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sábado, 30 de outubro de 2010

Cinco acusações contra o ENEM!

Acorda Povão.........

Há um paradoxo vital para o leitor considerar, ao ler o texto que aqui começa: embora seja praticamente a única forma de entrada de alunos nas graduações, o exame vestibular não é um tema relevante dentro da Universidade. Posso referir uma experiência pessoal no caso: tendo trabalhado por mais de 20 anos no nosso concurso vestibular, nas provas de Redação, Literatura e Português, senti na pele essa estranha negligência. Uns anos atrás, por exemplo, quando cada professor ainda preenchia semestralmente uma folha para dar conta de suas atividades docentes nos vários campos de atuação possíveis, simplesmente não havia como consignar o exaustivo e complexo trabalho com a elaboração e a aplicação das provas, salvo em miudíssimas linhas finais em que se anotavam suplementos irrelevantes, que não contavam para nada, muito menos para a progressão funcional. Trabalho de imensa responsabilidade social e científica, o vestibular entre nós (e o comentário pode ser estendido talvez a todas as grandes universidades brasileiras) nunca foi centro de devidas atenções.

É compreensível que professores e pesquisadores superespecializados despendam pouca energia na consideração do problema; mas não é compreensível que o poder central universitário - não me refiro a nenhuma gestão em particular, mas à estrutura - negligencie esse episódio anual que não apenas seleciona os alunos para a graduação, mas que,
mais ainda, influi nos destinos de todo o ensino secundário.

As regras de elaboração das provas são restritas; o universo conceitual e empírico a levar em conta, nas várias disciplinas, é virtualmente infinito; é exigido um sigilo que por sua vez é também um elemento ultrarrestritivo em vários níveis; não se desenvolveu a contento, creio que em nenhuma das áreas de conhecimento, um volume de pesquisa acadêmica capaz de realimentar e sofisticar o processo todo, por falta de política de incentivo orientada pelas instâncias superiores da nossa Universidade; o impacto social é imenso, incalculável, para dentro e para fora do ambiente universitário.

Mas não estou aqui apenas para lamentar; o caso é que, com todas as restrições que se possa imaginar, a Universidade brasileira, a UFRGS em particular, conseguiu manter um padrão elevado de provas no vestibular. De forma geral, as melhores universidades do país, entre as quais a nossa, acumularam uma excelente experiência na elaboração e na aplicação dos exames.

Pois bem: havendo esse patrimônio de altíssima valia, já há algumas décadas, seria de esperar que o Ministério de Educação, quando resolveu avaliar o sistema educacional brasileiro, particularmente o Ensino Médio, o tivesse levado em conta; que o MEC procurasse não apenas prestigiar as universidades que a ele estão subordinadas, o que já seria decente, mas que tentasse não cometer erros já cometidos.

Mas o que se viu foi bem outra coisa. Começando nos governos FHC e prosseguindo nos governos Lula, instalou-se um Exame Nacional que, no que interessa a este debate aqui,
transformou-se não em solução, mas em problema e mesmo em vexame para o sistema educacional como um todo. O atual Exame Nacional do Ensino Médio, ENEM, tem a vocação política de tornar-se o principal (quando não o único) exame vestibular, para o grosso do ensino superior brasileiro; e tendo esse larguíssimo horizonte ele precisa ser pensado e,
no que me diz respeito, seriamente arguido, como tento fazer nos tópicos que seguem. (Uma versão anterior deste texto, menos desenvolvida, foi publicada na Folha de São Paulo.)

