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quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Siga os antigos egípcios na "jornada pela morte para a vida futura". Exposição enfocando o Livro dos Mortos.

Cena do Livro dos Mortos do Hunefer. Egito, c. 1280 aC

A partir de Tebas, no Egito 19a dinastia, por volta de 1300 aC

Ritos diante do túmulo

Este é um excelente exemplo de uma das muitas belas vinhetas (ilustrações) do Livro dos Mortos do Hunefer.

O elemento central da cena superior é a múmia de Hunefer, mostrado apoiado pelo deus Anubis (ou um sacerdote usando uma máscara de chacal). Hunefer esposa e filha choram, e três sacerdotes realizam rituais. Os dois sacerdotes, com faixas brancas estão realizando o ritual de abertura da boca. O prédio branco à direita é uma representação da tumba, completa com portal e porta pequena pirâmide. Ambas as características podem ser vistas nas tumbas reais da data de Tebas. À esquerda da tumba é um retrato da estela que teria ficado ao lado da entrada do túmulo. Seguindo as convenções normais da arte egípcia, mostra-se muito maior do que o tamanho normal, a fim de que o seu conteúdo (o falecido adorar Osíris, juntamente com uma fórmula padrão que oferece) é absolutamente legível.

À direita da parte inferior da cena é uma mesa com os vários implementos necessários para a abertura do ritual da boca. À esquerda é mostrado o ritual, onde a perna de um bezerro, cortar, quando o animal está vivo, é oferecido. Os animais foram então sacrificados. O bezerro é mostrada junto com sua mãe, que possam ser interpretados como sinais de perigo.

RO Faulkner, The Ancient Egyptian Book de t , (revista ed. CAR Andrews) (Londres, o British Museum Press, 1985)

RB Parkinson e S. Quirke, papiro (egípcio Bookshelf) (Londres, o British Museum Press, 1995)

S. Quirke e AJ Spencer, The British Museum livro do CPN (Londres, o British Museum Press, 1992)

Você quer saber mais?

http://www.britishmuseum.org/

http://blog.britishmuseum.org/2010/09/22/what-is-a-book-of-the-dead/

http://www.britishmuseum.org/learning.aspx

http://www.britishmuseum.org/visiting.aspx


Vida e Morte em Contexto de Dominação Biopolítica.

Este texto faz parte de um trabalho dentre tantos artigos na íntegras de conferências e outros textos relacionados com as atividades de grupos de pesquisa, professores visitantes, pesquisadores visitantes e conferencistas convidados que disponibilizam suas obras para o enriquecimento humano. Fica aqui meu agradecimento aos professores da USP que realizam este belo trabalho de difusão do conhecimento entre seus semelhantes.

Peter Pál Pelbart

Seria preciso começar pela nova relação entre poder e vida tal como ela se apresenta hoje. Por um lado, uma tendência que poderia ser formulada como segue: o poder "tomou de assalto" a vida. Isto é, o poder penetrou todas as esferas da existência, e as mobilizou inteiramente, pondo-as para trabalhar. Desde os gens, o corpo, a afetividade, o psiquismo, até a inteligência, a imaginação, a criatividade, tudo isso foi violado, invadido, colonizado, quando não diretamente expropriado pelos poderes, quer se evoque as ciências, o capital, o Estado, a mídia. Os mecanismos diversos pelos quais tais poderes se exercem são anônimos, esparramados, flexíveis, rizomáticos. O próprio poder se tornou "pós-moderno", ondulante, acentrado, reticular, molecular. Com isso, ele incide mais diretamente sobre nossas maneiras de perceber, de sentir, de amar, de pensar, até mesmo de criar. Se antes ainda imaginávamos ter espaços preservados da ingerência direta dos poderes (o corpo, o inconsciente, a subjetividade), e tínhamos a ilusão de preservar em relação a eles alguma autonomia, hoje nossa vida parece integralmente subsumida a tais mecanismos de modulação da existência. Até mesmo o sexo, a linguagem, a comunicação, a vida onírica, mesmo a fé, nada disso preserva já qualquer exterioridade em relação aos mecanismos de controle e monitoramento. Para resumí-lo numa frase: o poder já não se exerce desde fora, nem de cima, mas como que por dentro, pilotando nossa vitalidade social de cabo a rabo. Não estamos mais às voltas com um poder transcendente, ou mesmo repressivo, trata-se de um poder imanente, produtivo. Um tal biopoder não visa barrar a vida, mas se encarrega dela, intensifica-a, otimiza-a. Daí também nossa extrema dificuldade em resistir, já mal sabemos onde está o poder e onde estamos nós, o que ele nos dita e o que dele queremos, nós próprios nos encarregamos de administrar nosso controle, e o próprio desejo se vê inteiramente capturado nessa dinâmica anônima. Nunca o poder chegou tão longe e tão fundo no cerne da subjetividade e da própria vida.

