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sexta-feira, 1 de novembro de 2013

O aquecimento global é uma religião


O aquecimento global causado pelo homem é, para muitos, uma religião cujo deus a ser adorado é a Terra.  A característica essencial de qualquer religião é que suas declarações devem todas ser aceitas por uma questão de fé, e não pela apresentação de provas concretas.  Questionar tais declarações transforma qualquer um em pecador.

Ninguém nega que a temperatura da Terra se altera.  Milhões de anos atrás, grande parte do nosso planeta estava coberta de gelo - em alguns lugares com camadas de mais de 1,5 km de espessura -, um período que alguns cientistas chamam de "Terra bola de neve".  Como hoje a Terra não está mais coberta por essa camada de 1,5 km de gelo, então é seguro concluir que deve ter havido um pouco de aquecimento global.  Eu não sei a causa desse aquecimento, mas seria capaz de apostar toda a minha riqueza que esse aquecimento não foi causado por usinas termelétricas a carvão, lâmpadas incandescentes e automóveis andando incessantemente pelas rodovias.

A mera ideia de que a humanidade tem o poder de causar significativas mudanças paramétricas na Terra representa o ápice da arrogância.  Que tal algumas outras perguntas, já que a temperatura é apenas uma das características da Terra.  Por exemplo, peguemos a órbita da Terra.  Se todos nós, 6,5 bilhões de seres humanos que habitamos a Terra, começássemos ritmicamente a pular ao mesmo tempo e durante um longo período, você acha que conseguiríamos alterar a órbita ou a rotação da Terra?  Seguindo o mesmo raciocínio, você acha que a humanidade seria capaz de conseguir alterar a direção e a periodicidade das marés?  Existe alguma coisa que a humanidade possa fazer para provocar ou impedir um tsunami ou furacão?

Certamente você me diria, "Willians, é uma estupidez sugerir que a humanidade pode alterar a órbita ou a rotação da Terra, as marés, ou mesmo provocar ou impedir tsunamis ou furacões!".  E você estaria certo, é claro.  Da mesma maneira, é absurdo crer que as atividades da humanidade são capazes de provocar mudanças globalizadas na temperatura da Terra.

Todavia, existem muitos interesses em jogo, o que torna urgentemente necessário fazer as pessoas aceitarem e endossarem a religião do aquecimento global.  Existe tanta coisa em jogo que alguns cientistas, utilizando gordas subvenções governamentais, estão fraudulentamente manipulando dados climáticos e praticando abertamente atividades criminosas, como revelado no recente escândalo que vem sendo apelidado de "Climate gate".  Uma das mais perigosas características da religião do aquecimento global é o nível de intimidação feito sobre os hereges ou os aspirantes a hereges.

Alguns anos atrás, a Dra. Heidi Cullen, a climatologista do Weather Channel, exortou a Sociedade Meteorológica Americana a retirar seu selo de aprovação de qualquer meteorologista televisivo que expressasse ceticismo quanto às previsões sobre o aquecimento global antropogênico.  Scott Pelley, correspondente do programa "60 minutes", da rede CBS, comparou os céticos do aquecimento global a "negadores do Holocausto".  Já o ex-vice-presidente americano Al Gore chamou os céticos de "negadores do aquecimento global".  Mas a coisa fica ainda pior.  Em um de seus programas, a Dra. Cullen recebeu como convidado o colunista Dave Roberts, que, no dia 19 de setembro de 2006, em sua publicação online, disse que "Quando finalmente estivermos levando a sério o aquecimento global, quando estivermos sentindo todos os seus impactos e estivermos em uma luta em escala mundial para tentar minimizar os estragos, deveríamos implementar tribunais semelhantes aos de crimes de guerra para julgar esses canalhas - uma espécie de Nuremberg climático".

