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sábado, 19 de fevereiro de 2011

O Livro de Concórdia e as confissões luteranas.


A primeira confissão da fé cristã foi o Credo Apostólico. Divergências posteriores levaram à formulação do Credo Niceno (325) e do Credo Atanasiano (451). Essas três confissões são conhecidas como Credos Ecumênicos ou Universais.

Contudo, com o passar do tempo, a Igreja foi se desviando da verdade bíblica. Vozes que clamavam contra o erro foram silenciadas. Martinho Lutero, monge agostiniano, doutor em Teologia e professor da Bíblia na Universidade de Wittemberg, Alemanha, constatou que a Igreja estava desviando da verdade bíblica. Reconhe-cemos em Lutero um instrumento de Deus para reconduzir a igreja às verdades bíblicas. Deus preparou outros homens fiéis que participaram da causa da Reforma.

Os seguintes documentos formam as Confissões Luteranas:
- O Catecismo Menor (1529), um resumo das principais verdades bíblicas, escritas para o povo.
- O Catecismo Maior (1529), as mesmas verdades detalhadamente explicadas para adultos.
- A Confissão de Augsburgo (1530), a principal confissão luterana.
- A Apologia (1531), uma defesa da Confissão de Augsburgo.
- Os Artigos de Esmalcalde (1537) reafirmam os ensinamentos da Confissão de Augsburgo e expõem, com mais profundidade, a doutrina da Santa Ceia.
- A Fórmula de Concórdia (1577), define o pecado original, a impossibilidade de o homem salvar-se por suas próprias forças e a pessoa e obra de Cristo.

As Confissões foram reunidas no Livro de Concórdia, em 1580, que é aceito hoje por muitas igrejas luteranas no mundo. Essas igrejas afirmam: "Aceitamos todos os livros canônicos das Escrituras Sagradas do Antigo e Novo Testamentos, como palavra infalível de Deus e, como exposição correta da Escritura Sagrada, aceitamos os livros simbólicos reunidos no Livro de Concórdia." A Escritura ou Bíblia Sagrada é a única norma na igreja para doutrina e praxe.

A 10 de novembro de 1483, em Eisleben, na Alemanha, nasceu Martinho Lutero, um jovem que decidiu tornar-se monge, contrariando a vontade dos pais. No mosteiro, Lutero vivia em angústia e desespero porque nunca sabia se já havia feito boas obras suficientes para garantir o perdão dos seus pecados, como ensinava a Igreja. Quanto mais se penitenciava, mais cresciam suas dúvidas e incertezas. Não tinha, por isso, paz de alma e via Deus como um severo juiz pronto a castigar os pecadores.

Lutero tornou-se Doutor em Teologia e passou a lecionar na Universidade de Wittenberg. Era um dos poucos privilegiados que tinham acesso a uma Bíblia. Lutero, guiado pelo Espírito Santo, descobriu a verdade do evangelho e a paz de sua alma lendo as palavras de Romanos 1.17: "O justo viverá por fé". Compreendeu que o perdão e a vida eterna não são conquistados mediante boas obras, mas nos são dados gratuitamente por meio da fé em Jesus Cristo, que morreu e ressuscitou para perdão de toda a humanidade.

Não podendo ficar calado, Lutero, a 31 de outubro de 1517, afixou na porta da igreja do castelo de Wittenberg suas 95 Teses contra os abusos da Igreja e especialmente contra a venda de indulgências. Logo o conteúdo destas Teses explodiu por todos os lados.

Lutero passou a participar de vários debates teológicos com autoridades civis e eclesiásticas que tentavam fazê-lo abrir mão da verdade e retratar-se de suas críticas à Igreja e ao Papa. Em 1520, Lutero foi excomungado pelo Papa e, no mesmo ano, queimou a Bula de Excomunhão em praça pública. Ele rompia assim seus laços com a Igreja Católica da época. Em 1530, surgiu a Confissão de Augsburgo que foi escrita por Lutero e Melanchton, seu fiel companheiro. Este documento trazia um resumo dos ensinos luteranos. Pouco a pouco, o ideal de reforma da Igreja Católica que Lutero possuía foi sendo sufocado. O Reformador viu-se obrigado, juntamente com seus seguidores, a formar um grupo separado de cristãos que queriam permanecer fiéis às verdades bíblicas do Evangelho. Surgia assim a Igreja Luterana.

