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terça-feira, 10 de setembro de 2024

Revolução comunista cubana

 Foi um movimento liderado por Fidel Castro que derrubou o regime ditatorial de Fulgencio Batista e instaurou um governo socialista em Cuba. A revolução começou em 1953 com o ataque fracassado ao quartel de Moncada, liderado por Castro e outros revolucionários, incluindo seu irmão Raúl Castro e Che Guevara. Após esse fracasso, Fidel foi preso e exilado no México, onde reorganizou suas forças e planejou um novo ataque.

Em 1956, Castro e seus seguidores desembarcaram em Cuba no iate Granma e iniciaram uma guerrilha nas montanhas da Sierra Maestra. Ao longo dos anos, o movimento ganhou apoio popular, principalmente entre os camponeses, insatisfeitos com a desigualdade social e a repressão do governo de Batista. Em 1959, após uma série de vitórias militares, o regime de Batista colapsou, e Fidel Castro assumiu o poder.

A revolução transformou Cuba em um Estado socialista, com uma economia planificada e forte alinhamento com a União Soviética. Houve nacionalizações de propriedades e empresas estrangeiras, além de grandes reformas na saúde e educação. No entanto, o governo de Castro também trouxe repressão política, censura, e a fuga de muitos cubanos para o exílio. A revolução cubana teve repercussões globais, sobretudo na Guerra Fria, com a Crise dos Mísseis de 1962 sendo um dos pontos mais tensos da época. Cuba se tornou um símbolo de resistência ao imperialismo, mas também enfrentou desafios econômicos e isolamento internacional devido ao embargo dos EUA.

As consequências negativas da Revolução Cubana incluem a repressão política, com prisões e perseguições a opositores do regime, e a censura à liberdade de expressão e imprensa. A economia foi fortemente afetada pelas nacionalizações, levando à fuga de capital e à escassez de bens. O embargo econômico imposto pelos Estados Unidos a partir de 1962 agravou a situação, causando dificuldades econômicas prolongadas, como falta de alimentos e produtos básicos. Além disso, muitos cubanos fugiram para o exílio, principalmente para os EUA, em busca de melhores condições de vida. O regime autoritário também limitou as liberdades civis, instaurando um sistema de partido único que endureceu o controle sobre a população.

Você quer saber mais?

Fontova, Humberto. Fidel: O Tirano Mais Amado do Mundo. É Realizações, 2010.

Montaner, Carlos Alberto. Viagem ao Coração da Cuba: Uma História Crítica da Revolução Cubana. Editora Record, 2007.

Oppenheimer, Andrés. A Hora Final de Castro. Editora BestSeller, 1993.

Revolução comunista chinesa

 A Revolução Comunista Chinesa foi um processo histórico que culminou com a criação da República Popular da China em 1949, liderada pelo Partido Comunista Chinês (PCC) sob o comando de Mao Tsé-Tung. Ela teve suas raízes na insatisfação popular com a dinastia Qing e, posteriormente, com o governo do Kuomintang (Partido Nacionalista), liderado por Chiang Kai-shek, que assumiu o poder após a Revolução Xinhai de 1911. Durante as décadas de 1920 e 1930, o PCC e o Kuomintang se aliaram e se confrontaram várias vezes. A Longa Marcha, de 1934 a 1935, foi um momento crucial para o fortalecimento do Partido Comunista, que fugia da perseguição nacionalista, mas conseguiu sobreviver e consolidar sua base no campo.

Com o agravamento das condições socioeconômicas no país, a Segunda Guerra Sino-Japonesa (1937-1945) e a Guerra Civil Chinesa (1946-1949) criaram o cenário para a ascensão comunista. O PCC ganhou apoio principalmente entre os camponeses, prometendo reforma agrária e melhorias nas condições de vida. Em 1949, após derrotar as forças do Kuomintang, que fugiram para Taiwan, Mao Tsé-Tung proclamou a República Popular da China, marcando o início de um regime comunista que buscava reconstruir o país sob a ideologia marxista-leninista e transformar radicalmente a sociedade chinesa. A revolução teve grande impacto na política global e na configuração geopolítica do século XX.

