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quarta-feira, 14 de agosto de 2024

O muro da vergonha comunista, o muro de Berlim!

 A maldade do comunismo não é, nele, mero acidente, que tanto poderia existir como não existir. É uma consequência necessária de suas concepções filosóficas e morais. 

O Muro de Berlim foi erguido pela socialista República Democrática da Alemanha no dia 13 de agosto de 1961 e só foi derrubado pelo povo no dia 9 de novembro de 1989. Foram o equivalente a 28 anos, dois meses e 27 dias dividindo famílias, amigos, companheiros de trabalho e conterrâneos dentro da capital alemã. Hoje, os berlinenses já estão reunificados por mais tempo do que foram mantidos separados pelo socialismo.

Esta data constitui uma excelente ocasião não apenas para celebrar a restauração das liberdades mais básicas para os berlinenses, como também para denunciar novamente a monstruosidade em que, necessariamente, todos os regimes socialistas acabam se transformando.

No entanto, o muro da vergonha socialista não foi nenhum acidente histórico: foi, isso sim, a consequência natural e inexorável de uma ideologia que institucionalizava a exploração do homem pelo homem, ao mesmo tempo em que, paradoxalmente, dizia estar abolindo essa exploração.

Ao passo que o socialismo promete criar o paraíso na Terra, ele entrega apenas o inferno político, social e econômico do qual a maioria da população ardorosa e desesperadoramente deseja fugir.

No dia 13 de agosto de 1961, começou a construção do Muro de Berlim. O muro era constituído de tijolo e concreto, e levou dois anos para ser totalmente finalizado. Quando concluído, ele tinha 45 quilômetros de extensão e 2,74 metros de altura, com arame farpado no topo. Os guardas do lado oriental estavam sempre armados com metralhadoras e atiravam em qualquer um que tentasse cruzar o muro. Havia também uma área de 183 metros, entre o primeiro obstáculo e o muro, coberta de minas terrestres e patrulhada por cães policiais.

O número de mortos ao longo das fronteiras entre Ocidente e Oriente varia de 270 a 780. Apenas no muro, calcula-se que 140 pessoas tenham morrido, de acordo com o Memorial do Muro de Berlim, entre 1961 e 1989.

Você quer saber mais?

GADDIS, John Lewis. História da Guerra Fria. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006.

HOBSBAWM, Eric. Era dos Extremos: o breve século XX: 1914-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

https://mises.org.br/artigos/2823/o-muro-de-berlim-nao-foi-um-acidente-historico

https://www.ipco.org.br/ha-25-anos-da-derrubada-muro-de-berlim-o-muro-da-vergonha

domingo, 11 de agosto de 2024

Origem da civilização romana

 A Loba Capitolina - o símbolo de Roma.  A lenda dos irmãos Rômulo e Remo originou uma escultura que veio a se tornar o símbolo de Roma: a Loba Capitolina.

O Império Romano é considerado o maior civilização da história ocidental. Durou cinco séculos: começou em 27 a.C. e terminou em 476 d.C. Estendia-se do Rio Reno para o Egito, chegava à Grã-Bretanha e à Ásia Menor. Assim, estabelecia uma conexão com a Europa, a Ásia e África. Uma das estórias sobre a fundação de Roma é a célebre lenda dos irmãos gêmeos, Rômulo e Remo, que viveram em 753 a.C.   Segundo historiadores, Roma surgiu a partir de um grupamento de pastores que viviam às margens do Rio Tigre. É essa a região geográfica que corresponde hoje à Itália. No decorrer do século VI a.C., Roma ficou sob a direção dos etruscos, de origens gregas. A liberdade foi conquistada gradualmente, quando se transformou numa cidade-estado onde a forma de poder exercida era a monarquia. Com as constantes desavenças entre os reis, os romanos experimentaram a república, entre 509 a.C. e 30 a.C. Nesta época, Roma passou a exercer forte poder colonial, político e militar.

Rômulo e Remo

Rômulo e Remo são dois irmãos gêmeos que, segundo a mitologia romana, estão diretamente ligados à fundação de Roma, tendo sido Rômulo especificamente o fundador da cidade. Segundo a lenda, filhos do Rei Marte e de Reia, os irmãos foram atirados a um rio para morrerem afogados. No entanto, acabaram por sobreviver e foram encontrados na margem do Rio Tibre por uma loba que passou a amamentá-los. Posteriormente, foram encontrados por um pastor de ovelhas chamado Fáustulo, que os criou como filhos.

A história de Rômulo e Remo

De acordo com a lenda de Rômulo e Remo, eles eram filhos do Deus grego Ares (também chamado de Marte) e de Reia Sílvia, mortal filha de Numitor, Rei de Alba Longa. Numitor havia sido deposto por Amúlio, seu próprio irmão, que obrigou sua sobrinha Reia a integrar o grupo das Virgens Vestais.  As vestais eram sacerdotisas com idade entre os 6 e os 10 anos, que cultuavam a deusa romana Vesta e faziam voto de castidade, servindo a ela durante 30 anos.  A intenção de Amúlio era dar fim a qualquer descendência de Numitor, evitando que sua sobrinha pudesse gerar futuros requerentes do trono, já ele próprio tinha interesse em reinar. No entanto, seduzida pelo Deus Marte, Reia acabou por engravidar e deu à luz os gêmeos Rômulo e Remo. Furioso, Amúlio ordenou que os bebês fossem atirados ao rio para morrerem afogados. 

O cesto onde estavam os bebês, no entanto, foi parar à margem do rio e os irmãos foram encontrados por uma loba que passou a amamentá-los. Posteriormente, um pastor de ovelhas chamado Fáustulo encontrou os irmãos perto da entrada de uma caverna e, com sua esposa, criou os meninos como filhos.

Quem são os fundadores de Roma na mitologia?

