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sábado, 28 de junho de 2014

O Processo da Independência do Brasil


“Independência do Brasil”, quadro de François-René Moreaux. 

A Independência do Brasil não resultou de um corte revolucionário com a Metrópole, mas de um longo e cumulativo processo (séc. XVIII - 1831), com algumas mudanças e muitas continuidades com o período colonial.

Marcos Históricos da gradual separação do Brasil de Portugal:

I) A Transferência da Corte Portuguesa para o Brasil resultou:

-Da ameaça de invasão das tropas napoleônicas a Portugal em represália a não aderência ao Bloqueio Continental.

-Da dependência econômica de Portugal dos Ingleses, (comércio interno dominado por firmas inglesas, ouro brasileiro escoava para os cofres britânicos para reembolsar as importações).

-Da hábil manobra da diplomacia inglesa (Lord Strangford), convencendo o príncipe a transferir-se para o Brasil em troca de vantagens comerciais.

-Do projeto português de constituir no Brasil um vasto Império luso-brasileiro, que além de Portugal e o Brasil incluía possessões na África e na Ásia. 

A comitiva real contava com mais ou menos 15 mil pessoas, o que acarretou problemas de acomodação relativos à incipiente urbanização. As famosas iniciais, PR, Príncipe Regente fixadas arbitrariamente nas portas das melhores residências para abrigar os recém-chegados, logo foram chamadas de ponha-se na rua ou “Prédio Roubado”. D.João veio com sua esposa Carlota Joaquina, sua mãe Maria (a rainha louca) e seus filhos D. Miguel, D. Pedro e Maria Teresa. 

Principais Medidas da Política Interna de D. João VI no Brasil:

1)1808 -  Na Bahia, D.João assina a Abertura dos Portos ao Comércio com as Nações Amigas. Repercussões:

a)Para o Brasil: É o fim do exclusivismo colonial, que caracterizou as relações entre a metrópole e a colônia brasileira durante três séculos. Os navios e mercadorias da América podiam comerciar com qualquer porto estrangeiro, com exceção da França e da Espanha, países com os quais estava em guerra.

b)Para Portugal: Portugal  perde o papel de empório comercial e sofre um duro golpe, já em crise com a ocupação por tropas inglesas, cujos comandantes (Lord Beresford) ditavam ordens ao Conselho da Regência, que assumiu a administração de Portugal após a expulsão dos franceses (1811) teriam agora que enfrentar a competição dos produtos de outros países, particularmente, da Inglaterra.

c)A grande beneficiária foi a Inglaterra, que já tinha incluído nos acordos realizados entre os dois países para a escolta da transmigração da família real, uma cláusula manifestando o desejo de adquirir posição privilegiada no comércio com o Brasil. 

2)Também em 1808 é assinado o Alvará que aboliu qualquer proibição sobre atividade industrial na colônia, favorecendo o início de atividades de fabricação de tecidos. Mais um golpe no Sistema Colonial.
            
3)Restruturação do espaço físico no Rio de Janeiro: muliplicaram-se as obras, pavimentação de ruas, novas habitações com dois e até três pavimentos, substituição das rótulas por grades de ferro e vidraças, saneamento dos pântanos e ampliação do fornecimento de água com a construção de novos chafarizes. 

4) A assinatura dos Tratados de Aliança e Amizade e Navegação e Comércio entre o Brasil e Inglaterra em 1810, que marcam o início da preeminência inglesa no Brasil – Os Ingleses como novos colonizadores. 

O Tratado de Navegação e Comércio (1810) determinava:

Tarifas alfandegárias preferenciais aos Ingleses de 15%, 16% para as portuguesas e 24% para os demais países. Garantia-se aos Ingleses o direito de serem julgados por juízes ingleses em qualquer parte do império, garantia-se a liberdade de religião com culto doméstico.

O Tratado de Aliança e Amizade (1810): O compromisso do Brasil em abolir gradualmente a escravidão e o apoio na recuperação da guerra contra Napoleão.

Resultado da assinatura dos Tratados de 1810:

Avalanche de produtos Ingleses no Brasil. 

5)Instalação de uma série de instituições políticas destinadas a administração do Império luso-brasileiro  criando  empregos para a burocracia portuguesa que acompanhou a Corte.

A Intendência Geral da Polícia - com atribuições que iam muito além da segurança pública, também urbanizar e civilizar a cidade e controlar a divulgação das idéias revolucionárias francesas.

Um Conselho Supremo Militar

Um Arquivo Militar para guarda e conservação de todos os mapas e cartas do litoral e do interior.

O Tribunal da Mesa do Desembargo e da Consciência e Ordens - encarregados, respectivamente da justiça e dos assuntos religiosos.

A Escola de Artilharia e fortificações
A Biblioteca Régia
O Jardim Botânico
A Fábrica da Pólvora
O Hospital do Exército
A Biblioteca Régia
Instalação da Imprensa Régia, com a publicação do primeiro jornal em 1808, A Gazeta do Rio de Janeiro.
Criação do Banco do Brasil
Academia Médico-Cirúrgica de Salvador,
Academia Militar e da Marinha no Rio de Janeiro. 

6) Verifica-se a chamada Inversão Brasileira - A transferência da Corte Portuguesa para o Rio de janeiro, deslocou o eixo de poder e mudou o status da colônia. O Rio de Janeiro substituiu Lisboa como sede do Império Lusitano com grande autonomia administrativa com relação à metrópole. Lisboa via-se reduzida a uma situação de inferioridade.   

7) Abriu o país aos viajantes europeus - Junto com as mercadorias estrangeiras chegavam também aos portos do Brasil  viajantes europeus. Durante o período colonial o Brasil estivera fechado aos estrangeiros e a vinda da Família Real significou também o fim do isolamento cultural do Brasil. 

Entre os viajantes estrangeiros que visitaram o Brasil nessa época destacam-se: comerciantes e representantes de firmas comerciais como John Luccock, que desembarcou no Rio de Janeiro em 1808. O professor de botânica, Saint-Hilaire, que entre 1816 e 1822 percorreu os territórios de várias províncias do Brasil. Também o artista Rugendas, que veio acompanhando a expedição científica de Langsdorf, cônsul-geral da Rússia no Rio de Janeiro. Também desenhistas e pintores vieram para o Brasil com A Missão Artística Francesa em 1816 entre eles o francês Jean Baptiste Debret que desenhou e pintou cenas cotidianas do Rio de Janeiro e foi o pintor oficial da Monarquia, responsável por criar as imagens do Império e da Corte. Desses representantes estrangeiros certamente o de maior prestígio foi Lord Strangford, representante inglês que convencera o príncipe-regente D. João a se transferir para o Brasil em 1807, mas não sem antes exigir vantagens econômicas. Com a princesa Leopoldina em 1817, chega a chamada Missão Austríaca, onde participam naturalistas de destaque como von Martius e Spix e músicos como Neukomm, para divulgar as tendências europeias. 

8) Retribuindo o amparo dado a Corte e aos fugitivos, D. João desenvolveu uma política de enraizamento dos interesses da elite mercantil do centro oeste do país, processo que ficou conhecido como a Interiorização da Metrópole.

-Para os negociantes de grosso trato - os traficantes de escravos, D.João oferecia títulos de nobreza e cargos.

-Para os produtores e comerciantes ligados ao comércio de abastecimento da Corte, ele ofereceu uma política de construção de estradas, doações de sesmarias e crédito bancário.  

