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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

Impérios perdidos das Américas

 


Tente mover o mundo – o primeiro passo será mover a si mesmo.” Platão

    Os primeiros europeus a contemplar a vasta cidade de Tenochtitlán (Asteca- na América Central), menos de um século depois que ela se tornara o centro do estado mais poderoso da América Central ficaram extasiados com sua beleza. Um deles, o conquistador Bernal Diaz, escreveu que “estes grandes burgos e pirâmides e edifícios que se erguiam da água, todos feitos de pedra, pareciam uma visão encantada. Era tudo tão maravilhoso que eu não sei como descrever essa primeira visão de coisas nunca ouvidas, vistas ou sonhadas antes”. Diaz estava escrevendo sobre a capital de um dos dois grandes impérios do Novo Mundo que, sem qualquer contato direto ou conhecimento um do outro, chegaram a ser dominantes em suas regiões no decurso do século XV. Ambos os impérios — um onde é agora o México, o outro, estendendo-se pela orla ocidental da América do Sul (civilização Maia) — possuíam estruturas sociais complexas e construíram imensas cidades. Suas artes e ofícios atingiram altos níveis de sofisticação, embora desconhecessem veículos com rodas e os trabalhos em ferro e a única escrita que usassem fosse a pictográfica — linda de se olhar, mas complicada para transmitir informações. As duas sociedades demonstravam cuidado e engenhosidade no provimento da subsistência de seus cidadãos, ao mesmo tempo que praticavam o sacrifício humano — uma delas numa escala única nos anais históricos.

    Esses mundos alternativos, às vezes com traços estranhamente parecidos aos das culturas eurasianas, às vezes surpreendentemente originais, foram os impérios dos astecas e dos incas. Ambos atingiram a proeminência no decorrer do século anterior, mas seriam destruídos poucas décadas depois de 1500, após a chegada dos conquistadores espanhóis. A história dos astecas — os construtores de Tenochtitlán — iniciara-se pouco mais de duzentos anos antes da conquista espanhola, quando tinham chegado ao fértil vale do México como um bando empobrecido de bárbaros, vestidos com roupas grosseiras de sisal e carregando com devoção a imagem de seu deus tribal, Huitzilopochtli. Haviam sido forçados a abandonar sua antiga terra natal a noroeste, possivelmente em consequência de mudanças climáticas que haviam transformado seus campos em desertos. Outras tribos da mesma região derrotaram os astecas na competição pelas boas terras agrícolas da bacia do México e, entre 1220 e 1260, fundaram cidades-estados nas proximidades do lago Texcoco. Essas tribos rivais preencheram o vácuo deixado pelo colapso do antigo império tolteca e logo dominaram os refugiados remanescentes daquela civilização pelo poder militar. Um punhado de cidades-estados toltecas que ainda existiam, tais como Xico e Colhuacán, tinham conseguido se manter, impressionando os imigrantes com sua cultura e tradições. Seus orgulhosos senhores adaptaram-se às novas circunstâncias, permitindo o casamento de suas filhas com os chefes que estavam chegando.

    Aos poucos, estabeleceu-se um modus vivendi. Quando apareceram pela primeira vez, os astecas foram considerados pelos outros ocupantes da bacia como grosseiros que mantinham costumes tão primitivos, que acabavam por prestar serviço aos reis toltecas de Colhuacán, primeiro como servos, depois como soldados mercenários. Os astecas tinham assimilado a crença local na superioridade cultural tolteca, mas o desejo de imitar seus suseranos não os impediu de manter seus próprios rituais. Mas após uma desavença devido aos seus rituais religiosos e terem ultrajado seus benfeitores, os astecas tiveram que fugir, instalando-se numa pequena, remota e isolada ilha cercada de brejos, no oeste do lago Texcoco. De acordo com a lenda, ali encontraram um uma águia sentada em um cacto, com uma serpente no bico, um sinal que fora previsto há muito tempo por seus sacerdotes, indicando o sítio de sua futura capital. Chamando o povoamento de Tenochlitlán, de Tenoch, nome do líder que os guiará até o vale do México, essa se tornaria a capital do futuro Império Asteca.