Como resultado, muitos climatologistas foram intimidados a ficar em silêncio.  Isso significa que o público não está informado sobre os seguintes fatos contra-alarmistas: Durantes longos períodos de tempo, não se percebe absolutamente nenhuma relação direta entre os níveis de CO2 e a temperatura.  Os seres humanos contribuem com aproximadamente 3,4% dos níveis anuais de CO2, ao passo que a natureza contribui com 96,6%.  Houve um aumento estrondoso das formas de vida 550 milhões de anos atrás (no Período Cambriano), quando os níveis de CO2 eram 18 vezes maiores que os de hoje.  Durante o Período Jurássico, quando os dinossauros perambulavam pela Terra, os níveis de CO2 eram até nove vezes maiores que os de hoje.  

O mundo sem ninguém: o sonho dos ambientalistas


 Os ambientalistas estão sempre pregando a preservação do ambiente.  O objetivo deles parece ser evitar que a ação humana altere a fauna e a flora.  No entanto, a própria sobrevivência do homem depende de sua interação com o ambiente, transformando-o para satisfazer suas necessidades e retirando dele o que é preciso para sobreviver (e viver).  Visto que é inevitável que o ser humano altere o meio em que vive, os ambientalistas parecem querer que o atual estado do ambiente seja preservado, e que não ocorra nenhuma alteração adicional na quantidade atual de plantas e animais — mesmo que isso implique uma diminuição da quantidade e qualidade de vida dos seres humanos, deixando claro que esta ideologia valoriza mais insetos, sapos, micos e mato do que o homem.  Uma pergunta que surge é por que o atual estado deve ser preservado?  O que há de tão bom nele?  Por que, por exemplo, o imenso deserto verde amazônico deve ter seu tamanho colossal mantido?  Murray Rothbard, ao analisar as conseqüências econômicas das leis de preservação faz exatamente essas perguntas:

Quantos e quantos escritores reclamam da brutal devastação que o capitalismo impõe as florestas americanas!  Porém, é evidente que a terra na América tem sido usada para produções que são mais valorizadas do que a produção de madeira, e, consequentemente, a terra foi destinada aos fins que melhor satisfaziam os desejos dos consumidores.[1]  Em que critério além deste os críticos podem se basear?  Se eles acham que muita floresta foi cortada, como eles podem estabelecer um critério quantitativo para determinar quanto é "muito"?  Na verdade, é impossível estabelecer um critério destes, do mesmo modo que é impossível estabelecer qualquer critério para a ação do mercado fora do mercado.  Toda tentativa de fazer isso vai ser arbitrária e não será baseada em nenhum princípio racional.[2]


 150 anos sem ninguém: O edifício mais alto de Boston desmorona sobre a mata que domina a cidade.

Então, se não existe este critério, poderíamos levar as reivindicações dos ambientalistas as suas últimas consequências lógicas.  O History Channel exibe uma série de documentários que mostra o que aconteceria com o planeta Terra se todas as pessoas desaparecessem de uma hora para outra.  Nos primeiros seis meses, os animais selvagens já estariam novamente vivendo nas cidades.  Com um ano, o mato estaria tomando conta da área urbana, e com cinco anos as ruas e estradas teriam desaparecido embaixo deste mato.  Passados 25 anos sem ninguém, as estruturas de concreto e aço começam a ruir sem o trabalho humano de conservação, e após 200 anos somente as mais resistentes estruturas de concreto reforçado ainda estarão de pé.  Mas transcorridos 500 anos, mesmo estas sucumbirão, e após mil anos quase todas as evidencias da civilização terão desaparecido e as cidades serão novamente grandes florestas.  Seria este o mundo ideal que os ambientalistas querem impor à humanidade?  Se não, por que não?  Em que ponto eles pretendem parar de advogar agressões contra a propriedade alheia em nome de uma preservação?