A Revolução Comunista Chinesa trouxe várias consequências negativas, especialmente nas décadas seguintes. O regime de Mao Tsé-Tung implementou políticas radicais, como o Grande Salto Adiante (1958-1962), que causou uma grave crise agrícola e a morte de milhões de pessoas por fome. Além disso, a Revolução Cultural (1966-1976) resultou em perseguições, prisões e mortes de intelectuais e opositores políticos, além da destruição de patrimônio cultural e científico. A centralização do poder e a repressão política limitaram liberdades individuais e causaram instabilidade social, deixando cicatrizes profundas na sociedade chinesa.

Você quer saber mais?

Fenby, Jonathan. A ascensão da China: de Mao à mercadoria. Editora Globo, 2009.

Short, Philip. Mao: a história desconhecida. Companhia das Letras, 2005.

Dikotter, Frank. A grande fome de Mao: a história da catástrofe mais devastadora da China (1958-1962). Editora Record, 2017.

sexta-feira, 6 de setembro de 2024

Rebeliões do Período Regencial

Um período conturbado 

O período regencial foi marcado por diversas revoltas. Em geral, elas foram provocadas pelo conflito de ideias entre grupos da camada dominante, dividida entre liberais e conservadores. Essas revoltas, contudo, serviram como estímulo permanente para movimentos de origem social, que chegaram inclusive a ameaçar, em algumas regiões do país, a ordem escravocrata. Por meio desses conflitos, os trabalhadores livres pobres e os escravos integravam-se à luta pelo poder político. Mas, com frequência, serviram apenas de massa de manobra nas disputas entre as correntes oriundas das elites; e pouco conseguiram no que se refere a romper os privilégios da aristocracia rural e melhorar as próprias condições de vida. 

Cabanagem (1835-1840) 

Calcula-se que as lutas desencadeadas pela mais violenta rebelião da Regência, a Cabanagem, provocaram a morte de 30 mil pessoas no Pará (a província tinha 80 mil habitantes em 1819). Dois fatos associaram-se para dar início aos cinco anos de conflitos: o inconformismo de fazendeiros e comerciantes contra o presidente nomeado pelo poder central e a miséria da população. A maioria dos paraenses vivia em cabanas perto dos rios, daí o nome de cabanos dado aos revoltosos. Na verdade, os cabanos foram além do que pretendiam alguns de seus líderes, pois transformaram a rebeldia das elites contra o poder central numa luta sem tréguas por melhores condições de vida. Em 1835, os cabanos depuseram o presidente da província e ocuparam Belém. Três presidentes rebeldes se sucederam no poder. O primeiro foi o fazendeiro e comerciante Félix Malcher. Acusado de traição e de jurar fidelidade ao imperador, Malcher foi deposto pelo chefe militar dos cabanos, Pedro Vinagre, que assumiu o poder. Pouco tempo depois, Vinagre abandonou o posto ante os ataques das forças do governo central, apoiadas pelo mercenário inglês John Taylor. Eduardo Angelim tornou-se o terceiro presidente rebelde. Entretanto, pouco mais de um ano depois de tomar Belém, os cabanos tiveram de se retirar para o interior. Os últimos rebeldes, mais de 1.000, só se entregaram no início de 1840, o ano da maioridade. A guerra civil no Pará deu lugar a incríveis atrocidades. Arthur Reis, citado por Sérgio Buarque de Holanda em História geral da civilização brasileira, relata que mesmo os suspeitos de rebeldia eram caçados como animais ferozes e sofriam suplícios bárbaros, que às vezes provocavam a morte.

