O Tevatron colidia prótons e antiprótons, o que mostraria o bóson de Higgs decaindo em um quark e um antiquark bottom.
Já o LHC colide prótons com prótons, e os sinais do bóson de Higgs
devem aparecer conforme a partícula decaia em dois fótons. [Imagem:
Fermilab]
O mundo científico está comemorando a descoberta de uma partícula
inédita que pode ser a chamada “partícula de Deus”. Se for mesmo, pode
revelar a origem do universo, como tudo começou.
Os cientistas ainda precisam confirmar que a partícula que eles
encontraram se trata, de fato, do bóson de Higgs, que ganhou esse
apelido de “partícula de Deus”, e que é considerado crucial para
compreender a formação do universo, já que pode explicar como as
partículas ganham massa. Sem isso, nenhuma matéria como nós conhecemos,
como as estrelas, os planetas e até os seres humanos, existiria.
O anúncio foi feito em Genebra, sede do Centro Europeu de Pesquisas
Nucleares. As conclusões foram baseadas em dados obtidos em um
gigantesco acelerador de partículas que fica debaixo da terra, na
fronteira entre a Suíça e a França. Há mais de quatro décadas que
cientistas tentam encontrar essa partícula. Mesmo sem efeitos práticos
no nosso dia a dia, a descoberta já está sendo considerada a mais
importante dos últimos anos no campo da Física.
Qual é a origem da expressão 'partícula de Deus'?
Décadas de trabalho têm sido dedicadas à busca por uma
partícula subatômica denominada bóson de Higgs, também conhecida como
"partícula de Deus", e que pode ter sido ao menos detectada, afirmaram
cientistas do Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (Cern, na sigla em
francês). Mas, de onde vem o nome "partícula de Deus"?
O bóson de Higgs recebeu este nome em homenagem ao físico britânico
Peter Higgs, que propôs sua existência em um artigo publicado em 1964 no
periódico científico Physical Review Letters. Higgs teve a ideia
enquanto caminhava um fim de semana pelas Montanhas Cairngorm, na
Escócia. Quando retornou ao laboratório, ele disse aos seus colegas ter
tido sua "grande ideia" e encontrado uma resposta para o enigma de por
que a matéria tem massa.
Embora a partícula leve o nome de Higgs, importantes trabalhos teóricos
também foram desenvolvidos pelos físicos belgas Robert Brout e François
Englert. O bóson de Higgs ficou conhecido como "partícula de Deus",
porque, assim como Deus, estaria em todas as partes, mas é difícil de
definir. Mas a eral origem é bem menos poética.
A expressão vem de um livro do físico ganhador do prêmio Nobel Leon
Lederman, cujo esboço de título era "A Partícula Maldita" ("The Goddamn
Particle", no original), em alusão às frustrações de tentar encontrá-la.
O título foi, depois, cortado para "A Partícula de Deus" por seu
editor, aparentemente temeroso de
que a palavra "maldita" fosse ofensiva.
que a palavra "maldita" fosse ofensiva.
Indícios do bóson e o Modelo Padrão
Bruno Mansoulie, físico do Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (Cern, na sigla em francês), disse a jornalistas, em Genebra, que o grande acelerador de partículas europeu "reduziu a janela na qual os cientistas acreditam que encontrarão o bóson de Higgs". A sustentação para esta busca é o desejo de preencher a maior lacuna do Modelo Padrão, uma das principais teorias das partículas subatômicas.
Bruno Mansoulie, físico do Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (Cern, na sigla em francês), disse a jornalistas, em Genebra, que o grande acelerador de partículas europeu "reduziu a janela na qual os cientistas acreditam que encontrarão o bóson de Higgs". A sustentação para esta busca é o desejo de preencher a maior lacuna do Modelo Padrão, uma das principais teorias das partículas subatômicas.
Desenvolvido no começo dos anos 1970, o Modelo Padrão diz haver 12
partículas que compreendem os elementos principais presentes em toda a
matéria. Estas partículas fundamentais se dividem em uma sequência de
seis léptons e seis quarks, batizados com nomes exóticos, como "charm"
(charme), "tau" e "strange" (estranho.
O Modelo Padrão também diz que as partículas conhecidas como bósons
atuam como mensageiras entre as partículas de matéria. Esta interação dá
origem a três forças fundamentais: a força forte, a força fraca e a
força eletromagnética (há uma quarta força, a gravidade, que se suspeita
que seja provocada por um bóson ainda a ser descoberto, denominado
"gráviton").
O mistério, no entanto, é o que dá massa às partículas de matéria - e
por que algumas destas partículas têm mais massa do que outras. A teoria
que sustenta o bóson de Higgs é que a massa não derivaria de todas as
partículas em si. Ao contrário, viria de um único bóson - o de Higgs -
que reage fortemente a algumas partículas, e menos (ou não reage em
absoluto) a outras.
Uma forma de visualizar isto é pensar em um coquetel onde há um grupo
(os bósons) e recém-chegados (as partículas de matéria). Imagine o que
aconteceria se um desconhecido entrasse na festa e atravessasse a sala.
Apenas algumas pessoas o conheceriam e se aproximariam dele, e sendo
assim, ele conseguiria cruzar o ambiente rapidamente, sem grandes
obstáculos.
Mas o que aconteceria se uma celebridade entrasse? As pessoas se
concentrariam em torno dela e seria mais difícil para ela cruzar o
salão. Em termos físicos, esta partícula tem mais massa. "A ideia é que
as partículas colidem contra os bósons de Higgs e este contato é o que
as tornam mais lentas e lhes dá massa", explicou o físico e filósofo
francês Etienne Klein.
Você quer saber mais?
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