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domingo, 24 de dezembro de 2023

São Bonifácio e a adoção da árvore de Natal como símbolo da vinda de Jesus

 

"Esta será a árvore do Menino Jesus! Reuni-vos em torno dela, não mais no bosque selvagem, mas em vossos lares; ali não haverá sangue, mas abrigo, presentes amorosos e gestos de bondade."

Um santo muito estimado na Alemanha, mas menos conhecido no Brasil: São Bonifácio, apóstolo dos povos germânicos e popularmente identificado como o “criador da árvore de Natal“.

Ele nasceu na Inglaterra por volta do ano 680 e, após entrar na ordem dos monges beneditinos, foi enviado como missionário à região da atual Alemanha, onde, como bispo, começou a percorrer os povoados como apóstolo incansável da mensagem de Cristo. Nas palavras do Papa Bento XVI, ele tinha um “dom para a organização” e era reconhecido pelo “caráter flexível e amigável, mas forte”.

O “deus do trovão”

Na região da Baixa Saxônia, perto de Geismar, havia uma comunidade pagã que, no inverno, realizava um sacrifício humano ao deus nórdico do trovão, Thor. A vítima costumava ser uma criança. O terrível sacrifício era feito junto a um carvalho, árvore considerada sagrada por aquele povo. Tratava-se, precisamente, do “Carvalho do Trovão”.

Lá pelo ano 723, São Bonifácio viajava por aquela região e, a conselho de outro bispo, resolveu destruir o Carvalho do Trovão para acabar com aqueles assassinatos abomináveis e para mostrar aos pagãos que não cairia do céu nenhum raio lançado por Thor contra a sua cabeça.

Junto com seus companheiros, São Bonifácio chegou ao vilarejo na véspera de Natal, justo a tempo de impedir o sacrifício. O santo se aproximou das pessoas reunidas diante do Carvalho do Trovão, levantou seu báculo de bispo e declarou:

Eis o Carvalho do Trovão e eis a Cruz de Cristo que romperá o martelo do Thor, o falso deus!”

O carrasco ainda tentou levantar um martelo para matar o menino que ia ser sacrificado, mas o bispo estendeu o báculo para frear o golpe e então aconteceu o milagre: o báculo de madeira fez o pesado martelo de pedra se espatifar, salvando aquela vida inocente.

Um dos mais emblemáticos discursos de Natal de todos os tempos

Segundo a tradição, São Bonifácio disse ao povo:

Escutai, filhos do bosque! Não jorrará sangue esta noite. Porque esta é a noite em que nasceu o Cristo, o Filho do Altíssimo, o Salvador da humanidade. Ele é mais justo que Baldur, maior que Odim, o sábio, mais gentil que Freya, o bom. Desde a vinda d’Ele, o sacrifício terminou. A escuridão, Thor, a quem invocastes em vão, é a morte. No profundo das sombras de Niffelheim ele se perdeu para sempre. A partir de agora, vós começareis a viver. Esta árvore sangrenta nunca mais escurecerá a vossa terra. Em nome de Deus, eu a destruirei”.

Bonifácio então, sempre de acordo com os relatos populares, pegou um machado que estava perto do carvalho e, quando o brandiu no ar, uma poderosa rajada de vento varreu de repente o bosque e derrubou a árvore pelas próprias raízes, deixando-a em quatro pedaços. Com sua madeira, ele construiria mais tarde uma capela.

São Bonifácio árvore de Natal

Diante do povo estarrecido porque Thor não fulminara Bonifácio com seu raio vingador, o bispo prosseguiu o seu discurso, agora apontando para outra árvore ali próxima: um pequeno abeto.

Esta arvorezinha, este pequeno filho do bosque, será nesta noite a vossa árvore santa. Esta é a madeira da paz; é o sinal de uma vida sem fim, porque as suas folhas são sempre verdes. Olhai a sua ponta voltada ao céu. Esta será a árvore do Menino Jesus! Reuni-vos em torno dela, não mais no bosque selvagem, mas dentro dos vossos lares; ali haverá abrigo e não ações sangrentas; ali haverá presentes amorosos e gestos de bondade”.

O nascimento de uma belíssima tradição

É claro que não existem registros documentais desse episódio para além das tradições repassadas popularmente. O que é fato histórico é que São Bonifácio realmente foi um dos maiores responsáveis pela conversão dos povos germânicos, pela eliminação dos sacrifícios humanos vinculados aos cultos pagãos naquela região e pelo início de uma nova tradição que perdura até hoje: a de, na época do Natal, decorar nos lares uma árvore que celebrasse a nova vida trazida pelo nascimento do Salvador.

Atribui-se a São Bonifácio, historicamente, a adoção da árvore de Natal como símbolo da vinda de Jesus.

Você quer saber mais?

O santo que criou a árvore de Natal e derrotou com ela o “deus do trovão”: São Bonifácio e a árvore de Natal.

https://pt.aleteia.org/2019/06/05/o-santo-que-criou-a-arvore-de-natal-e-derrotou-com-ela-o-deus-do-trovao/

https://radio.cancaonova.com/cachoeira-paulista---fm/arvore-de-natal-existe-um-dia-certo-para-monta-la/

https://cleofas.com.br/o-que-a-arvore-de-natal-simboliza/

https://www.portalsaofrancisco.com.br/calendario-comemorativo/arvore-de-natal

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

Impérios perdidos das Américas

 


Tente mover o mundo – o primeiro passo será mover a si mesmo.” Platão

    Os primeiros europeus a contemplar a vasta cidade de Tenochtitlán (Asteca- na América Central), menos de um século depois que ela se tornara o centro do estado mais poderoso da América Central ficaram extasiados com sua beleza. Um deles, o conquistador Bernal Diaz, escreveu que “estes grandes burgos e pirâmides e edifícios que se erguiam da água, todos feitos de pedra, pareciam uma visão encantada. Era tudo tão maravilhoso que eu não sei como descrever essa primeira visão de coisas nunca ouvidas, vistas ou sonhadas antes”. Diaz estava escrevendo sobre a capital de um dos dois grandes impérios do Novo Mundo que, sem qualquer contato direto ou conhecimento um do outro, chegaram a ser dominantes em suas regiões no decurso do século XV. Ambos os impérios — um onde é agora o México, o outro, estendendo-se pela orla ocidental da América do Sul (civilização Maia) — possuíam estruturas sociais complexas e construíram imensas cidades. Suas artes e ofícios atingiram altos níveis de sofisticação, embora desconhecessem veículos com rodas e os trabalhos em ferro e a única escrita que usassem fosse a pictográfica — linda de se olhar, mas complicada para transmitir informações. As duas sociedades demonstravam cuidado e engenhosidade no provimento da subsistência de seus cidadãos, ao mesmo tempo que praticavam o sacrifício humano — uma delas numa escala única nos anais históricos.

