A Monarquia Romana foi a primeira fase da história de Roma, tradicionalmente datada de 753 a.C., ano da fundação da cidade, até 509 a.C., quando a monarquia foi abolida e instaurada a República. Nesse período, Roma foi governada por sete reis, conforme a tradição preservada por autores como Tito Lívio. Os três primeiros – Rômulo, Numa Pompílio e Túlio Hostílio – foram de origem latina ou sabina, refletindo a diversidade étnica da região do Lácio.
A partir do século VII a.C., Roma passou a sofrer forte influência dos Etruscos, povo que habitava a região da Etrúria, ao norte do Lácio. Os reis etruscos, como Tarquínio Prisco (616–579 a.C.) e Sérvio Túlio (578–534 a.C.), introduziram importantes inovações urbanas, como a construção de muralhas, templos, o esgoto Cloaca Máxima e a organização do exército. Também fortaleceram o poder real, aproximando-o de um modelo mais aristocrático, em que os grandes clãs, os patrícios, ganhavam cada vez mais prestígio político.
Durante o reinado de Sérvio Túlio, houve reformas sociais e a primeira organização censitária, que dividia a população segundo sua riqueza, preparando a ascensão da aristocracia. Entretanto, foi no reinado de Tarquínio, o Soberbo (534–509 a.C.), que se consolidou o desgaste da monarquia. Conhecido por seu governo autoritário e violento, ele afastou o apoio dos patrícios e entrou em conflito com a nobreza romana.
O estopim para o fim da monarquia foi o episódio da violência contra Lucrécia, jovem patrícia que, após ser violentada por Sexto Tarquínio, filho do rei, suicidou-se. O fato revoltou a aristocracia, que liderou uma revolta sob comando de Lúcio Júnio Bruto. Em 509 a.C., Tarquínio foi deposto e exilado, dando lugar à criação da República Romana, marcada pela ascensão política dos patrícios e pela exclusão inicial dos plebeus das magistraturas.
Assim, a monarquia romana terminou como consequência da tensão entre os reis etruscos e a aristocracia local. A partir de então, Roma entrou em uma nova etapa de sua história, em que o poder real foi substituído por magistraturas anuais e colegiadas, preservando o prestígio dos patrícios e deixando a monarquia apenas como lembrança de um passado fundacional.
Você quer saber mais?
LIVIO, Tito. História de Roma. São Paulo: Editora Paumape, 1990.
GRIMAL, Pierre. História de Roma. Lisboa: Edições 70, 2009.
FUNARI, Pedro Paulo Abreu. Roma: vida pública e privada. São Paulo: Contexto, 2014.
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