PESQUISE AQUI!

sábado, 6 de agosto de 2016

Revisionismo histórico



Revisionismo histórico é o estudo e a reinterpretação da História, baseado na ambiguidade dos fatos históricos e na imparcialidade com que esses fatos podem ter sido descritos. Segundo o criador do positivismo Auguste Comte, "a História é uma disciplina fundamentalmente ambígua" e portanto, passível de várias interpretações.

A palavra “Revisionismo” deriva do Latim “revidere”, que significa ver novamente. A revisão de teorias guardadas há muito tempo é perfeitamente normal. Acontece nas ciências da natureza assim como nas ciências sociais, à qual a disciplina da história pertence. A ciência não é uma condição estática. É um processo, especialmente para a criação de conhecimento pela pesquisa de provas e evidências. Quando a investigação decorrente encontra novas provas ou quando os pesquisadores descobrem erros em velhas explicações, acontece frequentemente que as antigas teorias têm que ser alteradas ou até abandonadas.

Qualquer episódio da historiografia mundial pode e deve ser revisado

Por “Revisionismo” queremos dizer investigação crítica baseada em teorias e hipóteses no sentido de testar a sua validade. Os cientistas precisam de saber quando novas provas modificam ou contradizem velhas teorias; na realidade, uma das suas principais obrigações é testar concepções tradicionais e tentar refutá-las. Apenas numa sociedade aberta na qual os indivíduos são livres de desafiar teorias comuns é nós podemos certificar a validade dessas mesmas teorias, e estar confiantes de que estamos a aproximarmo-nos da verdade. Para uma discussão completa sobre isto, o leitor deve conhecer por si mesmo o ensaio do Dr. C. Nordbruch em Neuer Zürcher Zeitung, 12 de Junho de 1999. […]

Nos últimos anos o acesso mais democrático a documentos históricos fez com que a própria história pudesse ser “reescrita” ou, então, reinterpretada. Foi desta forma que “tudo passou a ser história”, “tudo passou a ser fonte histórica”, em um movimento que começou na França do final dos anos 1920 e ganha força a cada dia – movimento este conhecido como Escola dos Annales. Atualmente, graças às digitalizações e à internet, é possível ao pesquisador ter acesso a documentos, por exemplo, do acervo histórico-nacional da França, dos Estados Unidos, do Brasil, da Argentina etc.

Graças a esta movimentação de tudo ser fonte a possibilidade de estudar e interpretar os fatos aumentou enormemente. Veja, por exemplo, que não falamos mais do “descobrimento do Brasil” ou “descobrimento da América”, mas sim em “conquista do Brasil”, “colonização da América” etc.

Assim, revisionismo histórico é o estudo e a reinterpretação da própria história, baseado na ambiguidade dos fatos históricos e dos documentos analisados, além da imparcialidade com que esses fatos podem não ter sido descritos, uma vez que é sabido que proceder à imparcialidade é um processo bastante árduo para qualquer profissional formado dentro de qualquer concepção ideológica. Segundo o criador do Positivismo, Auguste Comte, “a história é uma disciplina fundamentalmente ambígua” e, portanto, passível de várias interpretações.

Embora seja de interesse acadêmico, uma espécie de “censura” ainda impede e/ou limita a pesquisa de revisão histórica porque envolve importantes interesses políticos, econômicos e sociais; como, por exemplo, a reescrita da história recente no Brasil, na Argentina e no Uruguai com relação às suas ditaduras militares e a associação dos governos dos Estados Unidos nestes procedimentos. A abertura dos arquivos secretos norte-americanos pelo movimento WikiLeaks foi de tremenda importância neste processo de revisionismo da história, quando descobrimos os bastidores políticos dos grandes atores da gerência mundial.

As universidades e o revisionismo

Embora seja de interesse acadêmico, devido ao uso ferramentas além da censura essas pesquisas muitas vezes são limitadas nas universidades onde se originam, devido à frequentemente envolver interesses políticos de pessoas que nem sempre estão dispostos a testemunhar contra si próprios. Desse modo, criou-se uma doutrina em torno do assunto que torna impraticável o bom uso dessa disciplina, e apenas alguns poucos países como a França, consideram o revisionismo histórico um estudo importante, por entenderem que os alicerces da História não podem apoiar-se sobre fundamentos, às vezes sem nexo, preenchidos com fatos mitológicos e a com a imaginação daqueles que descrevem a História.

Devido à isso, o uso do revisionismo histórico dentro das universidades ficou restrito apenas à reinterpretação de trechos históricos previamente censurados, ou "se houvesse" surgimento de novos dados ou novas análises mais precisas, que viabilizem o cruzamento de dados já conhecidos mas que não foram considerados.

Em pesquisas independendentes porém, seu campo é mais amplo e não existem restrições e barreiras políticas. Porém, quando os resultados dessas investigações independentes vem ao conhecimento publico, sofrem as mais diversas críticas dos historiadores, e algumas vezes são considerados crime de espionagem ou práticas pseudocientíficas e portanto ilegais, mesmo que a investigação seja fruto de contra-espionagem retirada de fatos constantes em arquivos censurados em época anteriores. Isso é muito comum em investigações de fatos que ocorreram durante ditaduras militares em países como o Brasil e a Argentina, que ainda nos dias atuais mantêm fechados os acessos a esses arquivos.



quarta-feira, 3 de agosto de 2016

A figura de Satã no judaísmo



Como no cristianismo e no islamismo, o judaísmo possuí várias vertentes de pensamentos e doutrinas distintas, ainda que em sua maioria das ideias convirjam ao mesmo ponto. Estas variáveis geram linhas de pensamentos dentro das grandes religiões monoteístas e não seria diferente no judaísmo. Aqui trago um tema delicado, mas que existe uma grande unicidade do judaísmo sobre ele. O fato de Satã ser um anjo de Deus e como tal estar a serviço das ordens do Criador. O texto que segue, pode ser avaliado tanto pelo ponto de vista cético, com o objetivo de entender as crenças. Como do ponto de vista religioso para aqueles que assim desejam entender melhor a religião matriz do monoteísmo, mas aqui é expressar unicamente a visão base sobre Satán (שטן) segundo as crenças judaicas!

********Saliento que este texto não é ocultista e muito mesmo visa criar uma interpretação errônea, ou desabonar qualquer crença, mas sim expor a luz da inteligência o conhecimento e as crenças de outras culturas. Deste modo entendendo melhor a origem de nossa própria cultura.