    Esses mundos alternativos, às vezes com traços estranhamente parecidos aos das culturas eurasianas, às vezes surpreendentemente originais, foram os impérios dos astecas e dos incas. Ambos atingiram a proeminência no decorrer do século anterior, mas seriam destruídos poucas décadas depois de 1500, após a chegada dos conquistadores espanhóis. A história dos astecas — os construtores de Tenochtitlán — iniciara-se pouco mais de duzentos anos antes da conquista espanhola, quando tinham chegado ao fértil vale do México como um bando empobrecido de bárbaros, vestidos com roupas grosseiras de sisal e carregando com devoção a imagem de seu deus tribal, Huitzilopochtli. Haviam sido forçados a abandonar sua antiga terra natal a noroeste, possivelmente em consequência de mudanças climáticas que haviam transformado seus campos em desertos. Outras tribos da mesma região derrotaram os astecas na competição pelas boas terras agrícolas da bacia do México e, entre 1220 e 1260, fundaram cidades-estados nas proximidades do lago Texcoco. Essas tribos rivais preencheram o vácuo deixado pelo colapso do antigo império tolteca e logo dominaram os refugiados remanescentes daquela civilização pelo poder militar. Um punhado de cidades-estados toltecas que ainda existiam, tais como Xico e Colhuacán, tinham conseguido se manter, impressionando os imigrantes com sua cultura e tradições. Seus orgulhosos senhores adaptaram-se às novas circunstâncias, permitindo o casamento de suas filhas com os chefes que estavam chegando.

    Aos poucos, estabeleceu-se um modus vivendi. Quando apareceram pela primeira vez, os astecas foram considerados pelos outros ocupantes da bacia como grosseiros que mantinham costumes tão primitivos, que acabavam por prestar serviço aos reis toltecas de Colhuacán, primeiro como servos, depois como soldados mercenários. Os astecas tinham assimilado a crença local na superioridade cultural tolteca, mas o desejo de imitar seus suseranos não os impediu de manter seus próprios rituais. Mas após uma desavença devido aos seus rituais religiosos e terem ultrajado seus benfeitores, os astecas tiveram que fugir, instalando-se numa pequena, remota e isolada ilha cercada de brejos, no oeste do lago Texcoco. De acordo com a lenda, ali encontraram um uma águia sentada em um cacto, com uma serpente no bico, um sinal que fora previsto há muito tempo por seus sacerdotes, indicando o sítio de sua futura capital. Chamando o povoamento de Tenochlitlán, de Tenoch, nome do líder que os guiará até o vale do México, essa se tornaria a capital do futuro Império Asteca.

Quanto mais você lê, mais fáceis de entender se tornam os textos. Aplique-se a leitura, independente da profissão que escolher para seu futuro. Pois a leitura lhe fará um profissional melhor a cada dia.” Leandro Pedroso, professor de História



terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

Havia história antes da história?

     A expressão “Pré-História” quer dizer anterior à História (pré = antes). Ela indica o enorme período compreendido entre o aparecimento dos seres humanos sobre a Terra (há mais de 5 milhões de anos) e o surgimento da escrita, que, em alguns lugares, ocorreu no final do quarto milênio antes de Cristo. Isso significa que todo o período anterior ao surgimento da escrita não seria considerado parte da História. Mas por que a invenção da escrita foi escolhida como marco inicial da História? 

      Há cerca de 200 anos os historiadores se baseavam nos textos escritos pelos povos antigos para entender seu passado. Assim, acreditavam que os povos do passado que não possuíam  escrita não poderiam ser estudados e, portanto,  não teriam uma história. Daí criaram a expressão “Pré-História” para denominar o período em que viveram esses povos que não dominavam a escrita. Com o tempo, os historiadores descobriram que desenhos, moradias e ferramentas deixados pelos povos pré-históricos também revelavam muito sobre seu passado. Ou seja, entenderam que era possível contar sua história utilizando documentos não escritos. Apesar disso, a expressão “Pré-História" continuou sendo usada para definir o período anterior à invenção da escrita. 

Você quer saber mais?

VICENTINO,  Claudio; VICENTINO, José Bruno. Projeto Mosaico - História. São Paulo: Editora Scipione, 2015.

terça-feira, 15 de junho de 2021

Uma história de vitória


  A história de um dos maiores estadistas que o mundo já conheceu!

                A. L. era um jovem simples, filho de lavradores. Não teve privilégios sociais, raramente ganhava presentes. Mas tinha uma característica dos vencedores: reclamava pouco. Nada melhor para fracassar na vida do que reclamar muito. Não sobra energia para criar oportunidades. Desde a juventude A. L. conheceu as dificuldades da existência. Perdeu a mãe aos 9 anos. Nosso jovem poderia ser controlado pela perda, mas sobreviveu. Havia algo nele digno de elogiar: sua capacidade enorme de viajar. Viajava muito — pelo mundo dos livros. Assim, construiu secretamente um tesouro enterrado no seu intelecto. Era comum por fora, mas um sonhador por dentro. Certa vez ele resolveu montar um negócio. Sonhava em ganhar dinheiro, ter prestígio social e uma vida tranquila. Sentiu-se inspirado e destemido. Nos sonhos tudo parece fácil, não há acidentes. Mas todo sonho traz pesadelos. O resultado do negócio? FALÊNCIA. O jovem enfrentou o drama da derrota muito cedo. Alguns, ante um fracasso, bloqueiam a inteligência. Eles registram o fracasso intensamente nos solos do inconsciente, através do registro automático da memória (fenômeno RAM).

                O mecanismo é o seguinte: o fracasso é lido continuamente, gerando reações emocionais dolorosas e Ideias negativas que obstruem a liberdade de pensar, de fazer novos planos, de acreditar no próprio potencial. A derrota não superada esmaga os sonhos e dilacera a coragem, aprendendo a não ser controlado pelos fracassos. Você já enfrentou a dor de uma derrota? A. L. viveu-a e ficou abalado, mas não se submeteu ao controle dela. Assumiu-a, enfrentou-a, levantou a cabeça e voltou a sonhar, Saltou do mundo dos negócios para o mundo da política. Candidatou-se a um cargo. Sentia que poderia ser um grande homem. O resultado das urnas? FOI DERROTADO! “Não é possível!”, exclamava. “O que fiz de errado?” Muitas perguntas, muitas respostas, mas nenhuma apaziguava a sua emoção. À razão tenta se preparar para as derrotas, mas a emoção nunca se submete a elas.  Um mecanismo súbito de ansiedade desenhava-se em sua mente. Apesar de desanimado, A. L. não se deixou vencer. Todos os sonhadores são inimigos da rotina. Quando eles pensam em desistir de tudo, os sonhos surgem no teatro da mente e voltam a instigá-los. Assim ocorreu com nosso jovem. Ele retornou ao mundo dos negócios, dessa vez apostou que ia dar certo. Tomou certas precauções. Conversou mais, refletiu mais. Fez uma pequena análise dos erros que deveria evitar e de quanto ganharia. Foi tomado por intensa euforia. A emoção é bela e crédula, bastam alguns respingos de esperança para que o humor se restabeleça e a garra retorne. Nunca devemos retirar a esperança de um ser humano, mesmo de um paciente portador de câncer em fase terminal. À esperança é o fôlego da vida, o nutriente essencial da emoção.

