Significado do símbolo do Distributismo. Antes nascer São Domingos Gusmão
(1170-1221), sua mãe, em sonho misterioso, viu um cão que trazia na boca uma
tocha acesa, que irradiava luz sobre o mundo inteiro. Esse relato, presente na
L.A. – a Legenda Áurea - e consagrado na historiografia de São Domingos, está
relacionado com a etimologia do nome: uma denominação comum assumida pelos
dominicanos era domini cane, os cães de Deus ou cães a serviço do Senhor.
Boa tarde, mentes ávidas do
amanhã. Recentemente um amigo me falou, sobre um sistema político-econômico que
seria uma via do meio entre socialismo e capitalismo. Fiz uma pequena pesquisa
sobre o assunto, e trago agora para a apreciação dos amigos.
Leandro Claudir Pedroso
É uma teoria política e
econômica inglesa que foi elaborada primeiramente pelo historiador francês Hilaire
Belloc (1870-1953), sistematizado a teoria em seu livro The Servile State
(1913). Sua principal característica é se opor ao capitalismo e o socialismo em
defesa da propriedade privada e de uma autêntica concepção de liberdade, e uma
visão conservadora do mundo O principal propagador das ideias distributistas
foi o famoso escritor inglês Gilbert Keith Chesterton (1874-1936). Uma curiosidade importante, é que podemos encontrar na obra de John Ronald Reuel Tolkien muito das ideias de Chesterton e Hilaire na trilogia “O Senhor dos Anéis” aonde passa de forma sutil muitas ideias
distributistas. A própria filha de Tolkien, Priscilla Anne Reuel Tolkien, afirma que seu pai era aprofundado nos trabalhos de Chesterton e Hilaire Belloc.
Seria uma espécie de
"terceira via" pois se opõem ao capitalismo e o socialismo. Considerando
tanto um quanto o outro, faces de uma mesma moeda, pois ambos são concentradores
de propriedade: o primeiro a concentra nas mãos de alguns poucos indivíduos, o
segundo nas do Estado. Em 1926 surgiu a liga distributista, um movimento
intelectual que visava fundamentar às bases das ideias da restauração da verdadeira
propriedade privada, segundo pronunciou Chesterton no discurso inaugural. Sendo
ele mesmo eleito o primeiro presidente da liga.
Belloc em seu livro The Servile
State crítica o capitalismo por deixar os meios de produção limitados a uma
pequena parcela da população, e a grande maioria da população no sistema capitalista
é formada por proletários que constituí a característica da servidão
capitalista e presença de uma legislação que defende direitos e privilégios aos
que possuem meios de produção.
1-
Proletariado, servidão capitalista.
2-
Legislação que defende direitos e privilégios
aos que possuem meios de produção.
No capitalismo os
trabalhadores são obrigados a venderem sua mão de obra, este comercio por mão de obra está presente em
toda a vida do sujeito e de forma coercitiva,
criando uma ideia de que todos que se opõem a está visão de mundo são vagabundos,
chegando a coerção pelos poderes do Estado. Com salários baixíssimos os
proletariados não conseguem tornar-se proprietários de meios de produção. Sendo
assim, a mobilidade social no dito sistema, quase nula, muito semelhante ou em
alguns aspectos iguais a da Idade Média.
Para o distributismo não
existe liberdade ou democracia sem a distribuição da propriedade, pois um homem
sem posses é um homem dependente e destituído de poder.
Gustavo Corção, um escritor
chestertoniano, afirmava em seu livro "Três Alqueires e uma Vaca"
(1961), que a ideia central é a da defesa da pequena propriedade e da pequena
empresa contra o gigantismo, que já no seu tempo ameaçava a sociedade, e que no
nosso tornou-se uma calamidade declarada. Afirmava o direito à posse, não como
uma concessão, mas ousadamente, como outorgado por Deus; admitia o capital
enquanto indispensável reserva, mas não admitia, de modo algum, o capitalismo,
porque a principal característica desse regime a seu ver está na raridade e não
na abundância do capital (...) o capitalismo é, de fato, contrário à ideia de
posse. Considerando o capitalismo nas suas origens e causas, estudando o
ambiente do liberalismo e apreciando o fenômeno de dissociação entre o conceito
de posse e o de responsabilidade moral, concluímos que o capitalismo foi gerado por um desregramento da propriedade
e da liberdade (...) a hipertrofia da
ideia de posse tornou-se uma atrofia; a livre competição degenerou em
privilégio. Se o direito de posse é um direito comum
não pode ser um privilégio. Logo, o capitalismo como tal, de fato, é uma
negação do direito à propriedade privada.
