O Integralismo não é um partido político, nem de modo algum deve ser confundido com qualquer partido político. Os partidos políticos representam interesses parciais de um grupo de eleitores organizados à sombra de um programa destinado à duração dos mandatos daqueles que elege. O Integralismo põe o interesse da NAÇÃO acima de todos os interesses parciais ou partidários e se guia por uma doutrina, não por um programa.
O Programa é um projeto ou resolução daquilo que se pretende fazer em um tempo determinado. Doutrina é um conjunto de princípios filosóficos,morais e científicos na qual se baseia um sistema político por tempo indeterminado. A diferença é essencial. Uma doutrina dá origem a um incalculável número de programas. Um programa não produz nenhuma doutrina.
* Se não é partido, então o que é o Integralismo? – Perguntarão todos quantos se viciaram em compreender a política como simples jogo e manejo de partidos. O Integralismo é uma Ação Social, um Movimento de Renovação Nacional em todos os pontos e em todos os sentidos. Prega uma doutrina de renovação política, econômica, financeira, cultural e moral. Prega essa doutrina, completa-a e a amplifica constantemente com seus estudos, e prepara os homens capazes de executar as medidas dela decorrentes. Abrange, nos seus postulados, indagações e finalidades, todas as atividades nacionais. Bate-se, não por um programa partidário regional ou local, - autonomista, evolucionista, constitucionalista, partido republicano mineiro, partido republicano paulista, partido democrático, etc.; mas pela construção do Mundo e do Homem até ás dos fatores econômicos (1). Isto é uma Política, da qual decorre uma administração. Os partidos somente são capazes de chegar até um programa de administração. O Integralismo constrói uma Doutrina Política, em conseqüência da qual poderá formular inúmeros programas de administração.
Por isso, o Integralismo não compreende e não quer o Brasil partido, dividido: de um lado o povo, alistado em dezenas e mesmo centenas de partidos, votando em milhares de legendas que subpartem os partidos, sempre contrário ao governo, como se este fosse seu pior inimigo; de um lado, o povo iludido pelo politiqueiros, contrapondo-se ao Estado que o esfola com os impostos; do outro, esse Estado manobrado pelo partido que dele se apoderou por meio do voto, oscilando ao sabor das forças paralelas a ele – corrilhos eleitorais ou financeiros, etc., tornado meio de satisfazer apetites, quando deve ser um fim para satisfazer o bem público; mas compreende e quer o Brasil - Unido, isto é, o Brasil - Integral, com o Estado e a Nação confundidos num todo indissolúvel.
O Estado não deve ser somente o governo, a administração de um país. A Nação não deve ser somente a comunidade dos indivíduos unidos pela origem, pela raça, pela língua ou pela religião sob o mesmo regime político. A Nação e o Estado devem integrar-se num corpo só, na mesma associação de interesses e de sentimentos, confundindo-se na mesma identidade e para os mesmo fins. Na Doutrina Integralista, a Pátria Brasileira deve ser uma síntese do Estado e da Nação, organizada sobre a base corporativa (2). A sociedade humana não vale somente pelo que apresenta aos nossos olhos, vale muito mais ainda pelo que nela existe e não conseguimos ver, isto é, as forças ocultas do seu Passado e do seu Espírito. Os homens prende-se ao Passado através de seus ascendentes, cujos características essenciais herdam, cujas conquistas morais, intelectuais, técnicas e materiais lhes são transmitidas como um
verdadeiro patrimônio. Essa herança é a civilização e nela as gerações que se
sucedem são solidárias.
Compostas de homens, as Nações ligam-se ao passado pelas suas tradições de toda a espécie. Enraizada nelas é que a Pátria Brasileira deve florescer no Presente para frutificar no Futuro. O regime corporativo une os sindicatos de trabalhadores, de técnicos e de patrões, coordena seus esforços e transforma-os de organismos políticos, sociais, econômicos, morais, educativos, de equilíbrio e de cooperação.
Afim de realizar o que pretende, o Integralismo não apela, como os extremistas, para a brusca subversão da ordem social e conseqüente inversão de todos os seus valores, para os atos de banditismo, vandalismo ou terrorismo, para bombas de dinamite e atentados pessoais, para sabotagens e greves que ainda mais precária tornam a situação do pobre operário; mas para o valor do próprio homem, sua dignidade de ser pensante, suas virtudes patrióticas, suas reservas morais, sua tradição religiosa e familiar, seu amor pelo Brasil, sua crença em Deus! Querendo a grandeza da Pátria Brasileira, o Integralismo por ela se bate em todos os sentidos. Essa grandeza somente pode alicerçar-se na alma das massas trabalhadoras de todo o país, libertas ao mesmo tempo da exploração econômica do capitalismo sem pátria e da exploração política dos caçadores de votos ou dos extremistas fingidos, que falam em nome de operários e camponeses sem serem nem operários, nem camponeses.
Pelo Integralismo, a grandeza da Pátria Brasileira se fará pela renúncia dos interesses pessoais em favor dos interesses nacionais, a pureza dos costumes públicos e privados, a simplicidade da vida, a modéstia do proceder, a integralidade da família, o respeito a tradição, a garantia do trabalho, o direito de propriedade com seus deveres correlatos, o governo com autoridade moral e mental, a unidade intangível da Nação e as supremas aspirações do espírito humano.
Integralismo quer dizer soma, reunião, integralização de esforços, de sentimentos, de pensamentos, ao mesmo tempo de interesses e de ideais. Não pode ser um simples partido. É coisa muito mais elevada. É um movimento, uma ação, uma atitude, um despertar de consciência, um sentido novo da vida, a marcha de um povo que desperta.
