quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Um breve resumo da Pré-história

Autor: Leandro Claudir Pedroso

Idade da Pedra

Paleolítico: 2,5 m.a.a (milhões de anos atrás) até 12 mil AP (Antes do Presente). Surgimento do Homo habilis (primeira espécie humana) na África. Termina com a substituição da economia baseada em caça, pesca e coleta para produção de alimentos e criação de animais.

Paleolítico Inferior: 2,5 m.a.a até 300 mil AP.

Inicia com o surgimento do Homo habilis, e termina com o surgimento do Homo sapiens neanderthaliensis.

Homo habilis, desenvolve cultura material e sistemática. Capacidade craniana de 750 cc (centímetros cúbicos), pesavam em torno de 40 Kg. Sua indústria lítica era a Olduvaiense, eram necrófagos (carniceiros).

Homo erectus, também surge na África neste período. Instrumentos líticos, ossos de animais, estruturas de habitação, produção de instrumentos, vida em sociedade. Surgiu a 1,5 m.a.a até 300 mil AP, possuía uma capacidade craniana de 1100 cc e tinha uma estatura de 1,70 m. Sua indústria lítica era a Acheulense, confecção de instrumentos (lanças endurecidas), expansão para regiões mais frias, defesa contra predadores, agregador social. Dominaram em 1,4 m.a.a. Caminhavam grandes distâncias, cozinhavam tubérculos, nem todos os grupos erectus utilizavam o fogo e nem todos tinham lanças com pontas endurecidas.

Principal atividade do Paleolítico Inferior era a obtenção de alimentos, caça, coleta de frutas, raízes, tubérculos e sementes.

Paleolítico Médio: 300.000 AP até 40.000 AP.

Inicia com o surgimento do Homo sapiens neanderthalensis (desenvolve-se na Europa e Oriente Médio) em torno de 300.000 AP. Neste período também surge o Homo sapiens arcaico (África e Ásia). A característica deste período que justifica o sapiente no nome das espécies hominídeas é a Cultura Imaterial (religiosidade).

Também surgiu na África nesta mesma época o Homo sapiens sapiens, há mais ou menos 10.000 anos AP. Sem grandes distinções culturais até as mudanças climáticas da transição do Pleistoceno para o Holoceno teve que se adaptar, seu processo cultural fica significativo a partir de 40.000 AP no início do Paleolítico Superior.

Homo sapiens Neanderthalensis:  1,65 m de altura, 1450 cc de capacidade craniana (mesmo do sapiens sapiens), utilizava a técnica de lascamento Levallois e Mustierense.

Homo sapiens arcaico: iniciou o Paleolítico Médio com sua indústria lítica vinculada a Acheulense (do Homo erectus), mas gradativamente passou para a Mustierense, no Norte da África usou a Ateriense. Praticavam necrofagia. Tinham as mesmas características físicas do Homo sapiens neanderthalensis, com a diferença de serem mais altos e menos corpulentos. Caçavam animais de pequeno porte e sepultavam seus mortos. Sua economia era baseada na caça, coleta e pesca. No final do Paleolítico Médio a caça já estava especializada, caçavam manadas de herbívoros. Seus acampamentos eram próximos de água e afloramentos rochosos, onde retiravam matéria prima para seus instrumentos, utilizavam também grutas como acampamentos. Em sítios a céu aberto construíam cabanas rusticas, havia divisão de tarefas por meio do sexo, homens caçavam e mulheres coletavam, cuidavam de seus feridos e enfermos. Possuíam um elevado grau de consciência social e solidariedade, tinham agrupamentos familiares presentes no Paleolítico Superior, mas poderiam existir desde o Médio.      

A cultura imaterial define o Paleolítico Médio, neste período os grupos humanos sapiens sepultavam seus mortos e mais ou menos em 100.000 A.P começaram a preparar os corpos para sepultamento, estabeleceram locais específicos para sepultamento (cemitérios) no fundo de cavernas, realizavam ritos fúnebres com oferendas de flores.

Neste período houve o desenvolvimento de arte móvel com objetos decorados. O Homo sapiens sapiens conviveu por 60.000 anos com os Neanderthais e os Sapiens arcaicos. Mas com o domínio dos Sapiens sapiens os outros grupos humanos foram desaparecendo até a extinção.

Paleolítico Superior: 40.000-12.000 AP

O Homo sapiens sapiens é a espécie dominante, sua produção tecnológica está vinculada as mudanças ambientais, e justamente a produção tecnológica lítica é o marco deste período. Os humanos começaram a observar o ciclo da vida dos animais e plantas, os grupos de caçadores-coletores já dominavam técnicas de cultivo e pastoreio, mas por várias razões não viviam delas. Sua economia era baseada inicialmente na caça e progressivamente complementada com a pesca e coleta de mariscos.

Culturas:

Cultura Chatelperronense (Europa): de transição para o Paleolítico Superior, instrumentos elaborados incluíam buris, facas, cinzéis e outras ferramentas leves.

Cultura Aurinhacense (Oriente Médio, Ásia, Norte da África): 40.000 A.P, relacionada também ao homem de Cro-magnon.