1. Confusão entre avaliação e seleção - Criado com a saudável finalidade de avaliar os estudantes e as escolas brasileiras, o ENEM agora passou, sem muita cautela, a ser um instrumento de seleção para ingresso na Universidade. São, deveriam ser, duas atividades muito distintas, que o Brasil lamentavelmente tem misturado desde o começo dos anos 70, quando houve um forte aumento do número de formados no ensino médio demandando as escassas vagas superiores, num processo que constrangeu as universidades a barrar candidatos em massa. Resultou que o vestibular, exame de seleção para ingresso, gerou um rebote e se transformou em critério informal mas efetivo de organização curricular e de avaliação das escolas e dos alunos, num curto-circuito perverso, agora reiterado pelo MEC. Em poucas palavras: o que cair no vestibular vai ser dado na escola, e o que é pior, mesmo naquelas cujos alunos não disputam diretamente as vagas das universidades mais exigentes.
Vale um parêntese: o MEC tem dito que, por seu caráter supostamente inovador - as novas provas teriam como centro não mais a decoreba (coisa que o Ministério pode não saber, mas há muito tempo não são mais o centro de nenhum vestibular de universidade importante) mas sim o raciocínio -, estaria por decretar o fim da era dos cursinhos. Trata-se de uma tolice: enquanto continuar havendo vestibular eliminatório, vai continuar existindo cursinho preparatório.

2. Reforço à supercentralização - Na pior tradição ultracentralista do Estado brasileiro, agora o MEC inventa um exame nacional concentradíssimo. O imbróglio do ENEM pouco tempo atrás foi fruto de maldade e inexperiência, mas mais ainda dessa supercentralização. Além disso, aplicado no país todo, suprimiu temas que chama de “regionais”, o que envolve de revoltas sociais e marcos geográficos a escritores e livros. Segundo qual critério se define o “nacional” ou o “regional”, não está claro, mas eu arrisco dizer: será o critério da atual hegemonia cultural, que é paulistocêntrica. Isso sem contar ainda outro aspecto, virtualmente criminoso: ao instituir um ranking nacional de vagas nas universidades, de que os candidatos teriam conhecimento on-line e em função do qual poderiam mudar sua opção até a undécima hora, o MEC estará na prática criando em escala nacional a mesma elitização social dos vestibulares atuais. Os melhores candidatos, que são do Sudeste e do Sul, vão disputar as vagas em todo o território, e não será nada estranho que, por exemplo, as vagas de Medicina, Brasil afora, sejam quase todas ocupadas por candidatos dessas duas regiões mais ricas. E é claro que, como disse um reitor de Universidade Federal do Centro-Oeste, tais alunos cumprirão a graduação na província, mas não permanecerão trabalhando ali, porque vão tentar a sorte nos centros já consolidados de trabalho e de pós-graduação.

3. Desrespeito pela experiência das Universidades - Que o MEC quisesse inventar um exame nacional com papel de seleção, seria até respeitável, desde que, pelo menos, fosse levada em conta a vasta experiência acumulada nas melhores universidades brasileiras, como dissemos acima. Nem falemos do processo de atribuição de notas para a redação, que é de chorar de tão precário: a “correção” das redações vai ser feita sem a necessária unidade de operação, cada avaliador em sua casa, recebendo uma prova escaneada em Brasília; já pelo seu isolamento, vai ser difícil que possa sanar dúvidas, sempre existentes, e mais ainda possa trabalhar em sintonia fina com o conjunto dos outros avaliadores. Aqui temos outro desagradável desrespeito para com uma larga e competente tradição de todas as boas universidades brasileiras.