Todas as confissões luteranas, presentes no livro de Concórdia, já estão online e podem ser acessado no link que encontra-se no final desta página.

Lutero morreu a 18 de fevereiro de 1546, após ter traduzido a Bíblia para o alemão popular e ter escrito inúmeras obras e tratados teológicos. Após sua morte, os luteranos, que já eram um bom número, passaram a discordar em alguns pontos de doutrina. Para solucionar os problemas, foi escrita, em 1577, a Fórmula de Concórdia. Em 1580, 50 anos após a publicação da Confissão de Augsburgo, surgiu o Livro de Concórdia que reúne todas as Confissões de Fé da Igreja Luterana.

Você quer saber mais?

Leia o livro de Concórdia online.

http://www.bookofconcord.org/

Acesse a página oficial da IELB

http://www.ielb.org.br/

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

“Getúlio Vargas perde a cabeça”

O Memorial Getulio Vargas, localizado na Praça Luiz de Camões, na Gloria, nos próximos dias deverá perder o busto de bronze, financiado com verba pública, em homenagem ao Ditador, que se suicidou em 1954.

O busto, localizado próximo a entrada do museu, motivou diversas reclamações entre moradores e freqüentadores da praça pela sua aparência grotesca. Além das reclamações, outro fato motivou o pedido de retirada da escultura, segundo o superintendente do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPAHAN no Rio, Carlos Fernando Andrade, a construção do memorial nunca recebeu o “habite-se” e não teve a planta original devidamente aprovada pelo órgão, para que se regularize o Memorial é necessária a retirada da escultura, condição sine qua non para sua liberação.

Na época do lançamento, o busto de três toneladas e 2,5 metros de altura, esculpido em bronze, causou polêmica na mídia por ocupar um importante espaço de lazer aos moradores da região, porém não foi possível impedir a sua inauguração.

A seção fluminense da Frente Integralista Brasileira, através da sua Direção Estadual, e a associação de moradores do bairro da Gloria, enviou diversos pedidos ao IPAHAN e à Secretaria Estadual para a retirada da escultura da localidade por ela interferir de forma indevida com a praça. Finalmente, após continuas reclamações, o pedido defendido pela FIB-RJ obteve resultado, sendo sua retirada, segundo os órgãos responsáveis, imediata.

Autor: Jorge Figueira

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Concepção do Estado Integralista - Summario: Na matéria, nos seres vivos, na sociedade.

Imagem do livro Harmonice Mundi onde Kepler associou os movimentos planetários às escalas musicais.

*A grafia original foi mantida.

1.° - Na Materia. – A concepção mechanica da unidade das forças physicas, após a descoberta do ether, firmou definitivamente que na natureza tudo é movimento, diz que, si pudéssemos nos transportar para um determinado ponto de um raio solar e perceber o que alli realmente se passa, nada mais constataríamos – sinão uma vibração, infinitamente raida e infinitamente reduzida, de uma partícula do ether.

Objectivamente verifica-se que é destas vibrações que surgem para o ser vivo as diversas manifestações sensoriaes. Si essas vibrações do raio solar incidem sobre uma retina, eis uma sensação de luz; si sobre uma parte do organismo animal onde afloram terminações nervosas, typadas num sentido thermico, eis uma sensação de calor. Si sobre uma placa photographica eis, ainda, uma reacção chimica. Vê-se assim do exposto, um mesmo raio apparecido, como agente de luz ou de calor, por vezes promovendo uma mudança molecular da matéria. Deduz-se também que, em ultima analyse, o que houve, no caso em apreço, foram modificações diversas oriundas das differentes occurrencias de um mesmo agente physico em campos por sua vez diversos. Não se afastou, pois, de um phenomeno vibratório do ether. Da movimentação de um fluido imponderável. Si, porém, as differentes manifestações do ether se dão graças ao movimento, estará a de força. Força e movimento, eis os dois termos que condicionam a existência do mundo objectivo.

Si partimos, também da concepção do Universo, deste aos diversos systemas planetários, destes a um dos seus centros de gravitação, deste aos planetas que compõem cada systema, destes á Terra que habitamos, desta ao ser vivo, deste á matéria e ainda á molécula ou ao átomo – haverá sempre a lógica como o experimentalismo scientifico de encontrar esses dois agentes – Força e Movimento – condicionando o equilíbrio dos mundos e da vida atravéz de uma perfeita harmonização de contrários.