Segundo a mitologia romana, embora Rômulo e Remo estejam diretamente ligados à fundação de Roma, o fundador propriamente dito foi Rômulo. Já em idade adulta, Remo teve um desentendimento com um pastor local e, por esse motivo, foi entregue ao então Rei Amúlio, que fez dele prisioneiro.  Com isso, o pai adotivo Fáustulo falou sobre a ascendência dos irmãos ao gêmeo de Remo, Rômulo, que partiu para resgatar o irmão.  Depois de libertar Remo, Rômulo matou o então regente Amúlio e os cidadãos locais ofereceram a coroa de Alba Longa aos irmãos, que preferiram devolver o trono ao avô Numitor e fundar uma cidade própria em outro local.  Os irmãos entraram em desacordo sobre qual seria o local ideal; enquanto Rômulo escolheu a região do Monte Palatino, Remo optou pelo Monte Aventino.  Como não chegaram a um consenso, os irmãos optaram por decidir através de um auspício, que consiste no ato de observar as aves de forma a receber resposta através de um sinal dos deuses.  Rômulo afirmou ter visto 12 pássaros sobre o Monte Palatino, enquanto Remo afirmou ter visto 6 sobre o Monte Aventino, o que veio a significar a vitória de Rômulo.

A morte de Remo e o reinado de Rômulo

Na disputa pela decisão do local ideal para a construção de uma nova cidade, Remo não aceitou de bom grado a vitória do irmão, que prontamente começou a construção de uma muralha ao redor do local de sua escolha: o Monte Palatino. Remo respondeu à construção do irmão com bastante ironia, debochando e rindo constantemente dela e da cidade do irmão.  Em dado momento, chegou a subir na muralha com uma atitude jocosa e irônica, o que despertou a fúria de Rômulo que acabou por matar o irmão.  Algumas versões da morte de Remo apresentam um desfecho diferente. Uma afirma que quem matou Remo foi um apoiador de Rômulo e outra relata que, na verdade, Remo acabou por cair da muralha vindo a falecer. Essa versão é interpretada como um sinal do poder dos deuses de Roma.  No dia da morte de Remo, em 21 de abril de 753 a.C. acontece a fundação de Roma pelas mãos de Rômulo.

Você quer saber mais?

ALFÖLDY, Géza. A História Social de Roma. Lisboa: Editorial Presença, 1989.

ARAÚJO, Sônia Rebel de; CARDOSO, Ciro Flamarion. A Sociedade Romana do Alto Império. In: MENDES, Norma Musco; SILVA, Gilvan Ventura da. (Orgs.). Repensando o Império Romano: perspectiva socioeconômica, política e cultural. Rio de Janeiro: Mauad; Vitória, ES: EDUFES, 2006.

AZEVEDO, Sarah Fernandes Lino de. Tácito e a História Magistra Vitae: Um historiador do Império? In: FAVERSANI, Fábio; JOLY, Fábio Duarte (Orgs.). As formas do Império Romano. Mariana: UFOP, 2014.

BARTH, Fredrik. Introducción. In: BARTH, F. (org.), Los grupos étnicos y sus fronteras. México: Fondo de Cultura Económica 1976.

BENARIO, Herbert W. The Annals. In: PAGÁN, Victoria Emma (Ed.). A Companion to Tacitus. Oxford: Blackwell Publishing, 2012.

BIRLEY, Anthony Richard. The Agricola. In: WOODMAN, Anthony John. (Ed.). The Cambridge Companion to Tacitus. Cambridge: Cambridge University Press, 2009.

BRAUND, David. Ruling Roman Britain: kings, queens, governors and emperors from Julius Caesar to Agricola. Abingdon: Routledge, 1996.

BUSTAMANTE, Regina Maria da Cunha. Práticas Culturais no Império Romano: entre a unidade e a diversidade. In: MENDES, Norma Musco; SILVA, Gilvan Ventura da. (Orgs.). Repensando o Império Romano: perspectiva socioeconômica, política e cultural. Rio de Janeiro: Mauad; Vitória, ES: EDUFES, 2006.

CATROGA, Fernando. Memória, História e Historiografia. Coimbra: Quarteto, 2001.

quarta-feira, 31 de julho de 2024

A colonização portuguesa na América

A ocupação das terras americanas só se tornou possível na medida em que a cana-de-açúcar mostrou-se adaptável ao clima e ao solo da região tropical. Mas, sobretudo, quando se percebeu que o açúcar era um produto rentável, de grande aceitação no mercado europeu e capaz de gerar bons lucros. A exploração da colônia portuguesa, com o cultivo da cana-de-açúcar, assumiu três características básicas: grande propriedade, monocultura e trabalho escravo.  A disponibilidade quase ilimitada de terras ajudou na formação de grandes fazendas produtoras. Os custos de produção, desbravar o terreno, plantar, colher, transportar a cana e fabricar o açúcar, exigiam grandes plantações para se obter retornos lucrativos. A monocultura também era essencial, pois facilitava a especialização e a concentração de recursos e esforços em uma única atividade. 

A opção pela monocultura da cana-de-açúcar em grandes propriedades era decorrência natural da política mercantilista. Os esforços coloniais deveriam estar voltados para a aquisição de produtos que pudessem ser comercializados com as nações europeias. Essa condição era preenchida pela lavoura de gêneros agrícolas tropicais, como a cana-de-açúcar. O chamado pacto colonial, segundo o qual as colônias só poderiam comerciar com suas metrópoles, complementava os propósitos dessa política econômica.  Quanto à mão-de-obra, tentou-se a princípio o uso do trabalho indígena. Os índios tinham colaborado na extração do pau-brasil e o colonizador julgava que isso poderia se repetir com o trabalho agrícola. Entretanto, os índios não se submeteram facilmente às condições exigidas pela nova atividade. A extração do pau-brasil podia ser realizada de forma esporádica e livre; a atividade agrícola exigia trabalho sistemático, disciplina, organização e vida sedentária.

Para estabelecer essas condições de trabalho, foi necessário aumentar a vigilância sobre os índios. Em pouco tempo, generalizou-se a escravização dos nativos. A antiga relação pacífica se tornou conflituosa. A escravização dos povos indígenas foi um problema que percorreu todo o período colonial e opôs colonos, governo e Igreja. Pressionado pela Igreja, o governo português proibiu o apresamento de índios. Em 1570, uma Carta Régia autorizava a escravização apenas dos indígenas presos em guerra justa, isto é, em conflitos iniciados pelos próprios índios ou promovidos pelos colonos contra povos hostis. Essa autorização permitiu que o apresamento indígena continuasse. Por uma série de circunstâncias, a escravidão africana acabou se impondo como solução para o problema da mão-de-obra. 