4. Autoritarismo - O MEC induziu as universidades a aceitarem o ENEM como vestibular, com uma pequena margem de manobra (margem que foi aproveitada, não por acaso, pelas mais competentes universidades, entre elas a UFRGS, ainda bem, que enquanto não forem constrangidas economicamente vão resistir a ele, espero). O prazo desse processo, considerando a correta e necessária lentidão que uma universidade precisa manter em questões dessa magnitude, foi estreitíssimo. E a mudança foi divulgada, como se viu em Porto Alegre, com ares de verdade revelada: quadros do Ministério vieram à boca da cena com aquele sorriso desdenhoso de quem tem pouca leitura e muito poder, para regozijar-se com a
suposta modernização que anunciavam. Durante a ditadura, também se viu isso: a toque de caixa, sem debate público e embalado por um discurso modernizador, o governo federal impôs aquela mixórdia legal que alterou para pior o ensino fundamental e o médio. Um paralelo assustador: naquela época, o MEC quis abolir o ensino de Português e Literatura, obrigando à medonha “Comunicação e Expressão”; agora, nomeia a prova que trata dos mesmos conteúdos com outro horror, “Linguagens, Códigos e suas Tecnologias”. Autoritarismo pouco culto de quem presume estar reinventando o mundo, aliado à redação inepta, em mais um assalto na luta da pedagogia inespecífica contra os “conteúdos” que ela tanto despreza – e ai de quem tenha estudado e valorize algum deles.

5. Desprezo pela História da Literatura - O modo de elaborar a prova, na tal área de Linguagens, Códigos e, argh, suas Tecnologias, jogou no lixo a grande tradição de ensino de história da literatura. Há defeitos nela? Por certo que sim, e está aqui um dos tantos críticos dos modelos atuais; mas provavelmente serão proporcionais aos de qualquer outra área. O certo é que o ENEM trata o texto literário como apenas um texto entre outros: um poema de Drummond no mesmo patamar que um anúncio de remédio e um cartaz contra o cigarro, sem qualquer contexto. As aulas de História da Literatura costumam ser a melhor (quando não a única) porta de entrada oferecida pela escola ao mundo da cultura letrada; abolida do programa do ENEM a demanda por essa dimensão, e na assustadora hipótese de o exame vir a ser o vestibular universal para o terceiro grau no país, o que ocorrerá? A morte por asfixia da história da literatura parece quase inevitável, e com ela a citada porta de entrada. Isso num
governo de esquerda, que costuma alegar gosto pela história.

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Por que somos favoráveis à regulamentação da profissão de historiador?

Historiador Legal!

Estatua de Heródoto no Museu do Louvre em Paris.

No último dia 10 de março foi aprovado em caráter terminativo, na Comissão de Assuntos Sociais do Senado Federal, o Projeto de Lei n.º 368/2009, de autoria do senador Paulo Paim, que regulamenta a profissão de historiador. A proposição segue agora para a Câmara Federal, onde deverá ser analisada.

No processo de mobilização para a votação dessa proposta, surgiram algumas vozes discordantes em relação à regulamentação da profissão. Respeitando todas as opiniões, apresentamos, a seguir, o ponto de vista da atual diretoria da Associação Nacional de História (ANPUH) – perspectiva que pautará a atuação da entidade agora que o projeto tramitará na Câmara dos Deputados.

O que significa regulamentar? Significa definir legalmente os contornos do exercício profissional, fixar requisitos para que esse exercício se faça, definir as competências e as habilidades que o profissional deve ter para exercer uma dada profissão. Regulamentar é dar estatuto legal a uma profissão, com o Estado reconhecendo a sua existência e lhe conferindo uma identidade jurídica e pública para o seu exercício. Em síntese, significa passar a existir de fato e de direito como profissão e como profissional.

Para a ANPUH, a regulamentação da profissão de historiador é o reconhecimento social e jurídico do profissional a quem se atribui direitos e obrigações perante a sociedade. Para nós, o Estado brasileiro milita em uma contradição ao não reconhecer a profissão de historiador e, ao mesmo tempo, regular, reconhecer e avaliar cursos universitários que formam profissionais nessa área. Se o Estado reconhece que, para ser historiador, é preciso ter dada qualificação, que se deve exigir determinadas habilidades e competências nos projetos político-pedagógicos dos cursos de História por ele aprovados, deve reconhecer também a necessidade de uma lei capaz de definir os contornos de nossa profissão.