Dest’artes, á margem de uma unidade das forças physicas, silhuetam-se as diversas differenciaes que possibilizam o principio de universalidade eterna da ordem quer nos macro-organismos, como nos micro-organismos. Do universo, que para a Thermo-dynamica é um campo fechado, isto é, d’onde não fugirá nenhuma unidade calorífica da que nelle sempre existiu, descermos por todas as escalas inferiores até ao átomo , verificaremos igualmente que a todo o complexo formado por tantos organismos heterogêneos preside uma mesma e idêntica ordem de ser, resultante de uma harmonização natural de forças contrarias.

Tomemos dois systemas: o solar e o atômico. N’aquelle deparar-nos-á Kepler, depois de cinco annos de meticulosas observações, aperfeiçoando a explicação scientifica que Copernico lhe dera, constatando que os diversoso planetas descrevem ellpses em torno do sol e não círculos. Firmou-se desde então que os diversos planetas e alguns com os seus satellites, como a serie de planetóides que se situam entre Marte e Jupiter – que todos ( Mercurio, Venus, Terra, Marte, Jupiter, Saturno, Urano, Neptuno e Plutão) percorrem, cada qual, as suas trajectorias ellipsoides próprias, sempre na mesma direcção, sem choques, realizando-se todo o equilíbrio do systema sob o sygno duma differencial que é achada como a relação dos differentes movimentos das partes que compõem o todo. Neste, no atômico, subjetivamente seremos levados á mesma conepção do equilíbrio que para o primeiro. Hoje assente está, pela physica, que o átomo é um micro-systema de força contrarias em equilíbrio, girando em torno de um mesmo centro de gravitação. Forças anions e forças cathions gravitando cada partícula de ether, negativa ou positiva, em torno do núcleo-atomico.

Resumindo, pois, podemos affirmar que a vida só será possibilizada dentro de um equilíbrio de forças em movimento continuo e perpetuo.

2.° - No ser vivo. – A vida que para Bichat era morte, não poderá ser tão simples e paradoxalmente encarada. O organismo animal (racional ou não) para o chimico não passa de um constante e perfeito laboratório onde se verificam, de instante a instante, reacções de todos os jaezes. Para o physico, porém, a concepção da vida já se dilata para uma explicação do facto mais ampla, porque, para elle essas reacções são filhas do movimento, de forças cynergeticas, de compensações rythmicas da energia desenvolvida pela combustão dos diversos materiaes que reagem, como agentes chimicos, no meio interno. Já aqui apparece o elemento energia-força, o que equivale a dizer um systema de movimento. Por outro lado o biologista que não olha o phenomeno vital como uma simples reacção chimica, nem tão pouco como um jogo de forças – appella para uma e outra sciencia e com facilidade affirma, sem unilaterismo, que a vida resulta do equilíbrio de dois systemas de forças contrarias: as que incidem num sentido negativo de fora para dentro, num sentido do meio exterior, contra o campo fechado, sob o ponto de vista thermo-dynamico que é o animal e ao que de dentro, para fora do meio multicellular, em franco metabolismo, conflictam –se com aquellas na defesa da existência do organismo em questão. Estamos ainda aqui diante uma unidade de forças chimicas; como de um systema de equilíbrio de forças ou de uma harmonização de contrários.

A resultante do conflicto destas forças em direcção positiva (vegetativas), umas e outras em direcção negativa (destructivas), é a vida.

Porque, a saúde do corpo vivo só existirá até o momento em que não houver predomínio de um desses jogos de forças sobre o outro. Rompido o equilíbrio do systema surge a doença. Não restabelecido mais como finalidade do plano inclinado que será formado pelo quadro patlhologico próprio: a morte.

Resumindo, pois, podemos affirmar que a vida só será possibilizada dentro de um equilíbrio de forças em movimento continuo e perpetuo.

