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domingo, 2 de setembro de 2012

Julgamento da História. Ion Victor Antonescu, herói ou vilão?



General Ion Antonescu em 1940. Imagem: Altermedia.

Após um breve período de relativa neutralidade, a Romênia  une-se às Forças do Eixo em junho de 1941, sob o governo de Ion Antonescu. Um golpe em agosto de  1944, liderado pelo rei Miguel, depõe a ditadura de Antonescu e coloca a Romênia no lado dos Aliados pelo resto da guerra. Apesar dessa associação com o lado vencedor, a “Romênia Maior” não sobreviveria à guerra, perdendo territórios tanto para a Bulgária como para a União Soviética.
Na trilha imediata à perda da Transilvânia Setentrional, em 4 de setembro de 1940, a Guarda de Ferro (liderada por Sima) e o General (posteriormente Marechal) Ion Antonescu se uniram para formar um governo de um "Estado Nacional Legionário”, que forçou a abdicação de Carol II em favor de seu filho de 19 anos, Miguel. Carol (e Lupescu) partiram em exílio, e a Romênia (apesar da recente traição sobre cessões territoriais) voltou-se fortemente na direção do Eixo.

A Guarda de Ferro ou em romeno, Garda de Fier foi um movimento nacionalista romeno, logo convertido em partido político, que existiu desde 1927 até 1945. O movimento foi fundado por Comeliu Zelea Codreanu, em 24 de julho de 1927, sob o nome de Legião de São Miguel Arcanjo, e foi liderado por Codreanu até sua morte, em 1938. Os adeptos e membros do movimento eram chamados "legionários".

Cruz Trípla. Símbolo da Guarda de Ferro. Imagem: Intermedia.
 
Em março de 1930, Codreanu formou a Guarda de Ferro, um ramo paramilitar e político da Legião, cujo nome chegou a ser aplicado à Legião inteira. Mais tarde, em junho de 1935, a Legião mudou oficialmente sua denominação, passando a chamar-se partido "Totul pentru Ţară" ("Tudo para o País"). A Guarda de Ferro teve grande penetração entre as camadas populares romenas. Seus membros usavam uniformes verdes (considerados símbolo de rejuvenecimento) e por isso receberam o apelido de "camisas verdes". Entre eles, saudavam-se como os antigos romanos. O símbolo principal utilizado pela Guarda de Ferro era uma cruz tripla, representando barras de prisão (como símbolo do martírio), às vezes chamada "cruz do arcanjo Miguel".

sábado, 1 de setembro de 2012

Julgamento da História. António de Oliveira Salazar, herói ou vilão?


 Prof. Doutor António de Oliveira Salazar. Imagem: Universidade de Coimbra.

António de Oliveira Salazar, (Vimieiro, na Beira Alta 1889 – Lisboa 1970). Estadista português que depois de abandonar o Seminário de Viseu, entrou em 1910 para a Universidade de Coimbra, onde se laudou em Direito. Em 1917 voltou à Universidade, como lente de Econômia. Em 1919 era catedrático de Ciências Econômicas e Financeiras da Universidade de Coimbra.

Suas obras sobre Economia Política logo lhe granjearam reputação. Eleito deputado pelo Centro Católico em 1921 e em 1926, após a vitória do movimento de 28 de maio de 1926, ocupou o Ministério das Financças, cargo que voltou a exercer na presidência do Gen. Oscar de Fragoso Carmona, estabilizando as finanças e a moeda. Nomeado presidente do Conselho de Ministros em 1932 por Carmona, foi mantido na função pelos presidentes seguintes (marechal Craveiro Lopes e almirante Américo
Tomás).

 Responsável pela Constituição 1933 que deu origem ao Estado Novo, estabeleceu um Estado autoritário baseado em princípios de justiça social. E uma política que proibia a formação de partidos políticos e integrava, em apêndice, o ato colonial de 1930, eliminando a autonomia tradicional das colônias portuguesas. Criou-se o Secretariado Nacional de Propaganda, depois denomindado da Informação (SNI), e foi promulgado o Estatuto do Trabalho Nacional, com a integração dos sindicatos de trabalhadores e de patrões (grêmios) em um mesmo organismo. Começou então a funcionar a

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Julgamento da História. Francisco Franco, herói ou vilão?