A Constituição Federal, em seu artigo quinto, inciso décimo terceiro, define que é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, desde que atendida a qualificação profissional que a lei estabelecer. A norma que regulamenta a profissão de historiador nada mais faz do que cumprir o mandato constitucional, definindo que qualificação deve ter aquele que exerce essa atividade: a exigência de diploma de curso superior em História ou de diploma de mestrado e doutorado nessa área.

O movimento em torno da regulamentação das profissões remonta ao imediato pós-Segunda Guerra Mundial, como resposta às crescentes demandas dos trabalhadores pelo reconhecimento de seus direitos. Ele é contemporâneo e está relacionado à criação da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e à emergência dos Estados de Bem-estar Social. No Brasil, as profissões consideradas de maior prestígio social foram regulamentadas entre as décadas de 1940 e 1960: contabilista (1946), economista (1951), químico (1956) médico (1957), geólogo (1962), psicólogo (1962), estatístico (1965), farmacêutico(1966), engenheiro, arquiteto e agrônomo (1966), jornalista (1969), etc. Contrariando, portanto, o que alguns afirmam, a regulamentação profissional não é um tema do discurso ou da “ideologia neoliberal”. O neoliberalismo, pelo contrário, é responsável pela crescente resistência por parte do Congresso Nacional e do Judiciário brasileiro em regulamentar as profissões. O episódio recente da desregulamentação da profissão de jornalista pelo Supremo Tribunal Federal, a pedido dos grandes grupos econômicos que dominam os meios de comunicação do país, é exemplar da prevalência desse pensamento em setores das elites brasileiras. Entre os princípios fundamentais do neoliberalismo estão justamente o da flexibilização e o da desregulamentação profissional, levando a uma precarização do trabalho e à possibilidade do pagamento de salários mais baixos a profissionais ditos flexíveis ou despreparados.

Quem conhece a realidade das empresas de educação do ensino privado, e mesmo a das instituições de ensino público, em dadas áreas, sabe não apenas que a regulamentação de nossa profissão é uma necessidade premente, como vê os danos que a não regulamentação causa aos nossos profissionais. Não é mera coincidência que a bancada ligada ao ensino privado no Congresso Nacional seja reativa a qualquer iniciativa que vise regulamentar profissões como a nossa. Como o próprio projeto aprovado no Senado reconhece, sem a regulamentação fica-se sujeito a que pessoas não qualificadas possam ser contratadas para exercer essas atividades mediante uma remuneração aviltada.

A luta pela regulamentação da profissão de historiador já se arrasta por 42 anos – no site da ANPUH há um dossiê sobre esse tortuoso processo. Nove projetos já foram apresentados à Câmara dos Deputados. E há quem diga que não ocorreu ainda o necessário debate, que adotamos uma posição pragmática e de afogadilho. Creio que as instituições, notadamente aquelas que agrupam historiadores ou futuros historiadores, devem possuir memória. Não se pode, a cada nova diretoria eleita, começar o debate sobre dadas questões como se não houvesse toda uma história de lutas. Sabemos que as posições podem ser modificadas mediante novas conjunturas, mas mesmo nesse caso se deve levar em conta a trajetória anterior da instituição.

No âmbito da ANPUH, diretorias anteriores participaram ativamente do debate e da elaboração de propostas nesse sentido. Em nenhuma instância oficial da entidade foi aprovada posição contrária à regulamentação; portanto, cabia a esta diretoria, quando surgiu a iniciativa vinda do Senado, empenhar-se para a sua aprovação. Fazer política requer perceber os momentos favoráveis, definir estratégias viáveis, sob a pena de nunca se conseguir o que se quer. Avaliamos que o contexto era adequado, mas, por estarmos em ano eleitoral, se a votação não ocorresse neste semestre, não seria feita ainda em 2010, e, sendo o final de uma legislatura, o projeto seria arquivado, tal como manda o Regimento Interno do Senado. Ter um projeto aprovado no Senado era estrategicamente fundamental, pois ele não pode mais ser arquivado ao final da legislatura. A Câmara terá que obrigatoriamente analisá-lo, se posicionando contra ou a favor. Podemos agora abrir o debate em torno de um projeto já aprovado para aperfeiçoá-lo. Uma circular nesse sentido foi enviada a todas as nossas Seções Regionais, solicitando que a regulamentação seja tema de discussão e deliberação nos Encontros Estaduais da ANPUH, que ocorrerão este ano.