Quanto mais você lê, mais fáceis de entender se tornam os textos. Aplique-se a leitura, independente da profissão que escolher para seu futuro. Pois a leitura lhe fará um profissional melhor a cada dia.” Leandro Pedroso, professor de História



História de Gravataí



Os primeiros sesmeiros

    Os primeiros sesmeiros (agricultores que recebiam doações de terras da coroa portuguesa com o obejtivo de cultivá-las) que se radicaram nesta região, estabeleceram-se, onde hoje fica Viamão, Cosme da Silveira e Ávila e Antônio de Sousa Fernandes, sendo que os demais, em campos de Capivari. O historiador Gen. Borges Fortes cita o nome de Sousa Fernandes, referindo-se aos primeiros povos de Gravataí. A sesmaria de Francisco Pinto Bandeira circundava o Morro de Sapucaia, e a de Sousa Fernandes estava localizada nos campos entre este cerro e o de Itacolomi. Posteriormente apareceram outros sesmeiros em 1738 a 1797, 1756 a sesmaria da “Figueira” foi comprada por Domingos Gomes Ribeiro, essa sesmaria viria a ser conhecida por Barro Vermelho. Em 1784 era proprietária dessas terras Dona Maria Eufrásia Quintanilha, sendo adquirida posteriormente pela família Paim de Andrade. No mesmo ano de 1784, João Garcia Dutra ficou proprietário da Sesmaria dos Ferreiros que se estendia até o Passo da Cavalhada.

    Por ocasião da demarcação da fronteira, resolveram as autoridades adquirir uma área suficiente de terra, para nela, aldear os silvícolas das raças Tapes e Guaranis, comandados pelo Gen. Gomes Freire de Andrades. A área escolhida foi um rincão, em local alto e vistoso, distante uma milha e meia do rio Gravataí. Era dividida pelos arroios Barnabé e Ferreiros, e pelo rio Gravataí.

Primeira capela e igreja

    De 1760 a 1761, construiu-se a primeira capela em solo gravataiense, sendo curada a partir de 21 de dezembro de 1761. O padre Bernardo Lopes da Silva foi o indicado para ser o seu capelão. Tornou-se paróquia, em 1772, a Capela de Nossa Senhora dos Anjos. Em 1765, já aqui assentados os silvícolas, oriundos de Rio Pardo, encontramos os primeiros registros de batismo. No mesmo local onde se encontra a atual matriz, construiu-se o segundo templo, por ordem do governador José Marcelino de Figueiredo, em 1774. O material de construção e os serventes eram fornecidos pela Caixa dos Bens das Famílias Rurais. Tal casa de Deus possuía as mesmas dimensões da atual matriz, mas sem torres.

Fundamentos da Aldeia

    No dia 08 de abril de 1763, chegava ao rincão o Capitão e Dragão Antônio Pinto Carneiro, conduzindo uma leva de 1.000 índios, procedentes de Rio Pardo, sendo originários dos Sete Povos das Missões. Antônio Pinto Carneiro lançou os fundamentos da Aldeia. Aqui, havia uma modesta capela, existindo já índios agrupados.