Não é algo muito bem aceito no judaísmo a ideia de que um anjo de Deus tentou e seduziu outros anjos a desobedecer ao próprio Deus (mas não estou dizendo que não exista ramos do judaísmo místico e outras vertentes que aceitam algo semelhante sobre uma identidade do mal). Considerando essa ideia completamente contrária a tudo o que o Judaísmo ensina! Os estudiosos das Escrituras Hebraicas rejeitam esta teoria ou a aceitam de forma mágica/oculta/espiritualista.



O que é que, então, o Judaísmo explica com relação ao Satã?

***Traduzido do texto em Inglês por Alberto Bentzion. Escrito por Mordechai Housman

Para começar, a palavra hebraica שטן “Satán” significa literalmente “Inibidor/ Evitador/ Impossibilitador”. Inibir quer dizer, tentar impedir alguém de realizar algo. Disso aprendemos que Deus foi quem criou as diversas dificuldades, obstáculos da vida; os quais temos que enfrentar neste mundo, exatamente para nos conduzir a auto superação, e para nos levar ao progresso. Satán (escrito como transliterado do hebraico) é o responsável por tornar as coisas difíceis, por desafiar e assim colaborar para que tenhamos a chance de vencer a nós mesmos; para passarmos no teste. Satán é um Malách (por hora, entenderemos como Anjo) cujo propósito é especificado por Deus.

Existem dentro nós, por intermédio dos dois instintos que Deus mesmo criou no homem, tanto o inclinando ao bem como ao mal. O mais importante, é que somente esta habilidade de escolha absoluta torna possível que façamos o bem e o mal, com total e absoluta decisão pessoal. Temos a plena capacidade de recusar fazer o mal. Esta é a noção exata de que temos o direito que escolher tanto o bem como o mal.

A habilidade de escolher entre o bem e o mal é o que nos garante a noção de livre arbítrio. Portanto, para nos induzir a escolher o bem é que HaShem (HaShem (do hebraico השם), significando O Nome. É uma forma para designar Deus dentro do judaísmo, fora do contexto da reza ou da leitura pública do texto bíblico) nos oferece o bem no mundo vindouro, e para que mereçamos isso, é preciso que algo nos iniba, algo que tente nos impedir e que tenhamos que superar. Satán (שטן), portanto é nossa inclinação ao mal (Ietzer Hará). E a inclinação ao mal tenta nos impedir de fazer o bem, pois HaShem tem ordenado a ela fazer exatamente isso. Porquê? Para nos garantir livre arbítrio. Para que nossa escolha pelo bem seja sempre voluntária. Cada um de nós, todos os dias lutam contra seu mau instinto.

Para o judaísmo Satán (שטן) não é um anjo rebelde. Segundo os judeus, tal coisa é simplesmente impossível. Pois segundo ensinam, os anjos são seres de matéria elevada e sagrada porque foram criados desta forma, assim como os animais são animais porque foram criados desta maneira; os anjos estão constantemente contemplando a irradiação de HaShem (É uma forma para designar Deus dentro do judaísmo, fora do contexto da reza) por toda parte. Do mesmo modo um anjo não pode evitar a Divina Presença e por isso, não consegue deixar de ser sagrado. A santidade de toda criação, de todo o universo é contemplada de foram elevada pelos seres que são neste sentido, elevados; e por isso eles não podem parar de servir ao ETERNO. Os anjos não podem escolher não servir a Deus. Eles não possuem o livre arbítrio. Não podem contemplar outra coisa senão o ETERNO diante de si.

Então salientando que segundo o judaísmo a verdade é que Satán tem uma missão a cumprir como todo e qualquer “anjo”. E “anjos” não possuem livre arbítrio para escolher suas missões. Eles são apenas reflexos da vontade de Deus, no sistema em que foram criados para propósitos específicos.

“Diante desse raciocínio os humanos e seu propósito é viver para vencer sua má natureza?! Foi para isso que você foi criado, com base no judaísmo! HaShem (É uma forma para designar Deus dentro do judaísmo, fora do contexto da reza) já tem  bastantes anjos nos céus! Ele não precisa de mais. Ele te criou humano, para que você progrida na senda da justiça. Seres humanos podem melhorar a si mesmos, e este é seu propósito no mundo. Os “anjos”, não podem melhorar nem progredir, assim como os animais não progridem moralmente. Este não é, sequer, o propósito da sua existência.”

O que podemos observar até agora é que Satán para os judeus (não esquecendo que existem variantes esotérico-mágicas e espiritualistas dentro do judaísmo como no cristianismo e islamismo) não é, e nem poderia ser um anjo caído.

►►►Podemos entender então que Satán para os sábios rabinos se define nesses itens: ◄◄◄

Para os judeus, Satán é apenas um anjo com um trabalho que para nós é desafiador.

Satán não tem um reino paralelo.

Satán não está competindo com Deus nem está atrapalhando a criação.

Ele sequer se satisfaz quando a pessoa se deixa vencer pela má inclinação.

Ele sequer decide suas próprias missões.

Satán é um anjo que nos impõe desafios, ao mando de Deus;

Um anjo que não permite que enganemos a nós mesmos com falsa modéstia ou hipocrisia moral;

 ₳ Um anjo que traz a punição divina ao homem;

Que executa a correção do Criador.

O Satan executa sua missão de se opor a nós, por meio das coisas que nós mesmos valorizamos no mundo.

Satán não tem aparência maquiavélica, nem chifres, nem pele vermelha, nem rabo, nem mora em chamas, nem mesmo se veste de terno e gravata! 

Com certeza essa análise sobre Satán para o judaísmo soa um tanto estranha para o cristianismo, pois segundo o judaísmo nenhum de nós é capaz de destruir o Satán. O que nós devemos fazer é usar a oportunidade do desafio para vencer a nós mesmos, procurando compreender onde o Satán foi enviado a servir-nos de opositor, sabendo então que é exatamente nesta determinada qualidade que devemos agora nos superar.

Agora é que vemos algo bem distinto do cristianismo e islamismo na crença judaica sobre anjos, pois os mesmo ensinam que após o fim dos tempos, a função do Satán estará cumprida neste mundo. Ele não mais precisará guiar as pessoas rumo ao progresso por intermédio das dificuldades que impõe, pois atingiremos o nível desejado por HaShem para este mundo. Uma vez terminado o julgamento, não precisaremos mais da expiação da morte, e consequentemente o Satán não mais será o agente da morte biológica, nem um opositor frente à escolha humana. Satán terá então a sua existência anulada, pois atingirá o propósito para o qual foi criado. E isso segundo o judaismo não será uma injustiça com o Satan. Será como desligar uma máquina por não mais precisar usá-la. Acaso alguém choraria por desligar sua TV por não querer mais assisti-la? Do mesmo modo que máquinas, “anjos” não são seres conscientes, como nós humanos somos; não possuem nem emoções nem desejos. Eles apenas existem para seguir as instruções de HaShem e é exatamente isso que fazem.

