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sábado, 6 de julho de 2013

Sociopatas/Psicopatas. Eles estão entre nós? Parte V.


Um sociopata da infância a idade adulta, acompanhe a história de Skip. Imagem: Arquivo CHH.

*Skip é baseado em um personagem real, mas seu nome e imagens não relata o personagem verdadeiro.

“Skip concluíra que, no mundo dos negócios, poderia facilmente dominar o jogo e divertir-se usando seu talento inato e sua capacidade de encantar as pessoas e levá-las a fazer o que ele queria se tornou bem mais refinada.”

Chegamos à última postagem da sequência de 5. Nos três primeiros textos abordamos da sociopatia/psicopatia, suas características, se há ou não distinções entre elas, o modus operandi dos psicopatas e diversos meios de manipulação utilizados pelos mesmos para “caçar” suas vitimas. Desmistificamos a criação hollywoodiana do psicopata assassino para o psicopata assassino social, aonde mesmo que 90% dos psicopatas nunca matem ninguém, eles vivem a destruir sonhos e vidas das mais diversas formas imaginais. Em nossos estudos vimos que não existe uma profissão, religião, etnia, pois eles somam 4% da população total, mas mesmo diante de parecer ser um percentual pequeno perto dos 94% de humanos que são conscientes e possuem empatia pelos seus semelhantes, os psicopatas fazem um estrago imenso para toda a humanidade, principalmente se ocupam cargos de liderança. Como anunciado na postagem anterior estudaremos agora a história da vida de Skip, uma criança brilhante e bonita como repetiam seus pais e amigos deles e até seus professores, mas o que não sabiam é que Skip não era como o restantes das pessoas, Skip não possuía consciência, era desprovido de empatia e capaz de tudo para conseguir seus intentos e é o que veremos que fez tanto na infância como em sua vida adulta.

A família de Skip tinha um chalé ás margens de um lago nas colinas da Virgínia, onde Skip passou todos os verões de sua infância. Ele aguardava ansiosamente as férias na Virgínia. Não havia muito que fazer por lá, mas a atividade que inventara era tão “divertida” que compensava a falta de animação geral.  Mesmo sendo brilhante ninguém entendia o porquê das notas baixas ou por que, chegada essa fase, demonstrava tão pouco interesse pelas meninas. O que eles não sabiam é que desde os 11 anos Skip saia com meninas mais velhas, dispostas a ceder aos elogios e ao sorriso charmoso de Skip. Quanto as notas, Skip era mesmo bastante inteligente – poderia só tirar 10 -, mas para tirar 5 não era preciso fazer esforço algum, então se contentava com isso. De vez em quando, até conseguia um 7, o que o deixava surpreso, visto que nunca estudava. Os professores gostavam dele. Pareciam quase tão vulneráveis a seus sorrisos e elogios quanto às meninas, e todos estavam convencidos de que o jovem Skip faria o ensino médio num bom colégio – e depois entraria para uma faculdade decente, apesar de suas notas. Os pais tinham muito dinheiro, eram milionários, como diziam as outras crianças. Em várias ocasiões quando tinha cerca de 12 anos, Skip se sentou à escrivaninha que os pais haviam comprado para ele num antiquário para tentar calcular quanto dinheiro herdaria quando eles morressem. Baseava esses cálculos em alguns demonstrativos financeiros roubados do escritório do pai. Os papéis eram confusos e incompletos, mas, mesmo não conseguindo chegar a um valor exato, Skip não tinha dúvida de que um dia seria muito rico.

Ainda assim, ele tinha um problema. Passava a maior parte do tempo entediado. Nenhuma das coisas que o entretinham – nem mesmo sair com as garotas, enganar os professores ou pensar no seu dinheiro – o satisfazia por mais de meia hora. A fortuna da família era o entretenimento mais promissor, porém ainda não estava sob o seu controle – afinal, ele era uma criança. Não, a única coisa capaz de aliviar seu tédio era a diversão que o esperava na Virgínia. As férias eram época boa. No primeiro verão, aos 8 anos, ele simplesmente retalhou os sapos com uma tesoura, por falta de outro método. Descobrira que podia pegar uma rede na cabana de pescaria e capturar facilmente os sapos nas margens lamacentas do lago. Segurava os animais de barriga para cima, cortava-os e depois tornava a virá-los para observar aqueles olhos viscosos e burros se apagarem enquanto os animais sangravam até morrer. Em seguida atirava os corpos no lago, o mais longe possível, gritando para os sapos mortos: “Bem feito para você, seu sapo idiota!” Havia muitos sapos naquele lago. Skip podia passar horas a fio os matando e ainda assim sobravam centenas e mais centenas para o dia seguinte. No entanto, ao final daquele primeiro verão, o garoto decidiu que poderia fazer melhor. Estava cansado de retalhar os animais. Seria incrível mandá-los pelos ares, arrumar alguma coisa para explodi-los. Então bolou um plano realmente bom. Na cidade onde morava, conhecia alguns garotos mais velhos e sabia que um deles costumava viajar coma família para a Carolina do Sul todo mês de abril, nas férias de primavera. Skip ouvira dizer que lá se podiam conseguir fogos de artifício com facilidade. Mediante um pequeno suborno, Tim compraria alguns fogos para Skip e os traria escondidos no fundo da mala. Ele teria medo de fazer isso, mas, graças à lábia de Skip – e à quantia certa de dinheiro -, acabaria concordando. No verão seguinte, Skip não usaria uma tesoura, e sim rojões. Encontrar dinheiro em casa não foi problema e o plano funcionou perfeitamente. Naquele mês de abril, Skip conseguiu 200 dólares para um tipo de rojões que vira anunciado numa revista, e mais 100 dólares para subornar Tim. Quando finalmente pôs as mãos na caixa ficou encantado. A marca que ele tinha escolhido era a que trazia a maior quantidade de fogos em cada caixa e eles eram pequenos o bastante para caber perfeitamente – ou – quase- na boca do sapo.