Consideramos que a regulamentação da profissão de historiador é uma questão de justiça e equidade de direitos, já que outras profissões da mesma natureza que a nossa foram regulamentadas, algumas delas mantendo clara interface com as atividades que exercemos, como as profissões de geógrafo, sociólogo, museólogo e arquivista. Somos uma das áreas de formação profissional mais antigas do país e com uma importância social indiscutível, uma vez que exercemos nossa atividade no âmbito da educação, da cultura, da memória, do patrimônio histórico e artístico, que são setores de interesse social prioritários.

O projeto aprovado tem o mérito de ser singelo e de garantir a maioria de nossas históricas reivindicações: o reconhecimento de que historiador é tanto o bacharel quanto o licenciado em história; a definição, como atribuições do historiador, não só da pesquisa e do ensino de história, mas também do planejamento, da organização, da implantação e da direção de eventos ou exposições que envolvam temas históricos; a assessoria, na avaliação e seleção de documentos, para fins de preservação; a emissão de pareceres, relatórios, planos, projetos, laudos e trabalhos sobre temas históricos; e que os estabelecimentos que prestam serviços nessa área devem manter em seus quadros profissionais habilitados.

É sabido que a institucionalização implica reconhecimento profissional, podendo, por exemplo, ser realizados concursos específicos para provimento do cargo de historiador em instituições públicas e privadas, o que não pode ocorrer enquanto não tivermos a profissão regulamentada. O projeto aprovado reserva o provimento de cargos, funções ou empregos de historiador aos portadores de diplomas de graduação, mestrado ou doutorado em História. Isso implica o necessário registro profissional que, no projeto aprovado no Senado, deverá ser feito junto às Superintendências Regionais do Trabalho e Emprego do local em que o profissional irá atuar. O projeto não prevê, nem a ANPUH pensa em reivindicar, a criação de Conselhos Nacional e Regionais para fiscalizar o exercício da profissão, muito menos a realização de uma prova, como a exigida pela OAB para a concessão do registro profissional. A Associação não pretende tornar-se órgão de fiscalização profissional e, sim, continuar sendo a entidade de representação profissional. Os historiadores, atuando no ensino ou na pesquisa, já são submetidos a constantes processos de avaliação de suas habilidades e competências.

A luta pela regulamentação da profissão significa, portanto, uma luta pela dignidade no exercício da profissão – o que não está em desacordo com a solidariedade necessária à luta de todos os trabalhadores pela dignidade do próprio trabalho e por seus direitos, mas, pelo contrário, é um Justificarcapítulo dessa luta, à medida que combate a precarização no âmbito laboral. Não estar regulamentado profissionalmente nada tem a ver com liberdade do trabalho, a não ser com a liberdade do liberalismo, que sabemos a quem serve.

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sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Por que o livro é caro no Brasil!

Como é distribuído, em porcentagem, cada parcela do preço de capa de cada livro no Brasil.

Não é novidade para ninguém. Nos Estados Unidos e na Europa, um livro sai bem mais barato que no Brasil. Vamos só lembrar um dos muitos exemplos. Na França, um dos volumes com as aventuras de Asterix (vendidos em livrarias, não em bancas) sai pelo equivalente a R$ 8,95. Aqui, custa R$ 17,00. A capa, o tamanho, o número de páginas, os quadrinhos, tudo é idêntico. Só o que muda é o idioma que vem dentro dos balões. Claro: os custos da tradução não explicam o aumento.

