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sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Revolução Farroupilha- parte I: introdução.

         A Guerra dos Farrapos ou Revolução Farroupilha foi a mais longa rebelião do período regencial do Brasil. Ocorreu no Rio Grande do Sul e durou quase dez anos, de 1835 até 1845, época que compreende a regência de Feijó e o Segundo Reinado. O termo “farrapo” se referia aos trajes maltrapilhos que o exército rebelde usava. A revolta foi mobilizada pelos grandes proprietários de terra do Rio Grande do Sul, insatisfeitos com os altos impostos cobrados pelo governo imperial sobre seus produtos. Por isso, constataram que a separação e a república seriam uma forma de obter liberdade comercial e política. Os negros escravizados também foram recrutados para lutar, sob a promessa de liberdade, no caso de vitória na guerra contra o império.  A Revolução Farroupilha se encerra com o Tratado de Poncho Verde, em 1º de março de 1845.

Eclodiu em 1835, no Rio Grande do Sul, a Guerra dos Farrapos, ou Farroupilhas. “Farrapos” e “farroupilhas” são expressões sinônimas, que significam “maltrapilhos”, “gente vestida com farrapos”. Elas pareciam ter-se referido inicialmente aos trajes usados por Cipriano Barata nas ruas de Lisboa, com o acréscimo de um chapéu de palha. Assim, ele se distinguia dos portugueses como se fosse um matuto brasileiro. Os adversários dos farrapos gaúchos deram a eles esse apelido para depreciá-los. Mas a verdade é que se suas tropas podiam ser farroupilhas, os dirigentes pouco tinham disso, pois representavam a elite dos estancieiros, criadores de gado da província. O nome farroupilha, vem da expressão farroupa, aplicada pela primeira vez em meados de 1700, designava agricultores e criadores de gado que usavam roupas gastas e simples. Ela foi assimilada pelos revolucionários gaúchos, mesmo que não se vestissem se trapos, pois eram ricos estancieiros. 

O Rio Grande do Sul era um caso especial entre as regiões brasileiras, desde os tempos da Colônia. Por sua posição geográfica, formação econômica e vínculos sociais, os gaúchos tinham muitas relações com o mundo platino, em especial com o Uruguai. Os chefes de grupos militarizados da fronteira, os caudilhos, que eram também criadores de gado, mantinham extensas relações naquele país. Aí possuíam terras e se ligavam pelo casamento com muitas famílias. Por outro lado, a economia rio-grandense, do ponto de vista da destinação de seus produtos, estava tradicionalmente ligada ao mercado interno brasileiro. A criação de mulas teve importante papel no transporte de mercadorias no Centro-Sul do país, antes da construção das ferrovias. No período de renascimento agrícola das últimas décadas do século XVIII, colonos vindos dos Açores plantaram trigo no Sul, consumido nas outras regiões do Brasil. Quando foi proclamada a Independência, em 1822, esse período de expansão do trigo já se encerrara, devido às pragas e a concorrência americana, mas os vínculos com o resto do país permaneceram.

A criação de gado se generalizou, na região, assim como a transformação da carne bovina em charque (carne-seca). O charque era um produto vital, destinado ao consumo da população pobre e dos escravos do Sul e do Centro-Sul do Brasil. Criadores de gado e charqueadores formavam dois grupos separados. Os criadores estavam estabelecidos na região da Campanha, situada na fronteira com o Uruguai. Os charqueadores tinham suas indústrias instaladas no litoral, nas áreas das lagoas, onde se concentravam cidades como Rio Grande e Pelotas. Criadores e charqueadores se utilizavam de mão de obra escrava, além de trabalhadores dependentes deles.

As queixas do Rio Grande do Sul contra o governo central vinham de longe. Os gaúchos achavam que, apesar da contribuição da província para a economia brasileira, ela era explorada por um sistema de pesados impostos.

        As reivindicações de autonomia, e mesmo de separação, eram antigas e feitas, muitas vezes, tanto por conservadores como por liberais.  A Regência e o Ato Adicional não abrandaram as queixas. As províncias que não podiam arcar com todas as suas despesas recebiam recursos do governo central provenientes em parte de outras províncias. Isso acontecia antes do Ato Adicional e continuou a acontecer depois dele. O Rio Grande do Sul mandava, seguidamente, fundos para cobrir despesas de Santa Catarina e de outras regiões.