Há aqueles que alegam que as leis de preservação são essenciais para manter a vida humana; que caso os humanos não tivessem suas liberdades de ação cerceadas por um ente superior e altruísta, eles acabariam com os recursos naturais e deixariam o ambiente do planeta hostil à vida.  Estes ambientalistas falham em reconhecer que um sistema de inviolabilidade dos direitos de propriedade, que se oriente pelos preços do livre mercado para alocar os recursos, é a melhor maneira de garantir um ambiente sustentável e o maior bem estar para as pessoas (leia mais aqui e aqui).  E sobre a alegação da necessidade de se preservar recursos não-renováveis, Rothbard faz a seguinte análise:

.. há de se presumir que os recursos não-renováveis deverão ser usados em algum momento, e deve ser encontrado um ponto de equilíbrio entre a produção presente e a futura.  Por que as vontades da presente geração possuem tão pouco peso nessa decisão?  Por que a geração futura possui um valor tão maior, capaz de impor à atual um fardo muito mais pesado?  O que a futura geração tem para merecer este tratamento privilegiado?  Na verdade, uma vez que as futuras gerações tendem a ser mais ricas do que a presente, seria melhor aplicar o inverso! .. Além do mais, transcorridos alguns anos, o futuro terá se tornado o presente; então as gerações futuras também devem ter suas produções e consumos restritos em nome de outro "futuro" fantasmagórico?  Jamais devemos esquecer que o objetivo de toda atividade produtiva são bens e serviços que irão e poderão ser consumidos apenas em algum presente.  Não existe nenhuma justificação racional para penalizar o consumo em um presente e privilegiar um presente futuro; e seria ainda mais impossível justificar a restrição de todos os presentes em favor de algum "futuro" ilusório que pode nunca chegar e está sempre além do horizonte.  No entanto, este é o objetivo das leis de conservação.  As leis de conservação são na verdade legislações fantasiosas da Terra do Nunca. [3] [4]


O planeta-cidade Coruscant, capital da galáxia.

E a ausência do uso ou ameaça do uso de violência física para preservar o ambiente também não significa que ocorreria um cenário inverso ao mundo sem ninguém — um mundo superlotado e completamente alterado pela ação humana, algo como o planeta Coruscant, a capital da galáxia na saga Guerra nas Estrelas, que possui a totalidade de sua superfície ocupada por uma cidade.  Em um livre mercado, a simples satisfação que as pessoas obtêm ao apreciar uma paisagem natural seria o suficiente para que diversas áreas fossem mantidas intactas pelos seus proprietários.  Mas se um mundo como Coruscant fosse o resultado da ausência de agressão, seria, obviamente, muito bem vindo.

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

De onde viemos? Para onde vamos?



"Por isso se alguém possui conhecimento, ele é do alto. Se for chamado, ouvirá. Ele responde e se volta para aquele que o chama, se eleva até ele. Ele sabe de que modo é chamado. Uma vez que possui conhecimento, ele realiza a vontade daquele que o chama. Ele deseja agradá-lo, ele recebe repouso... Quem desse modo adquire conhecimento sabe de onde vem e para onde vai."

Ev.Ver. dito 22:2-15
(Evangelium Veritatis)


Você quer saber mais? 

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

William Shakespeare, Parte V: A tragédia do Rei Ricardo III.



Dramaturgo e poeta britânico. Considerado poeta nacional inglês e maior dramaturgo da literatura universal. Suas obras foram amplamente publicadas e traduzidas para todas as principais línguas do mundo.
 
“Meu reino por um cavalo!”
(Ricardo, Ato V, Cena IV)

Esta frase célebre, fora de seu contexto, não revela o brilho e a força do gênio criativo de Shakespeare. Pois nessa única frase está sintetizado o mais poderoso estudo sobre a ambição humana que já tive a oportunidade de conhecer.

Altíssimo brilho, catarse sublime! A tragédia é um estilo fora de moda em nossos tempos, substituída que foi pelos terrores diários dos jornais televisivos. Mas as chacinas, corrupções e catástrofes com que somos bombardeados pela mídia são um pobre substituto para as obras inspiradas por Melpômene, a musa da Tragédia. Pois não há aprendizado e nem crescimento em testemunhar um sofrimento sem sentido.

