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Os zoólogos ainda aguardam resultados de exames genéticos de amostras de sangue retiradas do animal para saber se trata realmente de uma nova espécie.
No entanto, o especialista em primatas e presidente da organização Conservation International, Russ Mittermeier, diz já ter certeza de que esta é uma nova espécie.
Ele viu o lêmure pela primeira vez em 1995, mas confirmou sua existência apenas em 2010, ao filmar um documentário para a BBC Decade of Discovery.
Foi durante as filmagens que Mittermeier e seus colegas conseguiram capturar um dos lêmures e retirar as amostras de sangue. Após a coleta, o animal foi devolvido à floresta.
Os lêmures que possuem um desenho em forma de forquilha, como um "Y", na cabeça e lombo pertencem a um grupo de espécies - ou gênero - conhecido como Phaner, com quatro espécies diferentes.
Se for confirmado que o animal encontrado em Madagascar pertence a uma nova espécie, o grupo passará a ter cinco espécies diferentes.
Chamado
Mittermeier avistou pela primeira vez o animal, que tem o tamanho de um esquilo, em uma área protegida, no nordeste de Madagascar, conhecida como Daraina.
O especialista procurava uma outra espécie de lêmure - a Propithecus tattersali, que é muito maior, e é caracterizada por um desenho em forma de forquilha de coloração dourada - identificada em 1988.
"Naquela época, fiquei surpreso ao ver um lêmure forquilha-coroado ali, uma vez que não havia registros desse animal na região", ele comentou.
A cor do pêlo do lêmure é uma das características que o diferencia de outros animais do mesmo gênero
"Percebi imediatamente que era provável que fosse uma nova espécie, mas não tive tempo de investigar na ocasião."
Então, em outubro deste ano, o especialista liderou uma expedição – da qual participaram um geneticista e uma equipe de filmagem - que seguiu para a região em busca do animal.
A equipe iniciou a busca logo após o pôr do sol, período em que os animais tendem a emitir mais sons.
Após ouvir um desses sons, a equipe seguiu os gritos de um lêmure pela floresta até conseguir avistá-lo, à luz das lanternas, no topo de uma árvore.
Depois de fazê-lo dormir com um dardo carregado com tranquilizantes, um dos membros da equipe subiu na árvore e trouxe o animal para o solo.
A forma do desenho no pelo do animal, o tamanho de seus membros e a língua comprida, que suga o néctar das flores, eram característicos dos lêmures do gênero Phaner.
No entanto, o animal tinha um padrão de cores um pouco diferente, além de um hábito de mexer a cabeça que não havia sido observado em outros lêmures forquilha-coroados.
Uma estrutura estranha sob a língua também o distinguiu de outros parentes próximos, segundo os especialistas.
"A genética vai contar a história verdadeira", disse Mittermeier.
Se for confirmado que se trata de uma nova espécie, a equipe gostaria que o animal recebesse o nome científico de Fanamby - nome da organização conservacionista que vem trabalhando para proteger a floresta de Daraina.
"Esta é mais uma impressionante descoberta na ilha de Madagascar, área prioritária em termos de biodiversidade e um dos lugares mais incríveis do nosso planeta", disse Mittermeier.
"É particularmente notável que continuemos a encontrar novas espécies de lêmures e muitas outras plantas e animais nesse país fortemente impactado (pela ação do homem), que já perdeu 90% ou mais de sua vegetação original".
Segundo os especialistas, como a área é pequena, há grande probabilidade de que a espécie esteja ameaçada de extinção.
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