Entretanto, a revolta não uniu todos os setores da população gaúcha. Ela foi preparada por estancieiros da fronteira e algumas figuras da classe média das cidades, obtendo apoio principalmente nesses setores sociais. Os charqueadores que dependiam do Rio de Janeiro — maior centro consumidor brasileiro de charque e de couros — ficaram ao lado do governo central. Além das queixas gerais já apontadas, os estancieiros tinham razões próprias de descontentamento. Eles pretendiam acabar com a taxação de gado na fronteira com o Uruguai ou reduzi-la, estabelecendo a livre circulação dos rebanhos que possuíam nos dois países. Além disso, como já estavam organizados militarmente com seus pequenos exércitos particulares, baseados em uma chefia indiscutível, consideravam uma novidade perigosa a criação da Guarda Nacional, com cargos eletivos de oficiais. 

Os farrapos contaram com o concurso de alguns oficiais do Exército, chegados recentemente ao Rio Grande do Sul, entre eles João Manuel de Lima e Silva, irmão de um dos primeiros regentes e tio de Caxias. Nas fileiras dos revoltosos, destacaram-se pelo menos duas dezenas de revolucionários italianos refugiados no Brasil, sendo o mais célebre deles Giuseppe Garibaldi. A figura mais importante do movimento foi Bento Gonçalves, filho de um rica estancieiro, com larga experiência militar nas guerras da região. Ele organizou lojas maçônicas na fronteira e usou o serviço postal dos maçons como alternativa para sua correspondência secreta. Estendeu, assim, à fronteira as sociedades maçônicas que proliferavam em todo o Rio Grande. A luta foi longa e baseada na ação da cavalaria. Garibaldi e Davi Canabarro levaram a guerra para o norte da província, assumindo por uns tempos o controle de Santa Catarina. Na região gaúcha dominada pelos rebeldes, foi proclamada na cidade de Piratini, em 1838, a República de Piratini cuja presidência coube a Bento Gonçalves. A República não existiu apenas no papel, mas teve uma existência real, incluindo o estímulo à criação de gado e à exportação de charque e de couros. 

Os Conflitos Farroupilhas

A Guerra dos Farrapos foi promovida pela classe dominante gaúcha. Constituída de estanceiros que eram os donos de grandes propriedades rurais, gado e negros escravizados. Indignados com os elevados impostos territoriais, além de altas taxas sobre as exportações de charque, couro e sebos. Os estanceiros protestavam, pois o charque gaúcho devia pagar 25% de impostos enquanto o uruguaio pagava somente 4% para ser vendido no Rio de Janeiro. Também havia um ressentimento contra o governo imperial que sempre recrutava homens e cavalos para as lutas com os territórios fronteiriços, mas pouco beneficiava a sociedade local.

Você quer saber mais?

BORIS, Fausto. História do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2004.

RIBEIRO, Celia. O Jornalista farroupilha. Porto Alegre: Libretos, 2012.


sábado, 14 de setembro de 2024

Império Bizantino: a glória do Oriente.

 O Império Bizantino, também conhecido como Império Romano do Oriente, nasceu oficialmente com a divisão do Império Romano em 395 d.C. Após a morte do imperador Teodósio I, o império foi dividido entre seus dois filhos, e o império oriental, com sua capital em Constantinopla (atualmente Istambul), começou a trilhar seu próprio caminho. A cidade, renomeada por Constantino, tornou-se um dos centros políticos e culturais mais importantes do mundo antigo.

Durante os primeiros séculos, o Império Bizantino se consolidou e manteve um papel dominante na região mediterrânea. No século VI, sob o governo do imperador Justiniano I (527-565 d.C.), o império alcançou seu auge territorial e cultural. Justiniano tentou reverter a queda do Império Romano do Ocidente, realizando campanhas militares para recuperar terras perdidas na África do Norte e na Itália. Além disso, o código legal de Justiniano, conhecido como Corpus Juris Civilis, tornou-se uma base fundamental para o direito europeu.

A religião também desempenhou um papel crucial na história bizantina. A Igreja Ortodoxa, com seu centro em Constantinopla, tornou-se uma das principais instituições do império, desenvolvendo uma forma de cristianismo distinta da Igreja Católica Romana. A separação entre as duas igrejas foi formalizada em 1054 d.C., com o Grande Cisma. As diferenças teológicas e políticas, além de disputas sobre a autoridade papal e as práticas litúrgicas, contribuíram para essa divisão, resultando em duas tradições cristãs separadas: o Catolicismo Ocidental e a Ortodoxia Oriental.