                A. L. acreditava na vida. Então, depois de despender energia para organizar sua pequena empresa e trabalhar muito, FALIU NOVAMENTE. Os pensamentos derrotistas de A. L. não apenas alimentavam sua insegurança, seu sentimento de incapacidade e ansiedade, como, pior, eram acumulados como entulho no delicado solo de sua memória. Os que não sabem cuidar desse solo não veem dias felizes. O fenômeno RAM registrou sua falência de maneira privilegiada. Por isso, A. L. não gostava de tocar no assunto, pois, quando falava nisso, o gatilho da memória abria imediatamente as janelas que libertavam a tristeza. Muitas vezes não gostamos de tocar em nossas feridas. Elas não são sanadas, apenas escondidas. Mas A. L. não as escondeu. Procurou superá-las resgatando sua vocação política. Candidatou-se novamente. Depois de muita labuta, enfim veio a bonança. Conseguiu ser eleito deputado. Parecia que os ventos mudavam. Sua emoção encontrou à primavera. 

Golpes inevitáveis

Mas a alegria de A. L. logo se dissipou no calor das suas perdas. No ano seguinte sofreu uma perda irreparável. Sua noiva morreu. Sua mãe havia morrido cedo, e agora nunca mais veria o rosto da mulher que amava.  A perda roubou-lhe não apenas a alegria, mas produziu algumas janelas killers na sua memória. Killer quer dizer “assassino”. Janelas killers são zonas de conflitos intensos cravadas no inconsciente que bloqueiam o prazer e a inteligência. Quando entramos nessas janelas, reagimos como animais, sem pensar. Elas são construídas por meio de perdas dramáticas, frustrações intensas, angústias indecifráveis que não são superadas. Quando uma pessoa possui síndrome do pânico, ao entrar em sua janela killer, ela tem a sensação súbita de que vai morrer ou desmaiar, mesmo estando na plenitude da saúde.  Quando crianças fazem birra e adolescentes entram em crise diante de um não, estão sob o controle dessas janelas. Todas as vezes que perdemos o controle de nossas reações somos vítimas dessas janelas. Quando A. L. entrava nas janelas que aprisionavam sua inteligência, ele produzia uma avalanche de ideias negativas que financiavam sua angústia. O resultado? No ano seguinte teve uma crise depressiva. Alguns, por perdas menores, se deprimem por anos. A. L. estava deprimido, mas se distinguia da maioria das pessoas. Sabia que tinha dois caminhos a seguir. Ou suas perdas o construíam ou o destruíam.

Que escolha você faria? É fácil dizer que seria a primeira, mas frequentemente escolhemos a segunda opção às perdas nos destroem e nos abatem. A. L. treinou sua emoção e escolheu a primeira alternativa. Em vez de se colocar como vítima do mundo, resgatou a liderança do “eu”. Saiu da própria miséria. Agradeceu a Deus pela vida e pelas perdas. Fez delas uma oportunidade para compreender as limitações da existência e crescer. 

Todos nós construímos cárceres usando como grades invisíveis a cobrança excessiva, a autopunição, o desespero. Muitos pensam que seu cárcere é um chefe insensato, um concurso competitivo, as doenças físicas, as crises financeiras. Mas nossos reais cárceres estão alojados na psique. Se formos livres por dentro, nada nos aprisionará por fora. 

Ergueu-se das cinzas

A. L., aos poucos, voltou a ter encanto pela existência. Desejou ser útil à sua sociedade, porque não via outro sentido para a vida. Sob a chama desse ímpeto, candidatou-se a deputado federal. Preparou-se para uma grande vitória. Então, veio o resultado. FOI DERROTADO. Sentia-se sufocado. Olhava para os lados, achando que as pessoas comentavam seu fracasso. Cuidado! Se você depender muito dos outros para executar seus sonhos, corre o risco de ser um frustrado na vida. Os jovens precisam estar alertas. Eles são exigentes para consumir, mas não sabem construir seu futuro, são frágeis e dependentes.  Alguns achavam que o sonho de A. L. era mero entusiasmo. Mas ele se reergueu. Seus sonhos eram sólidos demais para fazê-lo ficar submerso nos escombros dos seus fracassos. Alguns anos depois o sonho de ser um grande político renasceu. Candidatou-se mais uma vez, fez uma campanha com segurança e ousadia. Gastou saliva e sola dos sapatos como ninguém. Estava animadíssimo. Após uma extenuante campanha, veio o resultado. PERDEU DE NOVO. Foi um desastre emocional. Ao vê-lo, as pessoas meneavam a cabeça. Os mais próximos diziam: “Pare de sofrer! Faça outra coisa!” Muitos jamais entrariam numa outra disputa. Mas quem controla o sonho de um idealista?

A. L. teve de enfrentar a humilhação das derrotas, os deboches dos amigos, o sentimento de incapacidade. Tudo isso feriu sua psique, mas educou a emoção para suportar crises e perdas.  Nosso sonhador emergiu do caos. Ninguém acreditava, mas A. L. decidiu enfrentar mais uma campanha para o Congresso. Nunca se viu tanta garra. Às injustiças sociais e a discordância das desigualdades humanas geravam nele uma fonte inexplicável de energia para correr riscos. Agora havia mais fé e mais experiência. Corrigiu os erros de outras campanhas e tornou-se mais sociável. Finalmente, veio o resultado. PERDEU MAIS UMA VEZ. Nos dias que se seguiram, A. L. afundou no pântano do seu pessimismo. Não se concentrava no mundo concreto. Havia momentos em que queria fugir do mundo. Entretanto, quem pode fugir de si mesmo?  Havia amargado diversas derrotas eleitorais, falências e perdas. Sua coleção de fracassos era mais do que suficiente para fazê-lo vítima do medo. Por muito menos, pessoas ilustres escondem a cabeça debaixo do travesseiro. Todos entenderiam se ele desistisse das suas metas. Era o mais recomendável. Vencer parecia um fenômeno inalcançável. Entretanto, quando todos esperavam que ele não se erguesse mais, A. L. se levantou das cinzas. Não era propenso a aceitar ideias sem passá-las pelo filtro da sua crítica.

Ele apareceu na roda dos políticos e, para espanto da platéia, se candidatou para o Senado. Às derrotas, em vez de destruir sua autoestima, realçavam seu projeto.  A campanha foi diferente. Sua voz estava vibrante. Deixou de ser refém de algo que facilmente nos aprisiona: nosso passado. Acreditou que romperia a corrente de fracassos e que o sucesso beijaria os solos da sua história.  Mas não queria o sucesso pelo sucesso. Não era um político dominado pela coroa da vaidade. Os que amam a vaidade são indignos da vitória. Os que amam o poder são indignos dele. Ter sucesso para estar acima dos outros é mais insano do que as alucinações de um psicótico.  A. L. tinha uma ambição legítima. Ele queria o sucesso para ajudar o ser humano. Queria fazer justiça para os que viviam no vale das misérias físicas e emocionais. Sonhava com o dia em que todos fossem tratados com dignidade na sua sociedade. Após extenuante campanha, em que expôs inflamado suas ideias, aguardou impacientemente o resultado. Não podia perder dessa vez. Então, veio o resultado. PERDEU OUTRA VEZ. 