O engenho 

Desde 1526, livros da Alfândega de Lisboa acusavam a entrada de açúcar vindo da ilha de Itamaracá, no atual estado de Pernambuco. Mas a grande produção só começou de fato em 1533, com o engenho de Martim Afonso de Sousa em São Vicente, que nesse mesmo ano foi comprado pelo capitalista holandês Erasmo Schetz.

As capitanias hereditárias 

Em 1534, El-rei dom João II dividiu a colônia americana em quinze faixas de terra com largura entre 200 e 650 quilômetros, indo do litoral à linha do Tratado de Tordesilhas. Eram as capitanias hereditárias, mesmo sistema utilizado nas ilhas do Atlântico. Elas foram entregues a senhores chamados de capitães donatários. Hereditárias, as capitanias deveriam passar de pai para filho. Aos donatários foi atribuída grande soma de poder: podiam distribuir terras a colonos, nomear autoridades administrativas e judiciárias, escravizar e vender índios, fundar vilas, cobrar tributos pela navegação dos rios, etc. Os donatários só não tinham poder sobre os impostos reais e deviam arcar com todas as despesas da colonização. A constituição político-administrativa das capitanias tinha por base jurídica a Carta de Doação e o Foral. Pela primeira, o rei confiava à administração perpetua e hereditária ao donatário. No Foral, estavam fixados os direitos, foros e tributos que a população pagaria ao rei e ao donatário. Apesar do fracasso, o sistema de capitanias perdurou até 1759 e conviveu com outras estruturas administrativas criadas pelo governo português, como os governos-gerais. Diante do insucesso, muitas acabaram compradas pelo governo, outras incorporadas por abandono.

O Governo-Geral 

Um dos grandes problemas enfrentados pelos donatários das capitanias foi o isolamento, que dificultava, por exemplo, a defesa contra os índios, em luta por suas terras e contra a escravização. Diante dos problemas, a Coroa portuguesa criou o cargo de governador-geral em 1548. O objetivo da medida era centralizar a defesa do território e a administração da colônia.  Para sede do Governo-Geral foi escolhida a capitania da Bahia de Todos os Santos, comprada ao donatário. O primeiro governador-geral a ser nomeado foi Tomé de Sousa. Em 1549, para instalar seu governo, Tomé de Sousa fundou Salvador, que se transformou na primeira cidade da colônia.

As Câmaras Municipais 

Com o surgimento das primeiras vilas e cidades, organizou-se a administração municipal, que foi entregue às Câmaras Municipais, compostas de três ou quatro vereadores. Estes eram escolhidos pelos homens bons, como eram chamados os proprietários de terras, a elite do lugar. Um juiz, eleito da mesma forma, presidia a Câmara.

Você quer saber mais?

ARRUDA, José Jobson de A; PILETTI, Nelson. Toda a História: História Geral e História do Brasil-9º edição. São Paulo: Ed. Ática, 1999.

AZEVEDO, Gislane Campos; SERIACOPI, Reinaldo. História: Volume Único. São Paulo: Ed. Ática, 2011. 

VAINFAS, Ronaldo; FERREIRA, Jorge; FARIA, Sheila de Castro; CALAINHO, Daniela Buono. História.doc. São Paulo: Ed.Saraiva, 2015.

JÚNIOR, Alfredo Boulos. Coleção História: Sociedade & Cidadania. São Paulo: FTD, 2004.

COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral-8º edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2005.

COTRIM, Gilberto; RODRIGUES, Jaime. Historiar- 2º ediçaõ. São Paulo: Editora Saraiva,  2015.

VICENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. História para Ensino Médio: História Geral e do Brasil. São Paulo: Editora Scipione, 2005.

REZZUTTI, Paulo. D.Pedro I:  A história não contada. O homem revelado por cartas e documentos inéditos. São Paulo: Leya, 2020.




O massacre de povos pelos nazistas na Segunda Guerra Mundial

 “Entre 20 e 26 milhões de soviéticos morreram durante a Segunda Guerra Mundial, 13,5 milhões de chineses e 6 milhões de judeus. Foram os povos que mais perderam vidas durante o conflito, e nenhuma dessas vidas é mais valiosa que a outra.”

Apesar de ainda haver discussão sobre o uso e abrangência do termo "Holocausto", o genocídio nazista contra os judeus foi parte de um conjunto mais amplo de atos de opressão e de assassinatos em massa agregados cometidos pelo governo nazista contra vários grupos étnicos, políticos e sociais na Europa. Entre as principais vítimas não judias do genocídio estão ciganos, eslavos (tchecos, os russos e bielo-russos, os polacos, os croatas, os búlgaros, os ucranianos, os macedônios, os eslovenos e eslovacos, e os lusácios), comunistas, homossexuais, prisioneiros de guerra soviéticos, Testemunhas de Jeová e deficientes físicos e mentais. Segundo estimativas recentes baseadas em números obtidos desde a queda da União Soviética em 1991, um total de cerca de onze milhões de civis (principalmente eslavos) e prisioneiros de guerra foram intencionalmente mortos pelo regime nazista.

Com as derrotas se acumulando, era previsível que Hitler se concentrasse nas frentes militares, talvez abandonando certas características do regime, como a perseguição aos Judeus, ciganos é homossexuais. Mas o Führer tinha muito pouco de previsível. A derrota à vista acentuou as perseguições, afinal, os seres inferiores não eram à “doença” que contaminava o “corpo mo” da Alemanha? Os nazistas tornavam se prisioneiros dos preconceitos que haviam ajudado o movimento a chegar ao poder.

A partir de 1942, numa conferência realizada em Wansee, na periferia de Berlim, os nazistas adotaram a “solução final”, uma diretriz de massacre “científico”, principalmente dos judeus, Já funcionavam, na Alemanha e em outros países, campos de concentração nazistas, onde inimigos políticos, judeus e doentes mentais eram mantidos, e muitos, mortos. Passou-se então à construção de campos de extermínio. Para lá deveriam ser levados prisioneiros eslavos, ciganos, religiosos, pacifistas e, principalmente, judeus.

Viviam na Europa cerca de 8 milhões de judeus. A maior comunidade na área ocupada 3 milhões de pessoas estava na Polônia, seguida pela Romênia (800 mil) e pela Hungria (400 mil). Por isso, a maioria dos campos de extermínio, como Auschwitz-Birkenau, Treblinka e Sobibor, foi construída na Polônia. 