A política Joanina propiciava a formação de um poderoso bloco de interesses no Rio de Janeiro, aproximando comerciantes, burocratas e proprietários de terras e escravos. Esse bloco defendia a idéia do estabelecimento de um Império Luso-brasileiro. 

            Se as políticas de D. João VI beneficiavam o Centro-Sul da Colônia  pouca mudança traziam para o Nordeste, que permanecia sujeito aos arbítrios políticos e administrativos da Corte. Pesados impostos cobrados do nordeste sustentam o luxo da Corte no Rio de Janeiro e a política expansionista de D. João. 

II) 1815 - A Elevação do Brasil a Reino Unido a Portugal e Algarves- Assegurou a permanência da Corte no Rio de Janeiro e foi um prenuncio do fim da condição colonial do Brasil. 

A aclamação do rei português D. João VI no Rio de Janeiro, em 1818 foi um fato inédito na América que reforçou o peso político do Brasil no interior do Império Português e a ascendência do Rio de Janeiro sobre o resto do país. 

            Conflito Interno no Governo de D. João VI: 

Revolução Pernambucana de 1817, também chamada Revolução do Padres, dado o grande número de padres que participaram do movimento, entre os quase 250 condenados, 11% eram padres.

Foi um movimento autonomista e republicano, os revoltosos tomam o poder e instituem um governo provisório por dois meses. Pode ser comprendido como resultante de diversos fatores:

1- O imaginário próprio de Pernambuco, marcado pela resistência desde as lutas contra os holandeses no século XVII e consolidado por ocasião da Guerra dos Mascates (1710-11) estimulou um acentuado anti-lusitanismo;

1-    A criação do Seminário de Olinda criado em 1800 que formou toda uma geração de cléricos afinadas com as novas idéias francesas;
2-    O aparecimento da maçonaria, na segunda metade do século XIX;
3-    O modelo federativo emprestado da Independência Americana (1776);
4-    A crescente insatisfação do nordeste com a política de D.João VI no Rio de Janeiro. O estabelecimento da Corte no Rio de Janeiro trouxe um excesso de cobranças que culminaram com os tributos exigidos para o custeio da campanha militar na Cisplatina;
5-    A seca de 1816 agravando os problemas de abastecimento das cidades nordestinas; 

Setores sociais envolvidos: Começou como um motim militar e se alastrou para amplos setores sociais, proprietários de terras, comerciantes brasileiros, clérigos, e populares. (inclusive libertos e escravos). A revolução iniciou no Recife e teve apoio das províncias do Rio Grande do Norte, Alagoas, Paraíba com as quais os pernambucanos formaram uma federação

Os revolucionários instalaram um governo provisório e declararam a suspensão de alguns impostos e o aumento dos soldos dos militares. Foi um movimento essencialmente político e anti-lusitano, que não almejava mudanças na estrutura social e declarava inviolável a propriedade escrava. 

O governo Joanino mobilizou recursos e tropas para sufocar o movimento, veio o ataque das forças portuguesas a partir do bloqueio marítimo de Recife e forças enviadas por terra da Bahia. A repressão foi violenta. Muitos líderes receberam a pena de morte. A punição deveria ser exemplar. As tropas portuguesas ocuparam Recife em maio de 1817. 

Conflitos Internacionais no Governo Joanino: 

1) Invasão da Guiana Francesa – Em represália a invasão de Portugal D. João invade Caiena, capital da Guiana francesa, em 1808, incentivado pela Inglaterra. Caiena é conquistada em 1809.  Em 1814 o Tratado de Paris determina devolvê-la em troca do reconhecimento do rio Oiapoque como fronteira da colônia. 

2) Duas intervenções militares e a Anexação da Banda Oriental do Uruguai - A Região do Prata era alvo de cobiça portuguesa e espanhola desde o final do século XVII.  No século XIX, de um lado D.João VI querendo ampliar o império português e de outro lado, as ambições dinásticas de Carlota Joaquina, irmã do monarca da Espanha, Fernando VII, (destronado pela invasão das tropas napoleônicas), pretendia tornar-se senhora de parte dos domínios espanhóis na América. Em 1811, diante da pressão de Buenos Aires para incorporar a Banda Oriental, D. João enviou tropas para sustentar a junta fiel a Cádiz, que foram retiradas após armistício britânico. Em 1816, tropas portuguesas comandadas pelo Gen. Lecor invadem Montevidéu. Em 1821 as tropas do Gen. Lecor derrotam as tropas do Gen. Artigas, conquistam Montevidéu e incorporam a Banda Oriental ao Brasil, com o nome de Província Cisplatina. 

III - A Revolução do Porto de 1820: 

A independência do Brasil foi precipitada por acontecimentos em Portugal.
A Revolução Liberal do Porto (1820). 

Em agosto de 1820,  a tropa da  cidade do Porto revoltou-se por estar com o pagamento atrasado. O movimento do Porto, insuflado pela Revolução Liberal na Espanha que obrigou o rei espanhol a aceitar uma constituição ganhou a adesão das províncias do norte de Portugal  e alcançou Lisboa. 

Os revolucionários convocaram as Cortes Gerais exigindo a promulgação de uma Constituição nos moldes da Constiuição espanhola. Reclamava-se a volta de D. João VI a Portugal.

Motivos:

Ao longo da segunda década do século XIX, os portugueses sofriam os efeitos da transferência da sede do império para o Brasil em 1807:

Crise Política: causada pela ausência do rei.
Crise Econômica: devido a perda do monopólio do comércio e aos prejuízos da guerra contra os franceses que se estendeu até 1814.
Crise Militar: resultante da presença das tropas inglesas sob o comando do general inglês Beresford.

A Revolução do Porto tinha aspectos contraditórios:

Uma fase liberal: insurgindo-se contra o absolutismo real, em favor da forma constitucional de governo. Por considerar a Monarquia Absoluta um regime ultrapassado desejavam adotar uma Constituição que limitasse o poder absoluto de D. João VI.

Queremos nosso rei de volta mas, constitucional!

E uma face antiliberal: Porque para restaurar economicamente Portugal,  era preciso destruir as concessões liberais feitas por D. João VI  ao Brasil.
A pressão das tropas portuguesas sediadas no RJ foram decisivas para que D. João VI jurasse as bases da Constituição e anunciasse seu retorno para Portugal.

Em 24 de abril de 1821D. João VI retorna para Portugal depois de 13 anos no Brasil levando consigo todo o dinheiro do Banco do Brasil o que provocou uma crise econômico-financeira.  Deixava como príncipe- regente do Brasil o seu filho e herdeiro. 

“Pedro se o Brasil se separa antes que seja por ti que me hás de respeitar do que por algum desses aventureiros.” 

IV- A Regência de D.Pedro (1821-1822) e o processo de independência:
Como Reino Unido o Brasil devia fazer-se representar nas Cortes Gerais, reunidas em Lisboa. Portanto, Deu-se início as eleições dos Deputados às Cortes de Lisboa. Foram os Pernambucanos os primeiros a alcançar Lisboa no final de agosto de 1821. No entanto, os deputados do Brasil raramente conseguiram defender uma idéia ou proposta brasileira. Eram até impedidos de falar pelos deputados portugueses. 