O problema é a tiragem. Enquanto outros países trabalham com tiragens médias de mais de 10 000 exemplares por edição, no Brasil esse número fica na casa dos 2 000. O mercado é pequeno, vende-se pouco, e elevar essa média é produzir enca-lhes. Daí que, com edições reduzidas, o custo por unidade sobe. O raciocínio é bem simples. Fora o papel, que varia segundo a quantidade de exemplares, toda edição tem um custo fixo, do qual não dá para fugir. Composição das páginas, máquinas, revisões, ilustrações, tudo isso independe da tiragem. E quando se divide o custo fixo pelo número de exemplares, tem-se o custo unitário.

Como o mercado brasileiro se organizou com base nas pequenas tiragens, o preço final de um volume é sempre alto. Mesmo os best-sellers, que vendem dezenas de milhares de cópias, custam caro, já que os editores fixam o preço com base em padrões (um certo x por página) estabelecidos a partir das baixas tiragens. A vantagem, dos editores, é que best-sellers dão mais lucro. E quase sempre compensam o prejuízo dos títulos que acabam encalhando nas prateleiras.

O leitor brasileiro é prejudicado pelas tiragens pequenas. Como o mercado de livros no Brasil é bem reduzido, as edições são minguadas. Na média, não passam dos 2 000 exemplares. A equação é cruel: tiragens mínimas projetam o custo unitário lá para as alturas. O leitor, quando pode, é quem acaba pagando a conta. Veja, em porcentagens, para quem vai cada parcela do preço de capa que você paga na livraria:

Papel

Menos de 5%

Às vezes é transformado no vilão da história. O custo subiu depois do Real, o preço da tonelada de papel branco passou de cerca de 600 para 1 100 reais , mas não significa nem 5% do preço de um livro.

Editor

Cerca de 25%

O editor fica com algo em torno de 25% do preço de capa. Esse valor paga os custos de funcionamento da editora, a tradução, revisão, paginação e o lucro.

Autor

De 7% a 12%

Recebe em média 10% do preço de capa de um livro, mas essa porcentagem varia. O valor inclui todos os custos de seu trabalho. Na maioria dos casos, o autor não recebe adiantamentos.

Gráfica

Cerca de 8%

O custo de impressão de um livro comum, sem ilustrações impressas em papel especial, é da ordem de 8% do preço de capa, sem incluir o preço do papel.

Distribuidor

Cerca de 15%

A maior parte do preço de capa do livro fica na distribuição e venda. O distribuidor atacadista fica com 15%.

Livraria

40%

A livraria fica com 40% do preço de capa do livro, em média.


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http://super.abril.com.br/superarquivo/

Rússia volta a testar com sucesso novo míssil intercontinental.

ICbms Bulava

O submarino nuclear russo "Dmitry Donskoy" realizou nesta sexta-feira (29) outro lançamento de teste bem-sucedido do novo míssil intercontinental Bulava, informou o Ministério da Defesa da Rússia.

"O lançamento foi efetuado das águas do Mar Branco e tinha como alvo o polígono Kura, em Kamchatka (extremo oriente da Rússia). Os parâmetros da trajetória de voo do foguete foram normais e as cargas impactaram com sucesso no polígono Kura", indicou um porta-voz da Defesa.

Este foi o 14º lançamento de teste deste foguete, o segundo deste ano, depois do que ocorreu, também com sucesso, no último dia 7.

Dos 12 anteriores a esses dois últimos, apenas cinco foram considerados bem-sucedidos ou parcialmente bem-sucedidos.

"O 15º lançamento de teste do Bulava está previsto para dezembro e será realizado pela primeira vez do submarino nuclear russo 'Yuri Dolgorukiy'", assinalou por sua vez uma fonte do Estado-Maior da Marinha russa.

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http://www1.folha.uol.com.br/

Carta à Revista de História da Biblioteca Nacional.

