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segunda-feira, 3 de março de 2025

O Golpe Republicano: A Traição ao Império e a Verdadeira Razão da Queda

    A Proclamação da República em 1889 foi, acima de tudo, um golpe contra uma monarquia que, apesar de seus desafios, construiu as bases da nação brasileira com estabilidade e progresso. O Império, sob Dom Pedro I e, principalmente, Dom Pedro II, garantiu um Brasil unido, respeitado e com instituições que funcionavam. A monarquia promoveu avanços na educação, infraestrutura e cultura, além de manter a unidade nacional em um território imenso e diverso.

    O que realmente motivou a queda do regime imperial não foi o desejo popular, pois o povo não participou do golpe republicano. A traição partiu das elites agrárias, especialmente os cafeicultores, que nunca perdoaram a abolição da escravidão em 1888. Com a libertação dos escravizados, os grandes fazendeiros perderam sua mão de obra barata e buscaram um regime que atendesse melhor seus interesses econômicos. Foi essa elite, aliada a militares insatisfeitos, que conspirou contra um governo que já mostrava sinais de modernização.

    O Marechal Deodoro da Fonseca, que jurou lealdade ao imperador, traiu sua palavra ao liderar o golpe, influenciado por ambições pessoais e pela pressão de grupos que desejavam mais poder. A República nasceu sem consulta popular, imposta de cima para baixo, resultando em décadas de instabilidade, golpes, ditaduras e crises. Enquanto o Império buscava a ordem e o desenvolvimento, a República inaugurou uma era de desmandos e retrocessos, entregando o Brasil aos interesses oligárquicos que só serviram para aumentar as desigualdades.

Você quer saber mais?

REZZUTTI, Paulo. D. Pedro II: O último imperador do Novo Mundo. São Paulo: LeYa, 2019.

CARVALHO, José Murilo de. A construção da ordem: a elite política imperial e Teatro de sombras: a política imperial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.

DORATIOTO, Francisco. Maldita Guerra: Nova história da Guerra do Paraguai. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

Maragatos (lenço vermelho) e Pica-Paus (lenço branco) na Revolução Federalista

 Durante a Revolução Federalista (1893-1895), os principais grupos em conflito no Rio Grande do Sul eram os maragatos e os pica-paus, representando lados opostos em uma disputa política e militar que envolveu questões sobre o modelo de governo e a consolidação da República no Brasil.

Maragatos

Quem eram? Os maragatos eram federalistas, favoráveis a um sistema político descentralizado, com maior autonomia para os estados.

Liderança: Eram liderados por figuras como Gumercindo Saraiva, Silveira Martins e outros líderes dissidentes do centralismo republicano.

Origem do nome: O termo "maragato" pode ter origem na região de Maragatería, na Espanha, de onde vinham alguns colonizadores. Também foi associado aos federalistas como uma forma pejorativa.

Símbolo: Usavam o lenço vermelho como distintivo.

Objetivos

Se opunham ao governo republicano centralista de Floriano Peixoto e seus aliados regionais, como Júlio de Castilhos no Rio Grande do Sul.

Queriam restaurar um regime mais parecido com o parlamentarismo monárquico ou pelo menos um federalismo mais amplo.

Ações: Utilizavam táticas de guerrilha e contavam com tropas móveis que frequentemente cruzavam fronteiras com o Uruguai e a Argentina.

Pica-Paus

Quem eram? Os pica-paus eram republicanos, defensores do governo centralista e aliados do Partido Republicano Rio-Grandense (PRR), liderado por Júlio de Castilhos.

Liderança: Júlio de Castilhos, com apoio do governo federal de Floriano Peixoto, liderou as forças republicanas no estado.

Origem do nome: O apelido "pica-paus" foi dado pelos federalistas, referindo-se ao uniforme das tropas republicanas, que incluía chapéus de abas viradas que lembravam o formato da cabeça de um pica-pau.

Símbolo: Usavam o lenço branco como distintivo.

Objetivos

Defender o modelo republicano centralizado proposto pela Constituição de 1891.