            - Em termos políticos e financeiros o início da regência de Dom Pedro foi bastante difícil: 

            -Os cofres públicos estavam desfalcados;
            -As províncias do norte, como o Pará e a Bahia, manifestavam adesão às Cortes e recusaram subordinção ao Rio de Janeiro
- No RJ, em fevereiro de 1821, as tropas da Divisão Auxiliadora portuguesa exigiram do soberano o juramento imediato das bases da constituição portuguesa. D. Pedro acatou o juramento da Constituição portuguesa em fins de maio. 

Ao longo de 1821 às Cortes de Lisboa adotaram medidas em relação ao Brasil que despertaram crescente insatisfação: 

-A formação de Juntas Governativas, compostas pelas elites locais, em todas as províncias brasileiras que aderissem às Cortes e não mais obedecessem ao príncipe-regente. (PA,MA,PI, BA).
-Tropas fiéis às Cortes foram enviadas ao Brasil e transferidas para Portugal as que estavam ligadas a D. Pedro. 

As províncias que apoiavam o governo do Rio de Janeiro eram apenas São Paulo e Minas Gerais. 

            Ao longo do segundo semestre de 1821 acumularam-se as notícias de que as Cortes tendiam cada vez mais a restabelecer a supremacia de Portugal sobre o restante do Império

Em clima de desconfiança que contrastava com o entusiamo inicial chegaram ao Rio de Janeiro em dezembro de 1821 decretos das Cortes exigindo o regresso do príncipe-regente para Portugal. Criado nas tradições absolutistas e diante da exigência de submeter-se ao Poder Legislativo das Cortes, D. Pedro optou por tentar conservar no Brasil uma monarquia mais próxima de suas convicções. 

            O Fico e a formação de um Ministério chefiado por José Bonifácio

            Em 9 de janeiro de 1821 atendendo a um abaixo-assinado de mais de 9 mil assinaturas pedindo a permanência de D. Pedro no Brasil, D. Pedro, em clara desobediência às Cortes,  confirmava sua permanência no Brasil, este ato ficou conhecido como o dia do Fico. O episódio do Fico ilustra a intensa  mobilização popular na independência na cidade do Rio de Janeiro

Apesar de situado por uma corrente historiográfica como o ponto de partida para a independência do Brasil, o Fico assegurava, com a permanência de D.Pedro, sobretudo, a preservação da concepção de uma Monarquia Dual, com sede simultânea em Portugal e no Brasil visando manter o Brasil como Reino Unido a Portugal respeitada a autonomia adminsitrativa brasileira. Mas para as elites brasileiras, a permanência do  príncipe regente no Brasil representava principalmente a possibilidade de realizar a independência sem alteração da ordem, sem mobilizar a população.  

O Movimento pela Independência: 

- Seguiu-se ao Fico, a formação de um novo ministério, dirigido por José Bonifácio de Andrada e Silva. Três grupos políticos disputavam a liderança dos acontecimentos e apesar das divergências uniram-se em torno do príncipe: 

Partido Português: Composto na maioria de comerciantes ansiosos por restabelecer antigos privilégios, militares e altos funcionários da Coroa. 

Partido Brasileiro: Composto majoritariamente por brasileiros das categorias dominantes, liderados por José Bonifácio. 

Partido Republicano:  Composto de elementos ligados as aividades urbanas, de tendência mais democratas, tinham em Joaquim Gonçalves Ledo seu elemento mais representativo. 

- Em maio de 1822  D. Pedro determinou a saída do batalhão português do Rio de Janeiro para portugal, e declarou que as ordens chegadas de Lisboa só seriam cumpridas no Brasil se recebessem o seu consentimento. 

-Em 3 de junho de 1822 D.Pedro decretou a convocação da Assembléia Constituinte brasileira. A convocação da Constituínte era praticamente uma declaração de independência. 

Os Manifestos de Agosto 

Em Agosto de 1822 o príncipe dirigia à nação dois manifestos, o primeiro, em 1 de agosto, cuja autoria é atribuída a Gonçalves Ledo e o segundo, em 6 de Agosto, obra de José Bonifácio, ambos valem por manifestos de independência. No entanto ainda preservavam odesejo de salvar a unidade do império Luso-brasileiro. 

O Grito do Ipiranga 

Os motivos para o rompimento definitivo chegaram ao Rio de Janeiro nos últimos dias de Agosto de 1822 com as últimas decisões das Cortes portuguesas que  reduziam o príncipe a um delegado das Cortes circunscrevendo sua autoridade apenas nas províncias em que ela já a exercia de fato (Rio de Janeiro).  

D.Pedro não estava na Corte, partira para a província de São Paulo, a fim de resolver problemas de disputas políticas contra os Andradas. A princesa D. Leopoldina ficara  como regente e presidia o Conselho de Ministros para despachos oficiais.Reunido o Conselho de Ministros sob a presidência da regente  D. Leopoldina, assentou-se ter chegado a hora do rompimento definitivo com Portugal. Remeteram ao príncipe as ordens chegadas de Lisboa e cartas de José Bonifácio, da princesa Leopoldina e dos ministros, cobrando do príncipe uma atitude com relação a independência. 

No dia 7 de setembro as margens do riacho Ipiranga, o príncipe D. Pedro era comunicado pela comitiva que as Cortes queriam “massacrar” o Brasil. Arrancou o tope de fita azul e vermelho que ostentava no chapéu, lançou-o por terra e, desembainhando a espada bradou _ “É tempo, Independência ou Morte! Estamos separados de Portugal”. 

            A data do 7 de setembro não se revestiu de imediato do significado especial que lhe foi atribuído. tendo sido inicialmente marcado como data da independência, o dia 12 de outubro, dia do aniversário de D. Pedro e data de sua aclamação como Imperador Constitucional do Brasil em meio a uma grande festa popular com uma multidão concentrada no Campo de Santana e no Largo do Paço. 

Em 1/12/1822, com apenas 24 anos, o príncipe-regente era coroado Imperador Aclamado pelo povo e sagrado pelo bispo, D. Pedro tornava-se o primeiro Imperador do Brasil. O Brasil tornava-se independente, com a manutenção da forma monárquica de governo e com um rei português. 

O Primeiro Reinado (1822-1831) 

A independência do Brasil proclamada (1822) deu-se o início do Primeiro Reinado que duraria até a abdicação de D. Pedro I em 1831. 

segunda-feira, 23 de junho de 2014

A Viagem do “Dragão Feliz” Fukuryu Maru.


            O trabalho que se segue é uma exposição clara da falta de respeito e responsabilidade das autoridades envolvidas em testes com armamentos nucleares tanto no passado, quanto no presente. E nós como historiadores não podemos deixar eventos como o ocorrido com o navio pesqueiro Fukuryu Maru (Dragão Feliz) serem esquecidos. O perigo nuclear está presente hoje tão vivo quanto estava na década de 1950, do século passado, a diferença é a aparente estabilidade das grandes nações nucleares, mas elas mesmas são cientes de quão tênue é está paz, que negam-se a desfazerem-se de seus arsenais. Sendo os Estados Unidos o líder com 13 mil ogivas (ICBM’s - intercontinental ballistic missile) em mísseis, seguido da Rússia com 10 mil ogivas em mísseis (ICBM’s). Compete agora a cada leitor do Construindo História Hoje, tirar suas próprias conclusões a respeito do perigo nuclear.

“A comovente história de um pequeno barco de pesca japonês e seus 23 tripulantes, vítimas de uma catástrofe inesperada (...) com efeitos de significação para todo o mundo em toda parte.”