Os diversos textos referentes ao Integralismo, publicados na edição deste mês de outubro da Revista de História da Biblioteca Nacional, que traz, na capa, famosa foto de Plínio Salgado, demonstram, ao menos, o reconhecimento da importância que este representa para a História do Brasil.

Infelizmente, porém, a Revista de História da Biblioteca Nacional repetiu velhos chavões que há decênios vêm sendo repetidos pela chamada intelligentsia deste País, caracterizada, antes de tudo, pelo sectarismo “esquerdista” e pelo preconceito ideológico, publicando alguns artigos repletos de imprecisões a respeito do Integralismo. Dentre tais artigos, os mais cheios de imprecisões são os de Gilberto Grassi Calil e de Roney Cytrynowicz. O primeiro afirma, por exemplo, que os Integralistas foram os “cães de guarda” da ordem burguesa, quando, em verdade, sempre foram anticapitalistas e antiburgueses (vide, por exemplo, as obras O capitalismo internacional, de Miguel Reale, e Espírito da burguesia, de Plínio Salgado), e afirma, também, que os Integralistas não eram verdadeiros democratas por considerarem os comunistas inimigos da Democracia, quando qualquer um que conheça um pouco de História e tenha ouvido falar em Lênin, Trótski, Stálin, Béria, Brejnev, Pol-Pot, Mao Tsé-Tung e em diversos outros tiranos e assassinos comunistas sabe muito bem que os comunistas são, sim, inimigos da Democracia.

Já o texto de Cytrynowicz afirma, dentre outros absurdos, que a primeira Marcha Integralista teve quarenta mil participantes, quando na verdade teve apenas cerca de quarenta, sendo conhecida como Marcha dos Quarenta, e que o Integralismo é racista, nega a Democracia e o pluralismo político e prega o “controle absoluto do Estado sobre a sociedade”. Ao contrário, o Integralismo sempre se opôs ao racismo, reunindo, inclusive, milhares de negros, alguns dos quais ocupando mesmo posições de liderança nos quadros da AIB; sempre defendeu a Democracia Orgânica, em que a Sociedade é representada por meio de seus Grupos Naturais como as Paróquias, os Sindicatos, as Corporações e os Municípios e se opôs à absorção da Sociedade e dos Grupos Naturais que a compõem pelo Estado, defendendo a intangibilidade da Pessoa Humana em face desse mesmo Estado. As linhas que lerão a seguir, escritas por Plínio Salgado, constam do artigo Nacional Socialismo e Cristianismo Social, publicado a 14 de fevereiro de 1936 no jornal A Ofensiva, e respondem a essas e a várias outras acusações infundadas presentes em diversos artigos da revista.

“No caso da Alemanha, não tenho dúvida (pelo que tenho lido nos livros nazistas, notadamente no livro de Hitler – Minha Luta – e pelo que tenho deduzido das medidas e iniciativas governamentais), que o governo hitlerista está, sem dúvida alguma, infringindo as mais sagradas leis naturais e humanas e dando lugar a que católicos, ciosos do livre arbítrio e da intangibilidade do homem e de sua família, se rebelem contra o Estado. (...) O ascetismo, a mística, (...) a super-humanização do tipo do Fuehrer, a sua divinização ao ponto de o considerarem, os mais exaltados, a encarnação de Odin, exprime um artificialismo político que foge de toda a base e equilíbrio da razão humana. Nós, os integralistas, que somos coisa absolutamente diferente do nazismo e do fascismo, não nos cansamos de dizer que o nosso fundamento é cristão”.

Há, porém, na revista, um artigo magnífico e honestíssimo. É o artigo de Alberto da Costa e Silva, da Academia Brasileira de Letras, sobre a revista de alta cultura Cadernos da Hora Presente, dirigida pelo grande poeta e ensaísta Integralista Tasso da Silveira.