Foi da necessidade de um habitat intermediário em que podia viver a Familia e a impossibilidade de aproveitamento da grandeza territorial onde vive a Humanidade que nasceu a idéa de Patria

3.° - Na sociedade. - Antes de examinarmos a sociedade á luz dos pincipios de que nos temos servido até aqui para a comprehensão da matéria inorgânica, como da orgânica, procuremos saber si a sociedade humana (já que não entram nas cogitações deste ensaio as formadas pelos seres irracionaes) é ou não um facto natural.

Para a philosophia materialista, começando por Hobbes que proclamou que o estado natural é o estado de guerra (Homo lupus) e terminando em Karl Marx que affirmou ser o estado natural uma eterna lucta de classes – (Homo homini economicus) - á, sociedade nega-se a condição formalista, isto é, de uma coordenação de vontades visionando o bem commum para se lhe conceder tão somente a condição de multidão. E Rousseau proclamando, por sua vez, que o homem nasce bom, mas que a sociedade é quem o torna mau, não só reaffirmou todo levianthanismo de Hobbes como, doutrinariamente,influiu poderosamente para plasmar, na declaração dos Direitos da Revolução Franceza, os seguintes preceitos de direito publico que erradamente haviam de vazar todo o século XIX e ainda se apresentar para muita gente, nos nossos dias, como dogmas infalliveis:

a) – As pessoas e os bens de cada um só podem ser protegidos por uma sociedade resultante de um pacto social;

b) – Os cidadãos associados alienam parte dos seus direitos, espontaneamente, arcando com certos deveres a bem dos interesses de todos;

c) – Os cidadãos em conjuncto e que são a própria sociedade, não podendo totalitariamente exercer o governo da communhão, escolhem aquelles que deverão ser os seus mandatários no Poder Publico;

d) – D’aqui decorre o conceito de soberania popular. Mas como na pratica não se pode nunca conseguir a unanimidade dos cidadãos na escolha dos dirigentes – espouso-se os princípios de maioria – e como conseqüência:

1.° – O systema de voto por suffragio universal;

2.° – O pluripartidarismo político;

3.° – A soberania do numero, do homem e do povo substituindo a soberania de Deus. Ou simplificando: o poder não vem por inspiração de Deus aos homens, mas parte e se origina tão unicamente da vontade destes.

Como conseqüência ainda:

1.° – O Estado Leigo (agnosticismo)

2.° – A luta dos partidos (liberalismo político).

Entretanto, tudo isso é falso. Falso o ponto de partida escolhido por Hobbes, com por Rousseau ou Marx. Logicamente falsa toda a estructuração político-social que se originou de uma tal philosophia. Falso porque a sociedade é um facto natural. E’ um facto natural, argumenta, sem sophisma e com a verdade, Sortais, porque Ella é da própria natureza do homem. E sinão bastassem o facto da criança “ser incapaz de subsistir e, por si mesma, conseguir a educação physica, intellectual e moral durante um lingo período de sua vida; o instincto de sympathia pelos semelhantes e a faculdade de fallar – bastaria se attentar que o homem foi levado a constituir uma família e mais que Ella uma sociedade devido a uma dupla tendência natural e irresistivel. O instincto de conservar o próprio ser e o de desenvolve-lo o mais possível. Foi a necessidade de segurança para o exercício dos seus direitos e a necessidade de progresso material, intellectual e moral que o levaram a viver em sociedade”. D’ahi nasceu a Familia, nasceu a Escola, nasceu a União de classe, nasceram a diversas crenças religiosas que na ordem natural se silhuetam pelos diversos templos onde o homem, elevando-se em espiritualidade, ajoelhando-se dente dos altares, ou de mãos postas para as alturas ou de pensamento voltado para o sobre-natural, num anseio de aperfeiçoamento moral, num approximar manso e suave do grande ideal de Perfeição que é Deus!

A sociedade, pois, é um facto natural. Como deduzimos, também, contrariamente de Rousseau, que Ella não pode ser expressa simplesmente por um numero, porque é de facto formada por grupos que são: Na ordem patriarcal: a família; Na ordem educacional: a escola; Na ordem econômica: o syndicato de classe; Na ordem moral: o espírito de crença de cada um dos seus membros numa existência sobrenatural.