A Guerra dos Farrapos (1835-1845) 

Causas econômicas, políticas e ideológicas levaram os gaúchos a pegar em armas para tentar separar-se do Império, naquela que ficou conhecida como Guerra dos Farrapos por causa dos precários trajes dos rebeldes. Pesados impostos oneravam os produtos gaúchos vendidos em outras províncias: charque, couro, muares (tropas de burros). Tais impostos diminuíam a capacidade de concorrência com mercadorias uruguaias, argentinas e paraguaias. Além disso, às vezes, os impostos eram cobrados no lugar de venda, ou seja, beneficiavam outras províncias. O cenário político na província estava dividido entre os farroupilhas, que queriam mudanças e autonomia, e os chimangos, favoráveis à situação. Na região havia também forte influência das ideias republicanas, já que os gaúchos eram vizinhos das jovens repúblicas do Prata: Uruguai, Argentina e Paraguai. A revolta começou quando um grupo liderado pelo farroupilha Bento Gonçalves exigiu a renúncia do presidente da província. A cidade de Porto Alegre foi ocupada e a Assembléia teve de nomear novo presidente. Em 1836, os revoltosos proclamaram a República Rio-Grandense, com sede em Piratini. Três anos depois, em 1839, conquistaram Laguna, em Santa Catarina, onde proclamaram a República Juliana (era mês de julho). Para a conquista de Santa Catarina, os gaúchos contaram com a decisiva colaboração do italiano Giuseppe Garibaldi, que se destacaria mais tarde na luta pela unificação da Itália. Por terra, sobre carretas, Garibaldi conduziu duas embarcações da lagoa dos Patos até Tramandaí, a 60 quilômetros de distância, atacando de surpresa as forças imperiais. Somente em 1845, já no reinado de dom Pedro II, a paz voltaria a reinar na região. O movimento foi sufocado por Luís Alves de Lima e Silva, futuro duque de Caxias, que já havia atuado em outros conflitos regionais. Lima e Silva foi nomeado presidente da província em 1842 e fez ofertas irrecusáveis aos farroupilhas: anistia para todos, incorporação dos oficiais revoltosos ao Exército imperial no mesmo posto, devolução de toda propriedade ocupada ou confiscada durante a guerra, libertação dos escravos que haviam lutado ao lado dos rebeldes. Com uma duração de dez anos, a Guerra dos Farrapos, ou Rebelião Farroupilha, foi a mais longa guerra civil da nossa história.

A Sabinada (1837-1838)

A Sabinada foi o momento culminante de vários movimentos rebeldes na Bahia contra a política imposta pelas regências. Um desses movimentos foi a revoltaa dos escravos malês em 1835. O principal líder da Sabinada foi o médico e jornalista Francisco Sabino Álvares da Rocha Vieira (daí o nome da revolta). A rebelião começou em novembro de 1837, com a sublevação das tropas e a fuga do governador. Os rebeldes formaram seu próprio governo e divulgaram um programa em que defendiam a proclamação da República Baiense, a separação da província até a maioridade de dom Pedro e a convocação de uma Assembléia Constituinte. Apesar desse programa moderado, a repressão das forças do governo central se abateu sobre os revoltosos com requintes de crueldade. Os soldados imperiais chegaram a incendiar as casas e a lançar prisioneiros vivos ao fogo. Houve cerca de 600 mortos entre os legalistas e pouco mais de 1.000 entre os rebeldes.

A Balaiada (1838-1841) 

No início do século XIX, quase a metade dos 200 mil maranhenses eram escravos. Grande parte do restante compunha-se de sertanejos miseráveis. Proprietários rurais e comerciantes controlavam o poder. A insatisfação social era antiga. Aumentou ainda mais quando os políticos conservadores tentaram aumentar os poderes dos prefeitos, causando protestos entre os liberais. A insatisfação popular transformou-se então em revolta e a revolta em movimento capaz de mobilizar os setores marginalizados da população. O movimento revoltoso passou a exigir a demissão dos portugueses incrustados no Exército e na administração. Recebeu o nome de Balaiada porque um de seus líderes se chamava Manuel Balaio. Vivia ele de fazer balaios, como milhares de artesãos que o seguiram. A rebelião começou em 1838, quando um grupo liderado pelo vaqueiro Raimundo Gomes, o Cara Preta, tomou de assalto uma cadeia. A esse ataque seguiram-se outras ações armadas promovidas por Manuel Balaio e seus homens. Algumas fazendas foram atacadas. Escravos aproveitaram-se da confusão para fugir e formar quilombos. Um deles chegou a reunir cerca de 3 mil escravos comandados pelo preto Cosme. Os rebeldes recebiam apoio político dos liberais, apelidados de bem-te-vis. Estes usavam o movimento popular para tentar a conquista do poder. Numa importante vitória, os balaios tomaram a vila de Caxias em 1839. No ano seguinte, o governo central nomeou presidente da província o coronel Luís Alves de Lima e Silva. A anistia decretada em agosto de 1840 provocou a rendição imediata de cerca de 2.500 balaios. Quem resistiu foi derrotado a seguir. Raimundo Gomes, o Cara Preta, entregou-se. Enviado preso para São Paulo, morreu no caminho. Cosme, chefe de um quilombo, não se entregou. Caçado sem trégua, foi preso e enforcado. Rebelião das camadas pobres, a Balaiada foi expressão da resistência popular contra as desigualdades e injustiças da sociedade escravista.