Naquele verão, Skip enfiou os artefatos, um por um, na boca de cada sapo capturado, acendendo os pavios e jogando os animais para o alto, na direção do lago. Às vezes também deixava no chão o sapo prestes a ser detonado, saía correndo e, de longe, assistia a explosão. As imagens eram incríveis – sangue, muco, luzes e, às vezes, um barulho e estrelinhas coloridas. O resultado foi tão formidável que ele logo começou a desejar uma plateia para apreciar seu talento. Certa tarde, convenceu Claire, sua irmã de 6 anos, a acompanhá-lo até o lago, deixou que ela o ajudasse a capturar um sapo e depois, na frente da menina, explodiu o animal no ar. Claire soltou um grito histérico e correu de volta para casa o mais rápido que pôde.

No entanto, havia muito tempo que seus pais tinham percebido que Skip não era o tipo de criança fácil de se controlar e que, por isso, os confrontos precisavam ser cuidadosamente escolhidos. A questão dos fogos não era um problema que valesse a pena ser discutido. Nem mesmo depois que Claire foi correndo contar que Skip estava explodindo sapos. A mãe colocou o volume do aparelho de som da biblioteca no máximo e Claire tratou de esconder sua gata, Emily.

Skip é um sociopata. Não tem consciêncianenhum senso de obrigação baseado em ligações afetivas – e, como logo veremos, sua vida adulta fornece um exemplo esclarecedor de como uma pessoa inteligente mas sem consciência pode ser. Amoral e indiferente, estará ele destinado a ser marginalizado pela sociedade?  Será que vive ameaçando, rosnando e talvez até espumando, já que lhe falta uma característica humana tão fundamental? É fácil imaginar que Skip cresceu e se tornou um assassino. Quem sabe não matou os pais para ficar com a herança? Talvez ele tenha morrido ou esteja apodrecendo numa prisão de segurança máxima. Esses finais parecem prováveis, mas nada disso aconteceu de verdade. Skip continua vivo, nunca matou ninguém, pelo menos não diretamente e- até hoje – jamais viu o interior de uma cadeia. Pelo contrário, embora ainda não tenha recebido sua herança, é um homem bem-sucedido, mais rico que um rei. Se você o encontrasse num restaurante ou na rua, veria um sujeito igual a qualquer outro homem de meia-idade bem cuidado, vestindo um terno caro.

Como é possível? Ele se regenerou? Melhorou? Não. Na verdade, ficou ainda pior. Tornou-se o Super Skip. Com notas boas o bastante para ser aprovado, ainda que sem louvor, somadas ao charme pessoal e à influência da família, Skip foi aceito numa boa escola de ensino médio em Massachusetts, causando aos pais certo alívio, tanto pela admissão quanto por seu relativo distanciamento de suas vidas. Os professores ainda o achavam carismático, mas a mãe e a irmã já sabiam que ele era manipular e estranho. Claire, sua irmã, ás vezes comentava que “Skip tem uns olhos esquisitos”, e a mãe a olhava com uma expressão derrotada, indicando que não queria tocar naquele assunto. Mas praticamente todas as outras pessoas o viam apenas como um rostinho bonito.

Quando chegou o momento de ir para a universidade, Skip foi aceito na mesma instituição em que o pai (e antes dele seu avô) estudara, onde ganhou a reputação de “festeiro” e “conquistador”. Formou-se com as notas medianas de sempre e ingressou numa faculdade de menos prestigio para fazer um MBA, pois concluíra que, no mundo dos negócios, poderia facilmente dominar o jogo e divertir-se usando seu talento inato. As notas não melhoraram, mas sua capacidade de encantar as pessoas e levá-las a fazer o que ele queria se tornou bem mais refinada.