Ainda três ordens de forças agindo para o condicionamento da dynamica social e que são decorrentes da própria natureza do homem nos seu tríplice desdobramento como simples unidade biológica, como unidade affectiva e como unidade espiritual. Desse tríplice fácies com que realmente se apresenta a pessoa humana há de apparecer, forçosamente, no seio do conglomerado humano, de forças sociaes que são:

a) - forças de ordem econômica;

b) - as forças de ordem intellectual;

c) – as forças de ordem moral;

E, si nos servimos dos mesmos princípios que nos deram a razão de ser da matéria bruta, do organismo vivo e saltamos para o campo onde pontifica um sciencia social, plasmada nos postulados de uma sadia philosophia espiritualista –mais uma vez concluiremos que o principio de harmonização das forças que preside a ordem universal, e em particular a dos soes, a dos planetas, a da vida, a do átomo, ainda se imporá como condição primordial ao equilíbrio social, á própria vida da sociedade.

Vimos o absurdo da philosophia (individualista) em definir a sociedade como um numero. Quantitamente.

A philosophia racionalista nada mais fez que chumbar o homem no plano social como o centro deste pequeno systema de forças que em socilogia se chama sociedade. Para o encyclopedismo dos fins do século XVIII, como para toda a estructuração jurídico-social do século seguinte, do individuo saltava-se para a Humanidade com uma parada forçada e a contra gosto na Idéa vazia e abstrata de nacionalidade. Daqui firmou-se ainda outro absurdo sociologista: a negação da idéa de Patria. Quando a razão natural indica que si a Familia nasceu de uma necessidade para a conservação e transmissão da própria vida - o homem de principio percebeu que ella era, todavia, um campo muito limitado para assegurar com perfeição a sua existencia e a da sua prole. Olhou para fora do âmbito patriarchal e enxergou a Terra. Viu a Humanidade. E de relance percebeu, também, que a Terra como a Humanidade que a habitava, era um campo geographico e social por demais illimitado para nelle actuar no sentido de preservar-se a si mesmo e a sua família. Saltou-lhe deante dos olhos a necessidade premete de um âmbito intermediário. Nem tão limitado como o da Familia, nem tão illimitado como o da Humanidade. Possibilizou um meio razoável. Foi da necessidade de um habitat intermediário em que podia viver a Familia e a impossibilidade de aproveitamento da grandeza territorial onde vive a Humanidade que nasceu a idéa de Patria.

E tão imperiosa foi esta necessidade, tão premente esta verdade, que o homem desde que appareceu sobre a Terra nada mais tem feito do que criar Patrias. Fundar nacionalidades. Traças as cartas geographicas dos diversos paizes. Pacificamente ou de armas na mão. Donde pois, ainda, uma philosophia espiritualista partindo da pessoa humana, seguindo para a Familia, prolongando-se na Escola, tangenciando no Syndicato de Classe, affirmar a idéa de Patria para depois abranger a de Humanidade e zenithar-se por fim no sobre-natural em procura de um Ente Supremo, d’onde tudo vem e onde tudo acaba, como a ultima e verdadeira unidade de ordem que preside o equilíbrio da vida e do mundo.

A philosophia espiritualista, pois, affirma o Homem Integral, isto, é, o homem matéria, o homem-sentimento, o homem-razão. Affirma todas as forças que promanam desta tríplice natureza: forças Moraes, intellectuaes e materiaes. Affirma a Patria Integral, a Nação Integral. Não mais uma multidão, como numero. Mas sub-dividida em grupos de natureza diversa, correspondentes cada qual ás três tendências que se manifestam sempre como característico que se manifestam sempre como característico da própria natureza humana. Forças econômicas, traduzidas pela necessidde de agglutinação do homem com outro homem com outro homem dentro de uma associação de classe (o syndicato) quando exercendo uma mesma profissão para defesa dos interesses communs; forças intellectuaes, traduzidas pela necessidade de órgãos de educação publica que possam permittir o desenvolvimento das artes e das sciencias – as escolas ( a Universidade); forças moraes que são traduzidas pelo cuidadeo que é posto na criação e manutenção da família, dentro de verdadeiros princípios Moraes que só podem ser bebidos na fonte dadivosa e perenne das religiões verdadeiras ou não, mas todas boas porque todas ellas demandam Deus.