Outro conceito importante no judaismo é que somente o ser humano pode ser mau. Portanto, o Ietzer hará é a natureza humana voltada - pela própria pessoa - para o mal. Talvez agora ficará claro para o leitor entender as seguintes passagens das Escrituras Hebraicas, em que diz que o Altíssimo colocou no mundo tanto o bem como o mal, como está escrito em Devarim (Deuteronômio) 30:15.

“Vê que pus diante de ti hoje a vida e o bem, a morte; e o mal.”

E em Ieshaiáhu (Isaías) 45:7, o profeta descreve o plano da criação de D-us expressando assim:

“Eu formo a luz e crio a escuridão; Eu faço a paz e Sou Eu quem cria o mal; EU SOU o ETERNO que tudo faz.”

Agora sim está claro o texto, pois se Deus criou essas forças dentro de nós que lutam entre si para que nós possamos fazer as devidas escolhas, está evidente que se praticamos o mal, estamos criando o mal, e como somos criaturas de Deus, o profeta judeu está afirmando que Deus criou o mal. Mas se escolhemos de forma correta as nossas ações e elas são boas para nós e aos que vivem a nossa volta teremos o bem, e isso o profeta judeu também atribui a Deus...pois Deus criou o bem e o mal dentro de nós...de cada ser humano. Segundo a Tanah ninguém nasce mal...mas se torna mal ao longo de sua vida por uma opção pessoal, eis a grande mensagem da Torá para as pessoas que buscam se aprimorar.

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Demonologia segundo o ocultismo judaico


A Árvore da Vida Shephiroth e sua sombra a Árvore da Morte Qliphoth.

A cabala tem interligação com praticamente todos os segmentos ocultistas, desde os sistemas goéticos até os sistemas enochianos, por isso, às vezes, fica difícil explicar certas coisas, sem a mínima noção de cabala, então, simplificando:

Existe a cabala e existe a goecia;

Existe a árvore da vida (LVX) e existe a árvore da morte (NOX);

Existem as sephiroth e existem as Qliphoth;

Existem os 72 anjos cabalísticos e existem os 72 demônios goéticos;

Existem os caminhos da sabedoria e existem os caminhos da degeneração.

Sefirot (também grafado Sephiroth, cujo singular é sephira ou sefira) são as dez emanações de Ain Soph na cabala. Segundo a cabala, Ain Soph é um princípio que permanece não manifestado e é incompreensível à inteligência humana. Deste princípio emanam os Sefirot em sucessão. Esta sucessão de emanações forma a árvore da vida.

Árvore da Vida - Sephiroth

Os Sefhiroth emanados são na sequência:

Kether – Coroa

Chokmah – Sabedoria

Binah – Entendimento

Chesed – Misericórdia

Geburah – Julgamento

Tipareth – Beleza

Netzach – Vitória

Hod – Esplendor

Yesod – Fundamento

Malkuth – Reino

Há ainda um décimo primeiro Sefira, chamado Daath, que representa o abismo, o caos, e normalmente não é representado na árvore da vida, sendo um considerado um portal para as qliphoth, as sephiroth adversas.


 Árvore da Morte - Qliphoth


Cabala Qliphótica

Desenvolvida a partir da Cabala Hermética, a Cabala Qliphótica é o foco da assim chamada Cabala Draconiana, que aborda também as forças consideradas sinistras do universo e do homem (o subconsciente). Tem sido por muito tempo uma matéria renegada pela maioria dos cabalistas e ocultistas e, por isto, pouco compreendida. A Cabala Draconiana procura estudar a Luz e as Trevas em vários níveis da constituição humana e cósmica, sendo um sistema cabalístico muito prático que envolve a Magia Sexual, ritualística, meditações sombrias, invocações e evocações, etc. Seu escopo está no trabalho com as Qliphoth, ou as Sephiroth reversas, o outro lado da Árvore da Vida. Não é vista como magia negra por seus adeptos, pois respeita o livre-arbítrio, os direitos humanos e a própria Natureza como um todo.

As dez Shephirot (Esferas da Árvore da Vida) (KETHER, CHOKHMAH, BINAH, CHESED, GEBURAH, TIPHARET, NETZACH, HOD, YESOD, MALKUTH); as dez Shephirot (ou Sephiroth), cujo plural é Sephirah, são as dez emanações da Consciência Cósmica, segundo a filosofia Cabalística.

11 pontas:

Qliphot (as Conchas da Árvore da Morte, a sombra da Árvore da Vida):


- Qliphah - Esfera - Demônio - função - desordem

     ▼             ▼               ▼           ▼               ▼



- FERAH - KETHER - BAPHOMET - idolatria - delírio

- RAHJAH - BINAH - BEHEMOTH - blasfêmia - histeria

- RILEH - HOKHMAH - LUCIFUGE - vaidade - narcisismo

- QADESh - TIPHERET - LEVIATHAN - inveja - paranóia

- KYADER - HESED - ZEPHAS - raiva - mania

- RAUCH - GEBURAH - BELPHEGOR - indolência - depressão

- FHIDOR - NETSAH - ASTAROTH - ganância - cleptomania

- JAUCH - HOD - BEELZEBUTH - gula - bulimia

- VERJASh - YESOD - ASMODEUS - luxúria - satiríase

- KARIH - MALKUTH - LILITH - fornicação - ninfomania

- NUH - DAATH - ABBADON - morte da alma – catatonia


Ou analisando por esse outro esquema da Qliphot  :


- Sephirot - Qliphot - o nome do Mal

         ▼              ▼                  ▼


- KETHER - THAUMIEL - Os contendores

- CHOKHMAH - GHOGIEL - Os que criam obstáculos

- BINAH - SATARIEL - Os dissimuladores

- CHESED - AGSHEKELOH - Os transgressores

- GEBURAH - GOLOHEB - Os que queimam

- TIPHARETH - TAGIRIRON - Os que provocam controvérsia

- NETZACH - GHARAH TZEREK - Os que pilham

- HOD - SAMAEL - Os mentirosos

- YESOD - GAMALIEL - Os pervertidos

- MALKUTH - LILITU - Os fornicadores

Segundo a filosofia cabalística, Qliphot é um plano habitado por entidades malévolas de todo tipo. Cada esfera Sephirotica tem seus correspondentes Qliphoticos.