Aos 26 anos, foi trabalhar na Arika Corporation, uma empresa produtora de equipamentos para explosão, perfuração e carregamento usados na prospecção de minério. Sempre nos momentos certos, tinha um olhar azul intenso e um sorriso contagiante e, para os novos patrões, parecia ter um talento quase mágico para motivar a equipe de vendas e influenciar clientes.

Skip, por sua vez descobriu duas coisas:

Primeira: manipular adultos instruídos não era mais difícil do que tinha sido convencer seu amigo Tim a comprar fogos de artifício na Carolina do Sul;
Segunda: mentir, de uma forma cada vez mais sofisticada, era tão simples quanto respirar.


segunda-feira, 1 de julho de 2013

Sociopatas/Psicopatas. Eles estão entre nós? Parte IV.


Um psicopata dentro de casa. Imagem: Arquivo pessoal CHH.

Até aqui abordamos algumas características, personalidades e inclusive a origem da sociopatia/psicopatia e a distinção ou não por parte dos especialistas entre ambas. Agora trarei relatos de pessoas que conviveram com sociopatas/psicopatas no seu dia a dia e levaram os traumas desse encontro por toda sua vida.

Um psicopata dentro de casa

Hannah, uma moça jovem de 22 anos teve seu pai preso por matar um homem. Seu pai havia sido diretor de uma escola pública do bairro de classe média em que ela foi criada. Ele aparentava ser um homem extremamente agradável que naturalmente atraía as pessoas com suas palavras, adorado pelos alunos, professores e praticamente todo mundo na pequena comunidade. Hannah era filha única, e desde pequena seu pai lhe dizia que ela poderia ser o que quisesse mesmo sendo menina, ela poderia escolher a profissão que quisesse. Que as meninas podiam ser médicas. Hannah entendia essa frase que lhe era repetida pelo pai; Hannah você pode ser médica! Quando seu pai foi levado a julgamento pelo assassinato de um homem, toda a cidade compareceu ao julgamento. As pessoas ficaram lá sentadas chorando, sentido pena dele.   
 
O homicídio ocorreu numa noite de março quando Hannah que cursava o segundo ano do ciclo universitário básico, visitava os pais durante as férias de primavera. A altas horas da madrugada, ela acordou com um barulho muito alto do lado de fora. – Mais tarde descobrirá que tinha sido um tiro. Hannah se levantou sonolenta, para saber o que estava acontecendo e viu a mãe de pé junto à porta da frente, chorando angustiada. Assim que a mãe viu Hannah, agarrou, como se tirasse a filha da frente de um trem em disparada, e gritou para que ela não saísse de casa.

Depois de algum tempo seu pai entrou em casa, passando pela porta escancarada, e se aproximando da mulher e da filha que estavam abraçadas. Ele não estava com a arma na mão à jogara fora em algum lugar. Vestido apenas a calça do pijama, ele se postou diante da sua pequena família. Seu pai parecia bem. Meio ofegante, mas não dava a impressão de estar assustado.

Aos poucos Hannah descobriu o que acontecera. Mais cedo naquela noite horrível, a mãe, ouvira um barulho vindo da sala, como o de copos quebrando, e acordara o marido. O pai de Hannah levantou e pegou a caixa com a arma do armário do quarto, destrancou-a e carregou o revólver. Sua esposa lhe implorou que apenas chamasse a polícia. Ele nem sequer respondeu, limitando-se a rosnar uma ordem: “Fique aqui!” Ainda praticamente no escuro, ele se dirigiu a sala. Ao vê-lo, ou mais provavelmente, ao ouvi-lo, o assaltante fugiu pela porta da frente. O pai de Hannah saiu em seu encalço, atirou pela porta da frente atingindo-o na cabeça, matando o invasor na hora. O assaltante caiu na calçada entre o gramado e o meio-fio, o que, tecnicamente, significa que o pai de Hannah atirara em um desarmado no meio da rua. Nenhum dos vizinhos saiu de casa. A polícia atendeu prontamente a chamada.

Nas semanas que se passaram o episódio despertou o interesse da mídia local. O crime ocorrera num subúrbio tranquilo de classe média. O assassino era um homem comum sem histórico de violência. Não estava bêbado nem usava drogas. A vítima era um delinquente conhecido, viciado em drogas, que, pouco antes de ser morto, tinha invadido a casa quebrando uma janela. Houve um longo julgamento depois de uma apelação. No final, o pai de Hannah foi condenado a 10 anos de prisão por homicídio doloso. A notícia de que um diretor de escola havia sido condenado a 10 anos de prisão por matar um ladrão no gramado de casa causou grande comoção e polêmica.

Enquanto passava por tudo isso, embora pareça impossível, Hannah ainda frequentava a faculdade, tirava notas altas e se candidatava à especialização em medicina, coisa que o pai, apesar de todos os problemas, insistia que ela fizesse. Seu pai lhe dizia mesmo na cadeia que não iria permitir que a vida de Hannah fosse destruída por toda aquela “estupidez”, como chamava. Hannah conseguiu ser aceita em quase todas as faculdades de medicina a que se candidatou, apesar do problema pai na cadeia. Parecia que tudo aquilo como a própria Hannah afirmava, lhe ajudará a ser admitida. Ele (seu pai), “era uma causa a ser defendida”.