Governo de José Marcelino de Figueiredo

    Em 23 de abril de 1769, foi empossado governo do continente, no Arraial de Viamão, José Marcelino de Figueiredo, fazendo da Aldeia uma organização exemplar, agora, contando com 2.712 almas. Prédios públicos são construídos, os índios são matriculados; manda abrir a primeira rua; contrói alguns prédios públicos. Os índios forma radicados no plantio do trigo e árvores frutíferas. Três moinhos são construídos, para substituir os pilões. Ordena a construção de uma olaria, suprindo as necessidades da Aldeia e parte do mercado do Porto dos Casais, hoje, Porto Alegre, fornecendo tijolos e telhas. Institui a primeira igreja. Mandou também construir teares para os índios tecerem seus vestuários. Em 1770, é fundada uma escola, destinada a instruir os meninos indígenas, tendo como professor Antônio José de Alencastro, primeiro professor público no Rio Grande do Sul. Em 1778, há a criação de um educandário para o ensino das meninas: Escola Mirante das Recolhidas das Servas de Maria. Nas escolas os indígenas não podiam falar o guarani, somente o português, e, com isso, diluiu-se uma rica bagagem cultural, haja vista que a língua, deixada pelos indígenas, se não proibida, teria-nos legado um vocabulário mais farto, tornando possível um maior aprofundamento no que tange às nossas raízes. Em 1795, a Aldeia desmembrou-se da Freguesia de Viamão, passando à categoria de Freguesia, sendo anexadas as terras à direita do rio Gravataí, desde a nascente até a foz. É importante lembrar que a agricultura dos povos guaranis concentrava-se na Costa do Itacolomi, a exemplo dos povos missioneiros, que concentravam suas culturas, separadas das moradias.

Primeira Rua de Gravataí

    A Rua Anápio Gomes, cujo nome foi oficializado em 1966, em homenagem ao ex-prefeito e filho deste município, foi aberta por ocasião da criação da Povoação de Nossa Senhora dos Anjos da Aldeia, em 1769, por ordem do governador José Marcelino de Figueiredo, para dar organização e feição urbanística ao povoado de indígenas trazidos de Rio Pardo, segundo documentos à Capela de Viamão e de Rio Grande. Inicialmente, foi chamada de Rua Primeira, depois de Rua da Direita. Assim foi oficializado o nome de Rua da Direita, como aparece nos documentos oficiais, até a Proclamação da República. Até a década de 20, esta rua foi chamada de “Rua de Baixo”. Alguns a chamavam de “Rua do Seu Lessa ou Rua do Cássio”. Convém lembrar que Seu Lessa foi o primeiro juiz municipal. A rua só passou a ser chamada Marechal Floriano Peixoto, pela população, após sua remodelação, iniciada pelo prefeito José Loureiro da Silva, quando Gravataí perdeu as características de Aldeia: casas de beirais baixos e ruas lamacentas.

Nossa Igreja Matriz e sua história

    Após a igreja sem torres, foi construída a atual. Apesar das preocupações do vigário e da iminência de desabamento, só em 1855, o presidente João Lins Vieira Cansansão do Sinimbu, atendendo ao fato de que a população da Aldeia promovera entre si uma subscrição que rendera 15 contos de réis para a construção da nova igreja, resolve empreender a obra por arrematação. Finalmente, em 1887/1888, a Irmandade contrata com João Cariboni a conclusão da obra, inclusive a cobertura das torres. Nessa mesma ocasião, os dois sinos foram instalados no alto da torre esquerda. Cabe aqui referir que a tradição trouxe até nós que os dois sinos de nossa matriz foram trazidos das Missões, por José Ângelo da Fonseca, numa viagem de carreta de bois que durou seis meses.

Instalação da Vila

    O progresso do povoado era incessante. Por isso, através de uma lei de 11 de julho 1880, o presidente da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, Sr. Henrique de Ávilla, elevou a Aldeia dos Anjos para a categoria de Vila. E em 23 de outubro de 1880 declarada a nova vila com o nome de Nossa Senhora dos Anjos de Gravatahy.

Meios de transportes coletivos- tração animal

    Marcelino Costa, residente em Gravataí, na Rua Anápio Gomes possuía uma empresa de carros de tração animal, fazendo transporte de passageiros a Porto Alegre. Eram duas carruagens de quatro rodas. Segunda, quarta e sábado eram os dias escolhidos para as viagens. Tais carruagens eram conhecidas por diligências ou breques. Existiam na década de 1920. As diligências de quatro rodas transportavam seis passageiros, e as de duas rodas, dois passageiros. As passagens eram caríssimas, e a viagem durava, ida e volta, seis horas, devido ao lastimável estado de trafegabilidade das estradas.

