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sábado, 16 de novembro de 2024

A cultura medieval

    A cultura medieval, desenvolvida entre os séculos V e XV, foi profundamente influenciada pela Igreja Católica, que desempenhou um papel central na formação da arte, da literatura, da educação e da vida intelectual. A arquitetura da época reflete esse protagonismo, com estilos como o românico, que floresceu no século XI e se destacou por igrejas de paredes espessas, arcos redondos e decoração austera, como a Abadia de Cluny, construída em 910. No século XII, o estilo gótico começou a transformar as cidades europeias, caracterizando-se pelos arcos ogivais, abóbadas cruzadas e vitrais elaborados que filtravam a luz, como visto na Catedral de Notre-Dame de Paris (iniciada em 1163) e na Catedral de Chartres (concluída em 1250).

   A literatura medieval foi também marcada pela forte influência religiosa. Desde o século VIII, monges copistas preservaram manuscritos antigos, garantindo a sobrevivência do saber clássico. Ao mesmo tempo, textos religiosos e teológicos dominavam a produção literária, como as hagiografias de santos e os tratados filosóficos. Obras de cunho mais artístico, como A Divina Comédia de Dante Alighieri (escrita entre 1308 e 1320), misturavam teologia e poesia, refletindo a visão cristã do mundo e da vida após a morte.

   Na educação, o renascimento carolíngio, liderado por Carlos Magno (742–814), no século IX, promoveu a criação de escolas monásticas e catedrais, bem como a padronização do latim como língua de ensino. No século XII, surgiram as primeiras universidades europeias, como as de Bolonha (1088) e Paris (cerca de 1150), que impulsionaram a escolástica, um método que conciliava fé e razão. Filósofos como Santo Tomás de Aquino e São Boaventura foram expoentes dessa corrente, cujas obras moldaram a visão intelectual da época.

    As artes visuais foram amplamente utilizadas para transmitir mensagens espirituais. Desde o século IX, as iluminuras de manuscritos, como as do Livro de Kells, ilustravam passagens bíblicas e decoravam textos sagrados. Os afrescos e esculturas das igrejas românicas e góticas buscavam educar e inspirar os fiéis. Na música, o canto gregoriano, predominante entre os séculos IX e XII, refletia a harmonia celestial e a devoção espiritual.

    Assim, ao longo de mil anos, a Igreja Católica moldou profundamente a cultura medieval, sendo responsável por grande parte da preservação e transmissão do conhecimento, além de inspirar as expressões artísticas e intelectuais que definiram a Idade Média. Sua influência foi determinante na construção do legado cultural do Ocidente.

Você quer saber mais?

LE GOFF, Jacques. O Imaginário Medieval. Lisboa: Edições 70, 1985.

HUIZINGA, Johan. O Declínio da Idade Média. São Paulo: Cosac Naify, 2010.

DUBY, Georges. Guia da Idade Média: Do Ano Mil ao Século XV. São Paulo: Editora UNESP, 1996.

Um comentário:

  1. Quando pensamos num período de mil anos, inegavelmente é muito tempo. No entanto, trata-se de uma periodização criada para melhor compreender a história do ponto de vista ocidental, obviamente com os destaques escolhidos pelos estudiosos mais recentes. Contudo, fico imaginando a série de acontecimentos que se sucederam no decorrer dos séculos, desde a queda de Roma até à queda de Constantinopla. Nem sempre o poder foi fragmentado, pois houve reinos com maior poder de centralização... Durante um tempo, os povos que conquistaram Roma ainda mantiveram seus costumes "pagãos"... Um dos períodos que muito me chama a atenção seria entre o fim do Império Romano e as invasões dos normandos na Europa, época do império de Carlos Magno, quando os reinos estavam sendo cristianizados e acredito que tudo fosse bem rústico entre o final do séculos V e o século X.

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