Mas havia algo mais que havia passado por Hannah. Por que seu pai atirou? Por que simplesmente não pôs o homem para correr? Será que talvez o pai de Hannah, o chefe de família, o diretor de escola de classe média fosse um assassino! Aos poucos foi se montando o retrato de um pai e indivíduo frio, cujas ações cruéis e controladoras. Esse homem via a bela esposa e a filha brilhante mais como troféus do que como seres humanos, em geral ignorando-as por completo quando adoeciam ou, por qualquer outro motivo passavam por um período difícil. Quando Hannah estava na quarta serie sua professora mandou-lhe um bilhete para casa dizendo que ela não estava fazendo os temas. Seu pai ficou duas semanas sem falar com a própria filha. Quando uma espinha apareceu no rosto de sua filha quando ela estava no ensino médio, ele ficou três dias sem falar com Hannah e nem olhava para ela. Ele via a filha apena como um objeto a ser exibido, se apresentasse defeito não servia mais. Quando Hannah era criança sua mãe ficou gravemente doente e passou três semanas internadas devido a uma pneumonia. Seu pai não foi visitar sua mãe no hospital nenhuma vez sequer durante toda a internação e, quando sua esposa voltou para casa, encontrou-o zangado e nervoso, preocupado porque a mulher, pálida e enfraquecida, “podia não recuperar a beleza”.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Sociopatas/Psicopatas. Eles estão entre nós? Parte III.


Sociopatas/Psicopatas. Imagem: Filme Psicopata Americano.
Hoje estaremos dando continuidade ao nosso estudo sobre a sociopatia/psicopatia e veremos que alguns especialistas chegam a identificar diferenças entre elas. Essa postagem é de vital importância para a compreensão do último texto sobre o assunto aonde falaremos sobre as pessoas que conviveram com psicopatas, mas agora nos ateremos aos fatos referentes a este texto, aonde veremos os resultados da psicopatia para o próprio psicopata e uma tênue diferença entre sociopata e psicopata. Espero que gostem do texto, pois esse trabalho é feito com o objetivo de informar e gerar discussões sobre os mais variáveis aspectos da existência humana em sua relação direta ou indireta com a História Geral.
A psicopatia e sociopatia são ambos os transtornos de personalidade antissocial. Embora esses dois distúrbios são o resultado de uma interação entre predisposição genética e fatores ambientais, a psicopatia se inclina para o hereditária enquanto sociopatia tende para o meio ambiente.
Os psicopatas nascem com diferenças de temperamento como impulsividade, hipoativação cortical, e destemor que os levam a risco buscando comportamento e uma incapacidade de internalizar as normas sociais. Por outro lado, os sociopatas têm temperamentos relativamente normais; seu transtorno de personalidade tende a ser mais um efeito de fatores sociológicos negativos como a negligência dos pais, pares delinquentes, pobreza extrema, e elevada ou baixa inteligência.