“Ricardo III” é a segunda melhor tragédia de Shakespeare. Só perde para “Macbeth”, em minha opinião. As duas têm muito em comum, e principalmente uma característica que considero a mais alta expressão literária. Eu já havia detectado essa característica em algumas poucas e muito queridas obras, de cabeça agora lembro de “Sobre Meninos e Lobos” do Dennis Lehane. Mas foi só agora, ao ler pela segunda vez “Ricardo III”, que pude definir melhor que característica é essa.

No entender de Hermann Broch (autor de “Os Inocentes”), toda obra de arte deve expressar uma totalidade. Isso é admiravelmente alcançado em um romance (ou peça teatral) quando o autor consegue ligar efetivamente cada ato a sua consequência, cada ação ao seu resultado. Uma história esteticamente perfeita, percebo agora, é a que retrata bem o misterioso e inescapável conceito de “karma” (palavra em sânscrito que significa “ação”).

“Ricardo III” é um poderoso exemplo dessa totalidade. Que obra!!!


O lado Negro

A peça é repleta de passagens de grande lirismo, com a alta poesia sendo utilizada para retratar o lado mais sombrio do homem.

O cinismo de Ricardo, por exemplo, é expresso lindamente nessa fala que ele dirige a seu irmão mais velho:

“Tenho-te tal amor que dentro em pouco
mandarei para o céu tua alma cândida,
se aceitar destas mãos o céu a oferta.”
(Ricardo, Ato I, Cena I)

Ou então nessa passagem em que ele arquiteta casar-se com a mulher do homem que acabou de matar:

“Logo tomo
por mulher a mais nova filha de Warwick.
Que importa que ao seu pai e a seu marido
tivesse eu dado a morte? O melhor meio
de dar satisfações a essa donzela
é ficar sendo dela pai e esposo,
o que farei, não por amor, decerto,
mas por um fim profundamente oculto
que preciso alcançar com o casamento.”
(Ricardo, Ato I, Cena I)

A cena em que Ricardo faz a corte a Ana é sem dúvida uma das mais marcantes da história da literatura. Ele a conquista durante o funeral do Rei Henrique VI, assassinado por ele:

“Já houve, acaso, mulher, em todo o mundo,
que fosse cortejada desse modo?”
(Ricardo, Ato I, Cena II)


A força das palavras

“Ricardo III” é também um testemunho sobre a força das palavras. É impressionante como o Bardo conseguiu tecer uma trama tão intrincada, onde o destino de cada personagem é antecipado por toda sorte de profecias e maldições. Exemplar é o caso do Duque de Buckingham, que foi ele mesmo o autor das palavras que o condenaram:

“O Deus do alto,
que tudo vê, com quem eu gracejara,
fez contra mim voltar a falsa prece,
dando-me de verdade o que eu pedira
somente por gracejo.”
(Buckingham, Ato V, Cena I)

O próprio Ricardo demonstra em suas palavras a progressão e amargo fim de toda ambição. Ele começa cheio de gás e disposto a fazer todo tipo de maldade:

“Sol admirável,
brilha até que eu adquira um bom espelho
para eu ver com que monstro eu me assemelho.”
(Ricardo, Ato I, Cena II)

Logo, porém, ele percebe que se torna um escravo de suas próprias ações infames:

“Mas tão metido em sangue ora me encontro,
que um crime provoca outro.”
(Ricardo, Ato IV, Cena II)

A lei do Karma

Nenhuma ação humana, boa ou má, permanece sem consequência. Essa é, em essência, a lei do Karma. “O plantio é opcional, mas a colheita é obrigatória”, já diz o sábio ditado.