Para os campos de concentração eram deportados prisioneiros de toda a Europa ocupada pelos alemães. Os deportados imaginavam que apenas trabalhariam para os nazistas. De fato, os que podiam trabalhar, enquanto pudessem, eram empregados como mão-de-obra escrava, Várias empresas alemãs, como Bayer, BMW e Telefunken, ganharam muito dinheiro com o trabalho escravo dos prisioneiros.

Logo na entrada dos campos, médicos separavam as pessoas em duas filas, velhos, doentes e crianças iam imediatamente para a morte nas câmaras de gás. Os Corpos seguiam para fornos crematórios. Um desses médicos, Josef Mengele, morreu em 1986 no Brasil, onde morou escondido por muitos anos. Quase sempre às vítimas não sabiam de nada, porque as placas nas câmaras de gás indicavam “chuveiros” e “desinfecção”. O oficial nazista K. Pritzsch apresentou assim o campo de Auschwitz à um grupo de prisioneiros:

“Eu lhes digo que vocês não estão num hospital e sim num campo alemão, do qual não há outra saída senão a chaminé. Se isso não agradar a algum de vocês, pode imediatamente atirar-se à cerca eletrificada. Se há judeus nesse comboio, eles não têm o direito de viver mais que 15 dias. Se houver padres, eles podem viver um mês, e todos os outros, três meses.“

No auge de sua “produção”, Auschwitz-Birkenau exterminava seis mil pessoas por dia nas câmaras de gás ou apenas pela fome. Centenas de prisioneiros também foram utilizados em horrorosas “experiências” com novos remédios. O laboratório Bayer enviou certa vez ao comando de Auschwitz a seguinte carta: 

“Solicitamos que seja posto à disposição um certo número de mulheres, para testes que pretendemos realizar com um novo narcótico. Não oferecemos mais que 170 marcos por cabeça. Depois que as experiências forem feitas, todas as pessoas serão mortas.”

Eram retirados das vitimas todos os valores, dentes de ouro, óculos e malas. Até os cabelos eram usados na fabricação de sacos. Quando a guerra acabou, descobriu-se que cerca de 6 milhões de judeus, pelo menos 300 mil ciganos, multidões de prisioneiros soviéticos, comunistas, socialdemocratas e pacifistas religiosos haviam sido exterminados. 

Embora os judeus fossem seus alvos principais, os nazistas e seus colaboradores também perseguiram outros grupos por razões raciais ou ideológicas. Entre as primeiras vítimas da discriminação nazista na Alemanha estavam os oponentes políticos, principalmente os comunistas, os socialistas, os social-democratas e os líderes sindicais. Os nazistas também perseguiram autores e artistas cujas obras consideravam subversivas, ou apenas por serem judeus, sujeitando-os a prisões, restrições econômicas e outras formas de discriminação. Os nazistas perseguiram os ciganos por razões raciais, e membros daquele grupo estiveram entre as primeiras vítimas a serem mortas em caminhões de gás móveis no centro de extermínio de Chelmno, na Polônia. Os nazistas também deportaram mais de 20.000 ciganos para o campo de Auschwitz-Birkenau, onde a maioria deles foi assassinada nas câmaras de gás. Os nazistas viam os poloneses e outros povos eslavos como inferiores. Os poloneses que fossem considerados ideologicamente perigosos (tais como intelectuais e padres católicos) foram mortos [os nazistas decidiram que os demais eslavos seriam escravos da "raça superior"]. Entre 1939 e 1945, pelo menos 1.5 milhão de cidadãos poloneses foram deportados para o território alemão para executar trabalho escravo. Centenas de milhares também foram presos em campos de concentração nazistas. Estima-se que os alemães assassinaram pelo menos 1.9 milhão de civis poloneses (cristãos) durante a Segunda Guerra Mundial.

Durante o outono e primavera europeus de 1941 e 1942, na União Soviética ocupada, as autoridades alemãs conduziram sua política racista de assassinato em massa contra prisioneiros de guerra soviéticos. Os judeus, as pessoas com "traços asiáticos" e os principais líderes políticos e militares eram imediatamente separados e abatidos a tiros. Outras três milhões de pessoas foram aprisionadas propositadamente em campos provisórios ao relento, sem alimentação ou medicamentos adequados, para que morressem à míngua. Na Alemanha, os nazistas prenderam líderes das igrejas cristãs que se opuseram ao nazismo, bem como milhares de Testemunhas de Jeová que se recusavam a saudar Adolf Hitler ou a servir no exército alemão. O "Programa de Eutanásia" nazista assassinou cerca de 200.000 pessoas com deficiências físicas ou mentais. Os nazistas também perseguiram os homossexuais do sexo masculino, cujo comportamento era considerado um obstáculo para a preservação da [pureza da] nação germânica.

Os ciganos, também conhecidos como Romanis, estavam entre os grupos perseguidos pelo regime nazista por motivos raciais. Os ciganos foram submetidos à internações forçadas, deportações e trabalho escravo, além de serem enviados para os campos de extermínio. As Einsatzgruppen, Unidades Móveis de Extermínio, também assassinaram dezenas de milhares de romanis nas áreas do leste europeu ocupadas pelos alemães. O destino dos ciganos foi o mesmo dos judeus. É difícil determinar o número de ciganos mortos durante o Holocausto. Estima-se que um milhão de ciganos viviam na Europa antes da Guerra, e que entre 200.000 e 500.000 deles foram mortos pelos alemães.

Na terminologia nazista, "eutanásia" referia-se ao extermínio sistemático dos alemães que os nazistas consideravam "sem direito à vida" devido a supostas doenças genéticas e/ou defeitos físicos ou mentais. No outono de 1939, foram criadas instalações para iniciar o processo de eliminação em massa daquelas pessoas utilizando o método de envenenamento por gás. Os prédios para tal ação estavam localizados em Bernburg, Brandenburg, Grafeneck, Hadamar, Hartheim e Sonnenstein. Os pacientes eram selecionados pelos médicos [que deveriam tratá-los] e transferidos das clínicas onde estavam internados para uma daquelas instalações centralizadas de assassinato. Depois que a indignação pública forçou o fim daquelas matanças, os médicos passaram a aplicar injeções letais em pessoas selecionados para "eutanásia" em clínicas e hospitais espalhados por toda a Alemanha. Desta forma, o programa de "eutanásia" continuou a funcionar e a expandir-se até o final da Guerra.