A Revolta dos Malês (Bahia, 1835) 

Com 65.500 habitantes no começo do século XIX, Salvador era a cidade mais populosa da Bahia. Segundo a historiadora Kátia Mattoso, cerca de 90 por cento de sua população livre, estimada em 38 mil pessoas, vivia no limiar da pobreza. Essa situação se agravou ainda mais nas décadas de 1820 e 1830, quando a região foi assolada por fortes secas.  Negros e pardos livres e escravizados representavam a maior parte dessa população (cerca de 72 por cento, segundo cálculos do historiador João José Reis). Vítimas constantes do preconceito racial e da opressão social, muitos deles se rebelaram em 1835 em Salvador. Foi a Revolta dos Malês, cujo objetivo declarado era destruir a dominação branca na região e construir uma Bahia só de africanos.  Do movimento fizeram parte principalmente os malês, nome dado aos escravos seguidores do islamismo. Eles pertenciam a diferentes etnias, como a dos haussás, jejês e nagôs; muitos sabiam ler e escrever. Também participaram do movimento nagôs seguidores do candomblé.  A revolta começou no dia 24 de janeiro. A idéia dos rebeldes era ocupar de surpresa o centro de Salvador. Segundo a historiadora Magali Gouveia Engel, cerca de seiscentos negros, armados principalmente de espadas, participavam do levante. Após intensos combates, os rebeldes foram derrotados pelas forças policiais, que utilizavam armas de fogo. Centenas de participantes da revolta morreram ou ficaram feridos. Após a rebelião, desencadeou-se violenta repressão contra os africanos e afro-brasileiros. Muitos foram condenados ao açoite, à prisão ou à deportação. Três escravos e um liberto foram condenados à morte e acabaram fuzilados, pois nenhum carrasco concordou em enforcá-los.

Uma economia deficitária 

Durante o Período Regencial, o comércio exterior brasileiro foi quase o tempo todo deficitário. O Brasil importava mais do que exportava e, por isso, estava sempre devendo a credores internacionais. Essa situação começou já no Primeiro Reinado e se prolongou até 1860. Para pagar as dívidas, o país contraía empréstimos externos, solução que ia transferindo o problema para o futuro. Novos pagamentos eram acrescidos a título de juros e amortizações da dívida externa. O resultado foi o contínuo aumento do desequilíbrio nas contas com o exterior, O Brasil enfrentava também escassez de dinheiro, por causa do esvaziamento dos cofres pela família real em sua volta a Portugal em 1821, da indenização paga a Lisboa pelo reconhecimento da independência e dos gastos com a Guerra da Cisplatina e com as revoltas internas. Por falta de recursos e máquinas, as indústrias não puderam desenvolver-se. Além disso, os produtos ingleses exerciam concorrência desigual. O caso da indústria têxtil é um exemplo típico. Os ingleses, favorecidos pelas baixas taxas alfandegárias, colocavam seus tecidos no mercado brasileiro em melhores condições que o produto nacional. Como se não bastasse, existiam obstáculos para a importação de máquinas por brasileiros. Em 1840, mais da metade dos gastos com importação de manufaturados referia-se ao pagamento de produtos relacionados a vestuário. Essas condições acabaram por sufocar todas as tentativas de industrialização no Brasil. O setor de mineração alcançou alguns progressos graças à ajuda de capitais ingleses.