É onde intervém o segundo eixo que seria preciso evocar, sobretudo em autores provenientes da autonomia italiana. Podemos resumir este eixo da seguinte maneira: quando parece que “está tudo dominado”, como diz um rap brasileiro, no extremo da linha se insinua uma reviravolta: aquilo que parecia submetido, controlado, dominado, isto é, “a vida”, revela no processo mesmo de expropriação, sua potência indomável. Tomemos apenas um exemplo.

O capital precisa hoje, não mais de músculos e disciplina, porém de inventividade, de imaginação, de criatividade, de força-invenção. Mas essa força-invenção, de que o capitalismo se apropria e que ele faz render em seu benefício próprio, não emana dele, e no limite poderia até prescindir dele. É o que se vai constatando aqui e ali: a verdadeira fonte de riqueza hoje é a inteligência das pessoas, sua criatividade, sua afetividade, e tudo isso pertence, como é óbvio, a todos e a cada um. Três adolescentes e um pc, e já estão reunidas as condições para a invenção de um software que lhes renderá bilhões. Não necessitam de um capitalista que junte os meios de produção e a força de trabalho. Isso significa, mais profundamente, o seguinte.

Tal inteligência, tal potência de vida disseminada por toda parte nos obriga a repensar os próprios termos da resistência. Poderíamos resumir tal movimento do seguinte modo: ao poder sobre a vida responde a potência da vida, ao biopoder responde a biopotência, mas esse “responde” não significa uma reação, já que o que se vai constatando é que tal potência de vida já estava lá desde o início. A vitalidade social, quando iluminada pelos poderes que a pretendem vampirizar, aparece subitamente na sua primazia ontológica. Aquilo que parecia inteiramente submetido ao capital, ou reduzido à mera passividade, a “vida”, aparece agora como reservatório inesgotável de sentido, manancial de formas de existência, germe de direções que extrapolam as estruturas de comando e os cálculos dos poderes constituídos.

Seria o caso de percorrer essas duas vias maiores como numa fita de Moebius, o biopoder, a biopotência, o poder sobre a vida, as potências da vida3. Mas poderíamos fazê-lo aqui sob um crivo particular, o do corpo. Pois tanto o biopoder como a biopotência passam necessariamente, e hoje mais do que nunca, pelo corpo. Assim, proponho trabalhar aqui três modalidades de "vida", isto é, três conceitos de vida, acompanhados de sua dimensão corporal correspondente, percorrendo de um lado a outro a banda de Moebius mencionada.

Leia ou baixe esse trabalho legalmente e gratuitamente no link que segue abaixo!

Você quer saber mais?

http://www.iea.usp.br/iea/textos/pelbartdominacaobiopolitica.pdf

O perigo da inveja e os invejosos perigosos.

Jesus Te Ama!

Quem não acredita em si, duvida de todos que acreditam em si.

Eles estão por toda parte. Criaturas aparentemente indefesas, mas cheias de maldade no coração. Incapazes de deixar vir à tona os talentos que Deus lhes deu, os invejosos preferem anular suas qualidades, para roubar o que há de bom nos outros. Um invejoso tem muito de um seqüestrador: tira a paz da sua vitima por não permitir que o outro seja quem ele é.