Manter Júlio de Castilhos no poder no Rio Grande do Sul e consolidar a República no estado e no país.

Ações: Eram militarmente organizados, com o apoio do Exército Brasileiro e armamento moderno, e usavam estratégias de repressão severa.

Conflito entre os dois grupos

Causas: A Revolução Federalista começou devido à oposição dos maragatos ao governo centralizador de Júlio de Castilhos, que, com base na Constituição estadual de 1891, concentrava amplos poderes no executivo.

Ações principais

Os maragatos começaram o conflito com ataques violentos contra posições governistas, tentando tomar o poder no estado.

Os pica-paus resistiram com o apoio do governo federal, recorrendo a uma repressão dura, incluindo o uso de execuções sumárias, como no episódio da degola.

Fim do conflito: A guerra terminou em 1895 com a vitória dos pica-paus, consolidando o poder republicano e centralista no Rio Grande do Sul. O Tratado de Paz de Pelotas trouxe um cessar-fogo, mas deixou ressentimentos profundos.

Símbolos e legado

A disputa entre maragatos (lenço vermelho) e pica-paus (lenço branco) tornou-se parte da identidade histórica e cultural do Rio Grande do Sul.

O conflito é lembrado como um dos mais sangrentos da história do Brasil, com estimativas de 10.000 a 15.000 mortos.

As rivalidades políticas e os valores representados por cada grupo continuaram a influenciar a política gaúcha durante a República Velha e além.

Em resumo, os maragatos e os pica-paus simbolizaram uma polarização política e social que refletia o embate entre federalismo e centralismo, em um momento crítico da consolidação republicana no Brasil.

Maragatos (lenço vermelho) e Chimangos (lenço branco) na Revolução de 1923

 Durante a Revolução de 1923, no Rio Grande do Sul, os grupos dos maragatos e dos chimangos foram os principais protagonistas, representando lados opostos em um conflito político e ideológico que marcou a história do estado.

Maragatos

Os maragatos eram federalistas, descendentes ideológicos dos derrotados da Revolução Federalista (1893-1895).

Defendiam maior descentralização do poder, autonomia estadual e oposição ao governo centralista que dominava o Rio Grande do Sul.

Eram liderados, em 1923, por Assis Brasil, um político que se opunha ao domínio de Borges de Medeiros e ao Partido Republicano Rio-grandense (PRR).

Tinham como símbolo o lenço vermelho, que os diferenciava no conflito.

Chimangos

Os chimangos eram republicanos centralistas, aliados do Partido Republicano Rio-grandense (PRR) e defensores do governo de Borges de Medeiros, que governava o estado de forma quase contínua desde 1898.

Representavam a continuidade da política de Júlio de Castilhos, com forte controle do poder executivo estadual.

Borges de Medeiros, líder dos chimangos, defendia a reeleição e o fortalecimento do governo estadual dentro do sistema republicano.

Tinham como símbolo o lenço branco, usado para identificar seus apoiadores.

Contexto e Causas da Revolução de 1923

A revolução teve origem na insatisfação com o domínio prolongado de Borges de Medeiros no governo estadual.

Em 1922, Borges de Medeiros foi reeleito para seu quinto mandato como presidente do estado, mas a oposição, liderada por Assis Brasil, considerou a eleição fraudulenta.

A oposição federalista (maragatos) via o governo de Borges como autoritário e centralizador, reivindicando eleições livres e maior alternância de poder.

O Conflito

O conflito armado se estendeu por diversas regiões do estado, envolvendo combates entre forças maragatas e chimangas.

Foi uma guerra civil regional, com características de guerrilha, marcada por emboscadas e batalhas localizadas.

O conflito terminou em 1923 com o Pacto de Pedras Altas, mediado pelo governo federal. O acordo estabeleceu:

A permanência de Borges de Medeiros no poder até o fim do mandato.

O compromisso de que ele não tentaria a reeleição novamente.

Garantias para os federalistas, buscando evitar futuras perseguições.