Hilaire Belloc
No distributismo encontramos
proteção ao individuo e a comunidade, dando ao povo liberdade e responsabilidade
por meio da difusão do direito a propriedade privada,
mas baseada no pequeno negócio e não em grandes empresas e latifúndios, fundamentada
na ideia que o artesanato é superior a produção em massa, e na descentralização
do poder por meio de governos locais mais fortes em detrimento do um poder central.
Foi em 1893 que o então Papa
Leão XIII articulou a relação entre propriedade e justiça no mundo moderno. O capitalismo
se baseia em duas ideias: que o rico sempre será rico o bastante para empregar
o pobre; e que o pobre sempre será pobre o bastante para querer ser empregado
pelo rico. A paralisia dentro deste sistema é inevitável. Capitalismo é uma
contradição.
Dale Ahlquist, presidente da
American Chesterton Society, declara que a solução preferida de Chesterton é a
de que a maioria dos negócios se torne pequenos negócios. Onde os amplos
negócios fossem necessários, eles deveriam pertencer aos empregados, os quais
deveriam ser direcionados por um guia, combinando as suas contribuições e
dividindo os seus resultados. Ele acredita que pequenas lojas podem ser
governadas – mesmo que sejam governadas por si mesmas. Ele acredita que pequenas
lojas podem ser sustentadas – se as apoiarmos. Distributismo é democracia, baseada
na propriedade. Democracia pode funcionar somente se a propriedade for
expandida. Democracia significa autogoverno.
Propriedade significa autossuporte. Numa sociedade Distributista,
pessoas produzem e usam seus próprios bens, fazem as suas próprias leis e não
são dependentes de estranhos.
Isso significa tomarmos
extraordinário controle sobre as nossas próprias vidas; pararmos de ser escravos assalariados e consumistas; sermos
justos, livres e esperançosos. “A finalidade do homem político”, diz
Chesterton, “é a felicidade humana. Mas isso não significa que estamos
obrigados a nos tornarmos ricos, ou atarefados, ou mais eficientes, ou mais
produtivos, ou mais progressivos. Nós não estamos
obrigados a ser qualquer dessas coisas se elas não nos fizerem mais felizes”.
Para você que acha isso muito utópico
cito um trecho do trabalho presente no site da Distributist Review: Isso tudo não é muito utópico?
Não, o Distributismo é um
sistema prático, que é validado por vários exemplos de empresas Distributistas
em funcionamento; em pequena escala, existem milhares de empresas baseadas em
casa e de posse dos seus trabalhadores, bancos de microcrédito, cooperativas de
crédito, e companhias de seguros; em grande escala, há a corporação de
cooperativas Mondragón, na Espanha, uma das mais bem sucedidas cooperativas na
Europa, e a economia Distributista de Emilia-Romagna (Bologna), na Itália, onde
mais de 45% do PIB vem de cooperativas, e que possui um padrão de vida que é o
dobro do restante da Itália, e um dos maiores da Europa. As economias e
companhias Distributistas têm uma vantagem competitiva inerente sobre suas
contrapartes capitalistas e socialistas, assim como benefícios sociais e
comunitários que o capitalismo e o socialismo não conseguem desenvolver.
Você quer saber
mais?
Currículo Lattes
http://lattes.cnpq.br/3735590007579581
Linkedin
https://br.linkedin.com/in/construindohistoriahoje
The Servile State de Hilaire Belloc
http://ldataworks.com/aqr/H_Belloc_The_Servile_State.pdf
Sociedade Chesterton Brasil
https://www.sociedadechestertonbrasil.org/o-esboco-da-sanidade/
Distributist Review
https://distributistreview.com/
Rerum Novarum
Doutrina Social da Igreja
Tradução para português do
livro The Servile State
http://angueth.blogspot.com/2010/03/o-estado-servil.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário