Não deixe de ler: Igrejas protestantes investem em bolsas para formar futuros pastores e colhem ateus no dia da formatura. Ironia do mau uso do dinheiro dos fieis protestantes. http://ocatequista.com.br/archives/14040
O
Arcebispo Irl A. Gladfelter preside uma das confissões cristãs que planejam
voltar ao catolicismo nos ordinariatos criados por Bento XVI. A Igreja Católica
Anglo-Luterana é a única com raízes luteranas e poderia considerar-se o
primeiro passo pra a volta ao redil católico dos herdeiros de Lutero. Numa
longa entrevista concedida a Infocatólica, este Arcebispo que ainda não é
católico mas sim cooperador da Opus Dei, fala de sua alegria de voltar à Igreja
Católica, da importância de uma única fé e de seu compromisso de desfazer a
Reforma protestante.
Reverendo
Irl A. Gladfelter, Metropolita da Igreja Católica Anglo-Luterana (ALCC), o
senhor é biólogo, Doutor em Cirurgia Dental, tenente-coronel reformado do
exército americano, Doutor em Teologia e Metropolita da ALCC. Como encontrou
tempo para tantas coisas?
Não
foi um problema. Só me tornei clérigo depois de ser reformado pelo Exército dos
Estados Unidos e como dentista.
Quando foi fundada a
ALCC? Por que a combinação de anglicanismo e luteranismo?
A ALCC foi
formada em 1997 por antigos membros da Igreja Luterana – Sínodo de Missouri dos
Estados Unidos (LCMS), os quais, por serem luteranos orientados ao catolicismo
ou “Evangélicos Católicos” (também conhecidos como a “igreja alta”), não podiam
aceitar a orientação cada vez mais protestante da LCMS e sua aceitação
crescente da teologia evangélica fundamentalista, junto com alguns aspectos da
soteriologia e da teologia sacramental que haviam sido importados do Calvinismo
por vários meios já na sua fundação e a aceitação cada vez maior de serviços
evangélicos não litúrgicos.
Nossos fundadores também faziam reparos à teologia sacramental da LCMS, à sua
política congregacional, a suas ideias sobre a natureza e o exercício da
autoridade dentro da Igreja e à sua compreensão das Ordens Sagradas (o “ofício
do ministério público”, segundo a linguagem que utilizam). Inicialmente, a ALCC
adotou as posturas da ala “anglo-católica” do anglicanismo (ou anglicanismo da
“igreja alta”). Ao longo do tempo, embora respeitássemos as relações que haviam
sido estabelecidas com o anglicanismo da “igreja alta”, a ALCC encontrou também
problemas com o anglicanismo, incluindo sua recusa da primazia papal, da
infalibilidade papal, da infalibilidade do Sagrado Magistério e dos Concílios
posteriores aos quatro primeiros Concílios Ecumênicos, além de sua tolerância
de alguns graus de teologia eucarística de tipo protestante, que podem ser
encontrados na Oração Eucarística do Livro de Oração Comum, entre outros
problemas. Finalmente, a ALCC chegou a reconhecer a verdade absoluta da fé
católica e se deu conta de que tinha a obrigação em consciência de voltar a
Roma. Descreveu-se recentemente a Igreja Católica Anglo-Luterana (ALCC) como
“totalmente romanizada” e como uma Igreja que “ensina a doutrina católica
sólida, utilizando um vocabulário luterano e anglicano, corrigindo este último
com o primeiro”. Ambos comentários são acertados e precisos. Em essência, a
ALCC se “romanizou” totalmente, aceitando com entusiasmo a verdade objetiva de
todos os aspectos da fé católica.
Foi importante para os
senhores a declaração conjunta católica e luterana sobre a justificação (1997)?
Sim.
Para a ALCC, a Declaração conjunta católica e luterana sobre a doutrina da
justificação decidiu de uma vez para sempre o assunto fundamental da fase de
Wittenberg (luterana) da Reforma. Uma vez que esse assunto tenha sido
resolvido, a ALCC se deu conta de que tinha a “obrigação em consciência” de
entrar na Igreja Católica, marcando o caminho para que outras jurisdições eclesiásticas
luteranas (igrejas) possam segui-la.
Quantos membros e
paróquias tem aproximadamente a ALCC? Estão presentes somente nos Estados
Unidos ou estão também em outros países?