Precisamos ter cuidado. A inveja é um câncer da alma que se alastra rapidamente. Como toda doença de grande porte, a inveja priva o individuo de viver a vida com intensidade, aproveitando o que ela tem de melhor. Enquanto alguns sorriem, os invejosos se entristecem com a alegria de alguém. Enquanto alguém faz, o invejoso procura desfazer. Ocupam-se mais em destruir o que está pronto a construir o que ainda está por fazer.

Não é fácil reconhecê-los a primeira vista. São tão traiçoeiros quanto à cobra peçonhenta. Vivem escondidinhos, muitas vezes se fazendo de vitima para ganhar admiradores. O perigo está em cair nas suas armadilhas. Quem parou para ouvir um invejoso entregou o comando da sua vida nas mãos deste alguém. Veja quantas pessoas são movidas pela opinião alheia: acreditam no conteúdo mentiroso das palavras lançadas sobre si e vivem a mercê de tais informações.

Perigo. Esta é a palavra que define a relação com um ser invejoso. Assim como Caim matou seu irmão Abel por pura inveja, o invejoso pode não tirar a vida de suas vitimas, mas roubar-lhes o sentido do viver. Inveja tem tudo a ver com complexo de inferioridade. Quem não acredita em si, duvida de todos que acreditam em si. Olham tanto para as qualidades das pessoas ao seu redor, que se esquecem de reparar nas suas.

Como lidar com o perigo da inveja e como se cuidar dos invejosos perigosos? O jeito é prosseguir caminhando, mesmo quando um invejoso aparecer no seu caminho. Eles não resistem ao calor das tensões. Vivem julgando o comportamento dos outros, mas são péssimos administradores da própria vida. Criticam os que dão passos curtos, mas vivem estagnados na sua caminhada. Invejosos só se tornam ameaças para quem os prestigia. Seguir adiante é o segredo para quem não quer se contaminar com suas maldades.

Quem não quer ser invejado deve cruzar os braços e não fazer nada. Será que no processo de condenação do Filho de Deus não houve uma pitada de inveja? Por que será que as idéias que revolucionaram o mundo inicialmente foram tidas como “malucas”? Sempre que você buscar fazer a diferença, encontrará um ou outro invejoso procurando impedi-lo de tal feito. Os que desistemJustificar tornam-se escravos dos invejosos. Os que persistem transformam o mundo. Em qual grupo você está?

Paulo Franklin

franklin.fm@hotmail.com

17/12/2008 - Estância⁄SE

Você quer saber mais?

http://www.missaocefas.org/2009/01/o-perigo-da-inveja-e-os-invejosos.html

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Aumento Salário Professores - Petição Pública.


CLIQUEM NO LINK...ASSINEM E DIVULGUEM: SE NOS UNIRMOS, TEREMOS FORÇA.
ABRAÇOS

Pessoal...
Vamos agir rapida e seriamente (ao menos o que está ao nosso alcance).Participe também!!!! E que tenhamos todos, de norte a sul do Brasil, um ano realmente novo e feliz!!
Abraços...

Professores podem ter o mesmo reajuste salarial dos senadores. Os senadores Cristovam Buarque e Pedro Simon apresentaram dia 16 projeto de lei estendendo o mesmo reajuste salarial concedido aos Senadores para o Piso Salarial Profissional Nacional para os professores da educação básica das escolas públicas brasileiras. Com o reajuste de 61,78% do aumento dos senadores, o piso salarial dos professores passará de 1.024,00 para R$ 1.656,62, valor inferior ao valor pago aos parlamentares a cada mês: R$ 26.723,13.

Para o senador Cristovam Buarque, a desigualdade salarial é
substancial, talvez a maior em todo o mundo, com conseqüências desastrosas para o futuro do Brasil. Na opinião do senador, a aprovação do reajuste de 61,78% para os professores da educação básica permitirá, ao Senado, uma demonstração mínima de interesse com a educação das nossas crianças e a própria credibilidade da Casa. Para assinar a petição pública, clique no link abaixo e depois quando receber um e-mail, confirme o mesmo.

http://www.peticaopublica.com.br/PeticaoVer.aspx?pi=P2010N4645

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Imperador Francês Napoleão Bonaparte.