Uma coragem incomum

Não dava para exigir grandes atitudes de um colecionador de perdas. As opiniões se dividiam em relação a ele. Algumas pessoas supersticiosas acreditavam que ele estava programado para ser um derrotado. Outras, fatalistas, acreditavam que seus fracassos eram decorrentes de seu destino previamente traçado. Para elas, uns nasceram para o sucesso, outros, para o fracasso. Todas concordavam que ele deveria se conformar com seus fracassos, mudar de cidade, de país, de emprego. O conformismo, em psicologia, chama-se psicoadaptação. O fenômeno da psicoadaptação é a incapacidade da emoção humana de reagir com a mesma intensidade  diante da exposição ao mesmo estímulo. Quando nos expomos repetidamente a estímulos que nos excitam negativa ou positivamente, com o tempo perdemos a intensidade da reação emocional: nos psicoadaptamos a eles. No aspecto positivo, a psicoadaptação gera uma revolução criativa. Estimula-nos a procurar o novo, amar o desconhecido. Ela é um dos grandes fenômenos psicológicos inconscientes responsáveis pelas mudanças nos movimentos literários, na pintura, na arquitetura e até na ciência. Todavia, quando a psicoadaptação é exagerada, ela gera insatisfação crônica e consumismo. Nada agrada por muito tempo. Às conquistas geram um prazer rápido e fugaz. Aqui está uma das maiores armadilhas da emoção. Por isso, não é saudável que os pais deem muitos presentes para os filhos. Eles se psicoadaptam ao excesso de brinquedos. O resultado é maléfico! Consomem cada vez mais coisas, mas obtêm cada vez menos prazer. A. L. tinha tudo para se psicoadaptar aos seus fracassos. Poderia se colocar como um supersticioso, achar que era um desafortunado, sem sorte. Mas ele considerava que a verdadeira sorte não é gratuita, mas a que se constrói com labuta.

Ele estava ferido, mas não vencido. Estava abatido, mas não destruído. Estava mutilado, mas almejava correr a maratona. Sua coragem era quase surreal, beirava o inacreditável, mas trazia-lhe saúde psíquica. Suas flagrantes derrotas, em vez de se tornarem um pesadelo, tornaram-se um romance pela vida. Ás suas crises de ansiedade tornaram-se como ondas que se debruçavam sobre a praia da sua história e produziam marcas de maturidade. Tornou-se um ser humano de raríssimo valor. Encontrou grandeza na sua pequenez, você tem encontrado grandeza na sua pequenez? 

Alguns amigos recomendavam que ele se aquietasse, tivesse pena de si, não corresse mais riscos. “Tudo tem limite”, diziam. Mas ele tinha algumas das cinco características dos grandes gênios:

1. Era persistente na busca de seus interesses;

2. Animava-se diante dos desafios;

3. Tinha facilidade para propor ideias;

4. Tinha enorme capacidade de influenciar pessoas;

5. Não dependia do retorno dos outros para seguir seu caminho.

A. L. entrou numa nova campanha: a vice-presidência da República. Já que não estava na linha de frente, estaria mais protegido, faria uma campanha mais segura, menos tensa. Mas teria que propor seu nome na convenção.  No dia da votação, sua ansiedade aumentou. Começaram a contar os votos da convenção. Não demorou muito para sair o resultado. RECEBEU UMA FLAGRANTE DERROTA. Muitos pensaram que ele contagiaria com seu derrotismo o candidato à presidência. À verdade a respeito daquele homem era que ele se tornara um dos maiores colecionadores de fracassos da história. Raramente alguém tentara tanto e perdera tanto.  Os amigos se afastaram. Às pessoas não esperavam mais nada dele. As janelas killers produziam o cárcere da emoção. Sua autoestima estava quase zerada, seu encanto pela vida, combalido. O pessimismo o envolveu. Começou a crer que uns nasceram para a vitória e, outros, para o fracasso, uns, para o palco e, outros, para a platéia. O que você faria depois de tantos fracassos? O que você faria se fosse abandonado pelas pessoas mais próximas? Que atitude tomaria se fosse despedido do emprego em que colocou todo o seu futuro? Que reações teria se atravessasse uma crise financeira tão grave que não tivesse nem dinheiro para pagar o aluguel da casa? Qual seria sua postura se fosse criticado publicamente e as pessoas ao seu redor desacreditassem completamente de você?

Muitos simplesmente desistiriam dos seus sonhos. Um escultor de ideias, um artista da vida A. L. tornou-se o “Senhor Fracasso”. À maioria das pessoas acreditava que ele não apareceria mais em público, muito menos na roda de políticos e partidários.  De repente, ele entrou na sede do partido. As pessoas avistaram-no, mas não acreditaram no que viram. Esfregaram os olhos para enxergar melhor.  Para surpresa de todos, ele iria candidatar-se novamente para o Senado. Apesar do péssimo currículo das suas derrotas, nosso sonhador fez uma campanha primorosa para o Senado, estava determinado a vencer. Para A. L., cada disputa era um momento mágico, estar na disputa era mais importante do que o pódio, os que valorizam o pódio mais do que a disputa não são dignos de subir nele.  Finalmente chegou o dia da votação. Aguardou com expectativa incomum o resultado das urnas. Dessa vez tinha de ser diferente. FOI NOVAMENTE DERROTADO, as lágrimas deixaram o anonimato e escorreram pelas vielas do seu rosto. Escondia a face, mas chorou muito. Era um ser humano apaixonado pela sua sociedade, mas não tinha uma oportunidade de ajudá-la.  Parecia que dessa vez A. L. se entregaria, chegara ao limite. Faria qualquer coisa, menos se candidatar a qualquer cargo — nem para o clube dos fracassados. Seria controlado pelo fantasma do medo e pelo monstro da derrota. 

Grande lição

                As pessoas superficiais veem os resultados positivos como parâmetros do sucesso, enquanto a psicologia avalia o sucesso usando como critérios motivação, a criatividade a resistência intelectual. Diferentemente da maioria das pessoas, ele lutou pelos seus sonhos até a última gota de energia. Nesse aspecto, A. L. foi vitorioso. Schopenhauer afirmava que jamais deveríamos fundamentar nossa felicidade pela cabeça dos outros. A. L. seguiu esse princípio, pois se gravitasse em torno da opinião dos que o cercavam estaria condenado ao ostracismo, ao completo isolamento social. Diante do tumulto social, ele entrou no único lugar protegido do mundo: dentro de seu próprio ser. Lá ele se calou e fez a oração dos sábios: o silêncio. Nos momentos mais tensos da sua vida, em vez de reagir, procure a voz do silêncio. Qualquer ser humano que não ouve essa voz obstrui sua inteligência, tem atitudes absurdas, fere quem mais merece seu carinho. Devemos gravar isto: nos primeiros trinta segundos de tensão cometemos os maiores erros de nossas vidas. Nos focos de tensão bloqueamos a memória e reagimos sem pensar, por instinto. Nesse caso, o homo bios (animal) prevalece sobre o homo sapiens (pensante). Ninguém imaginava que A. L. novamente apareceria em cena. À última derrota parecia ter sepultado seus sonhos. Entretanto, quando todos pensaram que ele tivesse sido derrotado por suas decepções, ele surgiu novamente no meio político e se candidatou ao cargo mais alto da política.