            Pouco antes do alvorecer do dia 1° de março de 1954, o barco japonês de pesca de arrasto Fukuryu Maru (Dragão Feliz) vagava com os motores parados pelas águas clamas do Pacífico Central. Tinha lançado suas linhas de pesca de atum pela última vez e não tardaria a rumar para seu porto de Yaizu, 200 quilômetros ao sul de 
Tóquio.

            De repente os céus se incendiaram a oeste e um grande clarão de luz amarelo-esbranquiçada se esparramou de encontro às nuvens. Foi como se a transição gradual da noite para a aurora tivesse sido afastada bruscamente para que se inundasse de luz o oceano. A cor mudou para um vermelho-amarelo e finalmente para uma bola de chama vermelho-alaranjada no horizonte. O vistoso espetáculo parecia um sol poente, sendo, porém várias vezes mais brilhante, embora não o fosse bastante para magoar a vista.

            Na ponte, o mestre-de-pesca Yoshio Misaki fitou sem acreditar o estranho espetáculo. A tripulação subiu para o tombadilho, falando excitadamente.

            __O Sol está nascendo no ocidente! __ exclamou um dos homens.

            Disse outro:

            __Não será um pika-don?



            O termo é novo na língua japonesa. Nascido no terror em Hiroshima compõe-se das palavras “trovão” e “clarão”.

            O comandante Hisakichi Tsutsui, que dormia no seu beliche, reagiu devagar. Quando se reuniu a Misaki, na ponte, a cor a oeste mal se distinguia. A escuridão voltara. Reinava completo silêncio.

            Alguns minutos depois o barco estremeceu como se tivesse sido sacudido por baixo e um grande ruído o envolveu, parecendo vir ao mesmo tempo de cima e de baixo. Aterrorizados, alguns homens se atiraram ao chão e cobriram a cabeça.

            Os oficiais tiveram uma rápida conferência. Em seguida Misaki deu a ordem:

            __Ligar os motores e recolher as linhas.

            Os homens trabalhavam depressa ansiosos por deixar aquelas águas.

            O radiotelegrafista Aikichi Kuboyama de 39 anos era um dos mais velhos dos 23 homens da tripulação. Tinha também fama de ser o mais inteligente. Provou isso calculando a velocidade do som. Haviam transcorrido quase sete minutos desde que viram o clarão até que ouviram o estrondo. A multiplicação desse tempo pela velocidade do som daria a distancia entre o navio e a explosão.


             O resultado aproximado foram 140 quilômetros ---- e os cálculos de Misaki com o sextante indicaram que o navio se encontrava a 137 quilômetros a lés-nordeste do Atol de Biquíni, nas Ilhas Marshall. Não podia haver: dúvida: o clarão brilhante viera de Biquíni.

            Umas duas horas depois o céu começou a mudar de aspecto, como se um grande nevoeiro estivesse se formando. Os homens que estavam trabalhando no tombadilho ficaram espantados a principio quando começaram a cair minúsculas partículas de uma cinza arenosa.

            __Parece o começo de uma tempestade de neve --- disse um deles.

            De repente vários tripulantes começaram a sentir dor nos olhos. O guincheiro Sanjiro passou a mão pelo cabelo e esfregou os olhos ardidos. Alguns dos homens provaram os flocos cinzentos-esbranquiçados. Uns disseram que era sal, outros que era areia. Todos concordaram em que era uma coisa muito desagradável.

            Pouco depois do meio-dia, todas as linhas tinham sido recolhidas. A estranha poeira branca havia, afinal, parado de cair, e Misaki ordenou ao timoneiro que rumasse para o norte. Os tripulantes que estavam limpando o convés principal verificaram que havia algo de esquisito naquelas areias brancas: não era fácil removê-las com água. A hora do almoço vários dos tripulantes manifestaram pouco apetite --- coisa rara, porque eles estavam sempre famintos depois de trabalhar tantas horas.


Queimaduras, efeitos da Bomba de Hidrogênio nos marinheiros.

            Após o almoço os tripulantes foram limpar o equipamento de pesca. Os quilômetros de corda molhada pareciam absorver especialmente bem a poeira branca. A corda foi guardada em caixas de madeira e estas empilhadas na popa, logo atrás da cozinha.

            Na manhã seguinte a tripulação acordou estranhamente indolente. O guincheiro Masuda verificou, consternado, que não podia abrir os olhos, pois tinha as pálpebras grudadas por um grosso corrimento amarelo. O chefe de máquinas Todashi Yamamoto teve dificuldade em enxergar, quando quis verificar os manômetros na casa de máquinas. Vários homens tinham enjoado durante a noite, mas apenas um, cujo beliche ficava na cabina de ré, passara tão mal que não aguentara o quarto de serviço da meia-noite. Os homens que tinham pegado nas cordas se queixavam de coceira e ardor na palma das mãos.

            Um dos marinheiros deu um pouco daquela cinza branca, embrulhada num papel, a Kuboyama. O radiotelegrafista, tencionando examiná-la depois, colocou a cinza debaixo do travesseiro em sua cabina. Ali ficou ela durante os 14 dias que o Dragão Feliz levou para chegar ao porto. Outros tripulantes também recolheram um pouco da estranha cinza; um deles pensou que poderia ser um símbolo de sorte.

            No dia 1° de março foi divulgada a seguinte comunicação, em Washington: “Lewis L. Strauss, Presidente da Comissão de Energia Atômica dos Estados Unidos comunicou hoje que a Sétima Força Mista Especial detonou um dispositivo atômico no Campo de Provas da C.E.A. , nas Ilhas Marshall. Esta detonação foi a primeira de uma série de experiências”.


Perda de cabelo e queimaduras, resultantes da exposição a radiação.

            Não fora noticiado antes que a C.E.A. levaria a efeito uma experiência nuclear na data em questão. A Junta Japonesa de Segurança Marítima havia recebido uma comunicação no dia 10 de outubro de 1953, aumentando a área interditada em torno do Atol de Eniwetok, que fora isolada para a experiência da primeira bomba de hidrogênio no dia 1° de novembro de 1952. Essa área acrescida incluía o Atol de Biquíni, mas nem o Comandante Tsutsui nem o mestre-de-pesca Misaki sabiam que Biquíni ia ser o local dessas novas experiências. Na realidade, o Dragão Feliz, no ponto em que mais se aproximara da zona perigosa, ainda ficara mais de 30 quilômetros para além de seu limite oriental. Ao que tudo indica, ventos de grande altitude arrastaram a nuvem da bomba na direção oposta à que esperavam os técnicos das provas.

            Aconteceram coisas curiosas durante a viagem de volta daquele pequeno barco de pesca ao seu porto. A tripulação da casa de máquinas subia constantemente ao tombadilho, queixando-se de estar passando mal. Todos os homens ficaram com um aspecto terroso, como se estivessem seriamente queimados de sol. O guincheiro Masuda disse aos companheiros de cabina que seu sentia febril. Quando o contramestre Masayoshi Kawashima coçava a cabeça, seu cabelo caía. Espantado, puxou o cabelo e um punhado dele ficou-lhe na mão.


Marinheiro Sangiro Masuda, do Fukuryu Maru.

            Isso fez soar uma campainha na mente de Kuboyama. Sua tia estava em Hiroshima quando a bomba atômica foi lançada, e ele se lembrava de que a queda de cabelo era um efeito ulterior da “doença da bomba atômica”. Kuboyama e Misaki conversaram sobre a possiblidade de uma relação entre a doença da tripulação e a estranha cinza que tombara do céu.

