Autor: Construtor CHH
Deus da guerra, uma das doze divindades do Olimpo.
Filho de Zeus e Hera. De caráter brutal, amante da luta e semeador de
desentendimentos entre os deuses e os mortais, Ares era desprezado pelos
próprios olimpianos.
Originário
da Trácia, cujo povo era considerado pelos gregos como bárbaro, rude e inculto,
jamais foi bem aceito pela sociedade helênica. Em suas batalhas, os gregos
preferiam invocar Atena, deusa inspiradora de atos heroicos, executados com
inteligência e astúcia. Enquanto as outras divindades participavam das lutas,
protegendo um lado ou outro e salvaguardando a vida de seus heróis favoritos,
Ares golpeava ao acaso; personificava a carnificina, o assassinato sem sentido,
a violência gratuita. Revestido de couraça e capacete e armado de escudo, lança
e espada, acompanhava-se de Deimos (o medo) e Fobos (o Terror), filhos gêmeos
com a deusa Afrodite.
Chegava
num carro puxado por quatro cavalos, mas logo saltava, misturando-se aos
guerreiros como qualquer mortal. Na guerra de Tróia, lutou ao lado de Heitor.
Defrontando-se com Atena, que defendia o campo inimigo, insultou-a e arremessou
sua espada contra a égide da deusa. Esta
afastou-se, apanhou uma pedra e lançou-a contra Ares, atingindo-o no pescoço. O
deus caiu e suas armas espalharam-se no campo de batalha. Em outra ocasião,
ferido por Diomedes, que graças a Atena, escapara a um golpe de sua lança, Ares
fugiu para o Olimpo, onde Zeus mandou que o curassem. Raramente saía vencedor
dos combates que empreendia.
Assim
aconteceu certa vez que os Aloídas, que eram gêmeos gigantes, Oto e Efialtes,
filhos de Poseidon e Ifimedia para demonstrar sua força, encarceraram-no num
pote de bronze, durante treze meses. Foi libertado por Hermes.
Quando
Hércules matou Cicno, um dos filhos do deus, este desafiou-o para a luta.
Aproveitando-se de um descuido do adversário, o herói feriu-o gravemente na
coxa. Ares, furioso, retirou-se para o Olimpo.
Em oposição à sociedade grega, que rejeitou Ares, os
romanos tornaram-no a mais importante de suas divindades. Consideravam-no pai
de Rômulo e Remo. Primitivamente, cultuavam-no como o deus das tempestades.
Invocavam-no para impedir que seus efeitos maléficos – chuvas fortes, granizo,
neve – destruíssem as plantações. Ares era uma divindade essencialmente
agrícola.
Mais tarde, provavelmente identificando a ideia de
força instintiva, contida na tempestade, com a violência das batalhas, os
romanos transformaram-no num deus guerreiro. Essa evolução coincide com a
própria evolução da história romana. Assim como a divindade passou de agrícola
a guerreira, o cidadão de Roma passou de camponês a soldado. Os romanos fizeram
de Ares ( os romanos o chamavam de Marte) o protetor de suas lutas e
conquistas. Não planejavam qualquer empreendimento sem antes consultá-lo.
Ares não teve muito sucesso em seus amores.
Perseguia deusas, Ninfas e mortais, e, quando estas o rejeitavam, violenta-as
brutalmente. A mais célebre de suas aventuras amorosas foi a que envolveu
Afrodite, esposa de Hefesto. De sua união nasceram Eros, Harmonia, Deimos e
Fobos. Com a ninfa Aglauro, teve Alcipe; com Crisa, Flégias; com Pelópia,
Cicno; com Harpina, Enômao; com Aeropa, Aeropo; com Astioquéia, Ascálafo e
Iálmeno; com Pirene, Diomedes e Licaão; com Astínome, Calidão; com Protogênia,
Oxilo. De modo geral, os filhos de Ares eram homens violentos, que atacavam os
viajantes e praticavam atos de crueldade.
O culto de Ares não foi muito difundido na Grécia;
de seus poucos santuários, o mais célebre era o Areópago. Já em Roma havia
numerosas festas em seu louvor. Nas Ambarválias, celebradas no mês de maio,
Ares aparecia como divindade agrícola. Essas comemorações tinham um caráter de
purificação, pois os romanos acreditavam que a natureza ficava mais limpa e
pura após uma forte tempestade. Depois de cada batalha vitoriosa, realizavam-se
festas que destacavam o caráter militar da divindade. Os animais consagrados a
Ares eram o cão e o abutre.
Inicialmente ele era representado como um guerreiro
barbudo, de capacete de alto penacho e revestido de pesada armadura. Mais tarde,
figuravam-no sob a forma de um jovem seminu, cujos únicos atributos de guerra
eram o capacete e a lança.
TEOGONIA DE HESÍODO. Tradução de Cristian
Werner. São Paulo: Editora Hedra, 2013. pp. 31-103.
KARMAN, Roger (Org.). Dicionário de
Mitologia Greco-Romana. São Paulo: Editora Abril Cultural, 1976. pp. 115, 116.
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