Do exposto poderemos concluir que, também, para os diversos grupos sociaes acima descriptos, como para a somma de todos que nada é mais que a Nação, como para a própria Humanidade que é todo o aggregado de raças e nacionalidades – necessário se torna um perfeito equilíbrio de forças já agora não somente de ordem physica, mas também uma complexidade crescente de ordem econômica, cultural e moral. Pois que, rompido o equilíbrio que preside o sentido patriarchal da família, eis a sua destruição; destruída esta, eis a dissolução dos costumes, o anarchismo na sociedade, a hypertrophia de grupos econômicos em detrimento da existência digna de outras classes profissionaes; eis todo o systema social, pois, em pânico; e por fim rompido o equilíbrio que deve presidir as relações de povo com outro povo, de nações com outras nações – eis toda a ordem internacional interrompida. Consequentemente: no primeiro caso (para a Familia) a anarchia do costumes; no segundo, que será uma conseqüência do desequilíbrio anterior, as revoluções; no terceiro caso, as guerras.

Particularmente para a sociedade interfere, quando deixou de haver o equlibrio necessário para o status em que vivia, o phenomeno revolucionário. A sociedade adoece. Ou reage, e se salva. Ou fallece domindad por uma mais forte. D’onde a philosophia espiritualista ainda não condemnar o phenomeno revolucionário, todas as vezes que elle se apresentar como uma necessidade imperiosa e indispensável como garantia da continuação da existência das Nações em situações taes.

Encaremos, pois, já que fomos levados a isso, si uma revolução é ou não justificável perante os princípios finalistas de uma philosophia christã. Tentaremos em seguida expor a Theoria da Revolução.

Você quer saber mais?

MELLO, Olbiano de. Concepção do Estado Integralista, Rio de Janeiro: Schmidt-editor ,1935, pp. 7-21.

http://construindohistoriahoje.blogspot.com/search/label/INTEGRALISMO


terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Quer comprar uma vírgula?

Uma vírgula? – perguntei eu, pasmo. E ele completou:

__Sim, uma vírgula para que continue a escrever seus textos, pois um homem sem vírgulas é um homem sem história.

A partir desse momento, meus olhos se abriram. Descobri que sempre usara a teoria dos pontos finais em minha história e não a teoria das vírgulas. Alguém me frustrava? Eliminava-o, colocava um ponto final no relacionamento. Alguém me feria? Anulava-o. Enfrentava um obstáculo? Mudava de trajetória. Meu projeto estava com problemas? Substituía-o. Sofria uma perda? Virava as costas.

Eu era um professor-doutor que usava os livros dos outros em minhas teses, mas não sabia escrever o livro da minha existência. Meus textos eram descontínuos. Quem elimina todos ao seu redor um dia será implacável consigo mesmo. E esse dia chegara. Mas infelizmente encontrei esse enigmático homem e entendi que é possível conviver, sem vírgulas, com cachorros, gatos e até com cobras, mas não com humanos. Frustrações, decepções, traições, injúrias, conflitos fazem parte do nosso cardápio existencial, pelo menos do meu e de quem conheço. E as vírgulas são imprescindíveis.

Eu vivia confortavelmente no anfiteatro da sala de aula e nos aposentos do meu pequeno apartamento, pago com meu mirrado salário de professor. Assim, eu, um especialista em Marx, uma socialista que sempre criticava a burguesia e exaltava os miseráveis da sociedade, passei a sentir na pele a dor da miserabilidade.

Comecei a seguir um vendedor de idéias que não tinha nada, a não ser ele mesmo. Marx ficaria perplexo com esse homem. Nem ele sabia o que era ser um proletário. Era um pensador teórico. Ao segui-lo, percebi que eu era um socialista hipócrita, defendia o que não conhecia. Sai, portanto, das fronteiras da teoria, tornei-me um andarilho no teatro da existência, um pequeno vendedor de vírgulas para os caminhantes libertarem a mente, reescreverem sua história, desenvolverem o pensamento crítico.

Ser zombado, debochado, taxado de maluco, lunático, desvairado, impostor estava entre os riscos menores de participar desse grupo. Os piores? Ser espancado, preso, considerado amotinador social, seqüestrador e terrorista. O preço de vender sonhos numa sociedade que asfixia a mente humana e deixou de sonhar era muito caro.

Mas nada era tão excitante. Os que participavam desse time não conheciam o tédio nem entravam em estado de angústia ou depressão, mas corriam perigos imprevisíveis e se metiam em incríveis confusões. E que confusões!