Você quer saber mais?

ARRUDA, José Jobson de A; PILETTI, Nelson. Toda a História: História Geral e História do Brasil-9º edição. São Paulo: Ed. Ática, 1999.

AZEVEDO, Gislane Campos; SERIACOPI, Reinaldo. História: Volume Único. São Paulo: Ed. Ática, 2011. 

VAINFAS, Ronaldo; FERREIRA, Jorge; FARIA, Sheila de Castro; CALAINHO, Daniela Buono. História.doc. São Paulo: Ed.Saraiva, 2015.

JÚNIOR, Alfredo Boulos. Coleção História: Sociedade & Cidadania. São Paulo: FTD, 2004.

COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral-8º edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2005, pg.71.

COTRIM, Gilberto; RODRIGUES, Jaime. Historiar- 2º ediçaõ. São Paulo: Editora Saraiva,  2015, pg.206-209.

VICENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. História para Ensino Médio: História Geral e do Brasil. São Paulo: Editora Scipione, 2005.

REZZUTTI, Paulo. D.Pedro I:  A história não contada. O homem revelado por cartas e documentos inéditos. São Paulo: Leya, 2020.




segunda-feira, 26 de agosto de 2024

O mito da fundação de Roma

       Levanta-se a hipótese de que Roma teria sido formada em meio à aliança dos povos latinos e sabinos contra as invasões do povo etrusco. Em contrapartida, o historiador romano Tito Lívio, no livro História de Roma, e o poeta Virgílio compartilham de outra tentativa de explicação para o assunto.

     Para ambos, a origem de Roma esteve vinculada com a lendária destruição que os gregos promoveram à cidade de Troia, em 1400 a.C.. Nessa época, o herói Eneias – graças à proteção dos deuses Júpiter e Vênus – fugiu para a região da Península Itálica e ali fundou a cidade de Lavínio. Tempos depois, Ascânio, filho de Eneias, realizou a fundação do reino de Alba Longa.

       Em dado momento, a prosperidade alcançada pelo reino de Alba Longa despertou a cobiça do ambicioso Amúlio, irmão mais novo do rei Numitor. Para assumir o trono no lugar de seu irmão, Amúlio organizou um golpe que lhe garantiu a posse do trono de Alba Longa. Além de aprisionar Numitor, o novo rei de Alba Longa confinou a princesa Rea Sílvia e a condenou à castidade. Observando tal situação, o deus Marte desposou a princesa aprisionada, que ficou grávida dos gêmeos Rômulo e Remo.

        O nascimento de dois descendentes de Numitor poderia colocar em risco a hegemonia de Amúlio sob o reino de Alba Longa. Por isso, assim que as crianças nasceram, ordenou que ambas fossem lançadas nas correntezas do rio Tibre. O plano de morte dos recém-nascidos acabou não funcionando, pois ambos foram encontrados às margens do rio por uma loba que ofereceu seu próprio leite às pequenas crianças. Logo em seguida, um camponês de nome Fáustulo e sua mulher cuidaram de Rômulo e Remo.

        Quando os irmãos haviam atingido a idade adulta, o jovem Remo acabou sendo preso pelo rei Amúlio depois de entrar em atrito com pastores vizinhos à sua propriedade. Perturbado com a prisão de seu filho de criação, Fáustulo contou para Rômulo que ele e seu irmão eram os verdadeiros descendentes do trono de Alba Longa. Enfurecido pelo desvendamento da verdade, Rômulo foi até o palácio, libertou o seu irmão, matou o rei Amúlio e libertou o seu avô Numitor.

        Após devolverem a Coroa ao seu ascendente, os irmãos tiveram permissão para fundarem uma nova cidade às margens do rio Tibre. Após decidirem a região a ser ocupada, os gêmeos se dirigiram às proximidades do montes Aventino e Palatino. Remo tomou para si o monte Aventino depois de observar seis abutres sobrevoando o seu monte. Logo depois, Rômulo foi indicado como o abençoado dos deuses ao ter observado doze aves próximas ao monte Palatino.