            Logo que o “Dragão Feliz” atracou em Yaizu, no dia 14 de março, seu proprietário notou que a tripulação estava escura. E, quando o mestre-de-pesca lhe falou na doença dos homens, concordou que deviam ir imediatamente para o Hospital.

            O Dr. T. Ooi, médico do hospital não conseguiu explicar o aspecto dos homens. Masuda, o mais gravemente afetado, apresentava queimaduras no rosto e nas mãos, mas todos estavam com boa disposição. Um dos pescadores opinou que haviam sido atingidos pelo que lhes pareceu uma explosão de uma bomba atômica. Mas como a luz não fora ofuscante, o médico concluiu que deviam estar a uma distância segura; se assim não fosse, alguns dos homens já teriam morrido. Alarmado, e com razão, concordou, não obstante, em mandar dois dos tripulantes para Tóquio a fim de serem examinados por um especialista em doenças provocadas por emanações radioativas. Foram escolhidos Masuda, por causa de suas graves queimaduras, e o maquinista Yamamoto, que apresentava a contagem de glóbulos brancos mais baixa.


             Na manhã de 16 de março, terça-feira, o Yomiuri Shimbun, um dos maiores jornais do Japão, dava este furo, em manchete, de um lado a outro de sua primeira página:

TESTE DE BOMBA ATÔMICA EM BIQUÍNI ATINGE PESCADORES JAPONÊSES.
23 Homens Sofrendo de Doença Atômica
BOMBA DE HIDROGÊNIO?

            Alertada pela notícia do jornal (cujo ponto de partida fora a indicação de um estudante de 17 anos que tinha parentes em Yaizu), a Divisão Sanitária da Prefeitura de Yaizu pediu ao Dr. Takanobu Hiokawa que fosse ao hospital e ao cais da cidade e verificasse se havia radioatividade. No hospital, o Dr. Shiokawa colocou o contador Geiger perto da cabeça de um dos tripulantes. O homem estava radioativo! Como não devia estar então o barco de pesca?

            O Dr. Shiokawa correu para o cais. Estava ainda a 30 metros do Dragão Feliz e já o contador Geiger começara a tiquetaquear aceleradamente. Nunca o Dr. Shiokawa encontrara radioatividade tão forte. O navio se encontrava superlotado de jornalistas, e, quando o Dr. Shiokaw abriu caminho através do tumulto, ficou evidenciado que a principal fonte de radioatividade estava localizada em algum ponto acima do compartimento de ré da tripulação. Era ali que os rolos de corda se achavam empilhados. Estavam intensamente radioativos. Durante toda a longa viagem de volta os homens da cabina de ré tinham dormido debaixo de uma poderosa fonte de irradiação.


Atum contaminado com radiação.

            Yaizu não foi à única cidade japonêsa a ser presa de nervosismo por causa da radioatividade. Em Osaka, o Dr. Yasushi Nishiwaki, professor de Biofísica na universidade local, foi chamado ao mercado central para ver se tinham sido mandados peixes de Yaizu para lá. Encontrou um atum que fez seu contador Geiger chocalhar com uma contagem alta. Os presentes murmuraram, com espanto: “Os peixes estão chorando!” --- e dali por diante o peixe radioativo passou a ser chamado “peixe chorão”. As autoridades descobriram que umas cem pessoas haviam comido  peixes contaminados. O medo invadiu a cidade e todos deixaram imediatamente de comprar peixe. Ao saber-se que o peixe fora eliminado do regime alimentar do Imperador, a história espalhou-se por todo o Japão. Alguns industriais do pescado foram levados à falência.

            Entrementes, os médicos que cuidavam dos marinheiros lutavam contra o tempo para descobrir o conteúdo da cinza. Podiam recorrer a dados médicos oriundo do estudo de milhares de sobreviventes de Hiroshima e Nagasaqui. Mas o que tornava então confusa a situação era a presença de radioatividade residual. O cabelo do guincheiro Masuda, por exemplo, estava ainda tão radioativo que um pouco dele colocado sobre um filme fotográfico reproduzia no filme revelado uma imagem perfeita, como se tivesse sido fotografado com luz comum. Mesmo depois de se terem lavado e esfregado bem, os pescadores conservavam certa radioatividade na pele. Isso era algo sem precedentes na Ciência Médica.


Médico verifica o nível de contaminação em marinheiro do Fukuryu Maru.

            Por esse tempo foram divulgadas informações semi-oficiais sobre a tremenda explosão. O Deputado James Van Zandt, do Comitê Misto Sobre Energia Atômica do Congresso dos Estados Unidos, declarou que a bomba de hidrogênio que explodira em Biquíni possuía um incrível poder de destruição. A explosão equivalera ao rebentar de 12 a 14 milhões de toneladas de TNT --- era mil vezes mais forte do que a bomba atômica de Hiroshima.

            Aquela altura, todos os pescadores tinham sido transferidos para dois hospitais de Tóquio. Verificou-se que estavam sofrendo de uma redução do nível de glóbulos brancos e vermelhos do sangue e, para combater a anemia, fizeram-se repetidas transfusões. Ministraram-lhes antibióticos para aumentar sua resistência. Como as células sexuais são muito sensíveis à radiação, durante os meses de abril e maio os pescadores ficaram completamente estéreis.

            Ao chegar à primavera, os doentes se sentiram mais animados com cicatrização das lesões da pele e o renascimento dos pelos do corpo. Isso foi um bom sinal, porque com doses quase letais de radiação pode ocorrer perturbação permanente do crescimento do pelo. Parecia que os homens estavam sarando. O Japão inteiro respirou mais aliviado, também, quando os Estados Unidos comunicaram, em meados de maio, que as experiências de 1954 com as bombas, em Biquíni, haviam terminado.

            Mas o enigma persistia: que eram as “cinzas da morte”, as shi no hai que tinham caído sobre o Dragão Feliz? Duas vezes foi feita esta pergunta por cientistas japoneses a representantes norte-americanos, e duas vezes, por motivos de “segurança nacional”, ela deixou de ter resposta. Na terceira vez, Merril Eisenbud, Diretor do Laboratório de Saúde e Segurança e perito em poeira atômica, deu esta enigmática resposta.

            __Perguntem ao Dr. Kimura.

            O Dr. Kenjiro Kimura, brilhante radioquímico da Universidade de Tóquio, havia trabalhado em 1939 com o físico japonês Yoshio Nishina na desintegração do átomo de urânio e na produção de um tipo até então desconhecido, que denominaram urânio-237. O Dr. Kimura e uma equipe de 16 membros, juntamente com outros grupos de cientistas japoneses, passaram a trabalhar dia e noite na análise da cinza de Biquíni. Não tinham dúvida quanto ao fato de que o grosso da radioatividade da cinza era causada por átomos de urânio desintegrados. Era inevitável que o Dr. Kimura e os outros cientistas descobrissem a verdade sobre a bomba. Não se poderia esperar que o homem que descobriria o urânio-237 deixasse de nota-lo quando fosse posto diante dos seus olhos.