Um dos mais famosos generais dos tempos contemporâneos e um extraordinário estadista nascido em Ajácio, na Córsega, ilha do Mediterrâneo sob administração da França, desde o ano do seu nascimento, que deixou marcas duradouras nas instituições da França e de grande parte da Europa ocidental. Filho de família pobre, mas dona de um título de nobreza da República de Gênova, estudou na academia militar de Brienne e na de Paris, saindo como oficial de artilharia (1785). Aderiu à Revolução francesa (1789), uniu-se aos jacobinos, serviu como tenente da recém-criada guarda nacional e transformou-se num dos principais estrategistas do novo sistema de guerra de massa. Fez uma carreira meteórica e se destacou pela originalidade nas campanhas militares.

Capitão de artilharia na retomada de Toulon aos ingleses e foi promovido general-de-brigada (1793), o mais jovem general do Exército francês. Após a queda de Robespierre foi detido sob acusação de ser jacobino, mas depois foi encarregado de dirigir a repressão ao levante monarquista de Paris (1795). Casou-se com Josefina (1796), viúva do general guilhotinado (1794) Beauharnais, e tornou-se o comandante-em-chefe do Exército nas campanhas da Itália, contra os austríacos (1795-1797), e do Egito, contra os ingleses (1796-1799). Quando da ocupação do Egito (1798) a expedição científica que o acompanhou incluía o astrônomo Laplace, o químico Bertholet, o físico Monge e o arqueólogo Denon. Em pesquisas arqueológicas foi descoberta a pedra de Rosetta, fragmento de estela, espécie de monolito de basalto negro, que apresenta um decreto de Ptolomeu V, em caracteres hieroglíficos, demóticos e gregos (196 a. C.), que Champollion usaria para decifrar os hieróglifos egípcios (1822) e está exposta no British Museum, em Londres. Liderou um golpe de Estado (1799), instalou o Consulado e fez-se eleger cônsul-geral, apoiado em um plebiscito popular.

Promulgou uma Constituição de aparência democrática. Organizou o governo, a administração, a polícia, a magistratura e as finanças. Tomou medidas despóticas e antiliberais, como o restabelecimento da escravidão nas colônias, e outras de grande importância econômica, como a criação do Banco de França (1800). Concluiu com o papa Pio VII a concordata (1801), que restabelecia a igreja na França, embora submetida ao estado. Criou a Legião de Honra e o novo código civil, depois chamado Code Napoléon, elaborado por uma comissão de juristas com participação ativa do primeiro-cônsul. Essa medida de grande alcance tornou-se o maior feito jurídico dos tempos modernos, consubstanciou os princípios defendidos pela revolução francesa e influenciou profundamente a legislação de todos os países no século XIX.

O restabelecimento da ordem e da paz, bem como atentados frustrados de monarquistas, fizeram crescer a sua popularidade, que habilmente a utilizou para se fazer proclamar cônsul vitalício por plebiscito (1802). Coroou-se rei da Itália (1805) divorciou-se da imperatriz Josefina (1809) e casou-se com Maria Luísa, filha do imperador austríaco. Em guerra permanente contra as potências vizinhas enfrentou a coalizão de todas as potências européias e foi derrotado em Leipzig (1813). Depois de uma desastrada campanha na Rússia, foi derrotado pelos exércitos aliados adversários dos franceses e obrigado a abdicar (1814).

Exilou-se na ilha de Elba, na costa oeste da Itália. No ano seguinte organizou um exército e tentou restaurar a monarquia, mas foi derrotado na Batalha de Waterloo, na Bélgica (1815). Esse período ficou conhecido como o Governo dos Cem Dias. Preso pelos ingleses, foi deportado para a ilha de Santa Helena, no meio do Atlântico, onde morreu em 5 de maio de uma doença misteriosa, demonstrada posteriormente através de análises de mechas de seu cabelo, ter sido provocada por envenenamento progressivo e misterioso por arsênico, provavelmente em doses colocadas no seu vinho pelo seu servidor, o Conde de Montholon.