“O Transtorno de Personalidade Antissocial resulta às vezes em atos de extremamente violência. Apesar dos psiquiatras muitas vezes considerarem e tratarem os sociopatas e psicopatas como sendo distúrbios idênticos, os criminologistas os registram como distintos por causa da diferença em seu comportamento exterior em relação a violência, pois os psicopatas possuem tendências destrutivas muito superiores aos sociopatas que tendem há surtos de violência menos devastadores para a sociedade.”
Quando fazemos uma pequena revisão na história da humanidade vemos que ela é capaz de nos revelar duas questões importantes no que tange à origem da psicopatia. A primeira delas se refere ao fato de a psicopatia sempre ter existido entre nós. Um exemplo dessa situação é destacado pelo psiquiatra americano Hervey Cleckley ao citar que o general grego Alcebíades, no século V a.C., já preenchia todos os requisitos para ser considerado um psicopata “de carteirinha.”
A segunda questão aponta para a presença da psicopatia em todos os tipos de sociedades, desde as mais primitivas até as mais modernas. Esses fatos reforçam a participação de um importante substrato biológico na origem desse transtorno. No entanto, eles não invadiam, de forma alguma, a participação significativa que os fatores culturais podem ter na modulação desse quadro, ora favorecendo, ora inibindo o seu desenvolvimento.
Isso fica claro quando observamos a prevalência de psicopatas em culturas diversas. Nas sociedades ocidentais, a conduta psicopática tem-se incrementado de maneira assustadora nas últimas cinco décadas. Cotidianamente nos deparamos com jornais e revistas que estampam homicidas cruéis assassinos em série, políticos corruptos, terroristas, pedófilos, pessoas que maltratam crianças, torturadores de mulheres, líderes religiosos inescrupulosos, estelionatários e profissionais desleais.
Devido à ação dos psicopatas as pessoas vêm adotando formas “psicopáticas” de convívio. Se isso ocorre é porque nossa sociedade está fundamentada em valores e práticas que, no mínimo, favorecem a maneira psicopática de ser e viver. De certa forma, estamos contribuindo para promover uma cultura na qual a psicopatia encontra um campo bastante favorável para florescer. Sem sombra de dúvida, o cenário social dos nossos tempos favorece o estilo de vida do psicopata. Ele reflete de forma precisa esse “novo homem”, voltado somente para si mesmo, preocupado apenas com o que é seu e desvinculado da realidade vital dos que estão ao seu redor.
A expansão da cultura moderna, repleta de traços psicopáticos, modificou de forma drástica as nossas relações familiares e sociais. Estamos perdendo o senso de responsabilidade compartilhada no campo social e o de vinculação significativa nas relações interpessoais.
Hoje, ficamos fascinados e atraídos pelos vilões e é para eles que dirigimos nossa torcida. Estamos abandonando os mocinhos e seus ideais morais de justiça e solidariedade. Os heróis do passado estão se tornando os otários dos tempos modernos. Se não tomarmos muito cuidado, acabaremos adotando a conduta psicopática como um estilo de vida eficiente para se alcançar a autossatisfação ou então como um comportamento adaptativo de sobrevivência. Precisamos rever a nossa tolerância em relação às pequenas transgressões do dia a dia, como jogar papel no chão, buzinar em frente ao hospital, cuspir nas calçadas, estacionar em locais proibidos.
Somente uma educação pautada em sólidos valores altruístas poderá fazer surgir uma nova ética social que seja capaz de conciliar direitos individuais com responsabilidades interpessoais e coletivas. A aprendizagem altruísta é a única maneira de combatermos a cultura psicopática pautada na insensibilidade interpessoal e na ausência da solidariedade coletiva.
Nossa espécie produziu tanto Napoleão como Madre Teresa. Trata-se da nossa profunda ligação com outros seres humanos. O vínculo emocional faz parte da maioria de nós, reside na mais ínfima molécula que moldou nossos corpos e cérebros, e de vez em quando somos abruptamente lembrados disso. Brotando em nossos genes e se disseminando para todas as culturas, crenças e religiões, é à sombra do sussurro de uma compreensão de que somos todos um só. E, quaisquer que sejam suas origens, essa é a essência da consciência.

domingo, 23 de junho de 2013

Psicopatas/Sociopatas. Eles estão entre nós? PARTE II.



Dando seguimento ao nosso estudo sobre a ausência de consciência entre pessoas na espécie humana, estes denominados pela psicologia como sociopatas/psicopatas. Nesta parte estaremos nos aprofundando na tentativa de compreendermos as motivações e o modus operandi dos indivíduos aonde não está presente o sentido humano de ser e estar com seu semelhante.

Algumas pessoas nunca experimentaram ou jamais experimentarão a inquietude mental, ou o menor sentimento de culpa ou remorso por desapontar, magoar, enganar ou até mesmo tirar a vida de alguém. Indivíduos verdadeiramente maléficos e ardilosos utilizam “disfarces” tão perfeitos que acreditamos piamente que são seres humanos como nós. Eles são verdadeiros atores da vida real, a ponto de não percebermos a diferença entre aqueles que têm consciência e aqueles que são desprovidos desse nobre atributo.

Devido à falta de consenso definitivo, a denominação dessa disfunção comportamental tem despertado acalorados debates entre muitos autores, clínicos e pesquisadores ao longo do tempo. Alguns utilizam a palavra sociopata por pensarem que fatores sociais desfavoráveis sejam capazes de causar o problema. Outras correntes acreditam que os fatores genéticos, biológicos e psicológicos estejam envolvidos na origem do transtorno adotam o termo psicopata.

Seja lá como for, uma coisa é certa: todas essas terminologias definem um perfil transgressor. O que pode suscitar uma pequena diferenciação entre elas é a intensidade com a qual os sintomas se manifestam.

É importante ressaltar que o termo psicopata pode dar a falsa impressão de que se trata de indivíduos loucos ou doentes mentais. No entanto, em termos médicos-psiquiátricos, a psicopatia não se encaixa na visão tradicional das doenças mentais. Esses indivíduos não são considerados loucos, nem apresentam qualquer tipo de desorientação. Também não sofrem de delírios ou alucinações (como a esquizofrenia) e tampouco apresentam intenso sofrimento mental (como a depressão ou pânico, por exemplo).

“Ao contrário disso, seus atos criminosos não provêm de mentes adoecidas, mas sim de um raciocínio frio e calculista combinado com uma total incapacidade de tratar as outras pessoas como seres humanos pensantes e com sentimentos.” 

