São Bento de Nursia. Imagem: Museu São Marcos
São Bento de Nursia, abade, viveu
entre os anos 480
e 547d.C. É considerado o Patrono da Europa e Patriarca do
monaquismo ocidental. Teve por lema “Ora et Labora” (Orai e Trabalhai),
representado simbolicamente pelo arado e pela Cruz.
Monge e teólogo italiano nascido em
Núrsia, na Itália central, perto de Spoleto, Itália, fundador da Ordem Beneditina
(531) e considerado o patriarca do monasticismo, cujos ensinamentos
foram básicos para a fundação das ordens monásticas ocidentais no início da
Idade Média. Descendente de uma família aristocrática, foi enviado a Roma para
fazer estudos clássicos, mas onde formou o pensamento de que só se escapa do
demônio com a reclusão e exercícios religiosos e se tornou eremita.
Seguiu para Enfide, uma pequena
comunidade de estudantes a cerca de 50 km de Roma, passando a morar em uma
gruta, perto de Subíaco, nos montes Abruzzi, hoje chamada Dsacro Speco.
Com o tempo sua aura de santidade começou a atrair outros seguidores e
discípulos que queriam estudar com ele. Convidado pelos monges de Vicóvaro
aceitou ser seu Abade, porém impôs regras severas. Um monge chamado Florentius tentou minar o trabalho e o acusou
de subversão.
Depois de sofrer um atentado contra
a sua vida, fugiu da região de Subíaco para construir um mosteiro em Monte
Cassino (529-531), onde redigiu suas célebres normas hoje conhecidas como As
Regras de São Benedito, que seria o guia de todas as comunidades monásticas
posteriores. No mosteiro ele reuniu vários discípulos, congregando-os em 12
prédios com 12 membros cada um, com ele próprio como superior geral, fundando,
assim, a ordem dos beneditinos, e que se transformou em um centro para
aprendizado e espiritualidade.
São Bento de Nursia como Abade. Imagem: Subiaco (Itália), Gustavo H.
Morreu em 21 de março (547), quando
orava no altar. Seu corpo, bem como o da Santa Escolástica, parecem que foram desenterrados
durante o assalto a Monte Cassino na Segunda Guerra Mundial. Mas tem uma
tradição que diz que foram trasladados para Fleury na França (703). O Papa São Gregório Magno
(590-604) escreveu a sua vida e foi proclamado padroeiro da Europa
(1964) pelo Papa
Paulo VI (1963-1978)
e é comemorado no dia 11 de Julho.
Seu mosteiro de Monte Cassino
tornou-se símbolo histórico de resistência, pois foi destruído e reconstruído
várias vezes por terremotos e guerras, sendo sua última reconstrução ocorrida
após um bombardeio durante a segunda guerra mundial.
Em
todo o segundo livro dos Diálogos, Gregório nos ilustra como a vida de São
Bento estava imersa em uma atmosfera de oração, principal fundamento de sua
existência. Sem
a oração não há experiência de Deus.
Mas
a espiritualidade de Bento não era uma interioridade fora da realidade. Na
inquietude e na confusão de seu tempo, ele vivia sob o olhar de Deus e
justamente assim não perde mais de vista os deveres da vida cotidiana e o homem
com suas necessidades concretas. Vendo Deus, entende a realidade do homem e sua
missão. Na sua Regra, ele qualifica a vida monástica como “uma escola do serviço do Senhor” e
pede a seus monges que “à Obra de Deus não se anteponha nada” .
Sublinha, porém, que a
oração é em primeiro lugar um ato de escuta, que deve pois traduzir-se em ação concreta. “O Senhor
espera que nós respondamos todo dia, com fatos, a seus santos ensinamentos”,
ele afirma. Assim, a vida do monge se torna uma simbiose fecunda entre ação e
contemplação, “a
fim de que em tudo Deus seja glorificado”.
Em
contraste com uma auto-realização fácil e egocêntrica, hoje mesmo exaltada, o primeiro e irrenunciável empenho do
discípulo de São Bento é a sincera busca de Deus, sobre o caminho traçado por Cristo
humilde e obediente, ao amor do qual ele não deve antepor qualquer
coisa e justamente assim, no serviço ao outro, torna-se homem do serviço e da paz.
No
exercício da obediência transformada em ato com uma fé animada pelo amor, o
monge conquista a humildade. Deste modo, o homem se torna sempre mais conforme
a Cristo e alcança a verdadeira autorealização como criatura à imagem e semelhança de
Deus.
À
obediência do discípulo deve corresponder a sabedoria do Abade, que no mosteiro.
Sua figura, delineada como um perfil de espiritual beleza e de exigente
empenho, pode ser considerada como um autoretrato de Bento, pois – como escreve
Gregório Magno – “o Santo não pode de modo algum ensinar diversamente de como
viveu”.
São Bento de Nursia. Imagem: Abadia Farfa (Itália), Daniel D.
O Abade deve ser ao
mesmo tempo um tenro pai e também um severo mestre, um verdadeiro educador. Inflexível contra os vícios, é,
porém, chamado sobretudo a imitar a ternura do Bom Pastor, a “ajudar muito mais
que dominar”, a “acentuar mais com os fatos que com as palavras tudo o que é
bom e santo” e a “ilustrar os divinos mandamentos com seu exemplo”.
Para
estar em grau de decidir responsavelmente, o Abade também deve ser alguém que
escuta “o conselho dos irmãos”, porque “mesmo Deus revela ao mais
jovem a solução melhor”.
“Esta
disposição torna surpreendentemente moderna uma Regra escrita há quase quinze
séculos! Um homem de responsabilidade pública, e também em pequenos âmbitos,
deve sempre ser também um homem que sabe escutar e sabe aprender do que escuta.”
Bento
qualifica a Regra como mínima, escrita só para o início; na verdade, porém,
essa oferece indicações úteis não só aos monges, mas também a todos aqueles que
buscam um guia em seu caminho para Deus.
Pela
sua medida, sua humanidade e seu sóbrio discernimento entre o essencial e o
secundário na vida espiritual, ela pode manter sua força iluminadora até hoje.
Reconhecer a obra
maravilhosa desenvolvida pelo Santo mediante a Regra para a formação da
civilização e da cultura européia.
Hoje a Europa – saída há pouco de um século profundamente ferido por duas
guerras mundiais e depois da queda das grandes ideologias reveladas como
trágicas utopias – está em busca de sua identidade.
Para criar uma unidade
nova e duradoura, são
certamente importantes os instrumentos políticos, econômicos e jurídicos, mas
ocorre também suscitar
uma renovação ética e espiritual que chegue às raízes cristãs do
continente, ou então não se pode reconstruir a Europa.
Sem esta seiva vital, o
homem fica exposto ao perigo de sucumbir à antiga tentação de querer ser
redimido por si mesmo –
utopia que, de uma forma diversa, na Europa do século passado causou, como
revelou o Papa João Paulo II, “uma volta sem precedentes na atormentada
história da humanidade”.
Buscando
o verdadeiro progresso, escutemos também hoje a Regra de São Bento como uma luz
para nosso caminho. O grande monge permanece sendo um verdadeiro mestre de cuja
escola podemos aprender a arte de viver o verdadeiro humanismo.
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