Batendo-se pela felicidade do Brasil dentro das linhas de seus grandes destinos, condicionadas pelas suas realidades de toda a origem, o Integralismo quer que o pensamento dos brasileiros não se divida e enfraqueça na confusão de doutrinas ou programas; quer que se una e some ao influxo de uma mesma doutrina político-social.
Porque essa base doutrinária é imprescindível para a construção do ESTADO INTEGRAL BRASILEIRO, ESTADO HERÓICO pela sua capacidade de reação e de sacrifício, ESTADO FORTE pela sua coesão, sem fermentos desagregadores dentro de si, no qual, como fator indispensável de independência, se tenha processado a emancipação econômica e, como condição principal da unidade da Nação, tenham desaparecido as fronteiras interestaduais(3).
Para a realização de tão grande obra política, econômica e social, o Integralismo tem de combater sem tréguas e sem piedade toda a repelente imoralidade do atual regime de fraudes, engano, corrupção e promessas vãs, bem como todo o materialismo dissolvente da barbárie comunista que alguns loucos apontam como salvação para nosso país. O atual regime pseudo-liberal e pseudo-democrático é um espelho da decadência a que chegou o liberalismo, que procurou dividir a nação com regionalismos e separatismos estreitos, implantando ódios entre irmãos, atirados às trincheiras da guerra civil (4); com partidos políticos transitórios que sobrepõem as ambições pessoais aos mais altos interesses da Pátria e pescam votos, favorecendo os eleitores com um imediatismo inconsciente, em que tudo concedem ou vendem, contanto que atinjam as posições.
Esse regime fraco e vergonhoso escravizou o nosso Brasil, o pouco capital dos brasileiros e o trabalho das nossas populações abandonadas ao banqueiro judeu internacional (O próprio Dr. Miguel Reale, em artigo publicado no Jornal Estado de S. Paulo, 28 de agosto de 2004, esclareceu que a posição Integralista se referia apenas aos aspectos econômicos do controle judaico nas instituições financeiras internacionais, mas nunca à questão racial)(5) por um criminoso sistema de pesados, aladroados e sucessivos empréstimos externos, cuja funesta e primeira conseqüência é o esfolamento pelos impostos. O comunismo que agitadores estrangeiros, aliados a brasileiros vendidos ou inconscientes, inimigos da Pátria, nos prometem, quer a destruição das pátrias, da propriedade e da família, a proletarização das massas e a materialização do homem em todos os sentidos. Tirando ao indivíduo suas crenças e tradições, sua vida espiritual e sua esperança em Deus, sua família – que é sua projeção no Tempo, e sua propriedade – que é sua projeção no Espaço, arranca-lhe as forças de reação, todos os seus sentimentos, deixa somente a fera humana e prepara-o, assim, para definitiva escravização ao capitalismo internacional disfarçado em capitalismo de Estado. O Povo Brasileiro debate-se em verdadeira angústia econômica e anseia por novo padrão de vida; debate-se numa completa desorganização de sua existência pública e almeja nova forma de justiça social; debate-se em formidável anarquia de valores e na incultura geral, e precisa formar sem detença homens escolhidos que possam resolver os grandes e graves problemas da Nação.
Urge a transferência completa do Brasil para salvá-lo, novo conceito de vida, novo regime, novo quadro de valores. Essa transformação completa, integral da Sociedade Brasileira fatalmente terá de ser o resultado de uma transformação completa, integral da Alma Brasileira no sentido do rigoroso cumprimento de todos os deveres para com a Família, para com a Pátria e para com Deus. A lição de Jacques Maritain manda a Razão submeter-se a Deus, que é Espírito, e a Ordem Espiritual por Ele instituída. Só uma Revolução Moral pode produzir uma grande, digna e benéfica Revolução Social. Porque esta é projeção daquela. Por isso, a Doutrina Integralista afirma que a primeira revolução do Integralismo é a revolução Interior.
Notas do revisor (2004):
1. Uma das maiores motivações do Integralismo Histórico foi o combate às cisões regionalistas através da instrumentação de uma força política unionista, que colocasse os interesses do País acima de interesses de grupos ou indivíduos. Por isso, o combate histórico da Ação Integralista Brasileira jamais deve ser entendido como anti-democrático, quando muito pelo contrário, visava dar uma feição social e institucional a agremiações que não se identificavam com as necessidades do Brasil como um todo.
2. Diferentemente do Fascismo, o Integralismo preconizava a substituição dos partidos políticos estaduais (existentes à época) por estruturas corporativas nacionais, de ordem econômica ou não, organizadas através de eleições, à partir das bases municipais (corporativismo democrático). Vale dizer que, no contexto atual não é possível organizar o Estado daquela maneira originalmente proposta pelo ntegralismo, devido à atual complexidade econômica do País e dos próprios meios de produção. Como esclareceu o Dr. Miguel Reale, já desobrigado de sua antiga posição Integralista, há ainda de se aproveitar do corporativismo, a transferência da sua função para a conveniência de órgãos consultivos de caráter sindical ou associativo, afim de serem tomadas decisões fundamentais para o País, no plano técnico, cultural ou econômico, após o pronunciamento de entidades profissionais ou científicas.
3. Visto como uma questão de unidade nacional e não de regionalismos.
4. Não esquecer que, historicamente, o Integralismo surgiu também como uma reação ao regionalismo que culminou com a Revolução Constitucionalista.
5. O próprio Dr. Miguel Reale, em artigo publicado no Jornal Estado de S. Paulo, 28 de agosto de 2004, esclareceu que a posição Integralista se referia apenas aos aspectos econômicos do controle judaico nas instituições financeiras internacionais, mas nunca à questão racial.
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Extraído de “O que o Integralista deve saber”, Gustavo Barroso, pp. 7-16 - Editora Civilização Brasileira S.A., Rio de Janeiro (5ª edição), 1937.
http://www.integralismo.org.br