General Francisco Franco em 1967. Foto: Beretty-Rapho.

Francisco Paulino Hermenegildo Teódulo Franco y Bahamonde, general e estadista espanhol (El Ferrol 1892- Madri 1975). Comandando a Legião Estrangeira no Marrocos (1923 – 1927), tornou-se, em 1926, o mais jovem general da Espanha. Galgou o generalato aos 32 anos de idade pela sua capacidade revelada em Abd-el-Crim, no Marrocos. Exerceu o cargo de diretor da Acadêmia Militar de Saragoça na sequência 1928-1931. Extinta posteriormente pelo governo republicano, exilou-se nas Ilhas Baleares. Chefe do Estado-Maior do Exército (1933), participou da repressão à greve dos mineiros das Astúrias (1934). 

Afastado pela Frente Popular, que o enviou para as Canárias como comnadante-geral das tropas (1936), participou do levante nacionalista de julho de 1936, sendo, posteriormente nomeado generalíssimo e chefe do governo (29-30 de setembro de 1936) pela junta de Burgos. Proclamado caudillo, depois chefe de Estado do governo e do Exército (30 de janeiro de 1938), instaurou, ao final da guerra, um regime autoritário, teoricamente inspirado nos princípios da Falange, partido único.

Francisco Franco em 1938. Foto: Enciclopédia Larousse Cultural.

Assumiu a chefia do Estado-Maior do exército espanhol em 1935, quando da guerra civil entre esquerdistas, direitistas e monarquistas. A luta foi sangrenta e fratricida. Como falecimento de Sanjurjo, em desastre aéreo, assumiu a chefia geral das tropas fiéis aos direitistas. Recebeu ajuda dos alemães e italianos num combate aos adeptos de Moscou. Durante a II Guerra Mundial enviou a Divisão Azul para a frente russa, em socorro dos alemães, cessado aí sua ajuda. A Divisão Azul era formada por voluntários espanhóis. Em 1945 a Carta de Direitos contornou a sua difícil situação em relação a outros países aliados contra o nazi-fascismo. 

Governando com o apoio da Igreja e do Exército, criou cortes (1942) cujos membros eram eleitos pelas corporações ou nomeados pelo governo. Em 1947, Francisco Franco com suas convicções monárquicas fez com que fosse votada uma “lei de sucessão”, que estipulava que a Espanha voltava a ser uma monarquia e Franco seu protetor-regente. 

 Franco com as tropas Nacionalistas Espanhola em 1938. Imagem: Enciclopédia Barsa.

Em 1969, escolheu D. Juan Carlos de Bourbon como

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

São Bento de Nursia. “Ora et Labora”.


 
São Bento de Nursia. Imagem: Museu São Marcos

São Bento de Nursia, abade, viveu entre os anos 480 e 547d.C. É considerado o Patrono da Europa e Patriarca do monaquismo ocidental. Teve por lema “Ora et Labora” (Orai e Trabalhai), representado simbolicamente pelo arado e pela Cruz. 

Monge e teólogo italiano nascido em Núrsia, na Itália central, perto de Spoleto, Itália, fundador da Ordem Beneditina (531) e considerado o patriarca do monasticismo, cujos ensinamentos foram básicos para a fundação das ordens monásticas ocidentais no início da Idade Média. Descendente de uma família aristocrática, foi enviado a Roma para fazer estudos clássicos, mas onde formou o pensamento de que só se escapa do demônio com a reclusão e exercícios religiosos e se tornou eremita. 

Seguiu para Enfide, uma pequena comunidade de estudantes a cerca de 50 km de Roma, passando a morar em uma gruta, perto de Subíaco, nos montes Abruzzi, hoje chamada Dsacro Speco. Com o tempo sua aura de santidade começou a atrair outros seguidores e discípulos que queriam estudar com ele. Convidado pelos monges de Vicóvaro aceitou ser seu Abade, porém impôs regras severas. Um monge chamado Florentius tentou minar o trabalho e o acusou de subversão.

