domingo, 4 de agosto de 2013

"Pirâmides" no Brasil? Arquiteto analisa vestígios arqueológicos abandonados pelas autoridades.

Estrutura de pedra com ângulo escalonado. Imagem: Verdureiro Eliel.
Coisas que precisam ser ditas sobre o sitio arqueológico de Natividade da Serra, a chamada "Pirâmide”.
Não sei por que tanto desinteresse em esclarecer o caso das ruínas  de Natividade da Serra. Quatro  pessoas de diferentes especialidades visitaram o local e chegaram a conclusões semelhantes. O achado foi noticiado através do jornalista  Julio Ottoboni em 2004, que percebeu sua importância e raridade.

O geólogo do INPE Paulo Roberto Martini fez  um relatório onde diz claramente que aquilo é obra , com características semelhantes a outras do sudoeste americano. Sudoeste americano é o sul do continente americano, America do Sul. O   oeste são os Andes, que fique bem claro. Parece que poucos notaram a exatidão da afirmação, ainda que por enquanto, hipótese.
Logo depois esteve no local o professor e arqueólogo Luiz Galdino que pesquisou durante 45 anos vastas áreas do Brasil e sítios pré-históricos, concluiu que é um sitio pré-colombiano e o associou a um dos ramais do Peabiru, o caminho que unia os Andes com a costa atlântica ,principalmente com a área de São Vicente, más que também   tinha outros ramais. Galdino desenvolveu o assunto no seu livro "Peabiru , os Incas no Brasil”, editora Estrada Real, 2003.
Pedra angular cortada por intervenção humana Pré-colonial. Imagem: Verdureiro Eliel.
Finalmente estive no local e fiz observações durante cinco dias e concluí que se trata de um sitio pré-colombiano. Sendo arquiteto e havendo trabalhado 40  anos na área de patrimônio cultural e arqueologia, expliquei que os blocos e lajes achados no local  , foram obtidos por método de polimento, sem ferramentas de aço, método tipicamente andino. Disse que a localização do sitio também dava a ideia dessa origem. E descartei uma origem”colonial” para ele. Mostrei a similitude dos padrões das pedras talhadas com locais dos Andes, em função das proporções e tipologia.
Estas conclusões não podem ser verificadas com mais exatidão porque nenhum de nos contou com informações de escavações técnicas . Na verdade quem escavou alguma coisa, e muito, foi o proprietário, mas enterrou quase tudo o que não foi destruído. Tirou fotos e achou objetos , mas não  mostra. E agora nega a existência do sitio.
Caso alguém ainda  não tenha percebido, uma equipe interdisciplinar examinou o local e chegou a conclusões  pontuais. Faltou um arqueólogo, más os que foram chamados a dar opinião não quiseram se envolver. Há varias explicações para isso. De qualquer maneira nesta primeira fase de pesquisa seriam desejáveis,más não essenciais. Uma vez que não temos condições de fazer escavações por falta de apoio legal.
Os vestígios são evidentes para qualquer um que conheça um pouco de arquitetura pré-histórica  sul-americana, e não dependa do ganha pão nem da boa vontade  do IPHAN-SP. Não foi surpresa a falta de manifestação sobre o  caso, inicialmente, por parte do IPHAN-SP, e a posterior afirmativa de que o sitio não é sítio arqueológico “nem histórico nem pré-histórico”. Está claro que o IPHAN-SP não tem condições praticas nem técnicas de examinar o local convenientemente.Trata-se de um órgão burocrático, com muitos compromissos,  inclusive políticos. E já tem a opinião( MAL)  formada de que no Brasil não existe arquitetura pré-colombiana digna de nota. Consequentemente faz como o avestruz , enfiando a cabeça no buraco e achando que as coisas deixaram de existir, por ser ele, em teoria, a autoridade no assunto.  Dependendo da ajuda desse tipo de organismo muita coisa no  Brasil nunca vai ser identificada. Podemos ter certeza de que vários sítios similares ao de Fazenda Palmeiras já foram destruídos sem que a opinião publica toma-se conhecimento.

