Zahorí, ilustração na
obra de Pierre Le Brun, História crítica de las prácticas supersticiosas, 1732.
As lendas se relacionam a fatos
históricos, cheias de heróis fantásticos e acontecimentos sobrenaturais,
transmitidas durante séculos oralmente de geração para geração. Apesar de
estarem associadas a uma determinada região ou a uma personalidade histórica,
muitas delas viajam o mundo sendo contadas por diferentes culturas.
"Depois, desceu, sempre com ela; em sete noites de sexta-feira ensinou-lhe a vaquenagem de todas as furnas recamadas de tesouros escondidos... escondidos pelos cauílas, perdidos para os medrosos e achadios de valentes... E a mais desses, muitos outros tesouros que a terra esconde e que só os olhos dos Zaoris podem vispar..."
(João Simões
Lopes Neto, A salamanca do jarau)
Todos aqueles que nascem em uma
sexta-feira da Paixão são Zaoris.
Têm o aspecto de homens comuns. Seus olhos, porém, são muito brilhantes, de um
brilho mágico, misterioso. Possuem o poder de ver através de corpos opacos,
terras ou montanhas, conseguindo assim localizar tesouros escondidos. Barras de
ouro ou prata, jóias, pedras preciosas, armas raras, nada escapa ao olhar
mágico do Zaori, mesmo que esteja
enterrado sob vinte metros de terra.
É mito de origem árabe, que
denuncia o velho hábito de enterrar dinheiro para fugir dos impostos, sendo
muito popular também na Espanha. No Brasil, ocorre principalmente no Rio Grande
do Sul. Também estão presentes no fabulário da região do Rio da Prata, Chile e
Paraguai, localizando as riquezas e tesouros enterrados pelos jesuítas ou por
príncipes incas, na tentativa de salvaguardar seu ouro dos espanhóis. Uma vez
que os proprietários originais de tais riquezas não podem mais usufruí-las, os Zaoris as localizam para aquelas
pessoas que ganham a sua simpatia. Contudo, não podem utilizar seu dom em
uso próprio. Toda a riqueza que encontram sempre deverá reverter para benefício de outrem.
uso próprio. Toda a riqueza que encontram sempre deverá reverter para benefício de outrem.
Em
espanhol, rabdomandantes ou zahoris é como são chamadas as
pessoas que pretendem ter a capacidade de encontrar substâncias ocultas ou
enterradas, detectando-as através de ondas de radiação captadas pelo movimento
-- supostamente espôntaneo -- de dispositivos simples sustentados por suas
mãos. São os radiestesistas ou
buscadores de água.
Fato?
O
geólogo holandês, Jolco Tromp, demonstrou que os Zaorís são muito sensíveis ao eixo magnético da Terra e reagem a
mudanças nesse campo. Na Universidade de Yale foi comprovado que, dentro de
alguns desses campos magnéticos, os Zaoris
apresentam aumento da pressão sanguínea e do número de pulsações.
Embora isto
tenha sido comprovado com os Zaoris,
parece que a reação é comum a todos os organismos. Por exemplo: ratos não
dormem dentro da área desse campo;as plantas não crescem ou não há vegetação
nesse campo; as pessoas reumáticas sentem contrações musculares, bem como dores
nas articulações, num campo produzido por água. Essas áreas, geralmente,
exercem má influência sobre a saúde.
Também se verificou que uma pessoa que não
é Zaori apresenta diferença de Os
animais em geral são muito sensíveis a esses ‘campos’. É por isto que escolhem
lugares especiais para dormir.
Você quer saber mais?
Cascudo, Luís da
Câmara. Dicionário do folclore brasileiro. Rio de Janeiro, Instituto
Nacional do Livro, 1954 | 9ª edição: Rio de Janeiro, Ediouro, sd | Geografia
dos mitos brasileiros. 2ª ed. São Paulo, Global Editora, 2002, p.350-352.
Teschauer,
Carlos, padre. "A lenda do ouro". Revista do Instituto Histórico
do Ceará, v.25, p.3-49, Fortaleza, 1911 | "A lenda do ouro",
resumo. Almanaque do Globo, Porto Alegre, 1927, p.113.
Lopes Neto, João
Simões de. Contos gauchescos. 9ª ed. Porto Alegre, Editora Globo, 1976
(Coleção Província).
Não conhecia o achador de água submersa pelo nome de Zaoris.Gostei de saber tudo.
ResponderExcluirBeijos!
Aqui eles também acham vazamento de água quando tem. Dizem que o graveto quando fica próximo começa a se tremer. No sertão ainda se usa para poder cavar poços. Eu não entendo nada. São os achadores de botija.
ResponderExcluirDizem que vem desde a colonização o período que mais se fez botija foi: na segunda grande guerra, no periodo da escravidão com medo que os escravos roubassem, no cangaço e/ou ladrões quando invadiam as fazendas. Sem ter um local seguro, as pessoas para não entregar os pertences de valores, costumavam enterrar para depois recuperar. Só que o tempo passava, a pessoa morriam e levavam o segredo. Eles não confiavam nem nos filhos nem nas esposas.
Beijos!!