Para Dostoiévski, “dar o primeiro passo, proferir um nova palavra é o que as pessoas mais temem”. A. L. deu mais um grande passo, tomou mais uma nova atitude, e ao vencer seus temores, deixou os outros temerosos. À reação de A. L. fez com que o medo da derrota se dissipasse da sua psique e passasse a ser um problema dos outros. Quando usamos as palavras para compreender as raízes do medo e enfrentar seus tentáculos, o medo é reeditado, pois novas experiências são acrescentadas às janelas da memória, onde ele se encontra. O medo se torna nutriente da coragem. Candidatar-se à presidência do seu país parecia loucura, e não sonho. Mas, quando nos deixamos conduzir pelos sonhos, podemos reescrever nossa história e construir janelas inconscientes que arejam nossa emoção. À alma de A. L. era controlada por seus sonhos. Ele estava desacreditado. Mas A. L. se levantou do caos. Estava decidido, queria mais uma chance. Parecia incansável. Sua persistência deixava os resistentes confusos, e com seus sonhos ele contagiava seus parceiros.

Terminada a eleição, começou a apuração. A. L. estava muito ansioso. Ele sabia que não podia ouvir a voz do seu corpo comandada pelo cérebro. Tinha de ouvir a voz da sua inteligência, custasse o que custasse. Para muitos, ele estava prestes mais uma vez a acrescentar um fracasso ao seu extenso currículo. Finalmente chegou o resultado: ELEITO O 16º PRESIDENTE DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA.

A. L. não apenas foi eleito como se tornou um dos políticos mais importantes da História moderna. Seu nome? ABRAHAM LINCOLN. Foi o presidente que emancipou os escravos do seu país, foi um dos grandes poetas da democracia moderna e dos direitos humanos.  Abraham Lincoln foi um dos maiores sonhadores de todos os tempos. Teve todos os motivos para abandonar seus sonhos, mas, apesar de todas as crises e das incontáveis frustrações, jamais desistiu deles.  “O homem que se vinga quando vence não é digno da sua vitória”, pensava o afiado escritor Voltaire. Abraham Lincoln venceu, mas não se vingou dos que a ele se opunham. Ele apenas zombou do próprio medo, transformou a insegurança em ousadia, a humilhação em lágrimas, que lapidaram sua personalidade, as lágrimas em gemas preciosas no território da emoção. 

Sonhos que nunca morrem

Em 1842, Abraham Lincoln se casou com Mary Todd, uma mulher inteligente, ambiciosa e de princípios sólidos, que influenciou muito sua vida e o apoiou nos momentos difíceis. Em 14 de abril de 1865, no início do seu segundo  mandato, uma tragédia aconteceu. Lincoln estava no Teatro Ford, em Washington. Tranquilo velejava pelas águas da emoção enquanto assistia ao espetáculo. Não imaginava que nunca mais veria as cortinas de um teatro se abrirem, pois fecharia os olhos para o espetáculo da vida. Um ex-ator, que era um escravista radical, caminhou se sutilmente até onde estava o presidente e o atingiu com um tiro de pistola na nuca. Uma bala penetrou-lhe o corpo, destruiu-lhe a medula, rompeu suas artérias. No outro dia ele morreria pela manhã, antes de o orvalho da primavera se despedir ao calor do sol. Morreu um sonhador, mas não seus sonhos. Seus sonhos se tornaram sementes nos solos de milhões de  negros e de brancos que o amavam, influenciando todo o mundo ocidental.

Abraham Lincoln fez a diferença no mundo. Nunca desistiu dos seus sonhos porque viveu um dos diamantes da psicologia: o destino não está programado nem é inevitável. O destino é uma questão de escolha. 

Abraham Lincoln e a sociedade moderna

A história da vida desse mestre pode colocar combustível na mente de todas as pessoas que sonham. O consumismo, a competição social, a paranóia da estética, a crise do diálogo têm sufocado a vida de milhões de jovens e adultos em todos os países do mundo. À sociedade moderna tornou-se psicótica, uma fábrica de loucura. Infelizmente, do jeito que as coisas caminham, investir na indústria de antidepressivos e tranquilizantes parece ser a melhor opção no século XXI. Se você acorda cansado, tem dores de cabeça, está ansioso, sofre por antecipação, sente dores musculares, não se concentra, tem déficit de memória ou outros sintomas, saiba que você é normal, pois nos dias de hoje raramente alguém não está estressado. Raramente alguém não possui algum transtorno psíquico ou sintomas psicossomáticos.  Os adultos estão se tornando máquinas de trabalhar, e as crianças, máquinas de consumir. Estamos perdendo a singeleza, a ingenuidade e a leveza do ser. À educação, embora esteja numa crise sem precedente, é a nossa grande esperança.

Abraham Lincoln queria libertar os escravos porque encontrou a liberdade em seu interior. Ele desenvolveu saúde psíquica e expandiu a sabedoria nos acidentes da vida e nos campos das derrotas. Quem valoriza as dificuldades e os fracassos numa sociedade que apregoa a paranóia do sucesso? Precisamos sonhar o sonho de liberdade de Abraham Lincoln. Ele enfrentou o mundo por causa dos seus sonhos. Desenvolveu amplas áreas da inteligência multifocal — pensar antes de reagir, expor e não impor suas ideias colocar-se no lugar dos outros, ter espírito empreendedor, ser um construtor de oportunidades, ter ousadia para reeditar seus conflitos. Por tudo isso, ele se tornou autor da sua própria história

Você quer saber mais?

CURY, Augusto. Nunca desista de seus sonhos. Rio de Janeiro: Sextante, 2013.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Timeu e Crítias (ou Atlântida) download PDF


Nesta publicação, nos diálogos intitulados Timeu e Crítias, Platão fornece as principais referências sobre a Atlântida, supostamente localizada numa imensa ilha do Atlântico, mas que no auge de sua civilização, teria sido tragada pelo Oceano. Platão conta inclusive sobre a guerra entre os atenienses e atlantes. Através dessa narrativa histórica, a Atlântida é descrita detalhadamente, com toda sua organização social, política e geográfica, uma leitura rica e fascinante que deve ultrapassar os limites acadêmicos. Esta obra constitui uma referência obrigatória na busca do conhecimento e uma viagem indiscutível pela imaginação humana.

Timeu (em grego clássico: Τίμαιος; romaniz.: Timaios; em latim: Timaeus) é um dos diálogos de Platão, com um longo monólogo do personagem-título, escrito por volta de 360 a.C. O trabalho apresenta a especulação sobre a natureza do mundo físico e os seres humanos. É seguido pelo diálogo Crítias. 