No entanto, o Império Bizantino enfrentou uma série de desafios ao longo dos séculos. As invasões de povos germânicos, as disputas internas e a crescente ameaça dos árabes e turcos começaram a minar a estabilidade bizantina. A expansão árabe no século VII resultou na perda de grandes partes do território bizantino no Oriente Médio e na África do Norte. As guerras constantes e as dificuldades econômicas, agravadas por crises internas e disputas dinásticas, enfraqueceram o império.

A partir do século XI, a situação do Império Bizantino tornou-se ainda mais precária. As derrotas militares, como a Batalha de Manzikert em 1071 contra os turcos seljúcidas, resultaram na perda de grande parte da Anatólia, uma região vital para o império. A pressão externa continuou a enfraquecer o império, que sofreu novos ataques dos turcos otomanos. Finalmente, em 1453, Constantinopla caiu nas mãos dos otomanos sob o comando do sultão Mehmed II, marcando o fim do Império Bizantino. A queda de Constantinopla significou a extinção do império que, por mais de mil anos, fora um bastião da cultura e da política na região mediterrânea.

Você quer saber mais?

SMITH, J. M. H. O Império Bizantino. Lisboa: Edições 70, 2004.

NORWICH, John Julius. História do Império Bizantino. São Paulo: Planeta, 2013. (Original em inglês, 2011.)

SIQUEIRA, José Carlos. O Grande Cisma: A Separação da Igreja Cristã em 1054. Petrópolis: Vozes, 2012.

LOSSKY, Vladimir. A Igreja Ortodoxa e o Império Bizantino. São Paulo: Paulus, 2011.

Islamismo: ascensão e expansão.

 O islamismo surgiu no século VII, na região da Arábia, com a pregação de Maomé (Muhammad), considerado pelos muçulmanos como o último profeta de Deus, ou Alá, em árabe. Maomé nasceu em 570 d.C., em Meca, uma importante cidade comercial, e começou a receber revelações divinas em 610 d.C., aos 40 anos. Essas revelações foram posteriormente reunidas no Alcorão, o livro sagrado do Islã.

No início, as mensagens de Maomé, que pregavam a crença em um Deus único e a justiça social, não foram bem aceitas pelos líderes de Meca, que se beneficiavam do comércio relacionado à adoração de vários deuses na Caaba, o principal santuário da cidade. Em 622 d.C., Maomé e seus seguidores foram obrigados a deixar Meca e se mudaram para Medina, no evento conhecido como Hégira, que marca o início do calendário islâmico. Em Medina, o Islã começou a se fortalecer, tanto religiosa quanto politicamente.

Em 630 d.C., Maomé e seus seguidores conseguiram conquistar Meca, e o Islã se tornou a principal religião da região. Após a morte de Maomé, em 632 d.C., a expansão islâmica continuou rapidamente sob a liderança dos califas, os sucessores do profeta. Em menos de um século, o Islã se espalhou por vastas áreas do Oriente Médio, Norte da África, Península Ibérica e até partes da Ásia Central.

A rápida expansão do Islã foi facilitada por fatores como a fraqueza dos impérios Bizantino e Sassânida (Persa), que dominavam a região, além da unificação política e religiosa oferecida pelo Islã, que atraía muitos povos. O comércio e as redes de caravanas também ajudaram a disseminar a nova religião. Entre 711 e 718 d.C., os exércitos islâmicos conquistaram boa parte da Península Ibérica. Ao longo do tempo, o islamismo influenciou profundamente a cultura, ciência e política das regiões por onde se espalhou. Hoje, o Islã é uma das maiores religiões do mundo, com mais de um bilhão de seguidores.

Você quer saber mais?

ARMSTRONG, Karen. O Islã. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

CHEBEL, Malek. História do Islã. Porto Alegre: L&PM Pocket, 2002.

GRUNEBAUM, Gustave E. von. A Civilização do Islã Clássico. São Paulo: Perspectiva, 2014.

GRIN, Monica. O que é o Islã?. São Paulo: Brasiliense, 1996. (Coleção Primeiros Passos)

quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Segundo Reinado no Brasil: principais características

O Segundo Reinado no Brasil, sob o governo de Dom Pedro II (1840-1889), representa um dos períodos mais notáveis da história do país, marcado por progresso, estabilidade e respeito internacional. Dom Pedro II, um monarca ilustrado, liderou o Brasil por quase meio século, guiando a nação através de profundas transformações econômicas, sociais e culturais.

