Autor: Leandro Claudir Pedroso
Formado em Licenciatura Plena em História e Pós-graduado em Metodologia do Ensino em História e Geografia.
Tenho lido diversos textos sobre o Rei/Sacerdote Melquisedeque, e embora já houvesse feitos estudos anteriores sobre o mesmo, deixei-me levar pelo interesse atual no tema, e fui realizar novas pesquisas. Não é um tema tão simples como tenho visto em alguns artigos na internet, e aproveitando o ensejo deixo um alerta para nunca manterem suas pesquisas unicamente na internet, pois a mesma está repleta de informações inverossímeis e de especulação. Aconselho aos amigos do Construindo História Hoje pautarem suas pesquisas em livros de autores conceituados com formação especifica para tanto. O texto mais relevante sobre o assunto se encontra em Gn. 14:18-20, aonde o Rei/Sacerdote se encontra com Abrão, este encontro se deu em +- 1850 a.C, após a chegada de Abrão a Canaã!
Formado em Licenciatura Plena em História e Pós-graduado em Metodologia do Ensino em História e Geografia.
Tenho lido diversos textos sobre o Rei/Sacerdote Melquisedeque, e embora já houvesse feitos estudos anteriores sobre o mesmo, deixei-me levar pelo interesse atual no tema, e fui realizar novas pesquisas. Não é um tema tão simples como tenho visto em alguns artigos na internet, e aproveitando o ensejo deixo um alerta para nunca manterem suas pesquisas unicamente na internet, pois a mesma está repleta de informações inverossímeis e de especulação. Aconselho aos amigos do Construindo História Hoje pautarem suas pesquisas em livros de autores conceituados com formação especifica para tanto. O texto mais relevante sobre o assunto se encontra em Gn. 14:18-20, aonde o Rei/Sacerdote se encontra com Abrão, este encontro se deu em +- 1850 a.C, após a chegada de Abrão a Canaã!
Melquisedeque significa “Rei da Paz” ou “Rei da Justiça”,
seu nome tem origem Cananeia, assim como Abrão (antes de Deus mudar seu nome para Abraão), ele era cananeu, e como Jó um
exemplo de um não israelita, servo de Deus. O Rei/Sacerdote Melquisedeque é
interpretado muitas vezes como uma figura da realeza e sacerdócio eterno do
Senhor Jesus, com também uma Cristofania, ou seja um termo técnico da teologia
cristã que serve para designar as aparições de Jesus Cristo antes da
encarnação, em eventos ocorridos no Antigo Testamento.
Salém
(Paz) é a forma contrata de Jerusalém, que significa “Cidade da Paz”, ou o
antigo nome da cidade, S. João Crisóstomo ensina que para restabelecer as
forças das tropas de Abrão, após a batalha contra os quatro reis, o qual, em
consideração ao caráter sagrado de Melquisedeque, figura de Cristo, aceitou os
dons, figura da Eucaristia, e em troca deu ao sacerdote a décima parte de todos
os despojos. É óbvio que Melquisedeque tenha primeiramente oferecido aqueles
dons, segundo o uso, ao Altíssimo, de quem era sacerdote.
“Ora,
Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; pois era sacerdote do Deus Altíssimo;
19 e abençoou a Abrão, dizendo: bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o
Criador dos céus e da terra! 20 E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou
os teus inimigos nas tuas mãos! E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo.” Gn. 14:18-20
Melquisedeque adorava o Deus Altíssimo, no texto original
El’ Elyon, Elyon é empregado na
Bíblia, principalmente nos Salmos como título divino, e aqui é identificado
como o verdadeiro Deus de Abraão. Salém é a cidade ao qual Iahweh escolheu para
mais tarde habitar.