Os psicopatas em geral são indivíduos frios, calculistas, inescrupulosos, dissimulados, mentirosos, sedutores e que visam apenas o próprio beneficio. Eles são incapazes de estabelecer vínculos afetivos ou de se colocar no lugar do outro. São desprovidos de culpa ou remorso e, muitas vezes, revelam-se agressivos e violentos.

Os psicopatas são indivíduos que podem ser encontrados em qualquer raça, cultura, sociedade, credo, sexualidade ou nível financeiro. Estão infiltrados em todos os meios sociais e profissionais, camuflados de executivos bem-sucedidos, líderes religiosos, trabalhadores, “pais e mães de família”, políticos etc. O jogo deles se baseia no poder e na autopromoção à custa dos outros, e eles são capazes de atropelar tudo e todos com total egocentrismo e indiferença. O fenômeno da psicopatia é um enigma sombrio com drásticas implicações para todas as pessoas “de bem”, que lutam diariamente para a construção de uma sociedade mais justa e humana.

Segundo o psicólogo canadense Robert Hare, uma das maiores autoridades sobre o assunto, os psicopatas têm total ciência dos seus atos (a parte cognitiva ou racional é perfeita), ou seja, sabem perfeitamente que estão infringindo regras sociais e por que estão agindo dessa maneira. A deficiência deles (e é aí que mora o perigo) está no campo dos afetos, maltratar ou até matar alguém que atravesse o seu caminho ou os seus interesses, mesmo que esse alguém faça parte de seu convívio íntimo. Esses comportamentos desprezíveis são resultados de uma escolha, diga-se de passagem, exercida de forma livre e sem qualquer culpa.

Utilizam sem qualquer consciência, habilidades maquiavélicas contra suas vítimas, que para eles funcionam apenas como troféus de competência e inteligência.

“Passe a ler os jornais sobre esse novo prisma (a falta de consciência) e você perceberá rapidamente que a extensão desse problema é amedrontadora.”



Essa diferença entre o funcionamento emocional normal e a psicopatia é tão chocante que, quase instintivamente, recusamo-nos a acreditar que de fato possam existir pessoas com tal vazio de emoções. Infelizmente, essa nossa dificuldade em acreditar na magnitude dessa diferença (ter ou não ter consciência) nos coloca permanentemente em perigo.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Psicopatas/Sociopatas. Eles estão entre nós? Parte I.

Sociopatas/Psicopatas, eles parecem pessoas normais, mas não tem a menor empatia por seu semelhante são capazes de fazer qualquer coisa para atingirem seus objetivos e destruírem outras pessoas. Imagem: Divulgação TXT.

“Dedico essa sequencia de postagem a todas as pessoas de bem que lutam e acreditam em um mundo mais justo e menos violento.”

A gente resiste muito a acreditar na existência do MAL enquanto prática humana! Mas ele está ai, vizinho, rondando cada um de nós, e a gente nem se dá conta! O que assusta nessas pessoas é que  elas parecem tão comuns, tão gente igual à gente. E no entanto, a incapacidade de ter empatia pelo outro revela claramente que elas não são como a gente: psicopata não tem semelhante. Ele nem sabe o que é isso. Essa sequencia de postagens que começo hoje nos fará descobrir que estamos sempre correndo o risco de ser a próxima vítima. Mas, ao mesmo tempo, nos dá as únicas armas possíveis para nos defendermos deles: a possibilidade de reconhecê-los para sair de perto! Tenho por interesse tirar o psicopata que você imagina, aquele assassino sanguinário que você vê nos filmes hollywoodianos, onde o senso comum o confina, para mostrar que a maioria deles não chega ao assassinato, ainda que todos vivam a matar: sonhos, esperanças, a confiança que os outros depositam neles. A boa notícia é que eles são uma proporção muito pequena da população, de modo que podemos continuar apostando na humanidade!

Esses “predadores sociais” com aparência humana estão por ai, misturados conosco, incógnitos, infiltrados em todos os setores sociais. Por esse motivo, é natural que você esteja agora se perguntando, de forma íntima e angustiada, se as pessoas com as quais convive ou que fazem parte do seu mundo são dotados de consciência ou não. 

Por isso nesse exato momento proponho um passeio mental. Pare e pense:

Nos seus vizinhos;

Nos professores de seu filho;

Nos jovens nas escolas onde estuda;

Nos trabalhadores da sua rua;

Nos amigos dos seus amigos;

Nos líderes religiosos;

Nos políticos de sua nação;

Será que todos, sem exceção, são dotados de consciência? Entre homens e mulheres 4% da população apresentam esse lado sombrio da mente. Destituídos de compaixão, culpa ou remorso!

Se puder, tente imaginar como seria não ter consciência, culpa nem remorso independente do que fizesse, não se sentir de forma alguma tolhido pela preocupação com o bem-estar de estranhos, amigos ou mesmo parentes. Imagine ser capaz de desconhecer a noção de responsabilidade, salvo como um fardo que os outros aparentemente carregam sem questionar. 

