O Livro de Jasher é um
apócrifo que relata de forma paralela ao Pentateuco (cinco primeiros livros da
Bíblia), os eventos ocorridos entre a criação do homem e os dias de Josué. Pode
ser facilmente encontrado na Internet para download ou ser adquirido impresso
na língua inglesa no site Amazon.com.
Em termos cronológicos,
Jasher é um escrito posterior ao Êxodo, conforme relata ele próprio em seu
capítulo 73 (Jasher 73:28-29): “E Balaão, o mágico, quando viu que a cidade
fora tomada, abriu o portão, e ele e seus dois filhos, e oito irmãos, fugiram e
retornaram ao Egito, a Faraó, rei do Egito. Estes são os feiticeiros e mágicos
que são mencionados no Livro da Lei, que ficaram contra Moisés quando o Senhor
trouxe as pragas ao Egito”. O Livro da Lei, neste caso, se refere ao Êxodo,
onde se relatam os dez mandamentos.
Jasher é mencionado diretamente
duas vezes no Antigo Testamento, a saber, em Js 10:13: “E o sol se deteve, e a
lua parou, até que o povo se vingou de seus inimigos. Isto não está escrito no
livro de Jasher? O sol, pois, se deteve no meio do céu, e não se apressou a
pôr-se, quase um dia inteiro”; Em 2 Sm 1:18: “Dizendo ele que ensinassem aos
filhos de Judá o uso do arco. Eis que está escrito no livro de Jasher”.
Há também ao menos uma
referência não direta ao mesmo livro no Novo Testamento, em II Tm 3:8 que
relata: “como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim também estes resistem
à verdade, sendo homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé”.
Estes personagens não são mencionados em nenhuma passagem do Antigo Testamento,
mas eram conhecidos de Paulo, que tinha, portanto, tido acesso ao Livro de
Jasher, onde o assunto é detalhado no seu capítulo 79.
É bom que se mencione que
Jasher merece o título de apócrifo, pois há nele, inúmeros textos que
claramente indicam sua falta de inspiração, uma vez que reporta usos e costumes
contrários à lei de Moisés, quando relata casos de necromancia, feitiçaria,
lendas, controle sobre a mente de demônios, entre outros.
Em termos cronológicos, no
entanto, quando sincronizado com os eventos datados na Bíblia, Jasher é
absolutamente correto e desta forma, pedimos ao leitor licença para utilizá-lo,
certo de que entenderá que não tentamos utilizar de forma tendenciosa qualquer
informação nele contida, mas sim, aproveitar as informações valiosas nele
contidas.
Há relatos bíblicos, por
exemplo, em Gênesis, que não se encontram em Jasher e vice-versa. Quanto aos
relatos coincidentes, as datas são absolutamente as mesmas. Jasher parece uma
redação baseada nos escritos do Pentateuco, acrescida de relatos que possivelmente
vieram da cultura oral dos hebreus, que como em qualquer outra cultura, faz
agregar à história, as crendices e exageros naturais do folclore.
Não deve por isto ser
desprezado, pois acaba por esclarecer ou ao menos lançar luzes sobre certos
fatos pouco detalhados na Bíblia, fatos estes, que se por sua vez não forem o
retrato da verdade, são no mínimo uma boa sugestão sobre o que pode realmente
ter acontecido. Exemplo: Sara, depois do nascimento de Isaque pede que Abraão
se livre de Agar e Ismael, no que Abraão lhe ouve, conforme relato de Gn 21.
Em Gênesis, tal relato nos
dá a impressão de ser uma atitude de uma mulher ciumenta e de pouca paciência,
mas Jasher esclarece o fato mostrando que Ismael tencionava matar Isaque, fato
que foi presenciado por Sara, que não teve outra alternativa senão fazer o que
fez.
Outro exemplo trata de um
acontecimento ocorrido quando Moisés retornava ao Egito a fim de libertar o
povo, conforme Gn 4:24-26: “E aconteceu no caminho, numa estalagem, que o
Senhor o encontrou, e o quis matar. Então Zípora tomou uma pedra aguda, e
circuncidou o prepúcio de seu filho, e lançou-o a seus pés, e disse: Certamente
me és um esposo sanguinário. E desviou-se dele. Então ela disse: Esposo
sanguinário, por causa da circuncisão”.