O
número total de membros da ALCC é de aproximadamente 11.000 pessoas, nos Estados Unidos, Canadá,
Alemanha, Sudão e no proximamente independente Sudão do Sul. O maior número
corresponde a africanos sub-saharianos, a maioria dos quais são do Sudão do
Sul.
De onde vem a maioria de
seus membros? Antes de ingressar na ALCC eram luteranos, anglicanos, católicos
ou não cristãos?
A
maioria de nossos membros não africanos entraram na ALCC procedentes de outras
Igrejas luteranas, mas nossos membros sub-saharianos, tanto na África como nos
Estados Unidos e Canadá são antigos anglicanos.
Na Comunhão Anglicana,
há algumas congregações religiosas anglo-católicas. Também os senhores têm
religiosos na ALCC?
Sim,
temos uma Prelazia Pessoa, a Ordem de Santo Ambrósio (O.S.A) e uma Sociedade
Sacerdotal, a Sociedade Sacerdotal dos Servos do Bom Pastor. A regra e a
espiritualidade de ambas se parecem muito com as da Opus Dei. O Vigário Geral
da ALCC e eu somos, com grande entusiasmo, Cooperadores da Opus Dei. Alguns de
nossos bispos são membros da Confraternidade de São Pedro, dirigida pela
Fraternidade Sacerdotal de São Pedro (FSSP), uma sociedade católica.
Ingressarão no
ordinariato dos Estados Unidos quando for criado, no final deste ano?
Sim,
porque é o que a Congregação para a Doutrina da Fé nos disse que façamos, mas a
última palavra será da própria Congregação. Vimos trabalhando com eles desde
2009. Do ponto de vista da ALCC, trata-se de um tema de obediência à
Congregação para a Doutrina da Fé. Em nossa petição a Roma para entrar na
Igreja Católica (antes da promulgação da Anglicanorum Coetibus) não mencionamos
um ordinariato, já que ainda não havia sido publicada a Constituição
Apostólica. Por conselho de nosso advogado católico de Direito Canônico, a ALCC
pediu apenas para entrar como “sociedade sacerdotal” ou da forma que dispusesse
o Santo Padre. Nossa petição terminava com a frase: “O filho pródigo voltou e
está à porta. Santo Padre, por favor, deixe-nos entrar”. A ALCC nunca pediu
mais que isto. Está à porta e roga que a deixem voltar para casa. Entretanto,
quando no outono de 2010 recebemos uma carta do Secretário da CDF
notificando-nos que deveríamos entrar na Igreja Católica através das
disposições da Anglicanorum Coetibus, por obediência aos desejos do Santo Padre
e da CDF, a ALCC aceitou imediatamente estas instruções por escrito. Assim,
portanto, atualmente a ALCC espera pacientemente e roga ao Senhor e a sua
Bendita Mãe, Maria, que nos permita voltar para casa, a Igreja Católica, seja
através da Anglicanorum Coetibus seja por outro meio.
Todos os membros da ALCC
se farão católicos ou alguns decidiram esperar ou passar para outros grupos
anglicanos ou luteranos?
Todos
os membros da ALCC se farão católicos. A diferença de algumas Igrejas
Anglicanas, a ALCC não tem “posturas inamovíveis” A ALCC não está interessada
em absoluto em “preservar um patrimônio”. Ao contrário, trata-se de uma Igreja
profundamente “romanizada”, que trabalha com todas as suas forças para
“desfazer” a Reforma, porque considera que foi um trágico erro de proporções
épicas, que nunca devia ter acontecido, e procura restaurar a unidade da Igreja
segundo os critérios da Igreja Católica. A ALCC não pede para preservar um
“patrimônio luterano”. A diferença do patrimônio anglicano, o patrimônio
luterano é essencialmente teológico e, ao ter compreendido plenamente as
heresias do luteranismo e ao ter aceitado a fé católica, a única coisa que pede
e por que reza a ALCC é que se lhe permita “voltar para casa” e entrar na
Igreja Católica, como filhos pródigos arrependidos. A única coisa que queremos
é nos dissolvermos na Igreja Católica, como católicos normais. Faz tempo que a
ALCC tem como política não admitir membros nem aceitar clérigos que não estejam
plenamente comprometidos com a causa da unidade da Igreja de Cristo, sanando as
feridas que infligiram a essa unidade o orgulho humano e as heresias dos
líderes da Reforma protestante. Todos os membros da ALCC devem estar
comprometidos em desfazer a Reforma.