Acrescente a capacidade de esconder das pessoas o fato de que a estrutura psicológica delas é radicalmente diferente da sua. Como todos erroneamente pressupõem que a consciência é um atributo universal dos seres humanos, esconder que você não a possui exige pouquíssimo esforço. O sangue-frio que corre em suas veias é tão bizarro, tão completamente alheio à experiência dos outros, que eles nem sequer suspeitam de seu transtorno. E ainda mais é provável que sua estranha vantagem sobre a maioria das pessoas, mantidas na linha pela consciência, jamais seja descoberta.

Imagine ser capaz de não se perturbar por aquela incômoda voz interior que impede outras pessoas de fazer qualquer coisa para alcançar o sucesso. Se necessário, não hesitará em manipular aqueles que confiam em você, tentar acabar com colegas poderosos ou influentes e passar como um trator por cima de grupos de pessoas mais fracas. Não importa qual for a sua ocupação, você manipula e intimida seus subordinados da maneira mais frequente e ultrajante possível sem que corra o risco de ser demitido ou responsabilizado. Deixar os outros tremendo significa ser poderoso.

A ausência de culpa foi, na verdade, o primeiro distúrbio de personalidade reconhecido pela psiquiatria e os termos usados para defini-lo ao longo do tempo. Segundo, o atual Manual diagnóstico e estatístico de distúrbios mentais DSM-IV-TR, da Associação Americana de Psiquiatria, o diagnóstico clínico do “Transtorno da Personalidade Antissocial” deve ser cogitado quando um indivíduo apresentar, no mínimo, três das sete características a seguir:

1- Incapacidade de adequação às normas sociais;

2- Falta de sinceridade e tendência à manipulação;

3- Impulsividade, incapacidade de planejamento prévio;

4- Irritabilidade, agressividade;

5- Permanente negligência com a própria segurança e a dos outros;

6- Irresponsabilidade persistente;

7- Ausência de remorso após magoar, maltratar ou roubar outra pessoa.

       A combinação de três desses “sintomas” é suficiente para levar muitos psiquiatras a considerarem o individuo ausente de consciência ou sociopata (psicopatia).

Seria difícil de refutar a observação de que indivíduos totalmente livres do estorvo de uma consciência às vezes obtêm dinheiro e poder, pelo menos por algum tempo. Um número excessivo de capítulos no livro da história da humanidade, de suas primeiras linhas aos acréscimos mais contemporâneos, está organizado em torno dos grandes sucessos de invasores militares, conquistadores, magnatas sem escrúpulos e construtores de impérios. Esses indivíduos já morreram há muito tempo ou são demasiadamente privilegiados para serem avaliados de maneira que agradaria a um psicólogo clínico. No entanto, com base em determinados comportamentos bastante conhecidos e largamente documentos, concluímos, que um bom número deles não possuí qualquer senso de obrigação baseado em vínculos emocionais com os outros. Ou seja, alguns deles eram, e são sociopatas (psicopatas).

E, como não entendemos esses indivíduos, com sua psicologia nos é estranha, quase nunca os reconhecemos e os detemos até que tenham prejudicado a humanidade de formas inimagináveis. Imagem: Divulgação TXT.

Para piorar a situação, conquistadores cruéis e grandes imperadores em geral são admirados por seus contemporâneos e durante a vida costumam ser vistos como modelos para toda a raça humana. Sem dúvida, inúmeros meninos mongóis do século XIII foram ninados à noite com as histórias do destemido Gêngis Khan, e hoje nos perguntamos qual dos heróis modernos que elogiamos para nossos filhos acabará lembrado pela história como um interesseiro inescrupuloso. Gêngis Khan foi excepcional entre os tiranos sociopatas. Desde que começaram a documentar guerras atividades e projetos de genocídio, os historiadores têm observado com frequência que um determinado tipo de vilão catastrófico e amoral parece renascer constantemente na raça humana. Nem bem nos livramos de um, outro surge em algum lugar do planeta. Do ponto de vista genético populacional, é provável que exista alguma verdade nessa lenda. E, como não entendemos esses indivíduos, com sua psicologia nos é estranha, quase nunca os reconhecemos e os detemos até que tenham prejudicado a humanidade de formas inimagináveis.

Teólogos e cientistas também concordam que há dois erros humanos que costumam contrariar a nossa natureza em geral benevolente.

terça-feira, 18 de junho de 2013

Vikings, muito antes de Colombo!


Além de aterrorizar a Europa, os vikings descobriram o caminho para a América e criaram as primeiras colônias em nosso continente. Conheça a saga desses guerreiros do mar. A colônia de Anse-aux-Meadows, descoberta em 1960 na costa leste do Canadá, abrigava três casas, além de oficinas, forjas e fornos. Imagem: Arquivo Pessoal CHH.