Crítias (Κριτίας) ou Atlântida (Ἀτλαντικός) é um dos últimos diálogos de Platão. Parece ser uma continuação de A República e do Timeu. O caráter inconclusivo de seu conteúdo descreve a guerra entre a Atenas pré-helênica e Atlântida, império ocidental e ilha misteriosa descrito por Crítias. O sofista argumenta que a Atlântida existiu em um período remoto, em lugares "muito além dos Pilares de Hércules". Esta ilha foi engolida pelo mar e se perdeu para sempre.


segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

A Contribuição da disciplina de História para a formação do cidadão - Parte VI.

OBJETIVOS CENTRAIS DO ENSINO DE HISTÓRIA 


Autor: Jairo Trindade Batista, formado em licenciatura plena em História e pós-graduando em Metodologia do Ensino em História.

E-mail: jairo.coramdeo@gmail.com

Construção da identidade nacional 

A priori da história como disciplina escolar consistia em ratificar um passado que elucidasse o desenvolvimento de um Estado-nação, para então construir em crianças e jovens um senso de patriotismo e nacionalismo. A cooperação do ensino para a construção da identidade continua no tempo presente, no entanto, não está mais restrito à identidade nacional. (BITTENCOURT, 2018)

De acordo com Circe Bittencourt (2018), “um dos objetivos centrais do ensino de História, na atualidade, relaciona-se à sua contribuição na constituição de identidade. A identidade nacional, nessa perspectiva, é uma das identidades a ser constituída pela História escolar”. Pode-se observar que a história contribui para que a identidade nacional seja construída no ser humano, porém, é complexo gerar essa identidade, devido o Brasil ser um país multicultural, logo, percebe-se o desafio do professor de história em sala de aula.

A formação de identidade vincula-se à construção da cidadania, impasse primordial na modernidade, ao levar em consideração o desígnio educacional mais amplo e a atividade da escola em particular. Ou seja, o ofício da escola é de suma importância para a edificação da identidade nacional que interliga diretamente à prática da cidadania, que deságua na sociedade, contribuindo para uma sociedade mais justa, mais igualitária em todos os aspectos. (BITTENCOURT, 2018). 

Formação da Cidadania 


Consoante com Bittencourt (2018), “a contribuição da história tem-se dado na formação da cidadania, associada mais explicitamente à do cidadão político. Nesse sentido, encontra-se, em várias propostas curriculares, dos Estados e municípios”. A expressão formação do “cidadão  crítico” é um vocábulo raso em relação ao que a atividade da história deva contribuir, pois se limita à esfera política da disciplina. Nesse sentido, é relevante entender o método dialético, Bittencourt afirma que:


O método dialético diz respeito a um esforço para o progresso do conhecimento que surge no confronto de teses opostas: o pró e o contra, o sim e o não, a afirmação e a negação. O confronto das teses opostas possibilita a elaboração da crítica. Esse método pretende chegar ao conhecimento de determinado objeto ou fenômeno defrontando teses contrárias, divergentes. (BITTENCOURT, 2018, p.231).

 

O desenvolvimento de um cidadão crítico guia para esclarecimentos sobre a concepção de cidadão, que está interligado com a consciência do que acontece na sociedade nos diversos segmentos, político, social, cultural, econômico e religioso, e reivindica seus direitos e cumpre com seus deveres, ou seja, cobra políticas públicas, ao mesmo tempo que cumpre seus compromissos sociais começando pela sua própria família. (BITTENCOURT, 2018).

O intuito da formação política delegada ao ensino de história está ligado a outra finalidade significativa: à formação intelectual. A construção intelectual pelo ensino da disciplina, acontece quando há o encargo de criação de ferramentas relevantes para evolução do pensamento crítico, o qual está relacionado à capacidade de observar e descrever, estabelecer relações entre presente, passado-presente, fazer comparações e identificar semelhanças e diferenças entre os múltiplos acontecimentos no presente e no passado. (BITTENCOURT, 2018). 

MATERIAL E MÉTODOS

Para a realização do presente trabalho, buscou-se o método de pesquisa bibliográfica, que consiste em busca de artigos já publicados na web no site acadêmico da scielo, com o objetivo de coletar informações relevantes para o tema proposto, livros que abordassem o assunto e informassem de maneira clara os tópicos pesquisados. O objetivo foi investigar uma gama de acontecimentos históricos que deu origem ao termo cidadania, bem como, apontou suas primeiras práticas.

Para observar a origem do termo cidadania, utilizou-se mapas conceituais, para mostrar os  reflexos do ser cidadão, e em que esferas se refletem a prática da cidadania; os mapas fazem conexão com os demais resultados da pesquisa, dando um sentido lógico para toda a realização do artigo, dão a possibilidade de ver toda a abrangência da cidadania, permitem a observação clara das origens e das esferas de atuação.

Devido à importância do tema deste periódico, realizou-se uma apuração documental de forma específica nas fontes primárias brasileiras, desde a carta constitucional de Dom Pedro, passando pela Constituição Federal de 1988, e pela LDB e PCN, assim, cada documento revela de maneira indireta o conceito de ser cidadão, os direitos e deveres, bem como, os objetivos da educação referente a todo cidadão brasileiro.

O artigo também apresenta características da pesquisa qualitativa, considerando que nas palavras de Silva e Urbaneski (2015) “há uma dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido e      número”. O tema proposto tem esse dinamismo entre os objetivos das fontes primárias e secundárias com todas as controvérsias do homem no tempo. 

RESULTADOS E DISCUSSÃO 

O objeto problemático do referido trabalho consiste na ignorância do cidadão comum, no  que se refere ao desconhecimento constitucional dos seus direitos e deveres, bem como seu papel na sociedade, na falta de conhecimento histórico, filosófico e cultural, devido a esta controvérsia  alguns pontos devem ser discutidos, a fim de responder com soluções práticas a este problema, observando a colaboração do ensino de história para tais soluções.

 Educação de base 

No período em que ocorreu o estágio supervisionado nos anos finais do ensino fundamental, efetuou-se uma entrevista com uma das professoras, a mesma informou que a maioria dos alunos não entendiam o que liam, nem o que copiavam, por essa razão, não conseguiam fazer reflexões dos textos, e também associar fatos passados com o presente, nesse cenário, entende-se a dificuldade  que tem o educador profissional de história para formar cidadãos críticos com capacidade para exercer a sua cidadania.

Para que a construção do cidadão seja possível, vale ressaltar as palavras de Cagliari (1997, p.150) “O leitor deverá em primeiro lugar decifrar a escrita, depois entender a linguagem encontrada, e, em seguida, decodificar todas as implicações que o texto tem e, finalmente, refletir sobre isso e formar o próprio conhecimento e opinião a respeito do que leu”. Sem um bom aprendizado na leitura, é impossível a formação do cidadão, tal aprendizado deve começar com o foco no ensino básico pois é onde tudo começa, a falhas no ensino nos anos iniciais, será inevitavelmente refletida nos níveis seguintes, por isso é frequente alunos nos anos finais sem saber ler.

De acordo com Rubem Alves (1999, p.22) “Nossa tarefa mais importante é desenvolver nos cidadãos, a capacidade de pensar. Porque é com o pensamento que se faz um povo”. É aqui que se encontra uma das falhas da educação brasileira, não se forma pensadores ao ponto de estes por si, formar opiniões relevantes, e isso é tão real que o povo não pensa porque pesquisa, mas porque a mídia o conduz a pensar como pretende, fazendo com que todo um povo seja meramente massa de manobra para atender seus interesses econômicos, políticos e ideológicos.