Transporte coletivo – primeiros ônibus

    Quem teve iniciativa, visando ao aprimoramento do transporte coletivo, em Gravataí, foi a Empresa Reis e Costa, de Gomercindo Reis e de Olinto Costa, em 1924. Na década de 1930, havia a Empresa Gravataiense, com ônibus verdes, contendo listra marrom. Os ônibus eram abertos, com bancos inteiros e com estribo nas laterais, tendo uma cobertura de lona para proteger as pessoas da chuva. O ponto de saída dos ônibus era na atual Rua Cônego Pedro Wagner coma Rua Dr. José Loureiro da Silva. O ponto de chegada era o canto esquerdo do Mercado Público, na Av. Borges de Medeiros, esquina com a Voluntários da Pátria, em Porto Alegre. No local de chegada, existia um café onde se reuniam os passageiros. Quando alguém queria ir a Porto Alegre, mandava um recado ao motorista o qual ia buscar a pessoa em casa, sendo as viagens feitas duas vezes por semana. Depois dos dois primeiros ônibus, passou a circular a Empresa Gravataiense. Seus ônibus eram verdes com listras marrons. Na década de 1940, quando houve o racionamento de gasolina, devido a crise do Petróleo causada pela Segunda Guerra Mundial, a Empresa Gravataiense tinha alguns ônibus movidos a gasogênio. Gerado do carvão de lenha, possuía dois tubos feitos de latão que e5ram colocados na traseira do carro. No primeiro tubo, era colocado o carvão e, através de uma mecha de pano ou algodão embebido em álcool, era aceso o carvão. O gás, filtrado do segundo tubo, ia diretamente ao motor para mover o carro.

Escola Dom Feliciano: marco cultural de Gravataí

    Os moradores da Aldeia dos Anjos fizeram um pedido à Superiora-Geral da Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria, objetivando nela ser fundado um colégio. Três irmãs foram enviadas para Gravataí: Maria Matilde, Maria Marta e Maria Gertrudes. O embrião dessa potência cultural, que é hoje a Escola Dom Feliciano, estava germinando e toda a comunidade gravataiense estava sendo conclamada a colaborar com uma tão feliz ideia como demonstra muito bem o seguinte convite: “Realizar-se-á, em Gravatahy, no salão “Padre Vargas”, da Aliança Cathólica, no dia 18/07/1925, às 20 horas, levado pelo corpo cênico Parochial, grande festival, em benefício das obras do Collégio Parochial “Dom Feliciano”. O grande festival aconteceu lentamente, mas decididamente, debruçado no horizonte cultural gravataiense, estava surgindo o Dom Feliciano.

    O Sr. Antônio Cardoso de Jesus muito gentilmente ofereceu um prédio no qual começou a funcionar a Escola ( Primário). Em 1926, o vigário Cônego Pedro Wagner, ardoroso batalhador da causa do ensino e da educação em Gravataí, conseguiu um prédio próprio para o tranquilo funcionamento da Escola, não tendo sido firmado qualquer contrato de aluguel. Aos 2 de março de 1926, iniciaram as aulas com bom número de alunos internos e externos.