Todos
os clérigos da ALCC, desde o Metropolita até o último diácono permanente devem
assinar uma versão adaptada do Mandato da Conferência Episcopal dos Estados
Unidos, o qual estabelece que “se comprometem a ensinar a doutrina católica e
não pregarão, ensinarão, escreverão nem publicarão nada que entre em conflito
com o magistério católico”. Este compromisso se controla e se faz cumprir
estritamente. Já aconteceu de algum sacerdote ter sido destituído de seu cargo,
permitindo-lhe escolher entre sua demissão e a excomunhão, por não cumprir o
Mandato da ALCC.
Será um problema para os
membros da ALCC a necessidade de aceitar o Catecismo da Igreja Católica, como
expressão normativa de fé para os ordinariatos? Que textos utilizam atualmente
para catequizar as crianças e os adultos?
Absolutamente.
Há anos a ALCC aceitou oficialmente o Catecismo da Igreja Católica como nossa
expressão completa da fé cristã. Catequizamos as crianças e os adultos usando o
Catecismo da Igreja Católica, o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica da
Conferência Episcopal norteamericana, Fé para o futuro: Um novo catecismo
ilustrado, publicado pelaLiguori Press; o Compêndio de Doutrina Social da
Igreja da Conferência Episcopal norteamericana e outros textos católicos
unicamente. Para a catequese geral e o estudo, a ALCC usa a Bíblia de Navarra,
publicada pela Scepter Press; aNew American Bible e a Bíblia Católica de Estudo
da Ignatius Press. A ALCC não permite o uso de qualquer catecismo luterano nem
de outros catecismos protestantes.
Quais são as principais
dificuldades encontradas até agora?
Toda
organização nova tem “crise de crescimento” e a ALCC não é uma exceção. Sempre
há lugar para melhorar e para formas de desenvolver nossos apostolados de forma
mais eficaz. Entretanto, estamos muito bem, levando em conta que a ALCC foi
fundada em 1997. A maior preocupação da ALCC, com muita diferença, consiste em
conseguir seu objetivo de converter-se na primeira jurisdição eclesiástica luterana
que volta à Igreja Católica como grupo unificado desde o final da
Contra-reforma.
Uma vez que ingressem
num ordinário, o senhor e os demais bispos e sacerdotes da ALCC terão de ser
ordenados como diáconos e sacerdotes católicos. É algo difícil de se aceitar?
Não,
em absoluto. Alegramo-nos disto, porque eliminará a possibilidade de qualquer
confusão entre os fiéis católicos sobre a validade de nossa ordenação de nossos
sacramentos.
Sempre
existiu um setor “católico” entre os luteranos?
Si,
certamente. A tal setor foi dado muitos nomes: Gneiso-luteranos (luteranos
originais), Velhos-luteranos, Luteranos Romanizados e, nos últimos anos,
“Católicos Evangélicos”. A ALCC está simplesmente no extremo mais católico
desta tradição.
Há outros grupos de
luteranos que estão relativamente próximos da Igreja Católica?
Na
Suécia existe o movimento Arbetsgemenskapen Kyrklig Förnyelse (União Eclesial
Sueca) e outras sociedade menores. Há comunidades monásticas, como o Mosteiro
de Östanbäck (um mosteiro beneditino), o convento de Alsike e a Congregação de
São Francisco, a Fundação de São Lourenço, a Fundação de Santo Oscar, a
Coalizão Eclesial pela Bíblia e a pela Confissão e a Förbundet För Kristen
Enhet, que como a ALCC trabalha para conseguir a união visível e como grupo com
a Igreja Católica. Na Alemanha existe a St. Jakobus- Bruderschaft, com a qual a
ALCC permanece em contato, aArbeitsgemeinschaft Kirchliche Erneuerung (Grupo de
Trabalho para a Renovação da Igreja) da Igreja Luterana da Baviera,
Humiliatenorden, St. Athanasius-Bruderschaft, Hochkirchlicher Apostolat St.
Ansgar, Bekenntnisbruderschaft St. Peter und Paul, a Kommunität St. Michael en
Cottbus, a Congregatio Canonicorum Sancti Augustini e o Priorado de São
Wigberto. Há grupos similares na Noruega, Dinamarca, Finlândia e Islândia.
O senhor crê que se
formará algum tipo de ordinariato para os luteranos no futuro?