Consequências

O Pacto de Pedras Altas encerrou temporariamente as hostilidades, mas não eliminou as tensões políticas no Rio Grande do Sul.

A Revolução de 1923 reforçou as divisões históricas entre maragatos e chimangos, marcando a política gaúcha por décadas.

Contribuiu para moldar o cenário político nacional, especialmente no contexto da República Velha e na formação de alianças futuras, como a Revolução de 1930.

Em resumo, a Revolução de 1923 foi um reflexo da polarização política entre maragatos (federalistas) e chimangos (republicanos) e de um conflito por maior autonomia política e alternância de poder em um contexto de domínio prolongado de Borges de Medeiros no Rio Grande do Sul.

A degola durante a Revolução Federalista!

 A "degola" é um termo utilizado para descrever um episódio de violência política ocorrido no Rio Grande do Sul durante a Revolução Federalista (1893-1895). Júlio de Castilhos, governador do estado, ficou envolvido em um contexto de severa repressão durante esse período de intensos conflitos entre federalistas (que se opunham ao governo central republicano) e republicanos (representados por Castilhos e seu Partido Republicano Rio-grandense).

A "degola" se refere especificamente a um episódio em que Júlio de Castilhos ordenou a execução sumária de líderes e soldados federalistas após a vitória de suas tropas sobre os inimigos. Durante a Revolução Federalista, Castilhos adotou uma postura extremamente autoritária e represiva contra os federalistas, que buscavam instaurar um regime mais descentralizado de poder, em oposição ao governo centralista de Castilhos.

Em 1894, após a vitória republicana, Castilhos ordenou a execução de muitos prisioneiros de guerra federalistas, em um ato de vingança e como uma forma de mostrar poder e disciplina. Essas execuções sumárias ficaram conhecidas como "a degola", um termo que faz referência ao ato de degolar (cortar a cabeça), simbolizando a brutalidade do ato.

Esse episódio foi bastante controverso e contribuiu para a imagem de Castilhos como um líder autoritário e implacável, o que, por um lado, consolidou seu poder e a ordem no estado, mas, por outro, alimentou o sentimento de revolta e oposição entre os federalistas e seus apoiadores. A "degola" é, portanto, um dos episódios mais sombrios da história política do Rio Grande do Sul e da República Velha, simbolizando a violência política daquele período.

A Guerra da Degola, também conhecida como Revolução Federalista, foi um conflito armado que ocorreu no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná entre 1893 e 1895. O nome "Guerra da Degola" se deve à prática de degolamento de inimigos, que era comum entre os dois lados da guerra. 

A Revolução Federalista foi uma reação sangrenta à Proclamação da República, e um dos conflitos internos mais cruéis da história do Brasil. O conflito envolveu os maragatos, ou federalistas, e os pica-paus, ou republicanos. Os maragatos eram partidários de Gaspar Silveira Martins, e os pica-paus, de Júlio de Castilhos. 

O degolamento era uma forma de vingança e de aterrorizar o inimigo, além de poupar munição e armas. Estima-se que cerca de mil homens morreram degolados, dos dez mil mortos no conflito. 

A Revolução Federalista demonstrou a divisão entre os republicanos, que estavam divididos entre os que defendiam a descentralização do poder e os que defendiam o fortalecimento do presidente da República.

A Revolução Federalista ou "Guerra da Degola" (1893-1895)

 A Revolução Federalista (1893-1895) foi um conflito armado no Brasil, especificamente no Rio Grande do Sul, envolvendo uma luta política entre os republicanos centralistas, que defendiam um governo forte e centralizado (representados principalmente por Júlio de Castilhos e o Partido Republicano Rio-grandense - PRR), e os federalistas, que buscavam um sistema mais descentralizado, com maior autonomia para os estados.

Principais motivos e contextos

Centralismo versus Federalismo: A revolta foi uma consequência das tensões políticas e ideológicas entre os federalistas, que queriam mais autonomia para os estados, e os republicanos centralistas, que desejavam fortalecer o poder central.