Antigo Porto das Canoas

    O Porto das Canoas ficava no rio Gravataí, ainda hoje é possível identificar o local onde ficava o porto, os alicerces das tulhas e depósitos, assim como as muretas onde as embarcações atracavam, as margens do porto no local hoje conhecido como Passo das Canoas. O Porto das Canoas foi de grande utilidade para o transporte da produção do Município, desde tempos remotos. Dentre as embarcações que utilizavam esse porto, temos conhecimento das “gasolinas”, tanto para o transporte coletivo como para o de carga. Havia também os “lanchões”, sendo barcos tocados a vara. Pelas gasolinas, eram transportados produtos como farinha de mandioca, polvilho, sendo receitas básicas do Município. Também eram transportados melaço, rapadura, tijolos e telhas pelas gasolinas. A produção de farinha era comprada pelos comerciantes e depositada em grandes casarões que eram denominados de “tulhas”. Após era levada até o porto, em carretas, puxadas por bois, e, em carroças, puxadas por cavalos. Dava acesso ao Porto a primeira rua de Gravataí, partindo-se da Praça Floriano Peixoto. Os carreteiros, que traziam farinha e polvilho do interior, sesteavam, soltava os bois e faziam fogo no chão, na Praça Borges de Medeiros, não sendo cortada, como hoje, pela Rua Osvaldo Aranha. Nas gasolinas de transporte coletivo, eram transportados passageiros que iam a Porto Alegre ou vinham de Porto Alegre à Vila Nossa Senhora dos Anjos. As autoridades de Porto Alegre, e até os médicos, quando vinham a Gravataí, do Porto das Canoas, eram conduzidas nas diligências até o centro. As gasolinas traziam mercadorias para os comerciantes que tinham depósitos no Porto das Canoas como Pedro Dutra, Acácio Soares, Ary Tubbs e outros. Também havia, como embarcação, uma pequena barca de madeira que, através de um arame preso nas laterais, fazia com que se pudesse atravessar o rio, chegando ao lado de Viamão. Tal barca era puxada manualmente. As “gasolinas”, que serviam ao transporte coletivo, também recebiam nomes como : “Gasolina Nilza”, de propriedade do Sr. Lalau; a “Gasolina Gomes”, de transporte de carga, pertencia ao Sr. Alcides Gomes, e a “Gasolina Vitória”, de transporte de carga, pertencente ao Sr. Pequeno Revessa.

Engenhos, Alambiques e Moinhos

    Nos primórdios da nossa economia, houve grande número de engenhos, moinhos e alambiques no nosso Município. Os engenhos eram movidos por tração animal. Garapa é o nome que se dá ao líquido que escorre da cana moída. Após, é colocada no forno, em grande tacho, para a fabricação do melado que, batido em tachos, é transformado em rapadura, feita em formas de madeira. Quando pronta, a rapadura é empalhada, com palha de milho, sendo amarrada com tiras de bananeira ou palha de milho. O Alambique é o lugar onde se fabrica a cachaça, sendo a água destilada da garapa, através do uso da serpentina. A garapa é fervida, e o líquido que forma a cachaça é extraído através da serpentina, gerando três tipos de aguardente: forte, média e moderada. Quanto aos moinhos graneleiros, tivemos alguns no Município, mandatos construir pelo governador José Marcelino de Figueiredo. Alguns eram movidos por tração animal; outros, por roda d’água. Antes de ir ao moinho, o milho era debulhado e sempre torrado em casa. No moinho, passava pela mó, saindo, após, a farinha. Moído o milho, pagava-se a moagem. A mecanização da lavoura, as terras gastas e o êxodo rural encarregaram-se de fazer diluir, quase que totalmente, tais afazeres no seio da população gravataiense.

    Em 1930 termina a era dos intendentes e começa a época dos prefeitos nomeados.

    João Cândido Machado, Tenente e Coronel, foi o primeiro Prefeito nomeado de Gravataí (1930-1931), precedendo a brilhante administração do Dr. José Loureiro da Silva (1931-1936). O ano de 1931 marcou o início de uma nova fase econômica para Gravataí, motivada pela nomeação do Prefeito José Loureiro da Silva, prefito nomeado, que veio dar uma vida nova ao Município com sua profícua administração. Efetuou reformas nas velhas casas de beirado baixo, melhorou as ruas que eram empoeiradas, no verão, e barrentas, no inverno, e a Vila, que antes era iluminada deficientemente pelo motor a querosene, de corrente contínua, instado no fundo do quartel velho, onde hoje fica a Junta Militar. O prefeito José Loureiro da Silva, o grande administrador que remodelou e urbanizou a Vila.