Quer
se trate de um ordinariato ou de alguma outra estrutura mais simples e menos
polêmica para estabelecer e integrar na Igreja segundo o Direito Canônico, como
uma “sociedade sacerdotal” ou um “instituto de vida apostólica”, creio que se
formará algum tipo de estrutura para que os luteranos de todos os países possam
voltar à Igreja Católica. Há de se reconhecer: a Igreja Católica, e em geral o cristianismo,
estão sendo atacados atualmente. As comunidades eclesiais como os anglicanos e
luteranos se dividem ainda mais sob os ataques do ateísmo, do agnosticismo, da
filosofia pós-moderna e das teologias heréticas de tipo liberal. A Igreja não
pode se permitir o enfrentamento a essas e outras ameaças em seu estado
dividido atual. É hora de os luteranos e outras comunidades eclesiais voltarem
à Igreja Católica, para que lhe resulte mais fácil derrotar estas ameaças e
realizar a Nova Evangelização promovida pelo Papa Bento XVI e outras pessoas! É
hora de recuperar a unidade da Igreja de Cristo! Os luteranos devem se dar
conta de que voltar à Igreja Católica não é algo bom, é estupendo. No
Getsêmani, Jesus orou para que seus discípulos fossem um, como Ele e o Pai são
um, assim a união com a Igreja Católica não é algo “bom”, mas algo “estupendo”,
porque Jesus o pediu em sua oração e o ordenou (não o “sugeriu” simplesmente).
Os luteranos devem voltar à Igreja Católica porque é o correto, é o único
caminho correto.
Em
sua homilia de vésperas, na Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, em São
Paulo Extramuros, em Roma, 25 de janeiro de 2011, o Papa Bento XVI afirmou: “Os
esforços para recuperar a unidade entre os cristãos divididos não podem
reduzir-se simplesmente a reconhecer nossas diferenças recíprocas e a conseguir
uma coexistência pacífica. O que desejamos é a unidade pela qual orou o mesmo
Cristo e que, por sua própria natureza, se manifesta numa comunhão de fé, de
sacramentos e de ministério. O caminho para esta unidade deve ser percebido
como um imperativo moral, uma resposta a um chamado específico do Senhor...
Devemos continuar com entusiasmo o caminho para este objetivo”. Isto é
exatamente o que pretende fazer a ALCC ao esforçar-se para entrar na Igreja
Católica como grupo unificado.
Se se criasse um
ordinariato para luteranos no futuro, os senhores deixariam o ordinariato
anglo-católico para integrar-se nele?
Certamente,
estaríamos interessados e colaboraríamos com qualquer futuro ordinariato luterano
ou estruturas alternativas segundo o Direito Canônico atual, mas faremos
exatamente o que nos pedirem a Congregação para a Doutrina da Fé e o Santo
Padre. Além do mais, os membros da ALCC só queremos converter-nos em católicos
normais, como todos os outros, e nos injetar de forma segura no “centro”
teológico e social da Igreja Católica. Ficaremos contentes em “florescer” onde
quer que o Santo Padre e a CDF nos “plantem” dentro da Igreja Católica.
O senhor crê que sua
união com a Igreja Católica influenciará outros luteranos?
Sem
dúvida. Faz alguns anos o Pe. Richard John Nieuhaus, um pastor luterano dos
Estados Unidos que se converteu ao catolicismo e foi ordenado como sacerdote
católico (e era o editor da revista norteamericana First Things), escreveu que
enquanto ele apenas podia perceber movimentos de luteranos para a Igreja
Católica, algum dia uma Igreja Luterana “dará um passo adiante e então nada
voltará a ser igual”. Esperamos e rezamos para que a Igreja Católica
Anglo-Luterana seja a Igreja que dará este passo adiante e que isso leve muitos
luteranos a abandonar as heresias da Reforma e voltem à fé católica; que se
aproxime este bendito dia no qual a oração de Cristo no Getsêmani para que
todos seus discípulos sejam um seja de novo uma realidade, em uma só Igreja sob
Cristo e seu Vigário nesta terral, o Sucessor de São Pedro. Até este dia, a
ALCC terá muito presentes dois lemas usados por nossa Igrejas: (1) “Voltar à
unidade do Corpo de Cristo, Igreja por Igreja”, e (2) o lema do escudo papal de
São Pio X, “renovar todas as coisas em Cristo”.
Muito
obrigado por suas respostas. Espero que tenhamos a oportunidade de
entrevistá-lo de novo quando o senhor for um membro do ordinariato.
Foi
um prazer!
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