Você quer saber mais?

Cury, Augusto. O Vendedor de Sonhos: E a Revolução dos Anônimos. Editora Academia de Inteligência, São Paulo, 2009.

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A História do Fusca

Um modelo KDF

É impossível contar a brilhante trajetória do Fusca sem mencionar duas importantes personalidades que estiveram por trás deste notável projeto desde a sua idealização. Um deles é considerado um gênio da indústria automobilística; o outro foi um dos maiores e mais temíveis ditadores do século XX. Ambos, coincidentemente, austríacos. O ditador atendia pelo nome de Adolf Hitler, o homem que pegou uma Alemanha falida e devastada pela Primeira Guerra Mundial e que conseguiu transformar um país decadente em uma potência mundial, recuperando a auto-estima do povo alemão que acreditou que ele seria o salvador da terras germânicas.

O gênio era Ferdinand Porsche, um engenheiro autodidata que nasceu em Maffersdorf, uma pequena cidade nos confins do Império Austro-Húngaro. Desde jovem, ele já demonstrava uma grande habilidade em mecânica e, quando completou 18 anos foi indicado para uma vaga de trabalho em Viena, na empresa de Bela Egger. Seu talento natural e seus conhecimentos técnicos eram tão grandes que em poucos anos foi promovido ao cargo de diretor de testes e desenvolvimento da empresa.

Enquanto Porsche trabalhava como diretor técnico da Austro-Daimler, fabricante de modelos de luxo nos anos 20, ele começou a desenvolver carros e corrida e a dividir-se entre a função de projetista e de piloto de teste. No ano de 1922 chegou a ganhar algumas corridas com as suas criações.

Mas, o que será que um ditador, um projetista de carros de luxo e o carro mais popular do mundo têm em comum?

No ano de 1934, quando Hitler tomou o poder na Alemanha, ele concebeu a idéia do Volkswagen, que em alemão significa “carro do povo”, inspirado no sucesso que já fazia o Ford T na época. Durante o seu discurso de abertura do Auto Show de Berlim, o ditador declarou que considerava o desenho e a construção do carro do povo como uma medida prioritária para a indústria automobilística alemã. Acrescentou ainda que esse veículo deveria desenvolver velocidade máxima de 100 Km/h, pois as cidades eram distantes. Deveria ser capaz de enfrentar subidas com até 30% de elevação e consumir no máximo 7 litros a cada 100 Km, pois o combustível era caro (o povo não poderia gastar mais de 3 marcos a cada 100 Km). Seria preciso ter espaço para, no mínimo, quatro pessoas, custar, no máximo, 1.000 marcos imperiais e, principalmente, ser refrigerado a ar, porque nem todas as casas alemãs possuíam garagem e, no inverno, a água no radiador certamente congelaria.

E é ai que entra Ferdinand Porsche, na história, pois foi a ele dada a árdua tarefa de desenvolver o projeto do sonhado carro popular. Ele foi escolhido porque, alguns anos antes, em 1931 já morando na Alemanha, havia feito protótipos de carros populares encomendados por dois fabricantes de motocicletas. A proposta, no entanto, continuou sendo uma ilusão para muitos. Um dos críticos da época ironizou: “Um carro para trabalhadores? E por que não uma casa na 5° Avenida de Nova Iorque para cada um?”.

Tempos depois, Hitler tomou conhecimento dos projetos de Porsche e o convidou para dar forma a seu sonho em parceria com o governo alemão. Em junho de 1934 foi assinado um acordo entre a Associação Nacional da Indústria Automobilística Alemã e Ferdinand Porsche. Naquela época, na Alemanha, havia 1 carro para cada 49 pessoas, enquanto que nos Estados Unidos a proporção era de 1 carro para cada 4,5 americanos. Por economia, os protótipos foram montados com ajuda de operários na garagem da casa do próprio Porsche, em Stuttgard.

No dia 10 de outubro de 1936, ficaram prontos os três primeiros protótipos Volkswagen, os Volksauto-série VW-3 que foram testados por 50 mil quilômetros cada um. Os primeiros carros não tinham quebra ventos, nem pára-choques ou vidros traseiros. As portas se abriam ao contrário dos demais modelos mais “modernos”. Já em 1936 o protótipo do Fusca ganhou carroceria com o desenho que o consagrou. A partir de 1938 foi iniciada a construção de uma fábrica em Hannover para produzir algumas unidades do modelo.