A Atafonas e as Farinhadas

    A cultura da mandioca teve participação ativa na economia do Município, fornecendo a farinha de mandioca e o polvilho. Para a obtenção da farinha de mandioca, inclusive a já torrada, utilizava-se as atafonas, sendo moinhos manuais ou movidos por cavalgaduras. As atafonas aqui existentes eram de tração animal, movidas por bovinos, equinos ou muares. A mandioca era trazida por carretas de tração bovina, sendo raspada manualmente com pequenas facas apoiadas num banquinho. Após, era levada ao tremonhado (em moenda ou moinho, utensílio que apara o grão triturado, a farinha)., ao rodízio e, depois, era levada à prensa para extrair o líquido. As prensas eram de madeira, e os tipitis eram de taquara. Da massa da mandioca, extraía-se o polvilho.

Você quer saber mais?

ROSA, Jorge. História de Gravataí. EDIGAL: Gravataí, 1987.

 

Estudando história

 


    Existem várias maneiras de registrar o passado. Uma delas são as fotografias, nelas podemos identificar como os lugares ou as pessoas eram há tempos atrás. O passado não pode ser visitado, mas por meio da história podemos conhecê-lo pelos registros históricos. O trabalho do historiador é como o de um detetive, juntando vestígios deixados pelas pessoas que viveram no período. Depois se deve delimitar os acontecimentos que desejamos investigar. Definido o que iremos estudar o historiador então deverá escolher onde buscar as pistas, essas serão suas fontes históricas que nos trazem os vestígios do passado. Elas podem ser jornais, fotografias, livros, e no caso de serem eventos acontecidos há muito tempo atrás podem ser encontrados em pedras, papiros (papel primitivo), pergaminhos (material para escrever feito de couro). 

   Temos também diferentes formas de medir o tempo, os primeiros grupos humanos adotavam a natureza como referencial para medir o tempo, ou seja, a natureza era seu calendário. Os nativos indígenas de nosso município, os índios Carijós utilizavam essa maneira para medir o tempo. Observavam a posição do Sol, as fases da Lua e os períodos de chuva e estiagem. Com o advento da agricultura as civilizações precisaram medir o tempo de maneira mais precisa, e assim nasceu os calendários. O calendário que usamos hoje é o gregoriano, e ele tem por base o tempo que a Terra demora para dar uma volta completa em torno do Sol, que é de 365 dias 5 horas e 49 minutos, e está em vigor há quase 500 anos.

      O calendário gregoriano utilizado em países cristãos tem como marco inicial o nascimento de Jesus Cristo, e nele estamos no ano de 2023, mas existem outros calendários como o judaico que é utilizado em Israel e em comunidades judaicas ao redor do mundo, e tem por marco a criação do mundo por Deus e estão no ano de 5782. Já os islâmicos marcam seu calendário do momento da migração de Maomé de Meca para Medina, e estão no ano de 1444, esse calendário é mais utilizado pelos muçulmanos da África e Ásia.

O aprendizado é uma jornada, e você não a fará sozinho!”

Leandro, professor de História

terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

Por que a vaca é sagrada na Índia?