Conflitos internos no Rio Grande do Sul: No estado, havia divisões internas entre os políticos, com o PRR (de Castilhos) predominando, mas com forte oposição dos federalistas.

Instabilidade política pós-Proclamação da República: A recém-proclamada República, em 1889, ainda estava em processo de consolidação e enfrentava resistências, com vários grupos contestando o modelo de governo adotado.

Fases principais do conflito

Início da Revolta (1893): A revolta começou após a insatisfação dos federalistas com a liderança de Castilhos e o PRR. Eles se revoltaram contra o governo centralista, buscando instaurar um modelo federalista.

Ato de violência ("degola"): Durante o conflito, o governo de Castilhos adotou uma postura autoritária e violenta, incluindo a execução de prisioneiros federalistas, um episódio conhecido como "a degola".

Intervenção militar: O governo federal, liderado por Marechal Floriano Peixoto, interveio no estado para combater os insurgentes e garantir a ordem.

Fim da Revolução (1895): Após intensos combates e grande desgaste, os federalistas foram derrotados. Castilhos e os republicanos centralistas mantiveram o controle do Rio Grande do Sul e consolidaram o poder no estado.

Consequências

Repressão e autoritarismo: O episódio consolidou a liderança autoritária de Júlio de Castilhos no Rio Grande do Sul, mas também gerou resistência e mágoa entre os federalistas derrotados.

Descentralização do poder: Embora os federalistas tenham sido derrotados, suas ideias sobre maior autonomia para os estados permaneceram presentes no cenário político brasileiro.

Relevância histórica: A Revolução Federalista foi uma das primeiras grandes manifestações de resistência ao modelo republicano centralista e teve impacto nas relações entre os estados e o governo federal durante os primeiros anos da República Brasileira.

Em resumo, a Revolução Federalista foi um conflito armado que refletiu as divisões políticas e ideológicas do Brasil pós-República, com a luta entre centralismo e federalismo, e teve profundas consequências para a política do Rio Grande do Sul e do país.

A relação entre Júlio de Castilhos e Borges de Medeiros

 A relação entre Júlio de Castilhos (1860-1903) e Borges de Medeiros (1863-1961) foi marcada por uma aliança política fundamental na história do Rio Grande do Sul. Ambos foram importantes líderes políticos gaúchos no final do século XIX e início do século XX e desempenharam papéis centrais na construção da política republicana no estado.

Júlio de Castilhos: Foi um dos principais nomes do Partido Republicano Rio-grandense (PRR) e, em 1891, tornou-se o primeiro presidente do estado do Rio Grande do Sul após a Proclamação da República. Castilhos foi responsável por consolidar a República no estado e liderou uma política de centralização e fortalecimento do poder executivo. Ele também tinha uma postura autoritária, buscando fortalecer a ordem e a legalidade na nova república.

Borges de Medeiros: Embora Borges de Medeiros tenha sido um dos aliados e sucessores de Júlio de Castilhos, sua atuação política seguiu uma trajetória distinta. Ele foi governador do Rio Grande do Sul por vários mandatos (1908-1912 e 1915-1928), exercendo um longo período de poder que ficou conhecido como "Borges de Medeiros e a República Velha". Ele foi um defensor da continuidade da política republicana de Castilhos, mas também adotou algumas posturas que eram mais conciliatórias e abertas ao diálogo com diferentes grupos.

A relação entre ambos foi inicialmente uma de aliados políticos, com Borges de Medeiros sendo um dos discípulos e seguidores da ideologia e da liderança de Júlio de Castilhos. Contudo, com o tempo, a relação entre eles se tornou mais distante, com Borges assumindo mais protagonismo e até mesmo posicionando-se de forma diferente em alguns aspectos da política estadual.

Em resumo, a relação entre Júlio de Castilhos e Borges de Medeiros foi de mentoria e continuidade política no contexto da República Rio-grandense, com Borges seguindo o legado de Castilhos até alcançar o próprio poder como líder do estado.