área em redor do actual lago Powell. Parte da lenda da migração descreve também uma paragem em Culhuacan ("monte inclinado"). Os proponentes da teoria do lago Powell equivalem Culhuacan com a antiga casa dos anasazi no Palácio dos Penhascos, no Parque Nacional de Mesa Verde.
As fontes primárias sobre Aztlan são os códices Boturini, Telleriano-Remensis e Aubin. Aztlan é também mencionado naHistória de Tlaxcala (de Diego Muñoz Camargo, um mestiço tlaxcalteca do século XVII) bem como na História Tolteca-Chichimeca.
O significado do nome Aztlan é incerto. Um significado sugerido é "lugar das garças" - a explicação dada na Crónica Mexicáyotl— mas tal não é possível segundo a morfologia nauatle: "local das garças" seria Aztatlan. Outras derivações avançadas incluem "lugar da alvura" e "no lugar na vizinhança de ferramentas", partilhando o elemento āz- de palavras como teponāztli, "tambor" (de tepontli, "toro de madeira").