Curupira. Imagem: Fantasia Wikia.
É um
mito bem antigo no Brasil, já citado por José de Anchieta em 1560. Ele protege a floresta e os animais, espantando os
caçadores que não respeitam as leis da natureza, isto é, que não respeitam o período
de procriação e amamentação dos animais e que também caçam além do necessário
para a sua sobrevivência e lenhadores que fazem derrubada de árvores de forma
predatória.
Assim como o boitatá,
o Curupira também é um protetor das
matas e dos animais silvestres. Representado por um anão de cabelos compridos e
com os pés virados para trás. Persegue e mata todos que desrespeitam a
natureza. Quando alguém desaparece nas matas, muitos habitantes do interior acreditam
que é obra do curupira.
Além disso, dizem que
o curupira gosta de sentar nas sombras das mangueiras e se deliciar com os
frutos, mas se ele sentir que está sendo vigiado ou ameaçado, logo começa a
correr a uma velocidade tão grande que os olhos humanos não conseguem
acompanhar.
Muitos dizem que existem curupiras que se encantam com algumas crianças e a levam embora para longe dos seus pais
Muitos dizem que existem curupiras que se encantam com algumas crianças e a levam embora para longe dos seus pais
por algum tempo, mas são devolvidas
quando atingem mais ou menos os sete anos de idade.
Com isso, as crianças "sequestradas" e posteriormente devolvidas,
nunca voltam como eram, em razão do fascínio que passam a sentir pela
floresta onde viveram.
Para proteger os animais, o curupira usa mil artimanhas, procurando sempre
iludir e confundir os caçadores, utilizando gritos, assobios e gemidos, fazendo
com que o caçador pense que está atrás de um animal e vá atrás do Curupira, e
este faz com que o caçador se perca na floresta.
Ao aproximar uma tempestade, o Curupira corre toda a floresta e vai batendo nos
troncos das árvores. Assim, ele vê se elas estão fortes para aguentar a
ventania. Se perceber que alguma árvore poderá ser derrubada pelo vento, ele
avisa a bicharada para não chegar perto.
O Curupira também pode encantar os adultos. Em muitos casos contados, o
Curupira mundia os caçadores que se aventuram a permanecer no mato nas chamadas
horas mortas. O encantado tenta sair da mata, mas não consegue. Surpreende-se
passando sempre pelos mesmos locais e percebe que está na verdade andando em
círculos. Em algum lugar bem próximo, o Curupira está lhe observando:
"estou sendo mundiado pelo Curupira", pensa o encantado.
Daí só resta uma alternativa: parar de andar, pegar um pedaço de cipó e fazer
dele uma bolinha. Deve-se tecer o cipó muito bem, escondendo a ponta de forma
que seja muito difícil desenrolar o novelo. Depois disso, a pessoa deve jogar a
pequena bola bem longe e gritar: "quero te ver achar a ponta". A
pessoa mundiada deve aguardar um pouco para recomeçar a tentativa de sair da
mata.
Diz a lenda que, de tão curioso, o Curupira não resiste ao novelo. Senta e fica
lá entretido tentando desenrolar a bola de cipó para achar a ponta. Vira a bola
de um lado, de outro e acaba se esquecendo da pessoa de quem malinou. Dessa
forma, desfaz-se o encanto e a pessoa consegue encontrar o caminho de casa.
O
Curupira solta assovios agudos para assustar e confundir caçadores e
lenhadores, além de criar ilusões, até que os malfeitores se percam ou
enlouqueçam, no meio da mata. Seus pés virados para trás servem para despistar
os caçadores, que ao irem atrás das pegadas, vão na direção errada. Para que
isso não aconteça, caçadores e lenhadores costumam suborná-lo com iguarias
deixadas em lugares estratégicos. O Curupira, distraído com tais oferendas,
esquece-se de suas artes e deixa de dar suas pistas falsas e chamados
enganosos.
Sendo
mito difundido no Brasil inteiro, suas características variam bastante. Em
algumas versões das histórias, o Curupira possui pelos vermelhos e dentes
verdes e anda montado em porcos catetos. Em outras versões, têm grandes orelhas
ou é totalmente calvo. Pode ou não portar um machado e, em uma versão, chega
ser feito do casco de jabuti.
Você quer saber mais?
FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Segunda edição. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.513.
FERREIRA, A. B.
H. Novo Dicionário da Língua
Portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.513.
Câmara Cascudo, tem vários livros com lendas. Você conhece?
ResponderExcluirBeijos!
Olá amiga Janice!
ResponderExcluirAcho muito interessante os livros de Câmara Cascudo por valorizar nossas lendas e mitologias. Mostrando ao nosso povo que possuímos uma história rica e ampla em todos os aspectos. Que podemos encontrar em nossos escritos e historias orais tanta riqueza quanto no mundo antigo. Os livros de Câmara Cascudo que tenho são esses, já li todos....Cascudo, Luís da Câmara. Antologia do Folclore Brasileiro. Martins Editora, S. Paulo, 1944. Cascudo, Luís da Câmara. Folclore no Brasil. Fundo de Cultura, Rio de Janeiro, 1967 – 2ª edição, FJA, Natal;, 1980. Cascudo, Luís da Câmara. Superstições e Costumes. Ed. Antunes & Cia, Rio de Janeiro, 1958. Cascudo, Luís da Câmara. Antologia do Folclore Brasileiro – Martins Editora, S. Paulo, 1944.
Abração. Qualquer dúvida estamos ai....
Tenho muita dúvidas.
ResponderExcluirGostaria de saber sobre "Épicos"( não tenho nada sobre) e "O Pão da Morte"-(México) Sei que é uma festa para não esquecerem seus mortos feita no cemitério, gostaria de mais detalhes se possível.
Obrigado,
beijos!!!