Os ambientalistas estão
sempre pregando a preservação do ambiente.
O objetivo deles parece ser evitar que a ação humana altere a fauna e a
flora. No entanto, a própria
sobrevivência do homem depende de sua interação com o ambiente, transformando-o
para satisfazer suas necessidades e retirando dele o que é preciso para
sobreviver (e viver). Visto que é
inevitável que o ser humano altere o meio em que vive, os ambientalistas
parecem querer que o atual estado do ambiente seja preservado, e que não ocorra
nenhuma alteração adicional na quantidade atual de plantas e animais — mesmo
que isso implique uma diminuição da quantidade e qualidade de vida dos seres
humanos, deixando claro que esta ideologia valoriza mais insetos, sapos, micos
e mato do que o homem. Uma pergunta que
surge é por que o atual estado deve ser preservado? O que há de tão bom nele? Por que, por exemplo, o imenso deserto verde
amazônico deve ter seu tamanho colossal mantido? Murray Rothbard, ao analisar as conseqüências
econômicas das leis de preservação faz exatamente essas perguntas:
Quantos e quantos escritores
reclamam da brutal devastação que o capitalismo impõe as florestas
americanas! Porém, é evidente que a
terra na América tem sido usada para produções que são mais valorizadas do que
a produção de madeira, e, consequentemente, a terra foi destinada aos fins que
melhor satisfaziam os desejos dos consumidores.[1] Em que critério além deste os críticos podem
se basear? Se eles acham que muita
floresta foi cortada, como eles podem estabelecer um critério quantitativo para
determinar quanto é "muito"?
Na verdade, é impossível estabelecer um critério destes, do mesmo modo
que é impossível estabelecer qualquer critério para a ação do mercado fora do
mercado. Toda tentativa de fazer isso
vai ser arbitrária e não será baseada em nenhum princípio racional.[2]
150
anos sem ninguém: O edifício mais alto de Boston desmorona sobre a mata que
domina a cidade.
Então, se não existe este
critério, poderíamos levar as reivindicações dos ambientalistas as suas últimas
consequências lógicas. O History Channel
exibe uma série de documentários que mostra o que aconteceria com o planeta
Terra se todas as pessoas desaparecessem de uma hora para outra. Nos primeiros seis meses, os animais
selvagens já estariam novamente vivendo nas cidades. Com um ano, o mato estaria tomando conta da
área urbana, e com cinco anos as ruas e estradas teriam desaparecido embaixo
deste mato. Passados 25 anos sem
ninguém, as estruturas de concreto e aço começam a ruir sem o trabalho humano
de conservação, e após 200 anos somente as mais resistentes estruturas de
concreto reforçado ainda estarão de pé.
Mas transcorridos 500 anos, mesmo estas sucumbirão, e após mil anos
quase todas as evidencias da civilização terão desaparecido e as cidades serão
novamente grandes florestas. Seria este
o mundo ideal que os ambientalistas querem impor à humanidade? Se não, por que não? Em que ponto eles pretendem parar de advogar
agressões contra a propriedade alheia em nome de uma preservação?
Há aqueles que alegam que as
leis de preservação são essenciais para manter a vida humana; que caso os
humanos não tivessem suas liberdades de ação cerceadas por um ente superior e
altruísta, eles acabariam com os recursos naturais e deixariam o ambiente do
planeta hostil à vida. Estes
ambientalistas falham em reconhecer que um sistema de inviolabilidade dos
direitos de propriedade, que se oriente pelos preços do livre mercado para
alocar os recursos, é a melhor maneira de garantir um ambiente sustentável e o
maior bem estar para as pessoas (leia mais aqui e aqui). E sobre a alegação da necessidade de se
preservar recursos não-renováveis, Rothbard faz a seguinte análise:
.. há de se presumir que os
recursos não-renováveis deverão ser usados em algum momento, e deve ser
encontrado um ponto de equilíbrio entre a produção presente e a futura. Por que as vontades da presente geração
possuem tão pouco peso nessa decisão?
Por que a geração futura possui um valor tão maior, capaz de impor à
atual um fardo muito mais pesado? O que
a futura geração tem para merecer este tratamento privilegiado? Na verdade, uma vez que as futuras gerações
tendem a ser mais ricas do que a presente, seria melhor aplicar o inverso! ..
Além do mais, transcorridos alguns anos, o futuro terá se tornado o presente;
então as gerações futuras também devem ter suas produções e consumos restritos
em nome de outro "futuro" fantasmagórico? Jamais devemos esquecer que o objetivo de
toda atividade produtiva são bens e serviços que irão e poderão ser consumidos
apenas em algum presente. Não existe
nenhuma justificação racional para penalizar o consumo em um presente e
privilegiar um presente futuro; e seria ainda mais impossível justificar a
restrição de todos os presentes em favor de algum "futuro" ilusório
que pode nunca chegar e está sempre além do horizonte. No entanto, este é o objetivo das leis de
conservação. As leis de conservação são
na verdade legislações fantasiosas da Terra do Nunca. [3] [4]
O
planeta-cidade Coruscant, capital da galáxia.
E a ausência do uso ou
ameaça do uso de violência física para preservar o ambiente também não
significa que ocorreria um cenário inverso ao mundo sem ninguém — um mundo
superlotado e completamente alterado pela ação humana, algo como o planeta
Coruscant, a capital da galáxia na saga Guerra nas Estrelas, que possui a
totalidade de sua superfície ocupada por uma cidade. Em um livre mercado, a simples satisfação que
as pessoas obtêm ao apreciar uma paisagem natural seria o suficiente para que
diversas áreas fossem mantidas intactas pelos seus proprietários. Mas se um mundo como Coruscant fosse o
resultado da ausência de agressão, seria, obviamente, muito bem vindo.