            Pela primavera de 1954 os cientistas japoneses tinham decifrado o enigma: a bomba de Biquíni era uma superarma numa embalagem de três em um. Primeiro estágio consistia numa espoleta comum de bomba atômica, que por sua vez fazia detonar um segundo estágio e provocava a fusão de átomos de hidrogênio. Essa reação da bomba de hidrogênio liberava então um dilúvio de nêutrons de alta energia que provocava o rompimento de uma camisa de urânio. No processo, produzia-se o urânio-237 como denunciador subproduto.

            Uma vez conhecida a natureza da cinza radioativa, puderam os cientistas japoneses avaliar a quantidade de radiação a que os pescadores tinham estado expostos. Calcularam que os tripulantes que estavam trabalhando no convés durante a manhã do dia 1º de março podiam ter, até ao meio-dia, recebido até 100 roentgens (medida de radiação ionizante) de radiação. (Uma dose letal vai de 300 a 700 roentgens.) Dali por diante a exposição devia ter diminuído de dia para dia.

            O Dragão Feliz não foi o único navio pulverizado com chuva atômica. Dez navios de guerra norte-americanos encontravam-se nas imediações, a 50 quilômetros de Biquíni, para observar a detonação, numa área que se considerava segura. Cerca de uma hora após se ter espalhado a enorme nuvem em forma de cogumelo, os oficiais notaram que o vento estava arrastando para o lado deles resto de nuvem. Os contadores Geiger do tombadilho começaram a funcionar. Na mesma hora os navios foram “abotoados”, isto é, todos os marinheiros desceram, depois de prenderem as escotilhas e vigias e cobrirem os respiradouros de bordo. Grandes quantidades de água foram espalhadas sobre os navios por meio de mangueiras e esguichos especiais para lavar a contaminação radioativa. Durante metade de um dia as tripulações suaram lá embaixo. Afinal, decidiu-se que já se podia “desabotoar” os navios sem perigo, e homens com roupas de borracha, capuzes e máscaras foram limpar a poeira caída que a cortina protetora de água não tinha lavado. Assim a C.E.A. e o Departamento de Defesa dos Estados Unidos ficaram conhecendo, poucas horas depois da experiência, as dimensões e a intensidade da chuva atômica. Mas nenhum aviso foi irradiado para os navios que se achavam nas imediações, provavelmente porque os lábios das pessoas participaram da experiência estavam selados por motivos de segurança.


 Aikichi Kuboyama, a vítima fatal da atrocidade com o Fukuryu Maru.

            Em setembro, os tripulantes japoneses sofreram um choque terrível; morreu o seu querido companheiro, o radiotelegrafista Kuboyama. Com tantas transfusões de sangue tinham aumentado as probabilidades de hepatite infecciosa. Embora os outros não tardassem a sarar dos ataques de icterícia, a de Kuboyama persistira. Na noite de 20 de setembro ele parecia estar sofrendo muito; foi chamada a sua família. Em dado momento gritou:

“Sinto como se meu corpo estivesse sendo queimado com eletricidade.”
            Kuboyama morreu no dia 23.

            Ao saberem de sua morte, as tripulações de inúmeros barcos de pesca e navios, no mar, enviaram mensagens de pêsames para o hospital. No dia seguinte o Embaixador dos Estados Unidos enviou uma nota ao Ministro dos Negócios Estrangeiros do Japão, com um cheque de um milhão de ienes em favor da Sr.ª Kuboyama, “como prova de solidariedade do povo e do governo norte-americano”. (mais tarde foi-lhe acrescentado um milhão e meio).


Familiares de Aikichi Kuboyama. 

            No dia 20 de maio de 1955, os 22 tripulantes tiveram altas dos dois hospitais de Tóquio onde haviam passado mais de um ano. Tinham pela frente um futuro incerto: já não aguentariam o pesado trabalho de um barco de pesca.  Dedicaram-se, então, a ocupações como agricultura e comércio; apenas dois voltaram ao mar, e assim mesmo em navios de treinamento. Pouco depois, os Estados Unidos ofereceram ao Governo Japonês dois milhões de dólares --- ex gratia, isto é, sem que o oferecimento importasse no reconhecimento de qualquer culpa --- dos quais cada membro da tripulação recebeu cerca de 5.000; o restante se destinou ao pagamento de suas despesas de hospitalização e tratamento e dos prejuízos causados à indústria do atum pela chuva atômica.

            O que aconteceu aos 23 pescadores a bordo do Dragão Feliz, naquela fatídica manhã de março, foi um pequeno exemplo do perigo radioativo que seria desencadeado por uma guerra nuclear. Quando homens que se encontram a uma distância de 160 quilômetros da explosão podem ser mortos pelo silencioso toque de uma bomba, revela-se o terrível poder de destruição do átomo desintegrado. A bomba que explodiu em Biquíni foi uma arma nova e revolucionária. Mas se não fosse o acidente do Dragão Feliz, o mundo poderia encontrar-se ainda na ignorância quanto à natureza dessa arma e à sua significação para todos os homens.

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Estudo Teórico da Ponerologia (estudo científico sobre o que podemos claramente chamar Mal).



“A boa saúde do Mundo ainda não restaurada; e os restos da grande doença estão ainda bastante ativos e ameaçam uma repetição da doença.”

Dr. Andrew Lobaczewski

Apresento uma introdução dessa matéria que, no momento atual, volta a ser de suma importância, quando examinada sob o prisma de pessoas portadoras desse tipo de perfil psicológico, que chegam a ocupar altos cargos de um país.

Consegui encontrar o significo do título: ponero, do grego = MAL. Ponerologia seria estudo do mal. Portanto ponerologia política seria..... é melhor lerem os especialistas.

Ponerologia Política: Uma Ciência sobre a Natureza do Mal, ajustada para propósitos políticos.

Caros leitores, gostaríamos de chamar a vossa atenção para este artigo de extrema importância para compreender o atual mal-estar do nosso Mundo, e onde se encontra a origem para tal miséria.

O artigo, escrito por Laura Knight-Jadczyk, é uma revisão e sumário de um livro redigido por um psicologo Polaco de seu nome Andrew M. Lobaczeski. De acordo com a Srª. Knight-Jadczyk este pode ser o livro mais importante que alguém pode ler durante a sua vida. Explica a incidência da psicopatia e outras desordens de personalidade (caracteropatias) e como se infiltram em todas as áreas da sociedade, que tem como resultado um efeito tremendamente negativo nas nossas vidas e mentes. Também nos proporciona com ferramentas, e uma mensagem de esperança em relação a como nos podemos proteger e a melhor nos imunizarmos desta influência.

A plutocracia é uma doença de grandes movimentos sociais seguidas por sociedades inteiras, nações e impérios. Durante o curso da historia Humana, ela afetou movimentos sociais, políticos e religiosos, bem como as ideologias que as acompanhavam. Tornando-as caricaturas delas próprias. Isto ocorreu devido à participação de agentes patológicos num processo patodinâmico similar. Isto explica porque é que todas as plutocracias do Mundo são, e sempre foram tão similares nas suas propriedades essenciais.

A identificação deste fenômeno através da história e a sua classificação correta de acordo com a sua verdadeira natureza e conteúdos – não de acordo com a ideologia em questão, que sucumbiu ao processo de caricatura – é um trabalho para historiadores.