O judaísmo desenvolveu uma demonologia muito rica, que muitas vezes era alimentada por várias culturas que rodearam as comunidades judaicas em todo o mundo. Muitas dos primeiros contos sobre demônios carregam uma semelhança come ideias egípcias e persas, enquanto as criações que foram emprestadas do folclore francês e alemão foram reconhecidas ou adotadas na Idade Média. Muitas dessas criações sobrenaturais foram más ou pelo menos malévolas, especialmente fascinante a noção cristã que todos os demônios são o anti-deus, e todos foram enviados pelo Satã. Você acreditaria se eu lhe dissesse que lhe acreditaram que alguns são "demônios judaicos" e trabalharam para Deus, punindo pecadores? E se eu lhe dissesse que existem outros estudaram Torah.

Poderia fazê-lo sentir-se pouco confortável. Usado fora do contexto, isto poderia levar alguém a acreditar que os Judeus são adoradores do diabo ou algo semelhante e igualmente ridículo. Bem, se você se está admirado, eles existem, e de acordo com a cabala, estes demônios judaicos são passiveis de serem transformados. Quando aos cristãos, eles usaram demônios em histórias para aludir à tentação que conduz ao pecado, e a força da maldade que trabalha contra o honrado, com a intenção de eximir o homem da responsabilidade de pecar, atribuindo aos demônios e desta forma nenhuma pessoa era obrigada a corrigir seus atributos espirituais que se opunham ao criador. Eles executaram o exorcismo, também. Mas eles também criaram histórias interessantes, e em algumas delas, os demônios foram judaicos.

Isto, contudo, não implica que os demônios gostam de seres humanos, Judeu ou de outros povos. E nem implica que devemos convidá-los a sair para almoçar.

Classes De Demônios

O Zohar, um dos livros mais importantes da cabala nos ensina que há três tipos de demônios: Aqueles que são semelhantes aos anjos, os que se parecem com seres humanos, e aqueles que não tributam nenhuma honra e respeito a Deus, e parecem-se com animais.

Ensina que os demônios se parecem com anjos voam e não têm nenhuma forma física permanente. Daqueles que se parecem com seres humanos comem, reproduzem e consequentemente morrem.

Baseado no conhecimento da cabala podemos destinar a maior parte de demônios a uma destas três categorias:

1. Demônios "judaicos". Foram criados no crepúsculo do sexto dia da criação e que deveriam ser parecidos com anjos. Ele tinha feito as suas almas e tinha-lhes dado a sua inteligência e o poder, mas com a rebelião ocorrida dentro da Árvore da Vida e a entrada do Shabbath não houve tempo para dar-lhes corpos. Então eles se tornaram demônios, Crentes em Deus, e sujeitos a Ele. Contudo, por causa do seu estado inacabado, eles ficaram ressentidos e ciumentos do gênero humano. Esses demônios são às vezes mencionados como “sublunares (isto é, terrestres)”. Considera-se que eles são judaicos, vivem bastante se casando à moda judaica e circuncidando as suas crianças.

Como uma regra geral, esses demônios não procuram ativamente prejudicar os seres humanos a menos que ele tenha, uma boa razão. Por exemplo, se eles são atados contra a sua vontade ou enganados, sua casa violada, e eles sejam provocados, etc. Os Demônios atormentarão só as pessoas que os aborrecem. Rabino Judah Há-Hassid escreveu no Sefer Hassidim (o Livro dos Pios) detalhes, citando um número de atividades que aborrecem os demônios. Existem práticas que são executadas e são consideradas feitiçaria (aquilo que não é cabalá prática), atividades que foram largamente usadas e cridas como uma maneira de implicar a convocação e a atadura de demônios.

Ashmedai (também conhecido como Asmodeus) é muitas vezes chamado de o rei dos demônios judaicos, muitos dos quais estudam Torah, e não prejudicará um erudito que estuda a Torah! Diz-se que o próprio Ashmedai ascende ao Céus para estudar. Ele também parece ter senso de humor. Há um número de histórias acerca dele e de como o Rei Salomão o consultava.

O demônios de Ashmedai são sujeitos a Deus, e são às vezes encontrados a Seu serviço para punir os ímpio ou os maus. Por exemplo, aqueles que cometem pecados contra as leis de pureza podem ser sujeitos aos seus ataques. Há um demônio que pune aqueles que maltratam livros sagrados. Não é um anjo, mas um demônio! Em outro exemplo, o Rabino Judah escreve que não devemos dar aos pássaros migalhas de pão, pois o demônio da pobreza ressente-se quando uma pessoa dá aos pássaros farinha de rosca. Ele diz: “Depois que este colega encheu a sua barriga de pão, ele dá aos pássaros a sobra. Ele é tão cruel que destruiria o mundo inteiro se ele pudesse. Por este motivo o demônio vai atormenta-o”.

Alguns desses demônios originais, como Samael e o seu anfitrião, são puramente maus. Esses são mais cosanguíneos aos anjos caídos da cristandade.

2. Lilith e a sua Descendência: Segundo a cabalá, antes de Eva, D´us fez Lilith, da mesma forma, isto é, do barro, como Ele fez Adão. Embora Adão fosse superior, Lilith aceitava isto, exigindo que ela tivesse a mesma estatura que ele. Eles brigavam constantemente (em particular sobre sexo), até que finalmente Lilith ficou enfurecida e abandou o Jardim do Éden. Ela instalou-se em uma caverna, onde as suas relações com demônios produziram a primeira de suas crianças. Diferentemente dos demônios "originais", Lilith e as suas crianças híbridas são tipicamente maliciosas e ativamente procuram prejudicar os seres humanos de um modo ou de outro.

Lilith não é mencionada explicitamente no Livro do Gêneses, mas ela é mencionada na Bíblia no livro de Isaías e em alguns ou outros trabalhos religiosos. A história dela como a primeira esposa de Adão, e a sua "ocupação" subseqüente como um demônio, existe há séculos.

Alguns dizem que ela foi emprestada dos assírios, mas ela está mencionada implicitamente no Gêneses 1:27:

“E Deus criou o homem na Sua própria imagem, na imagem de Deus Ele criou-os; o macho e a fêmea criou-os”.