Arqueólogos da USP analisam estruturas enterradas. Imagem: Verdureiro Eliel.
As ruínas da chamada Cidade Labirinto e  as da Serra da Muralha, em Rondônia estão esperando uma identificação oficial  correta. Na primeira há algumas pedras talhadas que poderiam dar uma identificação, ainda que a  maioria das pedras sejam irregulares e sem tratamento algum.
Muitos sítios devem ter sido destruídos  em épocas passadas inclusive antes da existência do IPHAN.O cidadão  apenas medianamente  instruído não tem condições de perceber entre um sitio arquitetônico “colonial” ou um sitio pré-histórico e  normalmente usou e usa suas pedras como material de construção.
Arquiteto Carlos Pérez Gomar
Pirâmides no Brasil? Monólitos de construção piramidal desaparecem após descoberta.
Além de um amontoado de pedras, esse também é o mais novo mistério da arqueologia brasileira e coloca sob discussão a historia atual da ocupação do território brasileiro no período pré-descobrimento. Imagem: Verdureiro Eliel.
Arqueólogo da USP diz que achado pode revelar a presença de culturas antigas e muito avançadas.

Curitiba – O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) estuda uma estrutura feita de granitos, que pode vir a ser a primeira pirâmide do Brasil. O geólogo e especialista em sensoriamento remoto, Paulo Roberto Martini, chegou a uma conclusão inicial. Essa composição de rochas foi feita pelo homem. O monumento foi descoberto por acaso, numa fazenda no município paulista de Natividade da Serra, nos limites do Parque Estadual da Serra do Mar. São imensas pedras cortadas e empilhadas na forma de degraus até seu topo. “Ainda é cedo para afirmar algo de concreto, mas estamos diante de uma construção feita por uma civilização primitiva avançada”, destaca o cientista.


Basta ter contato com os milhares de blocos graníticos recortados e distribuídos na encosta de um morro para que surjam inúmeros questionamentos. Que cultura seria está ? Em quanto tempo fizeram essa edificação ? Por que e quando foi construída? Perguntas que dificilmente serão respondidas de pronto, mas que prometem gerar um turbilhão de dúvidas, polêmicas e especulações. Imagem: Verdureiro Eliel.

O local fica próximo a um riacho, que poucos metros à frente deságuam no Rio Paraibuna. Os imensos blocos graníticos, cortados com precisão, continuam parcialmente empilhados. Com o tempo acabaram por perder o traço construtivo original, mais inclinado e no formato de uma grande escada ascendente. Os imensos tijolos podem ser visto na superfície. Uma boa parte se encontra soterrada pela erosão e outra ainda sustenta a estrutura em largas paredes. Vários, porém, se deslocaram com a ação do tempo. As chuvas e o peso das rochas recalcou o terreno, fazendo-os escorregar ou mesmo criar pequenos empilhamentos.

Basta remover um pouco da terra acumulada para se desvendar uma complexa armação. As pedras, geralmente em formato retangular, variam de 1 a 2 metros de comprimento, de 0,40 a 0,70 metro de espessura por 0,80 a 1 metro de largura. Foram assentadas bem unidas e os vãos – quando existiam – foram completados com pedras menores e fixadas por uma mistura de barro, semelhante a argamassa. Duas faces do monumento estão recobertas pela mata. Nestes locais se encontram centenas de pedras, tendo as raízes das árvores tendo movimentado diversas delas.

Numa tentativa de desvendar maiores detalhes do monumento, uma das faces acabou sendo alvo de escavações sem qualquer critério feitas pelos empregados da fazenda, incluindo a remoção de grandes pedras com o uso de tratores de esteira. A lateral da esquerda ainda não foi mexida. Entretanto, outro aspecto intrigante está nos ecos que podem ser provocados. As batidas de um vergalhão de ferro dentro dos buracos que surgiram é possível ouvir a ressonância.

Provavelmente o efeito do som refletido numa câmara existente no interior da pirâmide. Usando a barra de ferro como instrumento improvisado foi capaz também de se ter uma noção da largura da parede. Provavelmente ela ultrapasse a um metro.

Técnica desconhecida

Entretanto, o intrigante é que essa região era habitada pelos índios Tamoios, que desconheciam a tecnologia empregada no corte de blocos de pedra e sequer tinham a tradição de criar monumentos neste estilo. Segundo moradores do lugar, outras construções semelhantes se encontram numa propriedade vizinha. Essas, porém, estão recobertas pela Mata Atlântica e o acesso é dificultado pela densa vegetação.