As ações de uma plutocracia afetam uma sociedade inteira, começando pelos líderes e infiltrando-se em cada cidade, negócio e instituição. A estrutura social patológica cobre gradualmente todo o país criando uma nova “classe” dentro da nação. Esta classe privilegiada [de plutocratas] sente-se constantemente ameaçada pelos “outros”, ou seja, pela maioria das pessoas normais. Nem tão pouco os plutocratas têm ilusões sobre o seu destino pessoal se houvesse um retorno ao sistema do Homem normal. [Andrew M. Lobaczewski Political Ponerology: A science on the nature of evil adjusted for political purposes].

A palavra psicopata evoca geralmente imagens do pouco restringido – mas surpreendentemente urbano – Dr. Hannibal Lecter do filme “Silêncio dos Inocentes”. Eu admito que era esta a imagem que me que ocorria à mente sempre que ouvia a palavra. Mas estava errada, e iria aprender esta lição de forma bastante dolorosa por experiência direta. Os detalhes exatos são contados num outro sítio; o que é importante é que esta experiência foi provavelmente um dos mais dolorosos e instrutivos episódios da minha vida e permitiu-me superar um bloqueio de percepção do mundo à minha volta e das pessoas que nele habitam.”­

            Em relação a bloqueios de percepção, preciso comunicar para que fique registrado, que passei 30 anos a estudar psicologia, historia cultura, religião, mitologia e o chamado paranormal. Também trabalhei durante muitos anos com hipnoterapia – que me facilitou um conhecimento mecânico bom sobre como a mente/cérebro dos seres humanos opera a níveis bastante profundos. Mas mesmo assim, eu ainda funcionava com certos dogmas firmemente ancorados que foram estilhaçados com a minha pesquisa sobre psicopatia. Percebi que existiam um grupo de ideias, que tinha sobre os seres humanos que eram sacrossantas. Tendo até escrito sobre isso a uma dada altura da seguinte forma:

            O meu trabalho mostrou-me que a vasta maioria das pessoas querem fazer bem, experienciar coisas boas, ter bons pensamentos e tomar decisões com bons resultados. E elas tentam com toda a sua força fazê-lo! Com a maioria das pessoas a ter este desejo interno, porque diabo não está a acontecer.

            Fui ingénua, admito. Houve muitas coisas que desconhecia e que aprendi desde que escrevi essas palavras. Mas mesmo nessa altura estava consciente de como as nossas mentes podem ser usadas para nos enganar.

Mas, que crenças possuía eu que me faziam vítima de um psicopata?

            O primeiro e mais óbvio é que eu acreditava verdadeiramente que no âmago, todas as pessoas são basicamente “boas” e que elas “querem fazer bem, experienciar coisas boas, ter bons pensamentos e tomar decisões com bons resultados. E elas tentam com toda a sua força fazê-lo…”

            Como é sabido, isto não é verdade como eu – e todas as pessoas envolvidas no nosso grupo de trabalho – aprendi para o nosso desgosto, como se costuma dizer. Mas também aprendemos para a nossa edificação. De maneira a chegar a algum entendimento sobre exatamente que tipo de ser humano pode fazer as coisas que me foram feitas a mim (e a outros chegados a mim), e como podem eles ser motivados – até impulsionados – a comportarem-se desta maneira, começamos a pesquisar literatura sobre psicologia à procura de pistas porque precisávamos de entender para a nossa própria paz de espírito.

            Se existe uma teoria psicológica que pode explicar comportamentos prejudiciais e viciosos, esta ajuda grandemente a vítima de tais atos ter essa informação para que não passe todo o tempo a sentir-se magoada e zangada. E certamente, se existe uma teoria psicológica que pode ajudar uma pessoa a encontrar o tipo de palavras e ações que podem atravessar o abismo entre pessoas, em ordem a sarar desentendimentos, esse é um objetivo digno. Foi a partir de uma tal perspectiva que começamos o nosso extenso trabalho sobre o assunto do narcisismo que depois deu origem ao estudo de psicopatia.

            Claro, que não começamos com esse diagnóstico ou rotulo para o que estávamos a testemunhar. Começamos com observações e pesquisamos literatura à procura de pistas, perfis, e de qualquer coisa que nos ajudasse a compreender o mundo interno do Ser Humano – em boa verdade de um grupo de Seres Humanos – que pareciam ser absolutamente depravados e totalmente diferentes de tudo o que tínhamos encontrado anteriormente.

            Imaginem se puderem não possuir uma consciência, nenhuma de todo, não terem sentimentos de culpa ou remorso independentemente dos atos praticados, não terem um limitante sentido de preocupação para com o bem-estar de estranhos, amigos ou até membros familiares. Imaginem não ter que lutar contra a vergonha, nenhuma vez durante a vossa vida, independentemente do ato egoísta, indolente, prejudicial ou imoral que tenham tido.

            E finjam que o sentido de responsabilidade é desconhecido para vocês, exceto como um fardo que os outros parecem aceitar sem questões, como tolos crédulos.

            Agora junte a esta estranha fantasia a habilidade de dissimular ou ocultar de outras pessoas que o vosso perfil psicológico é radicalmente diferente do deles. Desde que todas as pessoas assumam simplesmente que a consciência é algo universal em todos os seres humanos, esconder o fato de que se é livre de consciência é praticamente feito sem esforço.

            Você não se retrai por culpa ou vergonha de nenhum dos seus desejos, e nunca se é confrontado por outros pela sua frieza. A água gelada nas vossas veias é tão bizarra, tão completamente fora da experiência pessoal dos outros, que eles raramente se dão conta da vossa condição.

            Por outras palavras, vocês são completamente livres de restrições internas, e a vossa liberdade sem entraves para fazer o que quiserem, sem dores de consciência, é convenientemente invisível ao mundo.

            Vocês podem fazer tudo o quiserem, e mesmo assim a vossa estranha vantagem sobre a maioria das pessoas, que são colocadas em linha pela sua consciência, vai com toda a probabilidade permanecer não descoberta.


Como irá viver a sua vida?

            O que vai fazer com esta sua enorme e secreta vantagem, e com a desvantagem correspondente das outras pessoas (consciência)?

            A resposta vai depender em larga medida dos desejos que tem, porque as pessoas não são todas iguais. Até mesmo os profundamente pouco escrupulosos não são todos iguais. Algumas pessoas – apesar de terem uma consciência ou não – dão preferência à facilidade da inércia, enquanto outros estão cheios com sonhos e ambições selvagens. Alguns seres humanos são brilhantes e talentosos, alguns são pouco inteligentes, e a maior parte, com consciência ou não, estão algures no meio. Existem pessoas violentas e não violentas, indivíduos que são motivados pela sede de sangue e aqueles que não têm tal apetite.Dando-se o caso de que não é forçosamente parado, pode fazer o que quiser.

            Se nascer no momento certo, com algum acesso a fortunas familiares, e tem um talento especial para “enaltecer” o sentido de ódio e de privação de outras pessoas, pode arranjar maneira de matar largos números de pessoas desavisadas. Com dinheiro suficiente, pode realizar isto de bastante longe, e pode sentar-se confortavelmente e observar com satisfação.

Louco e assustador – e real, em cerca de 4 por cento da população….

            A taxa de prevalência para desordens relativas à anorexia está estimada em 3,43 por cento, considerada como quase epidémica, e mesmo assim este número é uma fracção mais baixo do que a taxa de transtorno de personalidade antissocial. As desordens de maior grau classificadas como esquizofrenia ocorrem em apenas 1 por cento da população – um mero quarto da taxa de personalidade anti-social – e os centros de controle de doenças e prevenção afirmam que a taxa de cancro do cólon nos Estados Unidos da América, considerada alarmantemente alta, é de cerca de 40 para 100.000 – mil vezes mais baixa que a taxa de transtorno de personalidade antissocial.