A tradição patrística explorou e enriqueceu esta exegese alegórica,
vendo no pão e no vinho trazidos a Abrão uma figura da Eucaristia, e até um
verdadeiro sacrifico, figura do sacrifício eucarístico. Muitos padres admitiram
ainda que em Melquisedeque aparecera o Filho de Deus em pessoa, seria então uma
Cristofania, isto é uma aparição do Messias antes
do seu nascimento carnal. No Antigo Testamento estás aparições segundo
muitos teólogos se deram pelo Anjo do
Senhor, que seria Cristo antes da encarnação.
É importante dentro do contexto de estudo de
Melquisedeque fazer menção ao Anjo do Senhor, um anjo incomparável que aparece
no AT e NT. Seu primeiro aparecimento foi a Hagar no deserto (Gn 16:7) e outros
aparecimentos incluirão pessoas como Abraão (Gn 22:11-15) e José (MT 1:20). A
identidade do Anjo do Senhor tem sido debatida, especialmente pelo modo como ele frequentemente se dirige às pessoas. Note
em Jz 2:1, o Anjo do Senhor diz: do
Egito EU vos fiz subir, e EU vos trouxe
à Terra que a vossos pais EU tinha jurado, e EU disse: EU nunca invalidarei o
meu concerto convosco. Verificam-se pelo pronome que eram atos do SENHOR!
Alguns consideram que ele era uma aparição do Cristo eterno, a segunda pessoa
da Trindade, antes de nascer da virgem Maria.
“Jurou o Senhor, irrevogavelmente: ‘Tu és
sacerdote para sempre, a maneira de Melquisedeque’.” Sl. 110:4
O sacerdócio conferido por Deus ao Messias com nova e
solene fórmula de juramento, não está unido à instituição levítica, mas remonta
diretamente a Deus, como o de Melquisedeque “sacerdote do Altíssimo”. No Antigo
Testamento somente os asmoneus reuniram na mesma pessoa a soberania política e
o sacerdócio religioso.
Ao analisarmos a narrativa de Gênesis sobre
Melquisedeque, rei de Salém, para inferir daí a prova de que este misterioso
personagem que entra bruscamente em cena
e depois não se fala mais dele a não ser na citada alusão do Sl 110:4, era
figura de Jesus Cristo. A narração bíblica apresenta muitos traços que o fazem
semelhante a ele. A prova apoia-se em argumentos de três gêneros diversos:
significado etimológico dos nomes próprios “Melquisedeque” e “Salém”, aquilo
que a Escritura era corrente e reconhecido como válido entre os hebreus, e não
pode negar-lhes o valor quem crê na inspiração da Bíblia e na providência
divina especial em relação à história do povo eleito. Jesus Cristo é pessoa
sobre-humana que transcende os tempos e Melquisedeque é, na narração bíblica,
como que seu reflexo. Infere-se aqui dos fatos de Melquisedeque, expressamente
mencionados na narrativa bíblica, outro argumento para provar quanto o
sacerdócio de Melquisedeque e por consequência o de Jesus seja superior ao da
tribo de Levi na lei mosaica. Outra consequência de suma gravidade: a lei
mosaica estava intimamente ligada ao sacerdócio levítico, seja por se
concentrar nele o culto divino, seja por caber
aos sacerdotes a explicação da lei ao povo e interpretá-la nos casos
dúbios ou discutidos. Era um sacerdócio instituído para aplicação e conservação
da Lei, vindo portanto a faltar este sacerdócio, também a lei ligada a ele
perde o valor. E isto aconteceu com a vinda de Jesus Cristo que não era da
tribo de Levi, mas sim de Judá, com Ele o sacerdócio levítico foi extinto e um
novo sacerdócio eterno foi promulgado. Os sacerdotes levíticos estavam ligados
ao estatuto carnal, pois eles morriam e necessitavam serem substituídos por
novos sacerdotes, o sacerdócio do Senhor Jesus Cristo segundo a ordem de
Melquisedeque é imortal, não tem fim, sendo o mesmo um sacerdócio perfeito. O sacerdócio
levítico era de casta, já o instituído pelo Senhor Jesus é pessoal e trás
salvação a toda humanidade!