3. Os Favoritos da Sitra Achra. O Sitra Achra pode ser traduzido para o "outro lado". Alguns filósofos acreditaram que todas as coisas foram criadas por e sujeitas a Deus (inclusive os demônios), mas os outros acreditam quês as coisas que são tão inexprimivelmente más tiveram as suas origens em outro reino fora da ordem de D´us, uma dimensão da maldade onde os habitantes não tem nenhum respeito a Deus em absoluto onde os habitantes são puramente maus e renunciaram completamente a Deus, existindo só para satisfazer os seus caprichos pervertidos. Diz-se às vezes que o demônio Samael (quem muitas vezes é comparado erroneamente com o Satã) viva lá. Algo da Sitra Achra seria completamente mal, malévolo, e muito perigoso.

De acordo com Israel Regardie , a "árvore qlipothic" consiste de 10 esferas em oposição à sephirot na Árvore da Vida . Estes são também referidos como os "gêmeos maus". Eles também são os "demónios maus da matéria e as conchas dos mortos".


A seguir seguem as notas sobre as Ordens Demoníacas do QLIPOTHIC (ou  Sephirot negativa).

ESFERA: Thamiel : Dualidade em Deus

"Thamiel representa a dualidade enquanto Kether representa a unidade. Assim Thamiel é a divisão do que é perfeito apenas na unidade. Como um nome de ordem demoníaca, o Thamiel eram antes de sua "revolta". Isso significa "perfeição de Deus". Esses anjos procuraram se tornar mais poderoso, adicionando um Aleph ao seu nome. Eles, então, tornou-se a "dualidade de Deus ', uma ordem dos demônios menores. No estado mais baixo de sua "queda", tornam-se 'o poluída de Deus.' O córtex ou forma externa do Thamiel é chamado Cathariel, 'Broken' ou 'Temerosos Luz de Deus'. "

DEMÔNIO: Satanás: Adversário

Para Thamiel, "há dois demônios que são atribuídas a sublinhar a ideia de que o oposto demoníaca de Kether é a dualidade em vez de unidade e são Satanás e Moloch ou Malech".

ESFERA: Chaigidel : Confusão do Poder de Deus

"Estes são a confusão do grande poder que, como Chokmah , sai no início para dar a energia vital da criação para os processos de Binah. O córtex do Chaigidel é chamado Ghogiel, 'Os que saem para o lugar vazio de Deus'. "

DEMÔNIO: Belzebu: O Senhor das Moscas

Para Chaigidel ", tanto Satanás e Belzebu são atribuídas, bem como Belial. O nome Belial é muitas vezes usado separadamente como um nome demoníaca ".

ESFERA: Sathariel : Ocultação de Deus

"Mesmo como Binah é o grande revelador que concede a estrutura do Absoluto para o criado, o seu oposto, a Sathariel, esconder a natureza do The Perfect. O córtex ou forma externa do Sathariel é chamado de ordem de Sheireil, 'peludos de Deus' ".

DEMÔNIO: Lucifuge: Aquele que foge Luz

Para Sathariel, Lucifuge "é atribuído e é provavelmente um nome composto para substituir o nome de Lúcifer , 'Luz Portador'".

ESFERA: Gamchicoth : Devoradores

"Chesed é a fonte da graça, tanto em ideia e, no essencial, as formas inferiores. Gamchicoth é a ordem do 'Devoradores "que procuram a perder substância e pensamento de criação. A forma exterior é a ordem do Azariel".

DEMÔNIO: Astaroth:  Dilúvio

Para Gamchicoth, "Este é o nome da deusa Astarte, o Ishtar dos Babilônios e talvez também a Isis dos egípcios ".

ESFERA: Golachab : Corpos ardentes

" Geburah é um ir adiante no poder para governar com justiça, de uma forma vertical. A ordem de Golab é composto por aqueles que queimar a fazer destruição, impor a sua vontade sobre os outros através da força e não a justiça, de forma não-vertical --- mesmo em si mesmos. . A forma exterior é Usiel, 'As ruínas de Deus "(Veja a sabedoria de Salomão Ch 1, versículo 1, originais Septuaginta grega diz:" amar a justiça, yee que ser juízes da terra ", o que é correto, os estados Vulgata : "o amor Justiça, que são os juízes da terra", o que é incorreto).

DEMÔNIO: Asmodeus: O Deus Destruir ou Samael o preto.

Para Golachab, Asmodeus é atribuído. Este nome é a metade hebraico e metade Latina . Asmodeus é frequentemente mencionado na literatura de demonologia . O nome também pode ser traduzido como Aquele adornado com fogo . A quem eles chamam também Samael, o preto.

ESFERA: Thagirion: Horrendos

"Tiphereth é o lugar de grande beleza e alegria. O Thagirion construir feiúra e gemer sobre ele. O córtex do Thagirion é chamado Zomiel, 'A Revolta de Deus'. "

DEMÔNIO: Belphegor: Senhor da morte

Para Thagirion ", a substituição de Tiphereth, a esfera do Sol vitalizante, com um lugar segurando Belphegor , o senhor dos mortos, é mais impressionante".

ESFERA: Harab Serapel : Corvos Ardentes de Deus

"Netzach é a abertura do amor natural. O Harab Serapel são os Corvos da Morte que rejeitam até mesmo a sua própria. A forma exterior é Theumiel, a sdubstancia maculada de Deus' ".

DEMÔNIO: Baal: Senhor e Tubal Cain: Criador de Armas Afiadas

Para Harab Serapel, " Baal é atribuída, e é" uma palavra que significa Senhor , tanto quanto Adonai significa Senhor. A palavra Baal ou 'Bel' tornou-se restrita em seu uso para significar um "senhor da escuridão '." Também atribuído é Tubal Cain.

ESFERA: Samael : A Desolação de Deus, ou a mão esquerda

"Hod é o trabalho complexo da vontade do Absoluto. Samael representa a desolação estéril de uma criação caída e falha. A forma exterior é Theuniel, 'O imundo lamentando' ".

DEMÔNIO: Adramelech: Rei poderoso

Para Samael, Adramelech é atribuído. "Este nome é encontrado em quarto Reis: XVII, 29-31:" E os homens de Babilônia fizeram Sucote-Benote, e os de Cuta fizeram Nergal; os de Hamate fizeram Asima, eo aveus fizeram Nibaz e Tartaque, e os sefarvitas queimavam seus filhos no fogo para Adramelech e Anamelech , os deuses de Sefarvaim ".