Você quer saber mais?

ARRUDA, José Jobson de A; PILETTI, Nelson. Toda História- História geral e História do Brasil. São Paulo: Editora Ática, 1999.

Adaptado de: Jayme Brener. A Segunda Guerra Mundial, O planeta em chamas. São Paulo, Ática, 1998. p. 43-4.

Enciclopédia do Holocausto


domingo, 28 de julho de 2024

Grécia: período Pré-homérico e Arcaico

Nas proximidades do monte Olimpo, na região próxima ao mar Mediterrâneo, por volta de quarenta séculos atrás, começou a se formar a Grécia, berço das sociedades européias contemporâneas. A região, na época chamada Hélade, passou a abrigar diversas cidades independentes, como Atenas, Esparta, Delos e Corinto. O relevo, extremamente acidentado, seria fator decisivo para que não constituíssem um Estado unificado. Mesmo assim, costumes comuns, como idioma e religião, deram ao conjunto das cidades uma única identidade cultural. Com base no espaço geográfico, a Hélade pôde ser dividida em três partes distintas: a continental, formada por montanhas e planícies férteis isoladas; a peninsular, com litoral recortado por golfos e baías que facilitavam a navegação; e a insular, com numerosas ilhas que permitiam navegar com terra sempre à vista — característica importante numa época de técnica naval precária. As características físicas dificultavam a ocupação de grande parte do território — apenas 20% de sua área era propícia à atividade humana. Poucas chuvas e a ausência de grandes rios, por sua vez, dificultavam a prática da agricultura. A navegação costeira era a única atividade facilitada pelas condições geográficas.

Nenhuma dessas circunstâncias, no entanto, acabou se transformando em obstáculo para o desenvolvimento de uma cultura extremamente significativa, tanto para o mundo antigo quanto para as sociedades contemporâneas. Para dimensionar essa importância, basta lembrar que na Grécia Antiga surgiram a filosofia, a democracia, os jogos olímpicos, além de conhecimentos fundamentais para o desenvolvimento da matemática, da justiça e das ciências da cura. A Grécia Antiga é o tema desta Unidade. Sua história estende-se do século XX ao século IV a.C. E, normalmente, é dividida em quatro períodos: 

    • Pré-Homérico (séculos XX-XII a.C.);

    • Homérico (séculos XII-VIII a.C.);

    • Arcaico (séculos VIII-VI a.C.);

    • Clássico (séculos V-IV a.C.). 

A partir da segunda metade do século IV a.C., as cidades gregas foram conquistadas pela Macedônia. Esse período é conhecido como helenístico. A ele se sucederiam as conquistas romanas, que desagregariam definitivamente a sociedade grega.


O mundo grego

Os primeiros habitantes da Grécia foram os pelágios ou pelasgos. À origem desse povo é pouco conhecida, mas deve estar relacionada às culturas nativas da própria região mediterrânea. Por volta de 2000 a.C., grupos de arianos de origem indo-europeia começaram a se fixar na região. A princípio, estabeleceram relações pacíficas com os pelágios, até a chegada dos dórios. Os dórios eram um povo guerreiro e deram início a um novo período da história grega, no qual passaram a predominar os genos! O período de formação do povo grego é conhecido como Pré-Homérico; o que se inicia com a invasão dórica denomina-se Homérico. A desagregação dos genos, a partir do século VIll a.C., inaugura o período Arcaico, de consolidação das pólis. 


Período Pré-Homérico: “as invasões arianas

O primeiro grupo de arianos a ocupar a Hélade, por volta de 2000 a.C, foi o dos aqueus. Os aqueus eram nômades e se deslocavam em busca de melhores pastagens para seus rebanhos. Quando chegaram à Grécia, ocuparam as terras mais férteis e assimilaram os grupos nativos. A sedentarização provocou a formação dos primeiros núcleos urbanos na Hélade, como Tirinto, Argos e Micenas. Com o tempo, Micenas transformou-se no principal centro político, econômico e cultural dos aqueus. 

Por volta de 1700 a.C., outros dois povos arianos chegaram à Grécia: os jônios e os eólios. Pacíficos, acabaram integrados às sociedades locais sem conflito. Nessa mesma época, a cidade de Micenas mantinha intenso intercâmbio com Creta, dando origem à cultura creto-micênica. O contato com os cretenses, que dominavam todo o mar Egeu, possibilitou aos aqueus o desenvolvimento de novas técnicas agrícolas e navais. Por fim, acabaram superando seus mestres: por volta de 1400 a.C., conquistaram Cnossos e destruíram parte da sociedade cretense.

A conquista permitiu aos aqueus expandirem suas atividades comerciais e de pirataria por todo o Mediterrâneo oriental. Por volta de 1150 a.C., dominaram a cidade de Tróia, na estratégica passagem entre o mar Egeu e o mar de Mármara. Com isso, Micenas passou a controlar o tráfico marítimo na região, ampliando ainda mais suas atividades na Ásia Menor. Enquanto a sociedade micênica se expandia pela Ásia, chegavam à Hélade os dórios, último grupo de arianos a ocupar a região. Nômades, aguerridos e conhecedores de armas de ferro, os dórios arrasaram as cidades da Hélade e provocaram a dispersão da população local em direção ao interior do continente, à Ásia Menor e a outras regiões do Mediterrâneo. O fato acabou favorecendo a formação de inúmeras colônias gregas. Esse processo de dispersão e colonização ficou conhecido como Primeira Diáspora Grega. A chegada dos dórios marca o início de outro período da história da Grécia Antiga, o Homérico, que se estendeu até o século VIII a.C. No decorrer desse período, a vida urbana na Hélade diminuiu, dando lugar a pequenas comunidades formadas por grandes famílias: os genos. Esse período recebe o nome de Homérico porque as fontes para seu estudo são duas obras atribuídas ao poeta Homero: a Ilíada, que narra a tomada de Tróia, e a Odisséia, que conta o retorno de Ulisses ao reino de Ítaca.