Estabilidade e unidade nacional

Dom Pedro II ascendeu ao trono com apenas 14 anos, e seu reinado trouxe uma notável estabilidade política a um país que, até então, havia enfrentado revoltas regionais e tensões internas. Durante sua liderança, ele conseguiu unificar o Brasil e manter a integridade territorial do Império, evitando as fragmentações que ocorreram em outros países latino-americanos após suas independências.

Desenvolvimento econômico

O Segundo Reinado também foi um período de grande avanço econômico. O Brasil passou por um processo de modernização e industrialização, com a introdução de ferrovias, telégrafos e a expansão dos portos. O café, principal produto de exportação, consolidou o Brasil como uma potência agrícola, enriquecendo a economia e integrando o país ao comércio global. Sob Dom Pedro II, o país se abriu para novas tecnologias e inovação, contribuindo para a crescente urbanização e diversificação econômica.

Cultura e educação

Dom Pedro II era um patrono da cultura e das artes, reconhecido por seu intelecto refinado e amor ao conhecimento. Ele promoveu a educação e fundou importantes instituições culturais, como a Academia Brasileira de Letras e o Museu Nacional. Seu governo investiu em ciência e tecnologia, valorizando o progresso do saber como alicerce de um país forte e próspero. O imperador, que dominava várias línguas e era um estudioso de diferentes áreas, via a educação como um meio de libertação e desenvolvimento social.

A questão social e a abolição da escravidão

Embora a escravidão tenha sido uma dura realidade no Brasil durante grande parte do Segundo Reinado, Dom Pedro II era um abolicionista como todos os Braganças desde D. João VI, mas devido as conjunturas econômicas e políticas diante do poder dos grandes cafeicultores e para evitar conflitos internos que levassem a um grande derramamento de sangue de brasileiros, como ocorreu na Guerra da Secessão dos Estados Unidos. Pautou-se então em uma emancipação gradual dos escravos. Sua influência foi fundamental na promulgação de leis que pavimentaram o caminho para a abolição, como a Lei do Ventre Livre (1871) e a Lei dos Sexagenários (1885). A abolição definitiva da escravatura veio em 1888, com a assinatura da Lei Áurea pela Princesa Isabel, sua filha, encerrando um dos capítulos mais dolorosos da história do país.

Diplomacia respeitada

Internacionalmente, o Brasil ganhou respeito sob o governo de Dom Pedro II. Ele manteve uma diplomacia pacífica e eficiente, evitando conflitos desnecessários e projetando o Brasil como um ator equilibrado nas relações internacionais. Sua figura era admirada por governantes de todo o mundo, sendo o imperador recebido com honras em diversas nações.

Modernização e legado

Dom Pedro II não foi apenas um monarca, mas um estadista visionário, que buscava incessantemente o progresso e o bem-estar de seu povo. Ele acreditava no desenvolvimento científico, na liberdade de imprensa e na importância de uma nação educada. Seu governo deixou um legado de modernização e transformações que impactaram profundamente o futuro do Brasil.

O Segundo Reinado, portanto, é lembrado como uma era de glória e avanço, conduzida por um imperador que, com sabedoria e dedicação, guiou o Brasil por tempos de crescimento econômico, enriquecimento cultural e justiça social. Dom Pedro II foi, sem dúvida, um dos grandes líderes que moldaram a história do país. 

Principais características do Segundo Reinado:

  1. Estabilidade política: Durante seu reinado, o Brasil passou por um longo período de estabilidade política, apesar de algumas revoltas regionais. Ele conseguiu evitar guerras civis maiores e manteve a integridade territorial do país.

  2. Abolição da escravidão: Dom Pedro II foi um defensor da abolição da escravatura. Embora a escravidão tenha sido abolida somente no fim de seu reinado, em 1888, com a Lei Áurea, ele apoiou a causa abolicionista e a transição gradual.

  3. Desenvolvimento cultural e educacional: Dom Pedro II era um grande incentivador da educação, ciência e cultura. Ele fundou diversas instituições educacionais e científicas, como o Imperial Instituto dos Meninos Cegos (atual Instituto Benjamin Constant) e o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Além disso, era um patrono das artes e da literatura.

  4. Modernização: Sob seu governo, o Brasil avançou em infraestrutura e tecnologia. Houve expansão da rede ferroviária, do telégrafo e de serviços públicos, como iluminação a gás.

  5. Diplomacia eficiente: Dom Pedro II tinha uma política externa respeitada, mantendo relações pacíficas e estáveis com outras nações, como os EUA e as potências europeias. Ele também evitou conflitos externos, apesar de a Guerra do Paraguai (1864-1870) ter ocorrido em seu reinado.