ESFERA: Gamaliel : poluído de Deus

"Yesod é o lugar das formas finais que se tornam matéria em Malkuth. A Gamaliel são as imagens Misshapen e poluídas que produzem resultados vis. A forma exterior é a ordem do Ogiel, "aqueles que fogem de Deus '".

DEMÔNIO: Lilith: Espectro da noite

Para Gamaliel, Lilith é atribuída e "é a grande dama de todos os demônios. Os demônios são por vezes considerados como os filhos de Lilith e diz-se ser a mulher que trata de homens em seus sonhos ".

ESFERA: Nehemoth : Sussuros (ou espectro noturno)

"Estes são responsáveis ​​por sons assustadores em lugares estranhos. Eles excitam a mente e provocam desejos estranhos. "Isto corresponde a Malkuth também.

DEMÔNIO: Naamah: Pleasant

Para Nehemoth, Naamá é atribuído ", e é tradicionalmente um demônio e a irmã de Lilith, possivelmente uma lembrança do Nephthys egípcia e Isis. É concebível que Nehema é o mesmo que Naamá , a irmã de Tubal Cain. "

Apêndice sobre os espíritos no judaísmo

Dibbuk: adesão

Dibbuk significa “adesão”, ou seja, algo (um ou mais espíritos) que se associa conjuntamente. É um tema presente na tradição hebraica em uma histórica muito longa, que de vez em quando emerge como um rio subterrâneo com novos aspectos e novas interpretações. O termo particular (dibbuk) e o tema da possessão são usados ​​principalmente na história mística, especialmente desde o século XVII, para indicar a penetração na pessoa de parte de um espírito não necessariamente mal, que interfere com o seu comportamento.

Além da marginalidade deste tema (não há qualquer investidura sacerdotal para desempenhar o papel de exorcista), devemos esclarecer que há uma outra diferença fundamental com o catolicismo. No judaísmo quando se fala de possessão, o possuidor não é necessariamente o diabo, ou um diabo, poderia também ser a alma de um falecido, coisa que a teologia católica rejeita decididamente.

A interpretação judaica do fenômeno pode ser muito diferente, mas a semiótica da possessão e a técnica para a libertação de pessoas dos espíritos malignos apresentam muitas analogias e semelhanças com as formas cristãs.

Em meu discurso no Ateneu Pontifício Regina Apostolorum fiz um adendo histórico para explicar como este tema se desenvolveu na tradição hebraica desde os tempos bíblicos até os dias atuais.

Os anjos no geral são criaturas espirituais que são enviadas a realizar determinadas missões. Em certos ramos do hebraísmo desenvolveu-se também uma angeologia com um monte de nomes, anjos maus e anjos bons ou pelo menos agentes que fazem ações prejudiciais. Mas uma coisa é reconhecer que existam anjos e espíritos e outra é que entrem no corpo. No hebraísmo a angeologia e a demonologia que também existem, também se de modo marginal, não envolvem necessariamente a possessão.


quinta-feira, 28 de julho de 2016

Alguns conteúdos e procedimentos que promovam o ensino-aprendizagem de História



As dificuldades encontradas no ensino de História podem residir tanto no conteúdo selecionado como nos procedimentos com que são trabalhados. Para superar esse fatalismo, torna-se necessário buscar a compreensão da realidade do aluno; despertar a curiosidade dele em relação ao conteúdo e, ainda desenvolver nele instrumentos de conhecimento da sua vida a partir do ensino de História. O professor pode apresentar uma “História viva” para os alunos e não uma coletânea de fatos passados sem nenhuma relação com o presente.

A partir do momento em que a História passa a ser ensinada como uma disciplina, o cenário predominante na maioria dos programas escolares é a transmissão de longos e enfadonhos conteúdos, que pretendem abordar desde tempos pré-históricos até os nossos dias, em que nem esse “longo tempo”, estudado de forma periodizada, é alvo de questionamento (BERGAMASCHI, 2000, p. 40).

No entanto, como critério de seleção dos conteúdos principais, o professor não deveria se preocupar simplesmente com a memorização de muitos dados, mas que os alunos saibam refletir e analisar de maneira profunda elementos que os auxiliem na compreensão da vida do homem. Porém, segundo Lück (2007, p. 21), “os professores, no esforço de levar seus alunos a aprender, o fazem de maneira a dar importância ao conteúdo em si e não à sua interligação com a situação da qual emerge, gerando a já clássica dissociação entre teoria e prática”.

O professor deve estar consciente de que não esgota na escola o processo de conhecimento, mas introduz o aluno nessa questão. O importante é que essa introdução seja significativa, carregada de sentido para o aluno. Acrescenta Penteado (1991, p. 160): “Não cabe ao professor e à escola saciar a curiosidade, mas sim alimentá-la, deixando instrumentos com o aluno que lhe possibilitem ser, cada vez mais, indagativo, reflexivo. Assim estará inserido no caminho do ser criativo e transformador”.

Da mesma forma, o professor não deve priorizar o estudo de todas as datas históricas, mas as principais que localizem os alunos no tempo. É importante que os alunos conheçam datas-chave que lhes sirvam de referência para situar o fato dentro de um período. Ressalta Nidelcoff (1993, p. 56): “Quando tratarmos do aprendizado da História, veremos que também aí é necessário que a criança tenha como esquema de referência uma ‘coleção’ de datas muito importante. O que de nenhuma maneira implica em dar uma importância preponderante à memorização”.

Cabe ao professor dar sentido às datações, para que o aluno domine algumas datas principais como pontos referenciais para o entendimento dos acontecimentos históricos. Diz Bittencourt (2004, p. 211): “apenas conhecer datas e memorizá-las, como se sabe, não constitui um aprendizado significativo, a não ser que se entenda o sentido das datações”. Nesse sentido, também vale situar o aluno na associação entre o século e o tema em estudo. Porém, não raro os alunos do ensino fundamental têm dificuldades de fazer tal associação, o que reafirma a necessidade do professor realizar constantemente o “teste de sondagem” em sala de aula.

O domínio de conceitos básicos também é fundamental para assegurar a sistematização dos conteúdos. Segundo Carretero (1997, p. 34-35), os conceitos históricos são fundamentais no processo de aprendizagem. Deve-se considerar que muitos conceitos possuem um nível de abstração elevado, ainda exigem a compreensão de outros conceitos e também são “mutantes”, ou seja, não possuem um significado único ao longo da História. Daí a importância de saber que o conhecimento histórico passa pela mediação de conceitos. Sem esses conceitos o ensino de História torna-se inviável.