Educação, dever do Estado e da família 


De acordo com a lei de diretrizes e bases, a educação é dever da família e do Estado, ou seja, não há como responsabilizar só um em detrimento do outro, no entanto, observa-se que a família tem entregado os filhos à responsabilidade do Estado, esquivando-se de sua responsabilidade com a educação dos filhos, no entanto, a responsabilidade é conjunta, é uma cooperação para a formação de indivíduos capazes de exercer a sua cidadania.

Consoante a LDB na lei nº9.394, (1996) “Art.2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Observa-se o dever conjunto de família e Estado para formar sujeitos capazes de exercer a sua cidadania.

A família é responsável diretamente pela educação das crianças, exercendo seu papel em harmonia com o Estado nesse processo de construção da boa cidadania, no entanto, quando se trata do dever da família, esta tem transferido toda a responsabilidade para a escola, colocando-se como isenta em sua responsabilidade, todavia, é necessário observar todo um contexto da educação no país para entender o motivo de as famílias transferirem sua responsabilidade para a esfera pública.

 

Taxa de analfabetismo no Brasil 

O analfabetismo tem sido combatido no Brasil, houve uma redução significativa. Em 2004, eram 11,05% e passou para 8,7%; em 2012, segundo a pesquisa nacional por amostra de Domicílio (Pnad). A redução mais significativa aconteceu no Norte e Nordeste, onde foram constatados os maiores índices de analfabetismo do país. As faixas etárias entre 15 a 19 anos registram uma taxa 1,2% de analfabetismo segundo o Pnad, o que demonstra um certo sucesso das políticas públicas relacionadas à educação básica (BRASIL, Mec., 2018).

A taxa de alfabetização no país foi atualizada em junho de 2019, segundo divulgação do IBGE, na última pesquisa por amostra de domicílios contínua o Brasil tem aproximadamente 11,3 milhões de pessoas com mais de quinze anos analfabetos, ou seja, 06,8% de analfabetismo. Isso implica em afirmar que crianças e jovens não têm apoio dos pais no acompanhamento da educação porque os próprios pais não tiveram acesso à educação pública ou privada, ou seja, o analfabetismo no país ainda é uma agravante para garantir que a família acompanhe seus filhos na educação (GAZETA DO POVO, 2018). 

A meta desejada pelo Plano Nacional de Educação é erradicar o analfabetismo até 2024, para tanto, precisa atingir uma baixa de 6,5% no analfabetismo em todo Brasil, porém somente treze Estados atingiram o objetivo de redução do analfabetismo para o ano de 2015, o número baixo de Estados não contribuiu para que o objetivo fosse atingido (GAZETA DO POVO, 2018).

Segundo Ravanello (2018) analfabetismo é “a condição de quem não conhece o alfabeto ou não saiba ler e escrever”. Isso implica em afirmar que ainda há no Brasil pessoas que no caso, o português, esse cenário leva a pensar em como famílias que estão nestas estatísticas ajudarão seus filhos a se tornarem cidadãos em plena capacidade de exercer a sua cidadania, como a resposta é negativa, o Estado se sobrecarrega e a nação deságua em altos índices de violência, mais e mais jovens buscando renda financeira no tráfico de drogas, e mais superlotações nos presídios.

Diante de todos os problemas sociais aos quais a sociedade enfrenta diariamente, ainda se tem um outro problema no Brasil, este contribui de maneira negativa na vida de muitos cidadãos brasileiros no que diz respeito a participar das decisões que podem mudar o destino do país para melhor, que é o analfabetismo funcional. Segundo o indicador de alfabetismo funcional,  considerado analfabeto funcional a pessoa que, mesmo sabendo ler e escrever, não consegue interpretar o que ler. O Inaf apontou que mais de 30% dos brasileiros, entre as idades de quinze e sessenta e quatro anos são analfabetos funcionais. 

Observa-se no gráfico acima que o analfabetismo funcional era de 39% em 2001, e diminuiu aproximadamente 10% em oito anos, o que nos dá 29% de analfabetismo funcional no Brasil no ano de 2018. Compreende-se que 29% da população brasileira tem uma má escolha em candidatos em períodos eleitorais, é garantido a todo cidadão o direito ao voto de acordo com a Constituição Federal de 1988, no entanto, o ideal é que essa garantia seja usada para a escolha de  bons  candidatos com boas propostas, mas quem dos 29% vai saber analisar propostas sem ao menos entender o que ler. Tais problemas devem ser enfrentados por todos, desde o alto escalão do ministério da educação até o professor em sala de aula.

Segundo Marshall (1967, “a educação está diretamente relacionada com a cidadania, e quando o Estado garante que todas as crianças serão educadas, este tem em mente, as exigências e a natureza da cidadania”. A educação é a principal ferramenta para que se forme o senso crítico do cidadão, é também o instrumento central para a construção da intelectualidade coletiva, e assim, edificar uma nação cujos habitantes são participativos nas decisões que darão destino ao país. 

Conhecimento da Constituição Federal 

O desconhecimento da constituição brasileira é uma das razões pela qual o cidadão não consegue se impor na sociedade, como observado anteriormente, há educandos que chegam aos  anos finais do ensino fundamental sem saber interpretar o que leem, somado a isso, temos uma sociedade que não conhece seus direitos e deveres individuais e coletivos, o que se espera de uma população assim? Na Bíblia sagrada, especificamente no livro do profeta Oséias (2016, p.599) “o meu povo está sendo destruído, porque lhe falta conhecimento”. A falta de conhecimento destrói.

O povo de Israel sofria porque no período em que viveu Oseias, não conhecia seus direitos e deveres, a mesma destruição pode vir sobre qualquer nação cujo povo desconhece a sua  constituição, sem a noção dos direitos e deveres individuais e coletivo, a participação dos cidadãos na esfera política é impossível, decisões serão tomadas sem o consentimento do povo, arbitrariedades podem ser definidas sem a participação dos cidadãos, assim, torna-se importante a ministração da constituição dentro de sala de aula, o ideal é que comece no ensino básico, e aprofunde essas noções nos demais níveis de ensino.

O resultado desta iniciativa  ligado ao conhecimento cultural, histórico, político e social,  seria a participação ativa do cidadão brasileiro na sociedade, isso traria resultados favoráveis tanto no aspecto coletivo, quanto no aspecto individual, que significa mais qualidade na saúde, na educação, na segurança, geração de mais emprego, apoio às iniciativas empreendedoras etc.

Todo indivíduo que faz parte do Estado tem direitos e deveres, em se tratando de deveres, significa que o sujeito tem obrigações a cumprir para com o Estado, e o cumprimento dos seus deveres garante os seus direitos assegurados constitucionalmente. Entre os direitos que o Estado deve assegurar aos cidadãos está o de garantir que as leis sejam cumpridas, e quem cobra a justiça  da lei é o cidadão participativo nos lugares de debate público, câmara dos vereadores, deputados, senado dentre outros (SANTOS, 2015, p. 301).