 

        A tradição nasceu com o hinduísmo. Os Vedas, coletânea de textos religiosos de cerca de 1500 a.C., comentam a fertilidade do animal e o associam a várias divindades. Outra escritura hinduísta fundamental, o Manusmrití, compilado por volta do século I a.C, também enfatiza a importância da vaca para o homem. Nos séculos seguintes, foram criadas leis elevando gradualmente o status religioso bovino. No sistema de castas que ainda vigora na sociedade indiana, a vaca é considerada mais “pura” até do que os brâmanes (indivíduos pertencentes à casta mais elevada, dos sacerdotes) — por isso não pode ser morta nem ferida e tem passe livre para circular pelas ruas sem ser incomodada. O leite do animal, sua urina e até mesmo suas fezes são utilizados em rituais de purificação. A adoração, no entanto, não é unanimidade entre os hindus e suscita debates inflamados no país. Em seu livro The Myth of Holy Cow (O mito da vaca sagrada, sem tradução para o português), o historiador indiano Dwijendra Narayan Jha, da Universidade de Délhi, sustenta a tese de que o hábito de comer carne era bastante comum na sociedade hindu primitiva e condena o “fundamentalismo em torno da santificação do animal”, imposto pelos principais grupos religiosos da Índia.

Você quer saber mais?

 VICENTINO,  Claudio; VICENTINO, José Bruno. Projeto Mosaico - História. São Paulo: Editora Scipione, 2015.

A educação espartana

         Os espartanos eram treinados para defender a pólis e seus domínios. Com um sistema rígido de educação e formação militar, o Estado esperava garantir a proteção da cidade contra inimigos externos e a preservação da ordem interna, como a repressão aos hilotas. O vigor físico era um atributo importante para a sociedade espartana. O Conselho dos Anciãos examinava cada criança espartana recém-nascida. As crianças que nasciam com deficiências eram atiradas de um desfiladeiro. Os bebês saudáveis eram devolvidos aos pais. As meninas permaneciam com os pais até se casar. Já os meninos deixavam a família aos 7 anos para cumprir o serviço militar obrigatório até os 18 anos. 

     Durante a formação militar, os meninos alojavam-se em barracas e enfrentavam dificuldades como fome, chuva e frio. O aprendizado de técnicas de guerra, como o manejo de escudos, arcos, flechas e lanças, era iniciado nesse período. Aos 18 anos, o jovem tornava-se hoplita (soldado) e permanecia a serviço do Estado até os 60 anos. Aos 30 anos conquistava o direito de participar da Ápela, passava a ser considerado um cidadão e era obrigado a se casar para ter filhos. As mulheres espartanas não participavam da vida política. Sua obrigação era se casar e gerar filhos saudáveis para servir ao Estado. Por isso, a saúde do corpo também era uma preocupação feminina. Elas praticavam exercícios para ter uma constituição forte e saudável, caso fossem convocadas para a guerra.

Você quer saber mais?

VICENTINO,  Claudio; VICENTINO, José Bruno. Projeto Mosaico - História. São Paulo: Editora Scipione, 2015.


Havia história antes da história?

     A expressão “Pré-História” quer dizer anterior à História (pré = antes). Ela indica o enorme período compreendido entre o aparecimento dos seres humanos sobre a Terra (há mais de 5 milhões de anos) e o surgimento da escrita, que, em alguns lugares, ocorreu no final do quarto milênio antes de Cristo. Isso significa que todo o período anterior ao surgimento da escrita não seria considerado parte da História. Mas por que a invenção da escrita foi escolhida como marco inicial da História? 

      Há cerca de 200 anos os historiadores se baseavam nos textos escritos pelos povos antigos para entender seu passado. Assim, acreditavam que os povos do passado que não possuíam  escrita não poderiam ser estudados e, portanto,  não teriam uma história. Daí criaram a expressão “Pré-História” para denominar o período em que viveram esses povos que não dominavam a escrita. Com o tempo, os historiadores descobriram que desenhos, moradias e ferramentas deixados pelos povos pré-históricos também revelavam muito sobre seu passado. Ou seja, entenderam que era possível contar sua história utilizando documentos não escritos. Apesar disso, a expressão “Pré-História" continuou sendo usada para definir o período anterior à invenção da escrita. 

Você quer saber mais?

VICENTINO,  Claudio; VICENTINO, José Bruno. Projeto Mosaico - História. São Paulo: Editora Scipione, 2015.