Cultura Gravettense: relacionada a arte rupestre e arte móvel.

Cultura Salutrense (Oeste da Europa): 20.000 – 15.000; período mais frio da última glaciação. Objetos finamente talhados, pontos bifaciais feitos com percussão talha lítica e pressão descamação, as batidas eram feitas com bastões de chifres ou madeiras.

Cultura Madalenense: pontas de projeteis microcristalinos, surgimento dos propulsores de lança (azagaia). Os povos desta cultura estocavam sementes. Utilizavam as úmidas cavernas como locais de rituais, cozinhavam alimentos, mas também ingeriam crus, possuíam assentamentos de curta duração, o esquartejamento da caça indicava a distribuição de carne e a solidariedade social, possuíam adornos corporais.

Arte rupestre ou parietal (pintura de paredes): era o suporte para ritos religiosos, eram realizadas em abrigos sob rochas e cavernas.

No final do Paleolítico Superior já tinham o domínio das técnicas de domesticação de plantas e animais.

Mesolítico: 30.000 – 9.000 AP

Período de transição da economia baseada na caça, pesca e coleta, para a produção de alimentos e criação de animais. Esse processo de transição ocorreu ainda o Paleolítico Superior, por isso muitos pesquisadores preferem usar o termo Paleolítico Superior Final.

Neolítico: 12.000 – 5.000 AP

Inserção de ferramentas e instrumentos que facilitam agricultura e pastoreio. Produção de alimentos e domesticação de animais, passam a viver de agricultura e pastoreio, coleta e caça completam a economia. O Mesolítico havia sido concluído, a transição foi efetivada para a agricultura.

A transição do Pleistoceno para o Holoceno gerou mudanças climáticas, alterando flora e fauna, tais mudanças influenciaram diretamente o modo de vida do homem.

Produção de alimentos

Processo muito gradativa, quando ocorre a transição caçador-coletar para produção de alimentos, vislumbramos um novo período. Domesticação de plantas começou com o conhecimento. Difusão da agricultura e muitos casos fruto da dispersão dos agricultores e não pela propagação de ideias. Caçadores coletores eram botânicos por experiência com enorme conhecimento botânico. Muitos grupos apesar de terem condições de ampliar a produção de alimentos, optaram por continuar com a economia baseado na caça e coleta.

Domesticação de animais

Observação e conhecimento das espécies caçadas. Domesticar não significa amansar e sim alterar a genética, o habitat e o comportamento do animal.

Domesticação preferencial de animais mais jovens.

Castração dos considerados ineptos.

Selecionar os que irão cruzar.

Etapas da domesticação: 1- cativeiro, 2- criação.

Não tinham apenas em mente a obtenção de carne para consumir, mas também em ter mais peles, lãs, leite e outros derivados destes.

O motivo que levou estes grupos a necessidade de capturar e depois criar animais deve estar relacionada a redução da caça do final do Pleistoceno, ocasionada pela mudança climática.               

Diante das espécies caçadas, começaram a criar os animais. Começou como um complemento e foi aos poucos se tornando a economia principal. Os caçadores do Paleolítico Superior já eram botânicos e zoológicos experientes, mas tinham outras alternativas para se alimentar na caça coleta que ainda era abundante. Tecelagem, polimento de certos artefatos líticos. Agora o estilo de vida sedentário predominava.

Da produção de alimentos aos Estados

Agricultura

Pastoreio

Olaria

Tecelagem

Polimento de artefatos líticos.

Sedentarismo.

Aldeias com crescente divisão entre categorias sociais. Surgiram especialistas, resultado direto do sedentarismo e da divisão de tarefas (criador de animais, oleiro, tecelão etc). Divisão do trabalho relacionado ao sexo. Mulheres trabalhavam olaria, cestaria e até certo momento a agricultura, com a invenção do arado, a agricultura e criação de animais passou a ter atividade do homem. O chefe a ser o monarca, passando a ter funções militares e com cargo hereditário. A agricultura pós fim a solidariedade, substituída pela competição e pela posse de maior número de recursos. Cada agricultor com seu campo, gado, casa e utensílios. Sepultamentos dentro da casa, não mais em cemitérios comuns. Junto a propriedade privada veio a pilhagem, roubo, guerras e saques. Surge a classe de guerreiros profissionais.

O desenvolvimento das aldeias para cidades foi determinado por três fatores: Primeiro foi uma serie de invenções e avanços técnicos posteriores a produção de alimentos, como irrigação, drenagem, arado, meio de transporte aperfeiçoado. Segundo foi o fim da autossuficiência da aldeia neolítica. E terceiro a concentração de poder econômico e político nas mãos da classe militar e sacerdotal.

Você quer saber mais?

PUHL, Juliane Maria. Pré-história. Canoas: Ed. Ulbra, 2013.

COTRIM, Gilberto. História Geral: Brasil e Geral. São Paulo: Editora Saraiva, 2005.

ARRUDA, José Jobson de A; PILETTI, Nelson. Toda História. São Paulo: Editora Ática, 1999. 

     

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