22
de fevereiro de 2008.
O
Discurso do século
Um surpreendente discurso
feito pelo embaixador Guaicaípuro
Cuatemoc, de descendência indígena, advogando o pagamento da dívida externa do seu país, o México, deixou embasbacados os
principais chefes de Estado da Comunidade Europeia. A conferência dos chefes de
Estado da União Europeia, Mercosul e Caribe, em maio de 2002 em Madri, viveu um
momento revelador e surpreendente: os chefes de Estado europeus ouviram
perplexos e calados um discurso irônico, cáustico e de exatidão histórica que
lhes fez Guaicaípuro Cuatemoc.
"Aqui estou
eu, descendente dos que povoaram a América há 40 mil anos, para encontrar os
que a descobriram só há 500 anos”.
O irmão europeu da aduana me pediu um papel escrito, um visto, para poder descobrir os
que me descobriram. O irmão financista
europeu me pede o pagamento - ao meu país -, com juros, de uma dívida contraída
por Judas, a quem nunca autorizei que me vendesse.
Outro irmão europeu me explica que toda dívida se paga com juros, mesmo que para isso sejam
vendidos seres humanos e países inteiros sem pedir-lhes consentimento.
Eu também posso reclamar pagamento e juros.
Consta no Arquivo da Cia. das Índias Ocidentais que,
somente entre os anos 1503 e 1660, chegaram a São Lucas de Barrameda 185 mil quilos de
ouro e 16 milhões de quilos de prata provenientes da América.
Teria sido isso um saque?
Não acredito, porque seria
pensar que os irmãos cristãos faltaram ao sétimo
mandamento!
Teria sido espoliação?
Guarda-me Tanatzin de me
convencer que os europeus, como Caim, matam e negam o sangue do irmão.
Teria sido genocídio?
Isso seria dar crédito aos
caluniadores, como Bartolomeu de Las Casas ou Arturo Uslar Pietri, que afirmam
que a arrancada do capitalismo e a atual
civilização europeia se devem à inundação de metais preciosos tirados das
Américas.
Não,
esses 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata foram o primeiro
de tantos empréstimos amigáveis da América destinados ao desenvolvimento da
Europa. O contrário disso seria presumir a existência de crimes de guerra, o que
daria direito a exigir não apenas a devolução, mas indenização por perdas e danos.
Prefiro pensar na hipótese
menos ofensiva. Tão fabulosa exportação
de capitais não foi mais do que o início de um plano 'MARSHALL MONTEZUMA', para garantir a reconstrução da Europa
arruinada por suas deploráveis guerras contra os muçulmanos, criadores da
álgebra, e de outras conquistas da civilização.
Para celebrar o quinto centenário desse empréstimo, podemos
perguntar:
Os irmãos europeus fizeram uso racional responsável ou pelo menos
produtivo desses fundos?
NÃO. No aspecto estratégico,
dilapidaram nas batalhas de Lepanto,
em navios invencíveis, em terceiros
reichs e várias formas de extermínio mútuo. No aspecto
financeiro, foram incapazes, depois de uma
moratória de 500 anos, tanto de amortizar o capital e seus juros quanto
independerem das rendas líquidas, das matérias-primas e da energia barata que lhes exporta e provê todo o Terceiro Mundo.
Este
quadro corrobora a afirmação de Milton Friedman, segundo a qual uma economia
subsidiada jamais pode funcionar e nos obriga a reclamar-lhes, para seu próprio
bem, o pagamento do capital e dos juros que, tão
generosamente, temos demorado todos estes
séculos em cobrar.
Ao dizer isto, esclarecemos
que NÃO NOS REBAIXAREMOS A COBRAR DE
NOSSOS IRMÃOS EUROPEUS, AS MESMAS VIS E SANGUINÁRIAS TAXAS 20% e até 30% de
juros ao ano que os irmãos europeus cobram dos povos do Terceiro Mundo.