Propondo uma nova alternativa para o ensino de História, Neves (1985, p. 8) ressalta que “para romper com a periodização tradicional e, na seleção de conteúdos, afastar-se de fatos consagrados pela erudição e, em contrapartida, enfatizar aspectos da vida humana tradicionalmente menos considerados” o professor pode selecionar o cerne da História, o tempo, alterando a sua percepção, ou seja, acabar com a visão evolucionista, pautada no progresso, em um tempo linear (sem cortes ou retornos), contínuo e curto. Ainda, segue a autora, o professor precisa dar vida ao homem trabalhado na História.

Para isso, deve fazer o aluno senti-lo no cotidiano, levá-lo perceber que, como ele, este homem enfrentava problemas para sobreviver e conviver. Concretizá-lo como um ser que necessitava alimentar-se, vestir-se, trabalhar, divertir-se; que ficava doente, amava, temia... Libertá-lo da aberração representada pela visão de um homem histórico, exclusivamente político, extremamente abstrato e distante para ele (NEVES, 1985, p.8). Isto porque, a História não deve ser vista como um passado-passado, importante apenas na composição da linha evolucionária da humanidade, mas como um passado-presente, que explique processos aparentemente contraditórios. Enfim, que conscientize o aluno da dialética entre a mudança e a permanência. O professor de História poderá priorizar um conteúdo que “levará os alunos a se conhecerem através do conhecimento dos outros homens em geral: os homens da sua localidade, do seu tempo, de outras localidades, de outros tempos” (NIDELCOFF, 1993, p. 7).

 Para tanto, o professor pode instigar os alunos a conhecer e analisar a realidade que os rodeia, começando com o “estudo do meio” e, aos poucos, estendendo o olhar dos alunos para novos horizontes. Da mesma forma, Miceli (1992, p. 34) propõe uma “história militante”, onde estudo e vivência pudessem, de alguma forma, permanecer juntos. Segundo a autora, “a tarefa que se impõe é a de retificação radical da história tradicional que alimenta a memória coletiva” (MICELI, 1992, p.34).

Repensar a História requer repensar o sentido do próprio conhecimento, o que significa não somente a eleição de novos fatos ou acontecimentos, mas uma nova relação com esses e quaisquer outros fatos. Esclarece Miceli (1992, p. 34), “nenhum tema possui, em si, uma carga maior ou menor de ‘historicidade’; é a relação que com ele estabelece quem o trabalha que pode ou não fazer dele um tema histórico”. Através do aprendizado da História os alunos podem compreender o presente, vendo o mundo como um longo processo. Isto justifica a presença e a importância da disciplina História na escola. Nesse sentido, destaca Nidelcoff: A compreensão do mundo que nos rodeia e suas características, a procura de uma resposta às perguntas que a época atual nos apresenta, levam-nos sempre ao passado, à origem do processo que estamos observando e vivendo [...] não existe maneira de responder sem apelar para a História.

Sua contribuição é insubstituível (NIDELCOFF, 1993, p. 68). Portanto, torna-se fundamental deixar de lado conteúdos que são fixados por hábito, mas que não trazem nenhuma contribuição para o entendimento do presente. Assim, o tempo gasto com conteúdo inadequado, pode ser utilizado para trabalhar com temas mais significantes na atualidade. Como destaca Nidelcoff: Não basta ensinar “fatos que ocorreram no passado” para dar às crianças elementos para que compreendam o presente. Muitas maneiras erradas de dar História não se tornam apenas uma sucessão angustiante e inútil de nomes e datas, mas chegam a se tornar inibitórias para um enfoque posterior, mais inteligente, desses fatos (NIDELCOFF, 1993, p. 70).

Quanto aos métodos, os alunos precisam ver a História como algo vivo no presente. E, cabe ao professor ajudar o aluno a ver essa vinculação. O exercício de vínculo com o presente deve ser permanente, comparando semelhanças ou diferenças, procurando no presente as consequências do passado e no passado à explicação do presente. Para tanto, noções espaço-temporais ajudam o aluno a compreender a realidade vivida, por isso exercícios com mapas e linhas de tempo são identificados como primordiais para aprendizagem. Isto porque a linha de tempo além de envolver uma série de informações também oferece uma grande possibilidade de abstrações. Já o mapa pode servir como maneira de representar, decompor, analisar e recompor o espaço geográfico, enfim como instrumento auxiliar na construção do conceito de espaço. Portanto, torna-se necessário à realização de exercícios práticos e a teorização dessas atividades. Sobre isso, acrescenta Nidelcoff: Não basta localizar no mapa onde estão a Mesopotâmia ou a Grécia; as crianças têm que compreender a vida de um povo no passado em relação a um determinado meio geográfico, que possibilita certos progressos em sua cultura e as limita em outros aspectos: o clima, a fertilidade ou a aridez das terras que permite uma ou outra forma de exploração econômica, a presença de bosques, de pedras, de metais, localização: isolado ou com muitas possibilidades de comunicação, etc. (NIDELCOFF, 1993, p. 77)

Porém, como bem ressalta Fonseca (2005, p. 46), “o peso da tradicional historiografia e a concepção de história de pais, alunos e muitos professores – identificada, muitas vezes, apenas como grandes feitos dos heróis – dificultam a incorporação de novos campos temáticos, de novos problemas e fontes”, como enfatizam as novas correntes historiográficas. Mesmo assim, o esforço para superar as velhas barreiras do ensino tradicional deve ser constante. Bergamaschi (2000) também destaca outra maneira de diversificar o ensino de História, utilizando-se de eixos temáticos. Para a autora, trabalhar com eixo temático significa “destacar um problema ou tema do cotidiano e que, partindo do presente vivido, refletido e sistematizado, busca a apreensão de outras realidades no tempo e no espaço, também a partir de um referencial que redimensiona a relação com o passado histórico” (BERGAMASCHI, 2000, p. 90). Como já foi dito, os alunos levam para a escola suas experiências sociais. Então, torna-se importante propor na sala de aula uma atividade de levantamento ou problematização de situações vivenciadas pelos alunos. Atividades de leitura e compreensão de textos também podem ser sugeridas para posterior ligação com as vivências dos alunos. Dessa forma, o aluno terá oportunidade de aprofundar e reexaminar sua própria realidade.  Funari (2007, p. 101) cita algumas estratégias importantes em sala de aula. Para o autor, atividades com história em quadrinhos e palavras cruzadas, por exemplo, por mais triviais que possam parecer, são mais interessantes para o aluno e alcançam resultados muito melhores do que a simples memorização, sempre temporária de conteúdos.