Numa época em que a América do Norte ainda era dominada pelos povos indígenas, alguns colonos europeus caminhavam pelas matas quando avistaram um grupo grande de nativos. Rapidamente, alteraram seu trajeto para evitar o confronto. Mas uma jovem gestante, de nome Freydis, foi contra. Fugir era indigno. O certo era atacar os índios. Freydis foi ignorada pelos homens do grupo, mas isso não diminuiu seu furor. Ela deixou à mostra um seio para ressaltar seu sexo, pegou uma espada e partiu para a briga. Os índios, que nunca haviam visto - quanto mais combatido - uma mulher branca, grávida, armada, perigosa e seminua, ficaram perplexos e mudaram de rumo.
A história acima faz parte das "Sagas", registros de feitos heróicos dos vikings escritos na Islândia entre os séculos 12 e 14. Até o século 20, os historiadores pensavam que os relatos das escaramuças com os "skræling" (como os índios são chamados no texto) fossem fictícios. Compreensível, já que os autores estavam mais preocupados em criar lendas do que em registrar fatos. Eis que, em 1960, o dinamarquês Helge Instad encontra na Terra Nova, no Canadá, os restos de um assentamento viking do ano 1000. Ficou provado que, quase 500 anos antes de Colombo, outra cultura européia havia alcançado a América. Os contatos entre índios e vikings são o tema de "Desbravadores", que estreou nos cinemas em outubro. Embora ficcional, o filme deixa no ar questões importantes. Por que os vikings foram os primeiros europeus a chegar à América? Por que não permaneceram? E o que essa aventura representa para nós?
Essa colônia montada pelos vikings na América do Norte marcou o ponto mais extremo de uma viagem que começou no século 2, quando tribos germânicas ocuparam as regiões menos frias da Dinamarca, da Suécia e da Noruega. Nos 600 anos seguintes, esses povos permaneceram relativamente isolados do resto da Europa, desenvolvendo características que, entre os séculos 8 e 10, levaram ao movimento de expansão conhecido como Era Viking.

Os vikings viviam em pequenos reinos, e a sociedade se dividia em três classes principais: abaixo de todos, escravos e servos; acima deles, os homens livres, dedicados à agricultura e à pecuária; no topo da pirâmide, aristocratas com funções administrativas, militares e religiosas - os escandinavos foram pagãos até o século 11. O comércio era muito importante para esses "fiordes-estado": navios escandinavos iam até portos da Irlanda e da Europa Ocidental para trocar peles e marfim por ouro, cobre e estanho.
Não há um consenso do porquê (explosão populacional, embargo comercial, superioridade tecnológica, honra), mas o intercâmbio pacífico ficou para trás em 793, quando os "homens do norte" desandaram a atacar mosteiros no litoral britânico, alvos fáceis e lucrativos. Os guerreiros chegavam pelo mar e não mostravam nenhuma piedade cristã com os monges, matando quem se metesse no caminho, saqueando as capelas em busca de riquezas e vendendo os sobreviventes como escravos.

Expansão Viking na Europa. Imagem: Arquivo Pessoal CHH.
Após os primeiros sucessos, os ataques cresceram em quantidade e tamanho. "As primeiras expedições contra mosteiros indefesos podiam ser feitas com 20 guerreiros. Já as grandes, contra cidades como Paris, podiam reunir 200 navios", diz o historiador Johnni Langer, principal estudioso do tema no Brasil. Essas expedições de saque eram chamadas "viks", que deu origem ao termo "viking".
"O excesso de saques numa mesma região forçava a busca de alvos cada vez mais distantes", diz Langer. Cada povo seguiu sua rota (ver "Mapa dos tesouros", à direita). Os da Dinamarca e da Noruega se voltaram para o Ocidente, conquistando parte da Inglaterra e da Irlanda e saqueando sucessivamente França, Península Ibérica, norte da África, Itália e Grécia. Enquanto isso, os suecos foram para oeste: detonaram os países bálticos, desceram a bacia do rio Dnieper pelo Leste Europeu até o Mar Negro e atingiram as rotas comerciais árabes. Os guerreiros vikings causaram forte impressão entre as tribos eslavas do Leste Europeu. O suficiente para que elas, que os chamavam de "rus", fizessem deles seus chefes. Dessa mistura eslavo-normanda nasceria a Rússia.
 A América dos Vikings

Por um desses acasos da história, as duas correntes de pilhagem migratória, a do Oeste e a do Leste, acabaram se reencontrando no século 9, nas vizinhanças do Império Bizantino. Para desespero de Bizâncio, que passou a ser vítima de saques constantes e quase foi conquistada. 
O segundo momento da expansão viking é marcado pelo estabelecimento de colônias. A partir de 860, noruegueses começaram a se estabelecer na Islândia, então uma ilha deserta. Nessa época, o líder Harald Cabelos Finos estava em franca campanha militar para tornar-se o único monarca norueguês. Descontente com essa unificação forçada, boa parte da população decidiu lançar-se ao mar. Em 930, a Islândia já contava com 30 mil habitantes. Isso levou, naturalmente, a um esgotamento das terras disponíveis para agricultura.