Finalizamos a presente carta ressaltando que, ao contrário do que afirma Hélgio Trindade, o Integralismo não é o “pesadelo dos anos 30”, “rejeitado pela História”, mas sim o “sonho nacionalista e espiritualista” de que fala Miguel Reale em artigo publicado no jornal O Estado de São Paulo a 17 de dezembro de 2005, e que constituiu, na expressão de Gerardo Mello Mourão, em entrevista ao Diário do Nordeste, o “mais fascinante grupo da inteligência do País”.

* Σ -Victor Emanuel Vilela Barbuy, Presidente Nacional da Frente Integralista Brasileira.

São Paulo, 28 de outubro de 2010-LXXVIII.

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quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Educação no Brasil está na UTI !!!!!!!

Ophir: educação no Brasil está na UTI e precisa de um choque no novo governo.

Enquanto a elite abastada discute o sexo dos anjos, nossas crianças sofrem sem educação!

O sistema educacional no Brasil está na UTI e precisa de um choque efetivo, principalmente por parte dos próximos governadores e presidente da República. A afirmação foi feita pelo presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, ao comentar o péssimo resultado do Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem 2009. Para Ophir, o choque precisa ser dado, necessariamente, no início dos novos governos, estadual e federal, para que a educação possa se tornar uma prioridade no país.

Para Ophir Cavalcante, os números apresentados pelo Enem são assustadores. “Hoje, o ensino no Brasil, ao invés de ter tido uma melhoria em sua qualidade, lamentavelmente, estagnou-se, mostrando-se pior do que sempre”. Segundo o Ministério da Educação, quase sete mil escolas brasileiras tiraram média abaixo de 500 no Exame, numa escala que vai de zero a mil. Dessas, 97,8% são da rede estadual de ensino.

!!!!!!São dessas salas de aula em escolas públicas que saem os alunos que sustentam uma rede podre de faculdades particulares, enquanto os filhinhos dos ricos que estudaram a vida toda em escola particular vão para a faculdade pública, precisa falar mais!!!!!!!

A seguir a íntegra do comentário feito pelo presidente nacional da OAB sobre as estatísticas divulgadas:

“Os números apresentados pelo Enem são assustadores. Hoje, o ensino no Brasil, ao invés de ter tido uma melhoria em sua qualidade, lamentavelmente, estagnou-se, mostrando-se pior do que sempre. Não se pode conceber que a rede estadual de ensino, que hoje reúne cerca de 85,9% das matrículas no país, esteja tão desestruturada do ponto de vista da gestão e desqualificada do ponto de vista da qualidade de ensino.

Isso demonstra que falta uma política pública definida e com prioridade com relação à educação. O descaso com o qual os governantes tem tratado a educação aponta para uma má formação dos futuros profissionais, com reflexos em todas as carreiras.

No Exame de Ordem, essa constatação fica muito mais clara porque muitos egressos do ensino público também prestam as provas e o índice de reprovação é bastante semelhante ao do Enem. A educação no Brasil está na UTI e precisa de um choque efetivo. Nada melhor do que o início de um novo governo, estadual ou federal, para que esse choque possa acontecer, tomando a educação uma prioridade no país.

Só poderemos fazer grandes transformações sociais se tivermos uma educação de qualidade. Não adianta soluções tópicas, é necessário que haja uma profunda reforma educacional, um comprometimento maior de verbas públicas para a educação. Só assim poderemos mudar esse lamentável quadro, acabando com o estelionato educacional principalmente no ensino superior (faculdades).

Muitos desses alunos que tiveram uma péssima educação no nível fundamental e médio quando chegam no ensino superior encontram facilidade para ingressar nas faculdades particulares que só visam o lucro e não oferecem uma formação de qualidade. É necessário que haja maior controle por parte do Ministério da Educação a respeito da formação em nível estadual. Deve haver uma maior fiscalização por parte do MEC para que haja maior qualidade no ensino.”

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http://www.oab.org.br/