Com a diminuição da vida urbana, desapareceram - em grande parte os traços culturais mantidos até então pelos povos da Hélade. A escrita, por exemplo, deixou de existir. Três séculos depois, surgiria uma nova forma de registro escrito, baseado no alfabeto fenício. Só então os versos cantados por Homero ganhariam forma definitiva.


Período Homérico: os genos

A base social da Grécia após o século XII a.C. passou a ser O genos, ou seja, a reunião em um mesmo lar de todos os descendentes de um único antepassado, normalmente um herói ou semideus. O genos, muitas vezes constituído por centenas de pessoas, era comandado por um único chefe. O poder era transmitido do pai para o filho mais velho. Mantinha-se um culto aos antepassados e uma justiça própria, baseada nos costumes. Cada membro, chamado de gens, dependia da unidade familiar, e o grupo, como um todo, gozava de grande autonomia política. Essa autonomia política era sustentada por uma certa independência econômica. Nessa época, a economia grega se resumia à arte de administrar os bens da casa. A família era auto-suficiente, espécie de organização fechada que pouco necessitava de contatos exteriores. À propriedade dos bens de produção era centralizada na figura do chefe do genos. O trabalho era coletivo; quem se recusasse a trabalhar era expulso da família. Todas as tarefas eram, por isso, valorizadas e nenhuma considerada humilhante. A produção era distribuída igualitariamente, o que impedia a diferenciação econômica dos membros do genos. Só se recorria ao trabalho de escravos ou de artesãos em casos excepcionais: quando a família era pouco numerosa ou não dominava determinada técnica de produção.

A economia do genos era basicamente agropastoril. Família rica era família com terra fértil, pois garantia o sustento cotidiano e ainda conseguia armazenar produtos para tempos difíceis. O excedente possibilitava ainda contratar artesãos, comprar escravos e mercadorias de Valor, que eram acrescidas ao tesouro da família. Uma forma de aumentar as riquezas era dedicar-se às guerras, à pirataria e aos saques. Geralmente, eram os mais jovens que se dedicavam a essas atividades. Apesar de uma distribuição igualitária dos bens produzidos, a organização social do genos perpetuava certa diferenciação, determinada pelo grau de parentesco com o chefe do genos: quanto mais distante o grau de parentesco, menor a importância social. No plano político, o poder do chefe do genos estava fundamentado no monopólio de fórmulas secretas, que permitiam contato com os ancestrais e os deuses protetores da família. 


Transformações nos genos

Com o tempo, 0 genos começou a encontrar dificuldades para manter sua organização econômica e social. Por causa de técnicas rudimentares, a produção passou a crescer em ritmo menor que o da população. A utilização de terras menos férteis, a especialização das áreas de produção, o uso de mão-de-obra suplementar e a busca de produtos específicos foram alternativas para o problema, mas não conseguiram evitar por muito tempo a diminuição da renda familiar e q surgimento de manifestações de descontentamento. 

Outro problema que surgiu foi a tendência do genos em dividir-se em núcleos menores. Ao romper os laços familiares, o genos tornava-se mais frágil. A divisão acontecia em virtude da pressão dos parentes mais distantes por melhores condições de vida e também do descontentamento de alguns com a rotina do genos.  Essas condições somadas levaram à desagregação do genos. Nesse processo, os parentes mais próximos do chefe do genos foram beneficiados e os mais afastados acabaram preteridos. Primeiro foram desmembrados os bens móveis, como gado, escravos, metais, vasos e armas. Depois, o local de moradia: a casa, antes espaçosa para abrigar toda a família, começou a dar lugar a habitações menores. Por fim, começou a ser dividido o bem principal: a terra. A passagem para uma nova organização esbarrava, no entanto, em alguns limites. Em certas regiões, a terra não podia ser dividida ou repassada para quem não tivesse pertencido ao antigo genos; em diversas propriedades, os membros do genos preservavam o sistema de rodízio da terra.


As consequências das mudanças

A desintegração do genos teve consequências radicais. Aumentaram, por exemplo, as diferenças sociais. Surgiram grandes proprietários de terras férteis ao lado de pequenos proprietários de terras pouco férteis; e formou-se um grande grupo de indivíduos que perderam a propriedade ou tinham lotes insignificantes, por causa de sucessivas divisões por motivo de herança. O grupo dos que pouco ou nada possuíam formou uma camada marginal, errante, que vivia de míseros salários e esmolas. A melhor alternativa era dedicar-se a outras atividades que não a agrícola, como a artesanal, o comércio e a pirataria.

No plano político, a desintegração do genos fez o poder do chefe diluir-se entre os parentes mais próximos, os eupátridas (filhos do pai ou os bem-nascidos). Essa elite passou à monopolizar os equipamentos de guerra, a justiça, a religião, enfim, todos os instrumentos de poder. Consolidava-se assim a aristocracia grega, cujo poder seria sustentado pela posse da terra, principal fonte de riqueza daquela época.


Período Arcaico: surge a pólis

Os genos, conforme suas afinidades culturais, agrupavam-se em irmandades denominadas fratrias. O objetivo principal das fratrias era aumentar a segurança das famílias. As fratrias, por sua vez, agrupavam-se em tribos. Enquanto o poder esteve centralizado nos genos, nas fratrias ou nas tribos, as cidades gregas não passaram de associações políticas temporárias. A desagregação da estrutura tradicional e a diluição do poder entre os eupátridas provocaram o surgimento de instâncias de poder superiores às dos antigos organismos — surgia a pólis ou cidade-estado, organização típica da Grécia Antiga. Com a centralização do poder nos organismos administrativos da pólis, as cidades passaram a ser O centro da sociedade grega, lugar para onde a população confluía e reforçava seus laços de identidade. Ao mesmo tempo que as pólis se consolidavam, ocorria a passagem da economia gentílica para a urbana. No começo, as atividades estavam ainda impregnadas de características da antiga estrutura gentílica, mas já traziam embriões da poderosa economia grega dos séculos seguintes.