Esses fatores contribuíram para o desenvolvimento do Brasil como um país mais estável e moderno.

Você quer saber mais?

REZZUTTI, Paulo. D. Pedro II: A História Não Contada – O Último Imperador do Novo Mundo e a Longa Noite de uma Nação. Leya, 2019.

BARMAN, Roderick J. Dom Pedro II: Imperador Cidadão. Editora Unesp, 2012.

GÓES, Marcus. Dom João: O Trópico Coroado. Biblioteca do Exército, 2008.


terça-feira, 10 de setembro de 2024

Ouro e Diamantes: Impactos Econômicos e Sociais da Mineração no Brasil Colonial

 A descoberta de ouro e diamantes no Brasil teve um impacto significativo na história econômica e social do país. A exploração de ouro começou em 1693, em Minas Gerais, quando foram encontrados depósitos na região de Vila Rica (hoje Ouro Preto). Posteriormente, a descoberta de diamantes na mesma região, em 1729, acentuou ainda mais o impacto econômico da mineração. Essas descobertas atraíram uma grande quantidade de colonos, escravizados e aventureiros para a área, resultando em uma rápida urbanização e crescimento das cidades mineradoras.

A exploração mineral trouxe grandes benefícios econômicos para a Coroa Portuguesa, com a cobrança de impostos e o aumento da riqueza colonial. No entanto, também gerou profundas consequências negativas. A mineração intensificou a exploração de mão de obra escravizada, com condições de trabalho extremamente duras e a formação de um mercado de escravos em expansão. 

Além disso, a corrida do ouro e dos diamantes contribuiu para o aumento da desigualdade social, com a concentração de riqueza nas mãos de poucos e a marginalização de muitos trabalhadores e indígenas. A economia baseada na mineração também causou uma dependência econômica que influenciou o desenvolvimento econômico do Brasil por muitos anos. Em resumo, a descoberta de ouro e diamantes foi um marco na história do Brasil, trazendo prosperidade econômica a curto prazo, mas também gerando problemas sociais e ambientais duradouros.

As descobertas de ouro e diamantes no Brasil impulsionaram o desenvolvimento econômico da colônia, gerando riqueza. Estimulou a urbanização e o crescimento das cidades mineradoras, como Ouro Preto. Além disso, incentivou a infraestrutura, com a construção de estradas e obras públicas. A mineração também trouxe um fluxo de novas ideias e técnicas, contribuindo para a evolução tecnológica da época.

Você quer saber mais?

Schwarcz, Lilia Moritz. O Espetáculo das Raças: Cientistas, Instituições e Questões Raciais no Brasil. Companhia das Letras, 1993.

Souza, Carlos Fico de. A Economia do Ouro e a Formação da Sociedade Brasileira: A Experiência Mineira no Século XVIII. Editora Record, 2004.

Caldas, João. A Mineração no Brasil Colonial: História e Consequências. Editora FGV, 2002.

Oliveira, José Murilo de. O Ouro e a Revolução: O Impacto da Mineração na Formação do Brasil. Editora Universidade Federal de Minas Gerais, 1999.

Três raízes, uma nação: o papel dos índios, negros e brancos na formação do Brasil

A formação do povo brasileiro é resultado de uma rica mistura de três principais grupos: indígenas, africanos e europeus. Os povos indígenas foram os primeiros habitantes do Brasil, trazendo suas culturas, línguas e conhecimentos sobre o território. 

Com a colonização, os europeus, principalmente portugueses, introduziram suas tradições, valores e modelos econômicos, além de trazerem africanos escravizados. Os africanos, forçados a trabalhar no Brasil, tiveram um papel fundamental na economia colonial, além de contribuírem de forma significativa com sua cultura.

A interação entre esses três grupos gerou uma identidade brasileira única, marcada pela diversidade étnica e cultural. Essa miscigenação moldou as características sociais, culturais e linguísticas que definem o Brasil contemporâneo.

Você quer saber mais?

Castro, Edna. Cultura e Identidade no Brasil: O Papel dos Índios, Negros e Brancos. Editora Zahar, 2012.

Kabengele, Munanga. Rediscutindo a mestiçagem no Brasil: Identidade e Política. Editora Cortez, 2004.

Schwarcz, Lilia Moritz. O Espetáculo das Raças: Cientistas, Instituições e Questões Racial no Brasil. Companhia das Letras, 1993.