Você quer saber mais?

http://www.dec.ufcg.edu.br/

Waterloo: a última batalha de Napoleão.

Foi um tudo-ou-nada para o imperador da França. Dramática, ela terminou de uma vez por todas com a ambição de Bonaparte de restaurar seu império
por Fabiano Onça

Os últimos dias de março de 1815 foram azedos para os diplomatas reunidos em Viena. Ali, representantes de Rússia, Prússia, Áustria, Suécia, Inglaterra e várias nações e reinos menores tentavam, havia meses, redesenhar o mapa político da Europa, reinstaurando as monarquias e os territórios que existiam antes do furacão napoleônico. Porém a ilusão de que o general corso estava liquidado acabou quando souberam que ele não só havia retornado do exílio em Elba (uma ilhota no Mediterrâneo), como no dia 20 de março fora recebido em glória em Paris. Os aliados mal puderam acreditar. Napoleão, dez meses antes, em 11 de abril de 1814, fora derrotado por uma coalizão de mais de 500 mil soldados de várias nações européias, que se sublevaram contra o domínio francês após a desastrosa campanha napoleônica na Rússia, em 1812. Vitoriosos, os aliados colocaram Luís XVIII no trono da França e enviaram Bonaparte ao exílio. Agora, quando estavam prestes a dividir o bolo, teriam de brigar novamente com seu pior pesadelo. E em etapas longas, até a definição, na batalha conhecida como Waterloo.

A escalada de Napoleão começou rápida. Em 15 de julho, com 124 mil homens, invadiu a Bélgica. "Seu único trunfo era bater separadamente os exércitos inimigos antes que se reunissem", diz o professor Alexander Mikaberidze, especialista em história napoleônica da Universidade de Mississipi, nos EUA. "As tropas que estavam na área eram formadas por prussianos e outras compostas por ingleses, belgas, holandeses e alemães, instalados na Bélgica. Napoleão tentaria batê-los para forçar algum armistício com as outras nações, que estavam com seus exércitos mais distantes da França." O desafio não era fácil. O exército anglo-batavo-alemão contava com 93 mil homens, liderados pelo duque de Wellington. O prussiano tinha 117 mil homens, comandados por uma velha raposa, o general Blücher. Mesmo em inferioridade numérica, Napoleão teria de atacar. Dentro de um mês, um exército austríaco de 210 mil homens, outro russo, de 150 mil, e um terceiro grupo austro-italiano, de 75 mil, invadiriam a França pelo norte e pelo sul.

VITÓRIA APERTADA

Quando invadiu a Bélgica, as tropas anglo-batavo-alemãs ainda não haviam se juntado ao exército prussiano. Napoleão decidiu bater primeiramente os prussianos, que estavam a sua direita, em Ligny. E mandou o marechal Ney, com 24 mil homens, para Quatre-Bras a fim de barrar qualquer tentativa de os ingleses ajudarem os aliados. No dia 16 de junho de 1815, Bonaparte encarou o velho Blücher. Sabendo que eram os franceses que tinham de correr atrás do osso, o prussiano entrincheirou seus homens em fazendas próximas a Ligny e esperou. A batalha durou todo o dia. No fim da tarde, a Guarda Imperial francesa arrebentou o centro prussiano, decidindo a batalha. Blücher evitou uma desgraça maior, liderando o contra-ataque com a cavalaria. Os prussianos puderam recuar em ordem, na escuridão.

Ao término do embate, os prussianos amargavam 22 mil baixas, contra 11 mil dos franceses. "Blücher evitou a derrota. Napoleão, porém, conseguiu o que queria: afastar os prussianos para bater os ingleses em seguida", afirma o professor Mikaberidze. Para não deixar que os prussianos pudessem se juntar aos ingleses na batalha seguinte, Napoleão destacou uma tropa de 30 mil homens, entregou-a ao general Grouchy e ordenou que perseguisse os prussianos.