        Depois que recebeu a distinta bênção das divindades, Rômulo cavou um sulco que separava seus domínios do seu irmão. Enciumado por aquela situação, Remo desconsiderou o marco criado pelo seu irmão e atravessou o território. Furioso com o comportamento desrespeitoso de Remo, Rômulo matou o irmão e enterrou o seu corpo nas terras do monte Aventino.

        Após a desavença, Rômulo se tornara o primeiro rei de Roma e tomou providências diversas para que a nova cidade fosse povoada. Após a chegada de alguns dos primeiros habitantes, Rômulo entrou em guerra contra Tito Tácio, rei do sabinos, que por fim aceitou a unificação dos territórios que definiram os primeiros limites da cidade de Roma."

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GIORDANI, Mário Curtis. História de Roma- Antiguidade Clássica II. Rio de Janeiro: Ed. Vozes, 1968.



domingo, 25 de agosto de 2024

Período Regencial (Brasil Império)

     Obrigado a intervir nos acontecimentos de Portugal, dom Pedro perdeu cada vez mais apoio na política interna do Brasil. Procurando recuperar a popularidade perdida, em 1829 reformou o ministério, acusado de favorecer o absolutismo. 

        O episódio, conhecido como Noite das Garrafadas, marcou o início de uma série de conflitos entre oposicionistas e partidários do imperador. No dia 6 de abril dom Pedro destituiu seu ministério composto apenas por brasileiros e o substituiu por outro, formado por defensores do absolutismo. Em resposta, a população do Rio de Janeiro, juntamente com tropas do Exército, concentrou-se no Campo de Santana e exigiu a volta do ministério deposto. Enfraquecido e sem apoio militar, o imperador abdicou do trono em favor do filho, o príncipe Pedro de Alcântara, de apenas 5 anos. Era o dia 7 de abril de 1831, Uma semana depois, o ex-imperador partiu rumo a Portugal. Deixava no Brasil dom Pedro de Alcântara sob a tutela de José Bonifácio.

        No Brasil, tal como previa a Constituição, ainda em abril de 1831 formou-se uma Regência Trina Provisória para governar o país. Pela primeira vez, a elite nacional assumia plenamente o controle da nação. Estava previsto na Constituição. Em caso de morte ou abdicação do imperador, e estando seu herdeiro impossibilitado de assumir o trono por razões de menoridade, o governo seria entregue a uma Junta de três regentes indicados pela Assembleia Geral (Câmara de Deputados e Senado), até que o jovem príncipe atingisse a maioridade, ao completar 18 anos.  Foram escolhidos José Joaquim Carneiro de Campos, ex-ministro de dom Pedro I, da corrente conservadora; o senador Nicolau Vergueiro, latifundiário de São Paulo e ligado aos liberais moderados; e um representante do Exército, o brigadeiro Francisco de Lima e Silva. A Regência Trina Provisória governou até 17 de junho de 1831, quando a Assembléia Geral elegeu a Regência Trina Permanente. 

        Para a nova regência foram escolhidos João Bráulio Muniz, representando as províncias do Norte, e José da Carvalho, pelas do Sul. Ambos eram ligados aos liberais moderados. Mantido no cargo, o brigadeiro Francisco de Lima e Silva continuava a ser o terceiro nome da Regência. O novo governo assumiu em meio a um clima de tensão em diversos pontos do país. O Ato Adicional de 1834 criou também a Regência Una, que deveria substituir a Regência Trina Permanente, determinando a eleição do regente por meio do voto popular para um mandato de quatro anos.

        Realizadas em abril de 1835, as eleições para regente contaram com a participação de cerca de 6 mil eleitores (pouco mais de 0,1 por cento da população, estimada em 5 milhões de pessoas). Venceu o ex-ministro da Justiça, padre Diogo Antônio Feijó. Feijó assumiu a Regência Una em outubro de 1835, em meio a uma crise de grandes proporções. Em algumas províncias, a situação era de guerra civil, como ocorria no Pará, com a rebelião conhecida como Cabana em (1835-1840), e no Rio Grande do Sul, com a Guerra dos Farrapos (1835-1845) sobre as rebeliões na Regência. Em setembro de 1837 Feijó renunciou à Regência. O cargo de regente foi, então, ocupado interinamente pelo ministro do Interior, Pedro de Araújo Lima. No pleito realizado meses depois, o próprio Araújo Lima, apoiado pelos regressistas, foi eleito regente.