Depois de sofrer um atentado contra a sua vida, fugiu da região de Subíaco para construir um mosteiro em Monte Cassino (529-531), onde redigiu suas célebres normas hoje conhecidas como As Regras de São Benedito, que seria o guia de todas as comunidades monásticas posteriores. No mosteiro ele reuniu vários discípulos, congregando-os em 12 prédios com 12 membros cada um, com ele próprio como superior geral, fundando, assim, a ordem dos beneditinos, e que se transformou em um centro para aprendizado e espiritualidade. 

 São Bento de Nursia como Abade. Imagem: Subiaco (Itália), Gustavo H.

Morreu em 21 de março (547), quando orava no altar. Seu corpo, bem como o da Santa Escolástica, parecem que foram desenterrados durante o assalto a Monte Cassino na Segunda Guerra Mundial. Mas tem uma tradição que diz que foram trasladados para Fleury na França (703). O Papa São Gregório Magno (590-604) escreveu a sua vida e foi proclamado padroeiro da Europa (1964) pelo Papa Paulo VI (1963-1978) e é comemorado no dia 11 de Julho. 

Seu mosteiro de Monte Cassino tornou-se símbolo histórico de resistência, pois foi destruído e reconstruído várias vezes por terremotos e guerras, sendo sua última reconstrução ocorrida após um bombardeio durante a segunda guerra mundial.

Em todo o segundo livro dos Diálogos, Gregório nos ilustra como a vida de São Bento estava imersa em uma atmosfera de oração, principal fundamento de sua existência. Sem a oração não há experiência de Deus.
 
Mas a espiritualidade de Bento não era uma interioridade fora da realidade. Na inquietude e na confusão de seu tempo, ele vivia sob o olhar de Deus e justamente assim não perde mais de vista os deveres da vida cotidiana e o homem com suas necessidades concretas. Vendo Deus, entende a realidade do homem e sua missão. Na sua Regra, ele qualifica a vida monástica como “uma escola do serviço do Senhor” e pede a seus monges que “à Obra de Deus não se anteponha nada” .

Sublinha, porém, que a oração é em primeiro lugar um ato de escuta, que deve pois traduzir-se em ação concreta. “O Senhor espera que nós respondamos todo dia, com fatos, a seus santos ensinamentos”, ele afirma. Assim, a vida do monge se torna uma simbiose fecunda entre ação e contemplação, “a fim de que em tudo Deus seja glorificado”.
 
Em contraste com uma auto-realização fácil e egocêntrica, hoje mesmo exaltada, o primeiro e irrenunciável empenho do discípulo de São Bento é a sincera busca de Deus, sobre o caminho traçado por Cristo humilde e obediente, ao amor do qual ele não deve antepor qualquer coisa e justamente assim, no serviço ao outro, torna-se homem do serviço e da paz.
 
No exercício da obediência transformada em ato com uma fé animada pelo amor, o monge conquista a humildade. Deste modo, o homem se torna sempre mais conforme a Cristo e alcança a verdadeira autorealização como criatura à imagem e semelhança de Deus. 

À obediência do discípulo deve corresponder a sabedoria do Abade, que no mosteiro. Sua figura, delineada como um perfil de espiritual beleza e de exigente empenho, pode ser considerada como um autoretrato de Bento, pois – como escreve Gregório Magno – “o Santo não pode de modo algum ensinar diversamente de como viveu”. 

 São Bento de Nursia. Imagem: Abadia Farfa (Itália), Daniel D.

O Abade deve ser ao mesmo tempo um tenro pai e também um severo mestre, um verdadeiro educador. Inflexível contra os vícios, é, porém, chamado sobretudo a imitar a ternura do Bom Pastor, a “ajudar muito mais que dominar”, a “acentuar mais com os fatos que com as palavras tudo o que é bom e santo” e a “ilustrar os divinos mandamentos com seu exemplo”.
 
Para estar em grau de decidir responsavelmente, o Abade também deve ser alguém que escuta “o conselho dos irmãos”, porque “mesmo Deus revela ao mais

terça-feira, 28 de agosto de 2012

A Pirâmide Perdida de Djedefre.


Reconstrução grafica da Pirâmide de Djedefre. Imagem: History

Durante uma escavação em um lugar afastado do Planalto de Gizé, uma equipe de arqueólogos encontrou evidências de uma quarta pirâmide. Construída pelo Faraó Djedefré (Dyedefra), filho e sucessor de Quéops (Keops), ficou esquecida e soterrada pelas areias do deserto por mais de 5000 anos. 