            A alta incidência da sociopatia na sociedade humana tem um profundo efeito no resto de nós que também temos de viver neste planeta, mesmo para aqueles de nós que não foram clinicamente traumatizados. Os indivíduos que constituem estes 4 por cento secam as nossas relações, as nossas contas bancárias, os nossos feitos, a nossa autoestima, a nossa própria paz na Terra.

            Porém surpreendentemente, muitas pessoas nada sabem sobre esta desordem, ou se sabem, pensam apenas em termos de psicopatia violenta – assassinos, assassinos em série, assassinos em massa – pessoas que conspicuamente quebraram a lei vezes sem conta, e que, se apanhadas, serão encarceradas, talvez até sujeitas à pena de morte, onde esta se aplicar.

            Comumente não temos percepção, nem usualmente identificamos, o grande número de sociopatas entre nós, pessoas que muitas vezes não são violadores da lei flagrantes, e contra as quais o nosso sistema legal pouca proteção oferece.

            A maioria de nós não imaginaria nenhuma correspondência entre conceber um genocídio étnico e, por exemplo, mentir sem sentimento de culpa ao nosso patrão sobre um colega de trabalho. Mas a correspondência psicológica não está apenas lá; é de arrepiar. Simples e profundo, o elo é a falta do mecanismo interior que nos castiga, emocionalmente falando, quando efetuamos uma escolha que vimos como imoral, antiética, negligente ou egoísta.

            A maioria de nós sente-se mais ou menos culpada se comer a ultima fatia de bolo na cozinha, sem falar como nos deveríamos sentir se intencionalmente e metodicamente nos propuséssemos a magoar outra pessoa.

            Aqueles que, de todo, não têm consciência são um grupo próprio, quer sejam déspotas homicidas ou meramente atiradores furtivos sociais sem escrúpulos.

“A presença ou ausência de consciência é uma profunda divisão humana, sem questão mais significante que a inteligência, raça ou mesmo sexo.”

            O que diferencia um sociopata que vive do trabalho dos outros de um que ocasionalmente rouba uma loja, ou de um que seja um barão criminoso contemporâneo – ou o que diferencia um ordinário “bully (provocador)” de um assassino sociopata – não é mais nada que o estatuto social, motivação, intelecto, sede de sangue ou simplesmente oportunidade.

            O que distingue todas estas pessoas do resto de nós é um buraco absolutamente vazio na psique, onde deveria estar a mais evoluída de todas as funções humanizantes.

[Martha Stout – The Sociopath Next Door] (altamente recomendado)

            Nós não tivemos a vantagem do livro da Dr. Stout no inicio do nosso projeto de pesquisa. Tivemos, com certeza, Hare e Cleckley e Guggenbuhl-Craig e outros. Existem ainda mais que apareceram nos últimos anos em resposta às questões que estavam a ser formuladas por muitos psicólogos e psiquiatras sobre o estado do nosso mundo e a possibilidade de existir uma diferença fundamental entre indivíduos como George W. Bush e muitos dos chamados Neocons, e o resto de nós.

            O livro da Dr. Stout tem uma das explicações mais extensas sobre o por que de nenhum dos seus exemplos se assemelharem a nenhuma pessoa que eu tenha lido. E depois, num capítulo inicial, ela descreve um caso “compósito” onde o sujeito passou a sua infância a explodir rãs com bombas de carnaval. É bastante conhecido que George W. Bush fez isto, dai que uma pessoa naturalmente se questione.

            De qualquer maneira, mesmo sem o trabalho da Dr. Stout, na altura em que estávamos a estudar o assunto, apercebemo-nos do que o que estávamos a aprender era bastante importante para todos porque à medida que os dados se iam juntando, vimos que as pistas, os perfis, revelaram que os problemas que estávamos a enfrentar foram enfrentados por todos em uma ou outra altura, em uma ou outra proporção. Também começámos a apercebermo-nos que os perfis que emergiram também descreviam, de uma maneira acertada muitos indivíduos que procuram posições de poder em campos de autoridade, particularmente na política e comércio. Isto realmente não é uma ideia surpreendente, mas honestamente não nos tinha ocorrido até termos visto os padrões e os reconhecermos em comportamentos de numerosas figuras históricas, e ultimamente em George W. Bush e em membros da sua administração.

            Estatísticas atuais dizem-nos que existem mais pessoas consideradas doentes psicologicamente que saudáveis. Se se tirar uma amostra de pessoas de um determinado campo, vai provavelmente constatar que um número significativo delas irá demonstrar sintomas patológicos com vários graus de gravidade. A política não é exceção, e pela sua própria natureza, tenderia a atrair mais patologias do “tipo dominador” do que noutros campos. Isto é apenas lógico, e nós começámos a entender que não era apenas lógico, era horrificamente preciso; horrificamente porque patologias entre pessoas com poder podem ter efeitos desastrosos em todas as pessoas sob o controle de tais indivíduos patológicos. Daí, decidimos escrever sobre este assunto e publicá-lo na Internet.

            Conforme o material foi sendo divulgado, cartas dos nossos leitores começaram a chegar agradecendo-nos por pôr um nome naquilo que estava a acontecer nas suas vidas pessoais assim como a ajuda-los a compreender o que estava a acontecer num mundo que parece que ficou completamente louco. Começámos a pensar que era uma epidemia e num certo sentido, estávamos corretos; apenas não no sentido que pensávamos. Se um indivíduo com uma doença altamente contagiosa trabalha num emprego que o põem em contato com o publico, uma epidemia é o resultado. No mesmo sentido, se um indivíduo numa posição de poder politico é um psicopata, ele, ou ela, pode criar uma epidemia de psicopatologia em pessoas que não são, em essência, psicopáticas. As nossas ideias ao longo desta linha demoraram pouco tempo a receber confirmação de uma fonte inesperada. Eu recebi um e-mail de um psicologo Polaco que me escreveu da seguinte forma:

Caras Senhoras e Senhores.

Tenho o vosso projeto de investigação especial sobre psicopatia no meu computador. Vocês estão a fazer um trabalho da maior importância e valor para o futuro das nações. […]

Sou um psicólogo clínico, bastante envelhecido. À quarenta anos atrás participei numa investigação secreta sobre a verdadeira natureza e psicopatologia do fenômeno macro-social chamado “comunismo”. Os outros investigadores eram os cientistas da prévia geração, tendo já falecido.

O estudo profundo da natureza da psicopatia, que desempenhou o papel essencial e inspirador neste fenômeno psicopatológico macro-social , e que o distingue de outras anomalias mentais, parecia ser a preparação necessária para a compreensão de toda a natureza do fenómeno.

A maior parte do trabalho, que estão a efetuar agora, foi feita nesses tempos.

Tenho possibilidade de vos facilitar um, deveras valioso, documento científico, útil para os vossos propósitos. É o meu livro “PONEROLOGIA POLITICA – Uma ciência sobre a natureza do mal ajustada para propósitos políticos”. Podem também encontrar uma cópia deste livro na Biblioteca do Congresso e algumas universidades e bibliotecas públicas nos EUA.

Tenham a amabilidade de me contatar para que vos possa enviar uma cópia.
Atenciosamente!
Andrew M. Lobaczewski