A inauguração aconteceu em maio do mesmo ano. A cerimônia nazista foi preparada para marcar o grande feito e entrar para a história, pelo menos era ISS que Hitler esperava, pois ele tinha como objetivo “esmagar os gigantes de Detroit”. Foi então que Ferdinand Porsche sofreu uma grande decepção quando Hitler comunicou que colocaria o nome de KDF Wagen no carro. E este foi a apenas o começo de uma longa história. KDF era abreviação de Kraft Durch Freude, nome escolhido pelo ditador Adolf Hitler, que significava “Força através da Alegria”. Os objetivos de Adolf começavam a ganhar formar.

Em agosto de 1938, durante o discurso no lançamento da pedra fundamental da futura fábrica do Fusca, Hitler declarou:

“Esse carro deve ter o mesmo nome da organização que trabalha arduamente para prover a grande massa de nossa população com alegria e satisfação e, portanto com força. Ele deve ser chamado de KDF Wagen! Eu procedo a colocação desta pedra fundamental em nome do povo alemão! Esta fábrica deverá surgir da força de todo o povo alemão”.

Porsche ficou horrorizado, pois comentou “que nunca iríamos vender um carro com esse nome em outro país”. Mais tarde, tanto o nome da fábrica como o do carro mudariam para Carro do Povo. Os planos para um carro do povo foram muito além de um simples meio de transporte de uso diário. O veículo foi submetido à diversas alterações, o que o tornou um carro de uso misto dentro do exército alemão. Assim foram criados o Kommanderwagen, o Schwimnwagen e o Kulbelwagen. Todos derivados do nosso querido fusquinha. O Kommanderwagen era destinado aos comandantes do exército alemão e outras altas patentes militares. O Schwimnwagen era destinado a terrenos alagados e foi o primeiro “anfíbio” europeu de guerra a ser fabricado em grande quantidade. O Kulbelwagen era uma espécie de jipe alemão da época. Seu peso era tão reduzido que o tornava mai veloz, o que permitia que passasse por cima de minas para detoná-las.

Após a derrota na II Guerra Mundial, a fábrica Wolfsburg ( antiga Fallersleben) ficou praticamente destruída devido aos bombardeios. A área passou a ser ocupada pelos ingleses que, liderados pelo major Ivan Hirst, retomaram a produção dos primeiros Fuscas após o conflito. Os primeiros Fuscas chegaram ao Brasil no final 1950, o primeiro lote desembarcou no porto de Santos. Foram 30 unidades negociadas rapidamente. Daí para frente se tornou uma paixão nacional.

Você quer saber mais?

http://www.kdf-wagen.de/

http://www.volkswagen.de/

http://galerie.cult7.de/index.php/cultseven_gallery/

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Concepção do estado Integralista de Olbiano de Mello – 1935. Conheça esse exemplar raríssimo.

Capa do Livro Concepção do Estado Integralista de Olbiano de Mello

(...) O instincto de conservar o próprio ser e o de desenvolvê-lo o mais possível. Foi a necessidade de segurança para o exercício dos seus direitos e a necessidade de progresso material, intellectual e moral que o levaram a viver em sociedade. D’ahi nasceu a família, nasceu a Escola, nasceu a União de classe, nasceram as diversas crenças religiosas que na ordem natural se dilhuetam pelos diversos templos onde o homem, elevando-se do terreno econômico e do intellectual --- sublima-se em espiritualidade, ajoelhando-se deante dos altares, ou de mãos postas para as alturas ou de pensamento voltado para o sobre-natural, num anseio de aperfeiçoamento moral, num approximar manso e suave do grande ideal de Perfeição que é Deus!

A sociedade, pois, é um facto natural. Como deduzimos, também, contrariamente de Rousseau, que Ella não pode ser expressa simplesmente por um numero, porque é de facto formada por grupos que são:

Na ordem patriarchal: a família;

Na ordem educacional: a escola;

Na ordem econômica: o syndicato de classe;

Mello, Olbiano de. Concepção do Estado Integralista, Schmidt-editor, Rio de Janeiro, 1935.

*A grafia original foi mantida.

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