Segunda Diáspora Grega

Por volta de 750 a.C., os gregos começaram a estender seus domínios por diversas regiões do Mediterrâneo. Essa expansão territorial se prolongou por quase dois séculos e ficou conhecida como Segunda Diáspora Grega. Os fenômenos sociais que a provocaram estão também relacionados ao processo de transformação social e econômica dos genos. Com a desintegração das grandes famílias, os parentes mais novos ou desfavorecidos começaram a deixar o lugar de nascimento para ocupar novas áreas, ou mesmo tentar a conquista de poder em sociedades distantes da Hélade.  Com o crescimento da população, a expansão passou a ser uma importante alternativa, pois aliviava a pressão demográfica. Em terras distantes, os gregos podiam produzir gêneros alimentícios que faltavam nas comunidades da Hélade; assim como consumir os excedentes produzidos — vinho e azeite, por exemplo. O progresso técnico foi importante para a conquista de novas terras. Nessa época, ocorreram melhorias consideráveis nas condições de navegação, como o aperfeiçoamento dos barcos e o uso da âncora. No final do século VIII a.C. foi desenvolvido o trirreme, embarcação com capacidade para duzentos homens. Ao mesmo tempo, a travessia dos mares ficou facilitada pelo declínio do poderio fenício na Ásia. 


As áreas colonizadas

O primeiro movimento de expansão das cidades gregas aconteceu em direção ao Oriente. A Trácia, ao norte do mar Egeu, foi uma das primeiras áreas a ser ocupada, por causa de seus campos com cereais e vinhas e de suas montanhas com florestas e minas de ouro e prata. Em seguida, a colonização estendeu-se à rota dos estreitos que conduzem ao mar Negro. Abidos, no atual estreito de Dardanelos, e Bizâncio, hoje Istambul, logo se tornaram cidades mercantis.

A colonização do mar Negro representou para os gregos uma nova experiência. Habituados aos limites do mar Egeu, viram-se na grande aventura de ocupar uma região sem ilhas e açoitada por violentas tempestades. Logo surgiram na região diversas colônias, como Odessa, Tânais e Quersoneso. Elas protegiam a rota do Oriente e enviavam às cidades da Hélade cereais, madeira, peixes, frutas, etc. A expansão para o sul do Mediterrâneo, por sua vez, foi dificultada pela existência de impérios poderosos. Mesmo assim, os gregos estabeleceram-se na ilha de Chipre e fundaram no delta do rio Nilo, no Egito, a cidade de Náucratis, com o consentimento dos faraós. A oeste do Egito, surgiu Cirene. Em direção ao Ocidente, a partir de 750 a.C,, os gregos fundaram diversas cidades na península Itálica. Essa área de colonização ficou conhecida como Magna Grécia; e seus núcleos mais importantes foram Síbaris, Crotona e Tarento, no golfo de Tarento; Messina e Siracusa, na Sicília; Possidônia, Nápoles e Cumas, na costa do mar Tirreno.

Pouco mais a oeste, os gregos ocuparam o sul da Gália, onde fundaram Marselha, Nice, Antibes e Mônaco. A colonização da península Ibérica foi dificultada pela presença dos fenícios em Cartago. A expansão grega foi iniciativa de grupos sociais insatisfeitos com as condições de vida nas comunidades gregas. No início, o planejamento era mínimo e as ocupações realizavam-se quase que ao acaso. Com o tempo, entretanto, as pólis passaram a se interessar por essas ações; e a expansão tornou-se um empreendimento do Estado, com regulamentação específica. Os colonos partiam então sob o comando de um chefe, o oikiste, acompanhado de sacerdotes e adivinhos. As áreas escolhidas deviam ser favoráveis à navegação e à defesa, como baías profundas e penínsulas recortadas. Para se fixar, os colonizadores muitas vezes tinham de enfrentar habitantes nativos. Nesses casos, a prática dos gregos variou conforme o poderio de suas expedições, a resistência e o grau de desenvolvimento das populações locais. Quase sempre, quer pelo emprego da força quer por sua persuasão, os colonizadores gregos conseguiam se estabelecer.

A colonização era iniciada pela ocupação da área costeira. Ao desembarcar, os gregos realizavam um ritual religioso e delimitavam a área de ocupação; a terra era dividida em lotes e distribuída entre os participantes da expedição. Cumprida essa etapa, iniciava-se a ocupação do interior. Com as pólis de origem, os colonos gregos mantinham mais laços culturais do que políticos. Os vínculos eram completados pelo intercâmbio econômico. As áreas de colonização mantinham perfil agrário, mas em alguns locais desenvolveram-se atividades artesanais e comerciais, que tornaram mais dinâmica a economia grega.

Você quer saber mais?

ARRUDA, José Jobson de A; PILETTI, Nelson. Toda a História: História Geral e História do Brasil-9º edição. São Paulo: Ed. Ática, 1999.

AZEVEDO, Gislane Campos; SERIACOPI, Reinaldo. História: Volume Único. São Paulo: Ed. Ática, 2011. 

VAINFAS, Ronaldo; FERREIRA, Jorge; FARIA, Sheila de Castro; CALAINHO, Daniela Buono. História.doc. São Paulo: Ed.Saraiva, 2015.

JÚNIOR, Alfredo Boulos. Coleção História: Sociedade & Cidadania. São Paulo: FTD, 2004.

COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral-8º edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2005, pg.71.

COTRIM, Gilberto; RODRIGUES, Jaime. Historiar- 2º ediçaõ. São Paulo: Editora Saraiva,  2015, pg.206-209.

VICENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. História para Ensino Médio: História Geral e do Brasil. São Paulo: Editora Scipione, 2005.
REZZUTTI, Paulo. D.Pedro I:  A história não contada. O homem revelado por cartas e documentos inéditos. São Paulo: Leya, 2020.



Primeiro Reinado

A proclamação da independência

As medidas de D. Pedro desagradaram as Cortes portuguesas, que reagiram reduzindo a autoridade do príncipe regente. Informado do fato, no dia 7 de setembro de 1822, em passagem por São Paulo , D. Pedro formalizou a independência do Brasil. O príncipe recebeu o apoio das camadas médias urbanas e da aristocracia rural, que pretendiam garantir privilégios e manter as camadas populares longe do processo de independência. Em outubro,ele foi aclamado imperador do Brasil, tornando-se D. Pedro I. 

A independência, contudo, não foi imediatamente aceita em todas as regiões do Brasil. Nas províncias do Maranhão, Grão-Pará, Piauí e Pernambuco, em parte da Bahia e na Província Cisplatina, havia uma grande concentração de militares, grandes comerciantes e altos funcionários portugueses, que se recusaram a aceitar a ruptura com Portugal e decidiram resistir. 