Atividades que envolvam fontes ou documentos diversificados também são imprescindíveis, pois estimulam a observação e reflexão do aluno que passa a descobrir os fatos através dos documentos e não, exclusivamente, através do conhecimento fornecido pelo professor. Porém, alguns cuidados são essenciais, pois como dizem Rodrigues e Padrós: A fragmentação, a pasteurização e a banalização da informação são características marcantes da pós- modernidade. A existência de uma superinformação sem reflexão coincide com a construção de um conhecimento fragmentado e desconectado da realidade com os atores sociais concretos (RODRIGUES; PADRÓS, 2000, p. 123).  Maiores informações em Di Giovanni (1994, p. 27).

A mídia, por exemplo, tem a pretensão de vender a sua verdade e de impô-la como única e histórica. Assim cabe ao professor mediar o registro do fato pela mídia e a sua compreensão enquanto conhecimento histórico. Neves (1985, p. 6) cita uma série de características que podem estar presentes no ensino de História. Para a autora, a História deve ser: História-problema, ao invés da narrativa que tradicionalmente caracteriza a disciplina; História construída a partir do presente; História-reflexão, que indubitavelmente leva ao desenvolvimento crítico e, finalmente, História síntese, que busca a capacitação das estruturas essenciais.

Para tanto, Neves (1985, p. 59-60) ressalta diferentes métodos que podem ser utilizados nas aulas de História. Considera importante trabalhar com grupos de discussão, pois “a criança tem o egocentrismo diminuído, com conseqüente aumento da cooperação”. Outra alternativa sugerida é a ficha-síntese de texto, quando o pensamento do autor é traduzido pelo aluno para uma forma sintética. Acrescenta a autora: sabemos da dificuldade de apreensão das idéias centrais que se faz presente na maior parte da população brasileira, incapaz de separar nitidamente o que é essencial do que é acessório. É obrigação da escola impedir tal condicionamento m(NEVES, 1985, p. 66-67). A criação de vocabulários históricos ilustrados, precedidos de desenhos feitos pelas crianças, é outra ideia ressaltada pela autora.

Para finalizar, acrescenta Neves (1985, p. 90): “Qualquer atividade lúdica é magnificamente aceita pelos alunos de qualquer faixa etária”. Nesse sentido, vale apostar em alguns jogos didáticos que podem ser adaptados aos conteúdos de História, servindo como atividades atraentes e interessantes ao próprio desenvolvimento dos alunos. Simples jogos de cartas de baralho e de xadrez, por exemplo, dependendo da criatividade do professor e interação dos alunos, muito podem contribuir nas atividades do 6° e 7° anos do ensino fundamental. Outra ideia interessante é a de Vasconcellos (1999). A autora propõe a substituição do livro didático por uma pasta elaborada e organizada pelos alunos. Isto seria possível, diz a autora, “a partir de pesquisa, com recortes Josiane Alves da Silveira de textos didáticos, jornais, revistas, fotografias, cartões postais, documentos históricos, entrevistas, mapas, etc.” (VASCONCELLOS, 1999, p. 118). Para o aluno não ficar limitado ao livro didático também seria interessante realizar com os alunos um trabalho crítico com diversos livros didáticos.

Com bem destaca Fonseca (2005, p. 55-56), não é possível conduzir o ensino de História sem texto escrito. Assim, para abolir o livro didático nas aulas de História, o professor precisa organizar textos alternativos. O livro didático pode ser usado, mas não como uma fonte única de conhecimento histórico, tampouco com uma postura acrítica do conhecimento veiculado. Complementando a ideia de Fonseca, diz Di Giovanni: O texto escrito é material básico no processo ensino aprendizagemda História. Cabe ao professor de História ensinar a ler História num caminho que, saltando da compreensão linear da “simples” tradução de vocábulo, passe para um aprofundamento da apreensão do significado do texto como um todo, levando o aluno a exercitar suas operações mentais e a descobrir o sentido e a intenção daquilo que ele lê (DI GIOVANI, 1994, p. 26). O cinema também pode ser um recurso de que pode lançar mão o ensino de História. O professor pode utilizar filmes, por exemplo, como uma alternativa metodológica ao ensino de História, porém deve ter o cuidado de tratá-los, “não como portadores de verdades, mas sim como interpretação de uma realidade” (VASCONCELLOS, 1999, p. 118). A utilização de diferentes documentos pode facilitar o ensino de História, porém deve ficar claro para o aluno que um filme, uma canção, uma notícia de jornal, não representam a verdade absoluta, mas uma interpretação desta mesma realidade. Enfim, cabe ao professor à tarefa de fazer do ensino-aprendizagem um convite para os alunos subverterem as fronteiras impostas entre as diferenças socioculturais.

Sair desse reprodutivismo excludente requer, além de enfrentar o falso conforto da menoridade intelectual, combater argumentos e práticas dos ideólogos neoliberal/conservadores, particularmente, a suposição de que professores e alunos são um vazio preenchido por ordens governamentais ou empresariais ao bel-prazer dessas autoridades. Nesses Ensino de história: na busca de novas termos, a defesa inclui a consideração de escola e ensino enquanto espaços de disputa intelectual e política, evidenciando que aquele direito começa a ser exercido desde já (SILVA, 2000, p. 122).

Silva (2000) defende o direito a História, o que significa tanto para professores como para alunos e população em geral o direito ao conhecimento histórico, englobando o saber acumulado e o saber em produção. Como destaca Fonseca (2005, p. 72), “não há educação e ensino sem professor, e o professor de história é uma pessoa que está na história, assim como a faz, sofre, desfruta e transforma”. Porém, na lógica do “pensamento único”4 os professores são apenas transmissores secundários na escola que serve como depósito de seres durante uma etapa da vida considerada improdutiva. Os verdadeiros instrumentos educativos no “pensamento único” são as mídias eletrônicas. Assim, a escola e o ensino de História são vistos como anacrônicos. Isto porque, tanto a escola como o ensino de História tem o poder de promover o pensamento crítico, o que não é permitido na lógica do descarte, principalmente dos seres humanos.

Para impedir que o “pensamento único” alastre-se pelo campo da História, esterilizando debates e reflexões, são apresentadas, no subtítulo seguinte, as entrevistas com professoras de História. Busca-se, com isso, manter viva a pesquisa sobre o ensino de História, respondendo a algumas indagações sobre o ensino de História e, mais do que isso, proporcionando novos questionamentos que promovam o constante repensar desse mesmo ensino.