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sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Falando em Revolução Farroupilha.



Para nós Gaúchos hoje é um dia especial, um dia onde nosso povo exigiu ser tratado com respeito e dignidade pelo Império do Brasil. Buscávamos cobrança justa de impostos em relação aos benefícios recebidos pelo Império vindo de nossas Terras. Amigos e leitores Construtores, não afirmo que uma nova nação no Sul seria a solução para os nossos problemas, mas SIM que a Revolução Farroupilha fez o Brasil olhar com o respeito devido a nossa então Província de São Pedro do Rio Grande do Sul. Juntos, somos fortes, mas como brasileiros somos detentores de DIREITOS E DEVERES. Nossos irmãos Farrapos estavam cansados de cumprir seus DEVERES como Província enquanto o Império do Brasil não cumpria seus DEVERES com nossa Província.

“Viva ao Estado do Rio Grande do Sul e aos irmãos Farrapos que tombaram. E viva ao Brasil nossa amada Nação da qual o Rio Grande do Sul têm grande orgulho de fazer parte.”

 Convido meus amigos Construtores não somente do Rio Grande do Sul, mas de todo o Brasil para refletir sobre o fato de que unidos somos fortes como Nação, mesmo diante das aparentes divergências regionais somos todos brasileiros. Deus abençoe nosso Torrão Gaúcho e Nossa Pátria Brasil.

Hoje dia 20 de setembro, festeja-se no Rio Grande do Sul a Revolução Farroupilha, que eclodiu na noite de 19/09/1835, quando Bento Gonçalves da Silva avançou com cerca de 200 "farrapos" (ala dos exaltados, que queriam províncias mais autônomas, unidas por uma república mais flexível) sobre a capital Porto Alegre (que na época possuía cerca de 14 mil habitantes) pelo caminho da Azenha (atual Avenida João Pessoa).  A revolta deveu-se em função dos elevados impostos cobrados no local de venda (normalmente outros Estados) sobre itens (animais, couro, charque e trigo)  produzidos nas estâncias do Estado. Charqueadores e estancieiros reclamavam, ainda, de outros impostos: sobre o sal importado e sobre a propriedade da terra.

A revolução durou quase 10 anos, sem vencedor e vencido. O tratado de paz foi assinado em Ponche Verde, pelo barão Duque de Caxias e o general Davi Canabarro, em 28/02/1845.

Na época, Porto Alegre era um porto comercial, e não tinha razões para aderir à revolta.  Seus comerciantes não comungavam com as ideias separatistas dos líderes da região da Campanha, como Bento Gonçalves da Silva e Antônio de Souza Netto, que veio a proclamar a República Riograndense, no ano seguinte. Por isso, rechaçaram os rebeldes, em 15/06/1836. A partir daí, até dezembro de 1840, a capital ficou sitiada, com dificuldades de suprimento de itens essenciais na época: charque, óleo para os lampiões, farinha, feijão e outros gêneros alimentícios. Em função da fidelidade da capital ao império, recebeu o título de "Leal e Valorosa" em 19/10/1841, que permanece no seu brasão até os dias atuais.

Fora da capital, os farroupilhas passaram a ter expressivos êxitos. Na Batalha do Seival (que fica no atual município de Candiota), o general Antônio de Souza Netto impôs fragorosa derrota ao legalista João da Silva Tavares, que possuía 170 combatentes a mais. No dia seguinte, em 11/09/1836, Netto proclamou a República Riograndense, com sede em Piratini.

Todavia, os farrapos sofreram outro duro revés perto da capital, que sitiavam, ao serem batidos na Ilha de Fanfa; o exército rebelde de 1.000 homens se dispersou e seu comandante, general Bento Gonçalves da Silva, foi preso e levado para a Fortaleza da Laje, no Rio de Janeiro.

Em 1839, se junta ao exército farrapo o corsário italiano Giuseppe Garibaldi.  Os farrapos precisavam, após 4 anos de combates, acesso à Lagoa dos Patos e ao Oceano, que eram bloqueados pelos imperialistas assentados em Porto Alegre e Rio Grande, respectivamente. Para romper o cerco, resolveram sublevar Santa Catarina, onde possuíam simpatizantes. Para tanto, decidiram tomar a estratégica cidade de Laguna. Para tanto, Garibaldi mandou construir dois enormes lanchões numa fazenda do atual município de Camaquã (que dista cerca de 125 km de Porto Alegre), que foram arrastados entre o atual município de Palmares do Sul e a foz do Rio Tramandaí (no atual município de Tramandaí)  sobre carreta de 8 rodas. Em Araranguá, no Estado de Santa Catarina, o lanchão Rio Pardo naufragou; todavia, seguiram em frente com o lanchão Seival, comandados pelo americano John Griggs (apelidado de "João Grande").  Em Laguna, os lancheiros, apoiados pela tropa de Davi Canabarro, obtiveram grande vitória; e anexaram a Província, em 29/07/1839, denominando-a República Juliana.

Em Laguna, Garibaldi encontrou a costureira Ana Maria de Jesus Ribeiro, que veio a se chamar de Anita Garibaldi, que o acompanhou nas andanças da guerra, a cavalo (a casa natal de Anita permanece preservada). Anos mais tarde, Garibaldi voltou para a Itália, para lutar pela sua unificação; por isso, é conhecido como "herói de dois mundos".  Os imperiais retomaram Laguna em 15/11/1839.

No Rio Grande do Sul, os farroupilhas mudaram a capital mais duas vezes: para Caçapava do Sul, em 1839; e para Alegrete, em julho de 1842.

Em 14/11/1844, os farroupilhas sofreram duro revés no Cerro dos Porongos, situado entre os atuais municípios de Piratini e Bagé. Nesta batalha, o coronel imperial Francisco Pedro de Abreu, o astuto "Moringue", destroçou os 1,1 combatentes de Davi Canabarro, que foram surpreendidos enquanto dormiam. A culpa principal recaiu sobre "Chica Papagaia" (Maria Francisca Duarte Ferreira), que teria ficado entretendo o general Davi Canabarro dentro de sua barraca.

O tratado de paz celebrado em 1845 veio atender uma série de reivindicações, principalmente em relação à obtenção de tratamento mais justo por parte do governo imperial.  O nome dos líderes farroupilhas está afixado em inúmeras ruas de municípios gaúchos. Em Porto Alegre, uma das principais ruas homenageia o pacificador Duque de Caxias.

A epopeia da Revolução Farroupilha criou grandes heróis, mitos e símbolos; os ideais e sentimentos inexprimíveis dos revoltosos farroupilhas continuam presentes e expressos nos símbolos do Estado do Rio Grande do Sul, constituídos pelo título "República Rio-grandense", e o lema "liberdade, igualdade, humanidade" (dentro de uma nação brasileira).
 
(Esse texto foi composto por Luis Roque Klering, a partir de matérias especiais publicadas no jornal Zero Hora, de 16 a 20/09/2001).
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