       Em abril de 1840 formou-se o chamado Clube da Maioridade, cuja presidência foi entregue ao liberal Antônio Carlos de Andrada e Silva, irmão de José Bonifácio. A campanha foi para as ruas, com a distribuição de panfletos e a criação de quadrinhas defendendo a maioridade do jovem príncipe. O próprio dom Pedro apoiava a proposta. Depois de muitos debates, no dia 23 de julho de 1840, a Câmara e o Senado aprovaram o projeto liberal, concedendo a maioridade a dom Pedro de Alcântara, então com 14 anos de idade, e declarando-o imperador do Brasil como dom Pedro II. O episódio ficaria conhecido como Golpe da Maioridade. No dia seguinte, o soberano organizou seu ministério, composto de representantes do Partido Liberal. Era o início de um reinado que iria se estender pelos 49 anos seguintes.

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ARRUDA, José Jobson de A; PILETTI, Nelson. Toda a História: História Geral e História do Brasil-9º edição. São Paulo: Ed. Ática, 1999.

AZEVEDO, Gislane Campos; SERIACOPI, Reinaldo. História: Volume Único. São Paulo: Ed. Ática, 2011. 

VAINFAS, Ronaldo; FERREIRA, Jorge; FARIA, Sheila de Castro; CALAINHO, Daniela Buono. História.doc. São Paulo: Ed.Saraiva, 2015.

JÚNIOR, Alfredo Boulos. Coleção História: Sociedade & Cidadania. São Paulo: FTD, 2004.

COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral-8º edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2005, pg.71.

COTRIM, Gilberto; RODRIGUES, Jaime. Historiar- 2º ediçaõ. São Paulo: Editora Saraiva,  2015, pg.206-209.

VICENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. História para Ensino Médio: História Geral e do Brasil. São Paulo: Editora Scipione, 2005.

REZZUTTI, Paulo. D.Pedro I:  A história não contada. O homem revelado por cartas e documentos inéditos. São Paulo: Leya, 2020.





quarta-feira, 21 de agosto de 2024

A Guerra Fria

 A Segunda Guerra Mundial chegou ao final em 1945. Mas o ato final dessa guerra ocorreu com a explosão de duas bombas atômicas no Japão. O mundo, a partir daí, não seria mais o mesmo. Dos escombros da Segunda Guerra, surgiram dois poderosos países, com diferentes regimes políticos, em constantes conflitos e armados com artefatos nucleares de enorme capacidade destrutiva.

Ao final da guerra na Europa, ocorreu uma terceira reunião, a Conferência de Potsdam, na Alemanha. O primeiro-ministro inglês, Winston Churchill, e o novo presidente dos Estados Unidos, Harry Truman, não se mostravam dispostos a cumprir os acordos anteriores. Eles não queriam que os países do Leste europeu ficassem sob a influência soviética. 

Winston Churchill, em 1946, usou uma expressão que ficou muito conhecida: “Uma cortina de ferro abateu-se sobre o continente”. Nessa referência à Europa, ele criticava a dominação soviética sobre o Leste europeu e países aprisionados em uma “cortina de ferro”. Também era uma crítica ao comunismo. Mas o discurso mais duro contra a União Soviética e ao comunismo foi proferido pelo presidente dos Estados Unidos, Harry Truman, um ano depois. O discurso ficou conhecido como Doutrina Truman. Para ele, o mundo estava dividido em dois sistemas que abrangiam aspectos políticos, econômicos, sociais e ideológicos. Foi nesse contexto internacional que teve início a chamada Guerra Fria. Era uma guerra política e ideológica, mas sem o calor das armas. Cada lado se autoelogiava e criticava o outro. 