Para o arqueólogo da Universidade de São Paulo (USP) e especializado nos sítios na costa paulista, Plácido Cali, essa composição é única no País. E esse achado por revelar a presença de outras culturas, mais avançadas tecnologicamente, que as tradicionais nações indígenas que povoavam essa faixa da América do Sul. “Com certeza isto não é obra dos índios que conhecemos”, comenta o pesquisador. As primeiras imagens deste monumento foram encaminhadas ao INPE pelo proprietário da Fazenda Palmeiras, Carlos Frahya, no final do ano passado. As fotos chegaram no final do ano passado ao pesquisador Paulo Roberto Martini. Uma surpresa enigmática, que passou a ser alvo de estudos do cientista. E como qualquer mistério, quanto mais se pesquisa maior é o crescimento das dúvidas. “A textura das pedras é diferente, principalmente em alguns locais da edificação”, comenta o geólogo.

Segundo Martini, o tipo de rocha encontrada no local tem cerca de 2 bilhões de anos e fazem parte do Complexo de Varginha. Essa formação natural se estende pela Serra do Mar, começando nas proximidades de São Paulo seguindo até a Serra da Bocaina, na divisa com o Rio de Janeiro, e adentra a porção fluminense. Porém sua largura é pequena, alcançando algo próximo a 6 quilômetros. “Uma explicação geológica seria a erosão ter chegado à raiz das montanhas e provocado esse afloramento granítico, mas não há como explicar os cortes e a disposição das pedras”.

Esse tipo de rocha é de origem vulcânica e se forma com os primeiros derrames de lava no fundo do oceano, quando se dá início a formação das cadeias montanhosas. O tipo de entalhe das pedras é muito próximo ao utilizado pelas civilizações pré-incaicas, que habitaram os Andes. Ou mesmo dos fenícios, que eram exímios navegadores e utilizavam grandes marcos de pedras para que grupos de sua mesma cultura pudessem se orientar tanto no mar como em terra.

Como Natividade da Serra é situada dentro do eixo Rio-São Paulo, os indígenas encontrados na época do descobrimento nesta região só usavam pedras para ponta de fechas, arpões e machadinhas. “Até o momento não há registros que esses povos nativos fizessem monumentos de pedras entalhadas, principalmente usando grandes e pesados blocos”, salienta o cientista.

Em suas pesquisas, Martini descobriu em manuais de sensoriamento remoto (sistema que produz imagens da superfície do planeta a partir de satélite) semelhanças na formação de Natividade da Serra com outras construções de culturas primitivas avançadas, que habitaram o próprio continente americano. “Os monumentos de sinalização do Novo México são muito parecidos com esse encontrado aqui”, afirma.

Mistério reforçado

Na tentativa de evitar algum aspecto meramente especulativo, o geólogo chega a uma conclusão óbvia. “Não há dúvida que aquilo é algo muito antigo e feito pelo homem”. O cientista foi buscar outras informações no Manual sobre Arqueologia Brasileira e pode constatar que o uso das rochas cristalinas pelo indígena brasileiro é desconhecido. Embora existam as edificações nas Reduções Jesuíticas, no Sul do país. “Mas lá se trata de arenitos. A típica cultura rochosa-granítica conhecida na América do Sul é a dos Incas”, observa.

Entretanto, outra formação encontrada na altura da entrada da estrada de Salesópolis, que liga a Rodovia dos Tamoios, no litoral norte paulista até a região metropolitana, foi identificada em pesquisas anteriores feitas pelo INPE a ocorrência de granulitos, rochas muito antigas compatíveis com aquelas próximas do cume da Serra da Mantiqueira.

A dúvida agora é saber se há ligação entre a possível pirâmide com outros monumentos e formações encontradas. “Não sei ainda se ela poderia estar alinhada com o que encontramos próximo a Tamoios ou se há ligação entre elas, apesar de estarem relativamente bem próximas”, comentou Martini.

A descoberta desta possível pirâmide reabriu a discussão sobre a presença dos Incas no território brasileiro. Eles teriam percorrido um caminho entre os Andes e a costa atlântica, conhecido como Peabiru. Essa antiga estrada e seus ramais cortavam os territórios atuais dos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Um possível elo entre ambas ocorrências tem surgido como lógica aos pesquisadores, que dão agora seus primeiros passos para desvendar esse mistério.

Júlio Ottoboni


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