A participação do cidadão nos lugares democráticos expressa a atividade real da cidadania, ou seja, o conceito de cidadania na contemporaneidade vai além da garantia dos direitos legais, o


conceito de cidadania está relacionado com um conjunto de direitos que permite aos cidadãos a participação no governo de seu povo, ou seja, é cobrar o que a constituição lhes garante como direitos fundamentais, assim, pode-se dizer que participar está ligado com fazer parte do processo democrático de seu país (HOFFEMANN, 2016, p.78). 

As três dimensões da cidadania

Segundo Hoffmman (2016, p 169) “a cidadania é reconhecida como o acesso à satisfação de necessidades individuais e coletivas, estas nem sempre são acessadas de maneira natural, existem situações onde é necessária uma intervenção profissional”. Essas necessidades são fundamentais em sua maioria asseguradas em lei, como por exemplo, o direito à educação, ao trabalho, à igualdade perante a lei, no entanto nem todo cidadão tem o conhecimento dos seus direitos, por essa razão se faz necessária a ajuda de profissionais da assistência social e da advocacia.

O conceito de cidadão passa por um longo processo histórico até chegar nos dias atuais, por essa razão, Pietriz (2016, p.77) nos apresenta três dimensões da cidadania, a saber “cidadania civil, cidadania política, cidadania social”, a compreensão dos três conceitos facilita o entendimento do  ser cidadão, e consequentemente a prática da cidadania, sabendo quando e como atuar na sociedade para o bem individual e coletivo, os conceitos de cada dimensão são:

TRÊS DIMENSÕES DA CIDADANIA

Cidadania CIVIL:

São aqueles direitos da liberdade de cada indivíduo, por exemplo: o livre arbítrio para expressar nossos pensamentos; o direito de propriedade (venda e compra de um imóvel, um bem ou serviço);

entre outros.

Cidadania POLÍTICA:

Podemos considerar que a cidadania política se legitima quando os homens exercem seu poder político de eleger e ser eleitos para o exercício do poder político, independente da instituição pública ou

privada na qual venham a exercer suas atribuições.

Cidadania SOCIAL:

Compreendida como o conjunto de direitos concernentes ao conforto de cada cidadão, no que tange à sua vida econômica e social, ou seja, do seu bem-estar social.

 Fonte: adaptado de Pieritz (2016.p 77)


A cidadania expressa os direitos e deveres de todas as pessoas que vivem em sociedade, seja na esfera social, política ou civil, tanto no que diz respeito a si, ao próximo e ao patrimônio público  e privado. Cidadania também é interação nos espaços políticos de discussão, a qual se aborda questões pertinentes à democracia e à ética de toda a população em que estão inseridos grupos sociais, políticos e econômicos (HOFFMANN apud Pieritz et al., 2016, p.16,).

A participação dos cidadãos nos espaços democráticos demonstra o pleno exercício da cidadania, isso implica em dizer que a prática da cidadania vai além do conhecimento dos direitos e deveres, ou seja, trata-se de conhecer para participar das decisões do governo que trará resultados para seu próprio povo. Cidadania não é só conquistar legalmente os direitos, mas realizar os direitos a partir da participação das decisões que efetuará os direitos (HOFFMANN, 2016, p.78). 

A colaboração do ensino de história para a formação do cidadão 

A disciplina de história no que tange à formação política, está articulada com o objetivo da formação intelectual, e isto ocorre quando por meio do propósito da criação de ferramentas para o desenvolvimento do pensamento crítico, o qual se constrói pela capacidade de observar e descrever, estabelecer relações entre presente-passado-presente, fazer comparações e identificar semelhanças e diferenças entre os vários acontecimentos no passado e no presente (BITTENCOURT, 2018,  p.103).

No que diz respeito a desenvolver o pensamento crítico, um dos componentes a considerar é observar nos educandos a evolução na sua capacidade de fazer comparações dos acontecimentos do passado e do presente. Relacionado a este desenvolvimento, o professor de história pode se utilizar da atividade pedagógica de produção de dossiê de documentos.

Segundo Bittencourt (2018, p.277) “a elaboração de dossiê é uma forma de selecionar documentos variados sobre um mesmo tema, a fim de fornecer aos alunos uma série de dados que possam ser confrontados ou comparados”. Pode-se propor em sala de aula o tema “direitos humanos”, a partir desta temática, busca-se documentos que possam ser analisados de maneira cronológica, conceitual e reflexiva com a classe sobre o significado sobre determinado tempo histórico, e como o entendimento foi passando por mudanças até chegar à compreensão atual.

De acordo com Bittencourt (2018, p. 278) “há dossiês compostos de documentos que apresentam linguagens diversas sobre um mesmo tema, incluindo textos jornalísticos, contos ou excertos da literatura, gráficos ou mapas”. Nota-se que um dossiê pode trazer várias linguagens, porém abordar sobre o mesmo tema, e assim, esta atividade ajuda a construir o senso crítico nos alunos, e essa capacidade de analisar e comparar, que levará o indivíduo a exercer a sua cidadania, civil, política e social.

Os resultados obtidos a partir do aporte teórico, das análises realizadas e dos dados obtidos  na pesquisa devem ser discutidos neste espaço, podendo também estar complementados com  tabelas, quadros, gráficos ou outras formas que o acadêmico considerar conveniente. 

CONCLUSÃO 

A partir dos argumentos expostos, conclui-se que a educação é o centro da cidadania, ou  seja, que é impossível a prática plena do exercício da cidadania, sem educação de qualidade, porém pode-se reconhecer a dificuldade para tal propósito, uma vez que o Brasil ainda tem números consideráveis de analfabetismo e analfabetismo funcional. No entanto, há iniciativas do governo como a educação de jovens  e adultos que colabora para a formação de pessoas mais participativas na sociedade.

De acordo com os dados pesquisados, o Brasil terá uma diminuição do analfabetismo até 2024, mas vale ressaltar que a meta para 2015 foi atingida somente em treze Estados, assim, tem-se a impressão de que no ano proposto, poucas cidades, municípios e Estados alcançarão a meta até a data prevista, nessa perspectiva, presume-se que cidadãos ainda não estarão sendo participativos na transformação do seu país, e que a maioria não saberá se posicionar na sociedade e nos espaços de debates públicos.

A disciplina de história entra com a missão de formar nos educandos em sala de aula a sua identidade nacional, regional e local, ajudando a partir de métodos da disciplina de história a levar os alunos uma mente mais analítica, gerando intelectualidade, tornando-os capazes de comparar presente-passado-presente para entender os dias atuais e assim, participar de maneira fundamentada das decisões na sociedade. 

REFERÊNCIAS 

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   BRASIL, Constituição Federal, 1988.

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CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e linguística: Pensamento e ação no magistério. 10º edição São Paulo: Scipione, 1997.

CIRCE, Bittencourt. Ensino de História, Fundamentos e Métodos. Ed. São Paulo: Cortez, 2018

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HOFFEMANN, Vera Lúcia; CRISTA, Joelma; MENDONÇA, Neusa. Direitos Humanos e Cidadania. Uniasselvi 2016.

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