O Vaqueiro
Misterioso. Imagem: Consciencia.
Esta lenda é muito comum por todo o interior
do Brasil, principalmente nas localidades que tem fortes tradições no Ciclo do
Gado.Esta Lenda relatada por muitos vaqueiros, onde o Vaqueiro Misterioso
sempre aparece para participar das competições de derrubada de boi, corrida de
argolinha, entre outras competições de montaria.Ele sempre é descrito como um
vaqueiro velho,mal vestido com um cavalo fraco e velho, participa e ganha todas
as competições e quando alguém procura por ele para saber de onde ele veio ,ele
acaba sumindo sem deixar nenhuma pista.
“...era
um vaqueiro ambulante, misteriosamente aparecendo por fazendas em ocasiões de
difíceis vaquejadas em que pintava proezas admiráveis. Nos sertões do norte
mineiro dele se fala ainda com essa crença supersticiosa cheia de infância e
desalinho, marcando datas, lugares, perigos inimagináveis, quase impossíveis,
salvando gerações, vivendo de todos e por toda a parte, sempre o mesmo,
inextinguível. Franzino, mulato de mediana estatura, pouco idoso, falando pouco
e muito descansado, sempre vestido de perneira e gibão, cavalgando eternamente
uma égua muito feia e magra ocultando a larga fronte, olhar expressivo e barba
espessa e comprida sob um grande e desabado chapéu de couro — tal a figura
simpática do Borges. Quase nunca era procurado porque, boêmio dos campos, sua
residência certa se ignorava.”
(Manuel Ambrósio.
Brasil interior).
Ele aparece de repente nas fazendas
ou em regiões pastoris. Não se sabe ao certo de onde veio ou onde nasceu . Tem
vários nomes e, algumas vezes
, nome nenhum. Sua montaria é um cavalo velho ou uma égua de aparência cansada, imprestáveis. Está sempre vestido humildemente, com um gibão de couro surrado e chapéu de vaqueiro, encobrindo o seu olhar misterioso.
, nome nenhum. Sua montaria é um cavalo velho ou uma égua de aparência cansada, imprestáveis. Está sempre vestido humildemente, com um gibão de couro surrado e chapéu de vaqueiro, encobrindo o seu olhar misterioso.
Aparece nas ocasiões onde há
vaquejadas ou apanha de gado novo, ferra ou batida para campear. Devido à sua
aparência, torna-se alvo de zombaria dos demais vaqueiros e campeadores. Acontece, porém, que
na hora das disputas ele se revela um vaqueiro hábil como ninguém, conhecedor
de grandes segredos. Seu cavalo torna-se então, um veloz e belígero ginete. Ele
reúne todo o gado, no curral, sozinho e em pouco tempo. Domina facilmente os
mais ferozes touros. Nas vaquejadas, não há novilho, não há garrote, que escape
à derrubada do vaqueiro misterioso. Enfim, acaba sendo ele o grande campeão. Desse modo, vence
a todos os outros.
É o mais ágil, mais destro, mais
afoito deles. O sabedor de segredos infalíveis, o melhor, o herói. É aclamado
pela multidão, desejado pelas mulheres, assim como as ofertas dos fazendeiros de bem
remunerados trabalhos; apenas recebe os prêmios e se vai, para reaparecer
depois em outras paragens. Ele, porém, recusa todas as honrarias e desaparece da
mesma forma que surgiu. Ninguém sabe como e nem para onde foi.
O Vaqueiro Misterioso em alguns casos é o
estereótipo do herói da caatinga, à primeira vista um retirante, como grande
parte dos habitantes da chamada região da “Civilização
do Couro”, mas que se transforma no mais valente dos homens, um
autêntico sobrevivente de todas as diversidades do sertão. O herói incansável
aparece e desaparece, sem deixar um nome, a sua identidade é o próprio sertão
nordestino.
É mito de origem lusitana, com
variações locais, que ocorre em todas as regiões de pastoreio no Brasil:
Nordeste, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais e Bahia. Para Luís da Câmara
Cascudo, "moralmente, é um símbolo da velha profissão heroica, sem
registros e sem prêmios, contando-se as vitórias anônimas superiores às
derrotas assistidas pelas serras, grotões e várzeas, testemunhas que nunca
prestarão depoimento para esclarecer o fim terrível daqueles que vivem correndo
atrás da morte."
Você
quer saber mais?
Cascudo, Luís da
Câmara. Dicionário do folclore brasileiro. Rio de Janeiro, Instituto
Nacional do Livro, 1954 | 9ª edição: Rio de Janeiro, Ediouro, sd | Geografia
dos mitos brasileiros. 2ª ed. São Paulo, Global Editora, 2002, p.346-250.
Ambrósio, Manuel.
"A onça Borges". Brasil interior; palestras populares, folclore
das margens do São Francisco: Januária, Minas Gerais, 1912. v.1, São
Paulo, Nelson Benjamin Monção, 1934, p.30-50.
Cavalcanti,
Kerginaldo. "Manuel Bruto". Contos do Agreste. Natal, Tip. do
Instituto, 1914, p.77.
Melo, Manuel
Rodrigues. "Preto ruivo". Várzea do Açu. São Paulo, Ed. dos
Cadernos, 1940, p.99.
Barroso, Gustavo.
Coração de menino. Rio de Janeiro, Getúlio M. Costa Editor, 1939, p.119-120.
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