Uma equipe de arqueólogos foi responsável por descobir essa pirâmide gigante. À medida que escavam nas profundezas das câmaras da pirâmide, as provas mostram que esta é a quarta e última pirâmide de Gizé. A sua construção, há cinco mil anos, foi uma corrida contra o tempo. Em apenas sete anos, entre a sua subida ao poder e a sua morte, o envelhecido faraó Djedefré estava determinado em exceder os

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Crucificação, a mais cruel pena de morte



O texto da cruz em três linguas: hebraíco, latim e grego. Imagem: Notícias de Israel.

Quando as procissões passam pela Via Dolorosa em Jerusalém, no formato das cruzes e nas diferentes liturgias não se reconhece apenas a grande variedade da cristandade mas também a riqueza inesgotável da imaginação religiosa. Se, porém, analisarmos a consumação desse tipo de pena de morte de maneira distanciada de todas as tradições eclesiásticas, uma fria e sóbria realidade arqueológico-científica apaga a aura glorificada que estamos acostumados a ver ao redor da cruz, e ela passa a ser o que era em suas origens – a mais cruel, “mais terrível” (Cícero) e “mais miserável de todas as formas de pena de morte” (Flávio Josefo).

A crucificação como pena de morte chegou até Roma como “morte de escravo”, através da Pérsia de Zoroastro, por meio dos gregos. Para os judeus, a crucificação era desconhecida. Crimes especialmente graves eram castigados no antigo Israel com o apedrejamento ou estrangulamento do condenado, sendo o mesmo depois pendurado no “madeiro maldito”.

“Se alguém houver pecado, passível da pena de morte, e tenha sido morto, e o pendurares num madeiro, o seu cadáver não permanecerá no madeiro durante a noite, mas certamente o enterrarás no mesmo dia.”  (Deuteronômio 21:22-23)

Só pela influência dos gregos, que entraram para a História como “helenistas humanísticos”, a crucificação de pessoas ainda vivas se tornou popular. 

Antíoco Epifânio, o tirano greco-sírio (175-164 a.C), proibiu aos judeus, sob ameaça de crucificação em vida, a prática da circuncisão que lhes era obrigatória. Em 7 d.C. o romano Quintinus Varus mandou pregar na cruz 2.000 judeus revoltosos. A sentença romana soava: “Ibis ad Crucem! – Subirás à cruz!” O historiador Flávio Josefo descreve como incontável o número de judeus que foram mandados à crucifixão pelo procurador romano Félix (52-60 d.C). Segundo o costume romano, os condenados eram crucificados completamente nus.


Ramo de espinhos do "atad". Imagem: Notícias de Israel.

O condenado à morte na cruz era conduzido ao local da execução fora da cidade. Durante o trajeto, ele tinha que carregar a trave horizontal; em seu pescoço era pendurada uma placa com seu nome, sua origem e o crime de que era culpado. A viga vertical já se encontrava, deitado no chão, tinha então suas mãos pregados na trave horizontal que gavia trazido.

Os cravos de 20 cm de comprimento e de 2-3 cm de espessura eram pregados nos pulsos para que o corpo esmorecido não se desprendesse da cruz posteriormente. Depois, a trave horizontal com a pessoa pregada era levantada e encaixada em um entalhe da viga, e os pés da pessoa eram pregados. Os romanos deixavam os crucificados como alimento para as aves. Só os judeus conseguiram o direito especial de tirar os crucificados da cruz. Quando os romanos estavam de bom humor, permitiam que se desse de beber aos infratores uma bebida alucinógena – a fim de amenizar a dor – uma mistura de mirra e vinagre ou vinho. Em troca, entretanto, os romanos zombavam antes dos condenados e os coroavam como reis, colocando em suas cabeças coroas de espinhos, trançadas com ramos novos do “atad” (Zizipus lotus), cujos espinhos alcançam 12 cm de comprimento e são terrivelmente dolorosos.


Foto de osso dos pés com cravo de crucificação encontrado em Jerusalém. Imagem: Notícias de Israel.

Devido à variedade de idiomas falados pela população que vivia em Jerusalém, uma placa era confeccionada em três línguas, em