Quando o texto sagrado fala em Hebreus cap. 7 que o
sacerdócio de Cristo é segundo a ordem de Melquisedeque, significa que Cristo é
anterior a Abraão, a Levi e aos sacerdotes levíticos e maior que todos eles. No
texto também lemos que ele não possuía nem pai e nem mãe, mas isso pode não significar
que literalmente ele não tivesse pais, mas que os mesmos não estão registrados
nas genealogias do texto sagrado.
Temos várias teorias sobre quem foi Melquisedeque,
poderia o mesmo ter sido unicamente um rei e sacerdote cananeu que servia ao
Deus único, podendo ainda ter sido uma aparição de Cristo no Antigo Testamento, o que
chamamos de Cristofania (Anjo do Senhor, que muitas vezes recebeu culto sem rejeitar,
sendo desde modo uma pessoa da Santíssima Trindade), como em Gn. 16:7-13, 21:17-18,
22:11-18, Ex. 3:2, 13:21 e 14:19, também podemos explorar o fato de ter sido
uma Teofania, uma presença física de Deus, como vemos em Gn. 32:22-30,
Ex. 24:9-11, Gn. 12:7-9, entre outros, ou ainda uma Angelofania, que significa uma
materialização de um anjo em forma corpórea, como vemos em relatos no Antigo
Testamento, cito Gn. 18:1-33, Tb 12, dentre outros trechos.
Ainda existem diversas vertentes de pensamentos que
consideram Melquisedeque o próprio Sem, filho de Noé que teria tido seu nome
alterado pelo próprio Deus e devido a sua longevidade, pois o mesmo teria sido contemporâneo
de Abrão por 60 anos, dado o fato que Sem viverá 600 anos. E teriam sido
sacerdotes de uma ordem ao qual o nome da mesma teria sido Melquisedeque, então
o mesmo seria um título e não um nome próprio. O primeiro sacerdote desta ordem
teria sido Sete, depois Sem e então o último teria sido Abrão, e os pães e
vinho que o mesmo receberá de Melquisedeque (Sem) seriam um ritual de elevação
sacerdotal de Abrão. Está posição e muito explorada pelos Judeus Messiânicos,
que são alguns judeus conversos ou cristãos que se apegam a ritualística
judaica.
Diante desta breve exposição podemos verificar várias opiniões sobre quem foi Melquisedeque, mas segundo minha opinião e com
base em meus estudos, tenho duas opiniões a respeito
do assunto: a primeira é que foi um Rei/Sacerdote Cananeu converso ao Deus
Único Iahweh, e a outra que se tratava de uma Cristofania, muito comum em Gênesis por
meio do Anjo do Senhor. Mas este é um tema a ser explorado, mas reitero aos
meus leitores que ele seja feito sempre pautado em textos de conteúdo teológico
respeitável e não em devaneios e especulações.
Autor: Leandro Claudir Pedroso
Formado em Licenciatura Plena em História e Pós-graduado em Metodologia do Ensino em História e Geografia.
Autor: Leandro Claudir Pedroso
Formado em Licenciatura Plena em História e Pós-graduado em Metodologia do Ensino em História e Geografia.
Você quer saber mais?
Bíblia
Sagrada, Edições Paulinas, 1967.
Bíblia
de Jerusalém, Paulus, 2010.
Bíblia de Estudo Pentecostal,
CPAD, 1995.
A Guerra dos Reis.. Disponível em: https://www.baciadasalmas.com/a-guerra-dos-reis/,
acessado em 19/01/2020.
GINZBERG, Louis. Lendas dos
Judeus. 1909-1928.
Para os curiosos em uma
exposição detalhada sobre Melquisedeque ser Sem, filho de Noé, indico lerem
este artigo: https://www.baciadasalmas.com/sete-e-seus-descendentes/
Um texto excelente baseado em fontes fidedignas e com muitas informações relevantes para todos os amantes da História.
ResponderExcluirParabéns Prof. Leandro Claudir!