E as pérfidas ações de Ricardo maturam tetricamente e não tardam a produzir horrendos frutos. Cena poderosíssima é a aparição dos fantasmas dos assassinados pela ambição de Ricardo, na madrugada que antecede a batalha. Cada um deles, por sua vez, lança a pesada maldição:

“Amanhã pesarei sobre tua alma!
(...) Enche-te, pois, de desespero, e morre!”
(vários espectros, Ato V, Cena III)

Ricardo desperta assustado, e pela primeira vez tem um encontro com a voz da consciência:

“Ó consciência covarde, tu me assustas!”
(Ricardo, Ato V, Cena III)

E chega por fim à triste conclusão:

“Desespero; criatura alguma me ama.
Se eu morrer, nenhuma alma há de chorar-me.
Aliás, por que o fariam, se eu não tenho
piedade de mim próprio?”
(Ricardo, Ato V, Cena III)


Outras passagens marcantes:

“Perdida fora a mágoa
despendida por quem já está perdido.”
(Duquesa de York, Ato II, Cena II)

“É meu filho, de fato, e o meu opróbrio;
mas não bebeu, decerto, a hipocrisia
no leite destes peitos.”
(Duquesa de York, Ato II, Cena II)

“Não cedais facilmente aos nossos rogos;
neste ponto fazei como as donzelas
que dizem sempre não, mas vão cedendo.”
(Buckingham, Ato II, Cena VII)

“Ricardo apenas vive, o negro agente
do inferno, a quem foi dado o triste encargo
de comprar almas para o reino escuro.”
(Rainha Margarida, Ato IV, Cena IV)

“Veloz como a andorinha é a fé, eu o sei:
de reis faz deuses, de um campônio, um rei.”
(Richmond, Ato V, Cena II)

Last but not least

Foi uma sorte que justamente essa peça, que eu já havia lido no original, tenha sido a última das oito que li em sequência, na dedicada tradução de Carlos Alberto Nunes.

Pois não tem jeito mesmo: traduzir é trair. Que misteriosa é a linguagem humana, capaz de expressar uma cor única em cada idioma! Nunca fica a mesma cor depois de traduzida. Não é culpa da tradução, e sim uma condição inerente à linguagem!

Ao ler no original em inglês, duas passagens ficaram marcadas a ferro e fogo na memória, tamanha a sua força poética. E ao ler as duas em português, a decepção foi gigantesca!

A primeira é a frase que abre a peça:

William Shakespeare, Parte IV: Vida e morte do Rei João.



William Shakespeare não publicava suas peças já que a dramaturgia não era bem paga. Na época, não havia direitos autorais. O autor pretendia que suas peças fossem representadas em vez de publicadas.

Com o dinheiro adquirido na companhia teatral, comprou uma casa em Stratford-upon-Avon e muitas outras propriedades, tais como hectares de terras férteis e uma casa em Londres. Escreveu a maioria de suas peças entre 1590 e 1611. Por volta de 1611, ele aposentou-se em Stratford-upon-Avon, onde havia estabelecido sua família.

Principais obras:

- Comédias: O Mercador de Veneza, Sonho de uma noite de verão, A Comédia dos Erros, Os dois fidalgos de Verona, Muito barulho por coisa nenhuma, Noite de reis, Medida por medida, Conto do Inverno, Cimbelino, Megera Domada e A Tempestade.

- Tragédias: Tito Andrônico, Romeu e Julieta, Julio César, Macbeth, Antônio e Cleópatra, Coriolano, Timon de Atenas, O Rei Lear, Otelo e Hamlet.

- Dramas Históricos: Henrique IV, Ricardo III, Henrique V, Henrique VIII.

Frases de Shakespeare:

- "Dê a todos seus ouvidos, mas a poucos a sua voz."
- "Antes ter um epitáfio ruim do que a maledicência durante toda a vida."
- "Ser, ou não ser, eis a questão."
- "Sem ser provada, a paciência dura".
- "As mais lindas jóias, sem defeito, com o uso o encanto perdem".
- "Pobre é o amor que pode ser contado".
- "Nada me faz tão feliz quanto possuir um coração que não se esquece de seus amigos".

Bom demais voltar a ler o Bardo!

O contato com a Arte alimenta a alma, faz nascer um sorriso sereno no mais íntimo do ser.

Durante essa leitura fiquei refletindo muito sobre a Poesia, sobre a força que tem e o seu papel no mundo.

Uma fala poética nos conta muito mais do que o que a princípio se propõe a dizer. A poesia abre a porta para o maravilhoso, para um mundo mais amplo e verdadeiro que o “mundo vasto mundo”. É como um portal para outra dimensão, uma dimensão espiritual e mais próxima da realidade do ser.

Nenhum poeta houve como Shakespeare! Talvez Homero possa ombreá-lo, mas não superá-lo, certamente. Em Shakespeare a Poesia foi servida com excelência e brilhantismo inigualáveis!

E não estou falando de seus poemas hem! Estou falando da riquíssima linguagem poética que transborda de suas peças!

Ler uma peça de Shakespeare é uma profunda experiência poética. Sinto minha mente se alargando a cada nova metáfora estonteante, a cada nova imagem tão plena de sentido!

Realmente, Shakespeare é tão grande que é fácil duvidar que tenha sido um simples mortal.


Rei João

Essa peça faz parte dos dramas históricos de Shakespeare, ambientada no reinado de João Sem Terra, irmão do famoso Ricardo Coração de Leão. Foi o rei João quem assinou a Magna Carta, limitando os poderes do monarca e marcando um novo movimento na história.

É uma tragédia menos conhecida, escrita nos primeiros anos de Shakespeare, mas onde podemos ver o seu gênio em ação. Os personagens saltam das páginas e ganham vida. O destaque vai para o Bastardo, filho ilegítimo de Ricardo Coração de Leão, que sempre rouba a cena quando aparece.

“Juro que nunca amei tanto a mim mesmo
como agora, ao me ver reproduzido
na tela aduladora desses olhos.”
(Luís, ato II)

“Vou ensinar à tristeza a ter orgulho,
que a dor é altiva e ao sofredor faz digno.
Os reis que me procurem nos domínios
da minha grande dor.”
(Constança, ato III)

William Shakespeare, Parte III: A vida do Rei Henrique V.


Shakespeare é considerado um dos mais importantes dramaturgos e escritores de todos os tempos. Seus textos literários são verdadeiras obras de arte e permaneceram vivas até os dias de hoje, onde são retratadas frequentemente pelo teatro, televisão, cinema e literatura.

Os textos de Shakespeare fizeram e ainda fazem sucesso, pois tratam de temas próprios dos seres humanos, independente do tempo histórico. Amor, relacionamentos afetivos, sentimentos, questões sociais, temas políticos e outros assuntos, relacionados a condição humana, são constantes nas obras deste escritor. Essa peça encerra a tetralogia formada por “Ricardo II”, “Henrique IV partes I e II” e “Henrique V”.

A trama centra-se na famosa batalha de Azincourt, onde um reduzido efetivo comandado pelo rei Henrique conseguiu desbaratar o muito mais numeroso exército francês. Achei muito interessante como Shakespeare consegue transmitir as emoções e aflições da batalha sem que praticamente nada seja mostrado dela.

É claro que a leitura acabou me levando a pensar sobre a guerra de modo geral. Com o avanço tecnológico, as guerras de hoje são travadas à distância; mata-se apertando um botão ou um gatilho. As guerras hoje são muito mais cruéis e terríveis, mas penso que as guerras de antigamente exigiam muito mais coragem física e eram muito mais sanguinárias! Imaginem milhares de pessoas se matando na base da espadada e da marretada! Havia também, a julgar pelas peças de Shakespeare, um senso de honra muito maior entre os combatentes.