A Guerra Fria tem origem na ambição dos Estados Unidos e da União Soviética de manterem suas áreas de influência no mundo. Os Estados Unidos tinham como aliados os países da Europa Ocidental, como a Inglaterra, a França e a Itália, entre outros. Tinha também como aliados o Japão e os países da América Latina. A União Soviética, por sua vez, exercia domínio sobre os países da Europa Oriental. O mundo, a partir de 1947, conheceu uma ordem mundial bipolar, com dois poderosos países exercendo domínio econômico, político e ideológico em suas áreas de influência. Durante 40 anos, Estados Unidos e União Soviética viveram em antagonismo, e conflitos periódicos. Na época da Guerra Fria, o debate político e ideológico entre os defensores do capitalismo e do socialismo soviético foi intenso. Os partidários do sistema capitalista apoiavam a propriedade privada, a liberdade de iniciativa dos empresários, o livre mercado e as liberdades individuais. Na política, defendiam a democracia liberal, embora muitos países capitalistas vivessem sob ditaduras. Os que apoiavam o modelo de socialismo existente na União Soviética - também chamado de comunismo — afirmavam que o Estado investia fortemente em saúde, educação e habitação, além de garantir o igualitarismo social.

A Guerra Fria ficava cada vez mais acirrada. No entanto, os Estados Unidos tinham um trunfo: a bomba nuclear. A União Soviética ainda não dominava essa tecnologia; mas, em 1949, explodiu a sua primeira bomba nuclear. Em 1952, os militares estadunidenses explodiram um novo tipo de bomba nuclear: a de hidrogênio, cujo poder destrutivo era muito mais devastador. A explosão foi no atol de Bikini. Ela era mil vezes mais potente que a bomba lançada sobre Hiroshima. Mas, em 1958, os soviéticos explodiram a sua própria bomba de hidrogênio. 

Para evitar que crises como essa provocassem uma guerra, no ano seguinte foi instalada uma linha telefônica entre a Casa Branca, sede do governo dos Estados Unidos, e o Kremlin, centro do poder soviético, de modo a colocar em contato direto os lideres das duas superpotências em momentos de grande tensão internacional, Essa linha era conhecida como telefone vermelho. 

Em 1957,o mundo foi surpreendido com o lançamento do primeiro satélite artificial da Terra — o Sputnik, de fabricação Soviética. Era o começo da corrida espacial entre as duas superpotências. Os soviéticos saiam na frente. Uma semana depois, foi colocado em órbita o Sputnik 2, com a cadela Laika, primeiro ser vivo a ir para o espaço. O governo dos Estados Unidos reagiu em 1958, com a criação da Nasa, órgão responsável pelo programa espacial norte-americano e o lançamento do Explorer 1 no mesmo ano. 

A partir de 1960, o principal objetivo das viagens espaciais passou a ser o envio de seres humanos ao espaço. Novamente a União Soviética saiu na frente: em 1961, enviou Yuri Gagarin na cápsula espacial Vostok 1, que percorreu cerca de 40 mil quilômetros em volta da Terra numa única órbita. A viagem durou 1 hora e 48 minutos. Em 1962, os norte-americanos enviaram John Glenn ao espaço. Apesar da vantagem inicial soviética, foram astronautas norte-americanos os únicos seres humanos a chegar à Lua até agora. Em 20 de julho de 1969, o módulo lunar da nave Apollo 11 pousou no solo do satélite. Neil Armstrong, um de seus três tripulantes, tornou-se, então, o primeiro ser humano a pisar na superfície lunar.

Você quer saber mais?

ARRUDA, José Jobson de A; PILETTI, Nelson. Toda a História: História Geral e História do Brasil-9º edição. São Paulo: Ed. Ática, 1999.

AZEVEDO, Gislane Campos; SERIACOPI, Reinaldo. História: Volume Único. São Paulo: Ed. Ática, 2011. 

VAINFAS, Ronaldo; FERREIRA, Jorge; FARIA, Sheila de Castro; CALAINHO, Daniela Buono. História.doc. São Paulo: Ed.Saraiva, 2015.

JÚNIOR, Alfredo Boulos. Coleção História: Sociedade & Cidadania. São Paulo: FTD, 2004.

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