Dando
seguimento ao nosso estudo sobre a ausência de consciência entre pessoas na
espécie humana, estes denominados pela psicologia como sociopatas/psicopatas.
Nesta parte estaremos nos aprofundando na tentativa de compreendermos as
motivações e o modus operandi dos indivíduos aonde não está presente o sentido
humano de ser e estar com seu semelhante.
Algumas
pessoas nunca experimentaram ou jamais experimentarão a inquietude mental, ou o
menor sentimento de culpa ou remorso por desapontar, magoar, enganar ou até
mesmo tirar a vida de alguém. Indivíduos verdadeiramente maléficos e ardilosos utilizam “disfarces”
tão perfeitos que acreditamos piamente que são seres humanos como nós. Eles
são verdadeiros atores da vida real, a ponto de não percebermos a diferença
entre aqueles que têm consciência e aqueles que são desprovidos desse nobre
atributo.
Devido
à falta de consenso definitivo, a denominação dessa disfunção comportamental
tem despertado acalorados debates entre muitos autores, clínicos e
pesquisadores ao longo do tempo. Alguns utilizam a palavra sociopata por pensarem que fatores sociais desfavoráveis
sejam capazes de causar o problema. Outras correntes acreditam que os fatores genéticos, biológicos e
psicológicos estejam envolvidos na origem do transtorno adotam o termo psicopata.
Seja
lá como for, uma coisa é certa: todas essas terminologias definem um perfil transgressor. O que pode
suscitar uma pequena diferenciação entre elas é a intensidade com a qual os sintomas se manifestam.
É
importante ressaltar que o termo psicopata pode dar a falsa impressão de que se
trata de indivíduos loucos ou doentes mentais. No entanto, em termos
médicos-psiquiátricos, a psicopatia não se encaixa na visão tradicional das doenças
mentais. Esses indivíduos não são considerados loucos, nem apresentam qualquer tipo de
desorientação. Também não sofrem de delírios ou alucinações (como a
esquizofrenia) e tampouco apresentam intenso sofrimento mental
(como a depressão ou pânico, por exemplo).
“Ao contrário disso, seus atos
criminosos não provêm de mentes adoecidas, mas sim de um raciocínio frio e
calculista combinado com uma total incapacidade de tratar as outras pessoas
como seres humanos pensantes e com sentimentos.”
Os
psicopatas em geral são indivíduos frios, calculistas, inescrupulosos,
dissimulados, mentirosos, sedutores e que visam apenas o próprio beneficio.
Eles são incapazes de estabelecer vínculos afetivos ou de se colocar no lugar
do outro. São desprovidos de culpa ou remorso e, muitas vezes, revelam-se
agressivos e violentos.
Os psicopatas
são indivíduos que podem ser encontrados em qualquer raça, cultura, sociedade, credo, sexualidade
ou nível financeiro. Estão infiltrados em todos os meios sociais e
profissionais, camuflados de executivos bem-sucedidos, líderes religiosos,
trabalhadores, “pais e mães de família”, políticos etc. O jogo deles se baseia no poder e na
autopromoção à custa dos outros, e eles são capazes de atropelar
tudo e todos com total egocentrismo e indiferença. O fenômeno da psicopatia é
um enigma sombrio com drásticas implicações para todas as pessoas “de bem”, que
lutam diariamente para a construção de uma sociedade mais justa e humana.
Segundo
o psicólogo canadense Robert Hare,
uma das maiores autoridades sobre o assunto, os psicopatas têm total ciência dos seus
atos (a parte cognitiva ou racional é perfeita), ou seja, sabem perfeitamente
que estão infringindo regras sociais e por que estão agindo dessa maneira.
A deficiência deles (e é aí que mora o perigo) está no campo dos afetos,
maltratar ou até matar alguém que atravesse o seu caminho ou os seus
interesses, mesmo que esse alguém faça parte de seu convívio íntimo. Esses comportamentos
desprezíveis são resultados de uma escolha, diga-se de passagem, exercida de
forma livre e sem qualquer culpa.
Utilizam
sem qualquer consciência, habilidades maquiavélicas contra suas vítimas, que
para eles funcionam apenas como troféus de competência e inteligência.
“Passe a ler os jornais sobre esse novo prisma
(a falta de consciência) e você perceberá rapidamente que a extensão desse
problema é amedrontadora.”
O
Escorpião e o Sapo. Imagem: http://cadarco.files.wordpress.com/2012/09/o-escorpic3a3o-e-o-sapo.jpg?w=491&h=254
Essa
diferença entre o funcionamento emocional normal e a psicopatia é tão chocante
que, quase instintivamente, recusamo-nos a acreditar que de fato possam existir
pessoas com tal vazio de emoções. Infelizmente, essa nossa dificuldade em
acreditar na magnitude dessa diferença (ter ou não ter consciência) nos coloca
permanentemente em perigo.