sexta-feira, 1 de março de 2013

O Período Interbíblico: os acontecimentos entre Malaquias e Mateus.



As Alianças de Deus com os Homens. Imagem: Adv. na Mira da Verdade.

Ao ler as Escrituras Sagradas notei que havia uma falta de informações sobre o Período Interbíblico que vai de Malaquias a Mateus, encontramos um silêncio divino de quatro séculos. Nesse período, chamado “Interbíblico”, por se localizar entre os dois Testamentos, Deus esteve preparando o mundo para o nascimento do Seu filho, para o advento do Cristianismo. Então creio que este tema será esclarecedor para os meus amigos leitores.
Deus preparou o mundo em vários aspectos para a vinda de Jesus; cada povo, no seu tempo, pela providência divina, criou as condições da sociedade em que o cristianismo apareceu realizando as suas primeiras conquistas.

Os babilônicos [1], [2] levaram o povo de Deus para o cativeiro e deram-lhe lições jamais esquecidas. Os persas [1], [2] fizeram-lhe retornar à Jerusalém, edificando o templo e restaurando o ensino da lei. Os gregos [1], [2] influenciaram intelectualmente o mundo, contribuindo ainda com um idioma universal, o “Koinê”. Os romanos [1], [2] contribuíram com a paz universal e o intercâmbio entre os povos unificados sob seu domínio.  Os judeus  [1], [2] contribuíram com a preservação do Antigo Testamento e a esperança messiânica que inocularam nos países por onde andaram, principalmente depois do cativeiro.

Deus, nesses 400 anos não falou por meio de profetas nem pela palavra escrita (nenhum livro inspirado apareceu nesse período), mas podemos dizer que com Sua mão poderosa, dirigiu os povos preparando o mundo para o nascimento de Jesus Cristo [1] [2].

Relato - Descrito profeticamente em Daniel 11 à 12.2.

Duração - De 430 a 5 aC (425 anos) --- De Malaquias ao advento.

Local - Palestina.

Fatos importantes:

Para facilitar o estudo, dividiremos o período interbíblico nos seguintes assuntos:

1- O período Medo-Persa

2- O período Greco macedônio

3- O período Romano

4- A literatura apócrifa

1- O período Medo-Persa

Após Neemias e Malaquias, a Palestina continuou sob os persas por mais quase 100 anos, até 330, quando a Grécia venceu a Pérsia. O centro do império Persa ficava onde hoje é o Irã. Suas capitais foram Babilônia e depois Susa, construída por Cambises ( Neemias 1.1; Ester 1.1; Daniel 8.2). Embora em cativeiro, o povo de Deus obteve os seguintes sucessos [1]:

1- Influência espiritual dobre Nabucodonosor e os  babilônios.

2- Idolatria destruída.

3- A lei de Moises respeitada.

4- Inauguração do culto público.

5- Reverdecimento da esperança messiânica.

6- Nacionalismo pronunciado.

No período interbíblico, os persas só dominaram no mundo por cerca de 100 anos. Em 330, Dario Condomano (Dario III) foi derrotado por Alexandre “O Grande” da Grécia na famosa batalha de Arbela. Não confundir esse Dario com o Dario II ( Nothus) de Neemias 12.22. O “Jadua” aí, também não é o mesmo sumo-sacerdote que recebeu Alexandre em Jerusalém, conforme descrição de Josefo em “Antiguidades”.

2- O período Greco macedônio

Busto de Alexandre o Grande Imperador da Macedônia (356-323 a.C.).

Alexandre “O Grande”, 336 a.C, com a idade de 20 anos assumiu o comando do exército grego e, à maneira de meteoro, investiu para o oriente, sobre as terras que estiveram sob o domínio do Egito, Assíria, Babilônia e Pérsia. Em 331 a.C, o mundo inteiro jazia aos seus pés. Invadindo a Palestina em 332 a.C, mostrou muita consideração pelos judeus, poupando Jerusalém e oferecendo-lhes imunidades para se estabelecerem em Alexandria. Esse período durou de 331 a 167 a.C [2].

Em 323 Alexandre “O Grande” morre na Babilônia aos 33 anos de idade. Após sua morte, seu império foi dividido entre quatro dos seus famosos generais, da seguinte maneira:

Seleuco I, Nicator - Ficou com a Síria, Ásia Menor e Babilônia. Capital, Antioquia da Síria.

Ptolomeu I, Sóter I, Ptolomeu Lagos - Aparece na História com esses nomes. Ficou com o Egito, capital Alexandria.

Cassandro - Ficou com a Macedônia e Grécia. Capitais Pella e Atenas.

Lisímaco - Ficou com a Trácia, atual Romênia.

Durante a época dos Ptolomeus e Selêucidas, a língua grega foi implantada na Palestina. O poder civil passou a ser exercido pelo sumo-sacerdote, que exercia também o religioso. A divisão política da Palestina contava com 5 províncias ou distritos: Judéia, Samaria, Galileia, Traconites e Peréia. Nessa fase surgiram as seguintes seitas religiosas:

Os fariseus: (heb. “separados”). Inicialmente primavam pela pureza religiosa, depois tornaram se secos, ritualistas e hipócritas. Eram nacionalistas [1].

Os saduceus: (heb. “justos”). Eram os aristocratas da época. Eram adeptos do que chamamos hoje racionalismo. Confira Atos 5.17; 23.8. Eram Helenistas (partidários dos gregos) [1].

Os essênios: Uma ordem monástica que praticava o ascetismo. A raiz que deriva a palavra “essênio significa “piedoso” [2].

Antioco Epifânio

Antíoco, o Grande, reconquistou a Palestina em 198 aC, que voltou para os reis da Síria, chamados “Selêucidas”. De 175-163 aC, foi violentamente rancoroso com os judeus; fez um esforço titânico e decidiu por exterminá-los e à sua religião. Devastou Jerusalém, em 168 aC; profanou o templo, em cujo altar ofereceu um porco; erigiu um alta à Júpiter; proibiu o culto no templo; impediu circuncisão sob pena de morte; destruiu todas as cópias das Escrituras que foram encontradas, matando a todos quantos foram achados de posse das mesmas; vendeu milhares de famílias judias para o cativeiro e recorreu a toda espécie imaginável de tortura para forçar os judeus a renunciar sua religião. Isso deu ocasião à revolta dos Macabeus, uma das mais heróicas façanhas da história [2].

O Perído Macabeu ou Hasmoneano. 

Matatias, sacerdote, de intenso patriotismo e imensa coragem, furioso com a tentativa de Antíoco Epifânio, reuniu um bando de leais compatriotas e desfraldou a bandeira da revolta. Tinha cinco filhos heróis e guerreiros: Judas, Jônatas ,Simão, João e Eleazar. Matatias faleceu em 166 aC. Seu manto caiu sobre seu filho Judas, guerreiro de admirável gênio militar. Ganhou batalha após batalha em condições de inferioridade incríveis e impossíveis. Reconquistou Jerusalém em 165 aC, purificou e reedificou o Templo. Foi esta a origem da Festa da Dedicação (João 10.22-23). Judas uniu em si a autoridade sacerdotal e civil e assim estabeleceu a linguagem dos sacerdotes-governadores Hasmoneanos, que pelos seguintes 100 anos governaram uma Judéia independente [2]. Foram eles:

Matatias – 167-166 aC.

Judas – 166- 161 aC.

Jônatas – 161- 143 aC.

Simão – 143- 135 aC.

João Hircano I – 135-104 (filho de Jônatas).

Aristóbulo e filhos – 104-63 (indignos do nome do Macabeus).