No Piauí, por exemplo, ocorreu a Batalha do Jenipapo. Em um único dia, 13 de março de 1823, às margens do Rio Jenipapo, onde hoje se situa o município de Campo Maior, a população sertaneja piauiense, armada com instrumentos agrícolas, enfrentou as forças portuguesas, que se enfraqueceram e se retiraram da região após os sertanejos invadirem o acampamento militar português e se apoderarem de armas, munições, dinheiro e bagagens. Para lutar contra os aliados das Cortes, as tropas do Brasil também tiveram de intervir. Além disso, D. Pedro I contou com a colaboração de mercenários britânicos, que foram contratados para combater as províncias rebeldes, como foi o caso da Bahia. Somente um ano após a independência, a unidade territorial do Brasil foi concluída. O primeiro país a reconhecer a independência do Estado brasileiro foram os Estados Unidos, seguidos da Grã-Bretanha. Portugal só reconheceu a emancipação do Brasil em 1825, em troca de uma indenização no valor de 2 milhões de libras esterlinas.

A organização do Estado brasileiro

Como você deve saber, a atual organização do Estado brasileiro foi definida pela Constituição Federal, promulgada em 5 de outubro de 1988. De acordo com ela, o Brasil é uma república federativa presidencialista formada por estados, municípios e um Distrito Federal.

 O Estado brasileiro está organizado em três poderes: o Executivo, Legislativo e o Judiciário. O Poder Executivo é exercido pelo presidente da república, que é, ao mesmo tempo, chefe de governo e chefe de Estado, o Poder Legislativo é representado pela Câmara dos Deputados e pelo Senado, que formam o Congresso Nacional. O Poder Judiciário é exercido por tribunais e por outros órgãos da justiça, como o Supremo Tribunal Federal (STF). 

O Estado brasileiro, porém, nem sempre teve essa organização. Além disso, comparado à França e ao Reino Unido, por exemplo, o Brasil é um Estado nacional criado muito recentemente. Isso porque, antes de 1822. Não existia um Estado brasileiro, mas sim um território português em terras americanas, regido pelas instituições de Portugal. 

A declaração de independência instituiu um novo Estado que precisava de um governo organizado, da criação de símbolos nacionais (bandeira, hino, brasão, selo nacional), do desenvolvimento de um sistema administrativo e tributário, de um conjunto de leis etc. Assim, a principal tarefa das lideranças políticas do Brasil após a independência era criar instituições para o seu funcionamento. 

Dessa forma, em 1823 ocorreram eleições para a Assembléia Constituinte, que deveria elaborar a primeira Constituição do Brasil. As eleições, por meio do voto censitário e indireto, deram a vitória a 88 constituintes, entre eles padres, advogados, proprietários de terras, militares e comerciantes. 

Os interesses políticos em jogo

As discussões entre os deputados constituintes foram marcadas por divergências políticas entre dois principais grupos: o dos partidários e o dos adversários do imperador. Os partidários de D. Pedro I defendiam a implantação de uma monarquia forte, com o poder centralizado no imperador. Já deputados adversários propunham a limitação da autoridade do imperador pelo Parlamento, proposta que recebeu o apoio de alguns poucos republicanos. Em setembro de 1823, ficou pronto o projeto da Constituição, que tinha um conteúdo liberal e impedia o imperador de dissolver a Câmara dos Deputados. Descontente com a redução de seus poderes e preocupado com as pressões liberais que vinham das ruas e dos jornais, em novembro do mesmo ano D. Pedro I ordenou o cerco da assembléia pela tropa imperial e decretou a dissolução da Constituinte, o que gerou uma disputa entre ele e a elite que o apoiou no processo de independência. Esse acontecimento ficou conhecido como Noite da Agonia. 

A Constituição de 1824

Dissolvida a Constituinte, D. Pedro I reuniu um Conselho de Estado para redigir a primeira Constituição do Brasil, outorgada em março de 1824. A primeira Carta Magna brasileira conciliava os interesses das elites com o autoritarismo do imperador, como é possível observar abaixo. 

    • Sistema e forma de governo: Estabeleceu a monarquia como forma de governo e criou quatro poderes: Executivo, Legislativo, Judicial e Moderador. Este último, exclusivo do imperador, permitia nomear senadores e dissolver a Câmara dos Deputados. 

    • Eleições: Determinou a eleição dos deputados e senadores pelo voto indireto, censitário e permitido apenas aos homens livres maiores de 25 anos de idade. 

    • Educação e religião: Estabeleceu o ensino primário gratuito a todos os cidadãos e definiu o catolicismo como religião oficial do Estado.  

    • Direitos e garantias individuais: Estabeleceu a tolerância religiosa, a liberdade de expressão, a proteção à propriedade e a igualdade dos cidadãos perante a lei. 

A Constituição ainda baniu os crimes mais cruéis, bem como dividiu território em Províncias, ainda administradas por  presidentes nomeados pelo imperador que não tinham um tempo fixo de mandato, podendo ser afastados ou pedir afastamento a qualquer momento.

Você quer saber mais?

ARRUDA, José Jobson de A; PILETTI, Nelson. Toda a História: História Geral e História do Brasil-9º edição. São Paulo: Ed. Ática, 1999.

AZEVEDO, Gislane Campos; SERIACOPI, Reinaldo. História: Volume Único. São Paulo: Ed. Ática, 2011. 

VAINFAS, Ronaldo; FERREIRA, Jorge; FARIA, Sheila de Castro; CALAINHO, Daniela Buono. História.doc. São Paulo: Ed.Saraiva, 2015.

JÚNIOR, Alfredo Boulos. Coleção História: Sociedade & Cidadania. São Paulo: FTD, 2004.

COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral-8º edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2005, pg.71.

COTRIM, Gilberto; RODRIGUES, Jaime. Historiar- 2º ediçaõ. São Paulo: Editora Saraiva,  2015, pg.206-209.

VICENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. História para Ensino Médio: História Geral e do Brasil. São Paulo: Editora Scipione, 2005.

REZZUTTI, Paulo. D.Pedro I:  A história não contada. O homem revelado por cartas e documentos inéditos. São Paulo: Leya, 2020.