No dia seguinte, 17 de junho, Wellington se aproveitou da chuva forte que caiu sobre a região para levar o exército a uma posição mais segura, o monte Saint Jean. Os franceses chegaram lá ao fim do dia. O temporal continuava. Mas Napoleão não dispunha de tempo. Mesmo sob tempestade, ele foi pessoalmente verificar as condições do campo durante a noite. "Naquele momento, Bonaparte tinha a chance com que tanto sonhara. Os prussianos estavam em retirada, sendo acossados por Grouchy. A ele só restava ter um bom desempenho contra os ingleses no dia seguinte e demonstrar à Europa que a França ainda estava viva", comenta o professor Wayne Hanley, especialista em história moderna da Universidade de West Chester, na Pensilvânia, EUA.

Pela manhã, o tempo melhorara. Wellington contava com 23 mil ingleses e 44 mil soldados aliados, vindos da Bélgica, da Holanda e de pequenos estados alemães, num total de 67 mil homens, apoiados por 160 canhões. Os franceses contavam com 74 mil homens e 250 canhões. Wellington posicionou suas tropas ao longo da elevação de Saint Jean. Sua ala direita se concentrava em torno da fazenda de Hougomount. No centro, logo abaixo da colina, outra fazenda, La Haye Sainte, estava ocupada por unidades do exército dos Países Baixos. À esquerda, tropas aliadas se posicionavam em torno de uma terceira fazenda, a Papelotte. "Wellington assumiu uma postura extremamente defensiva. Em parte porque seu exército não era dos melhores e porque, para ele, quanto mais tempo demorasse a batalha, maiores eram as chances de o reforço prussiano chegar", relata Hanley.

CANHÕES NA FAZENDA

Napoleão queria começar o ataque cedo. Mas a chuva do dia anterior havia transformado o campo de batalha num lamaçal. Ele teve de esperar até as 11 horas da manhã, quando o solo ficou mais seco, para iniciar o ataque contra Wellington. A idéia era chamar a atenção para esse setor e fazer o inglês desperdiçar tropas ali e então atacar no centro. O ataque a Hougomount, com fogo de canhões, durou meia hora. O lugar era protegido por duas companhias inglesas, que não somavam mais de 3,5 mil homens. Elas receberam o peso de mais de 10 mil franceses, mas não cederam. Aos poucos, o que era para ser um blefe tragou durante todo o dia preciosos recursos franceses. Pior, Wellington não caíra na armadilha e mantinha as melhores tropas no centro, perto de La Haye Sainte. Napoleão então decidiu que era a hora de atacar o centro da linha inglesa. Por volta de 12h30, o marechal Ney, seu braço-direito, posicionou 74 canhões contra a estratégica fazenda de La Haye Sante. "Napoleão era militar da artilharia, e essa experiência ganhou uma grande importância no exército. Virou a arma mais temível", explica o professor Mikaberidze.

Napoleão agora faria o que sempre comandava com eficiência: explodir o centro adversário. Pressentindo o perigo, Wellington ordenou às as tropas posicionadas no alto do monte Saint Jean que se jogassem ao chão para diminuir os danos, mas nem todos tiveram a chance. As tropas belgo-holandesas do general Bilandt, que permaneceram na encosta desprotegida do monte, foram simplesmente massacradas. Mal os canhões se calaram, foi a vez de os tambores da infantaria francesa iniciarem seu rufar. Às 13 horas, marchando em colunas, os 17 mil homens do corpo comandado pelo general D·Erlon atacaram. O objetivo: conquistar a fazenda de La Haye Sainte, o ponto vital do centro inglês. Ao mesmo tempo, outro contingente se aproximava, pressionando a ala esquerda dos britânicos. Napoleão agora declarava as suas verdadeiras intenções e partia para o ataque frontal. Acossadas pela infantaria francesa, as tropas inglesas perderam Papellote e deixaram vulnerável a ala esquerda. Ao mesmo tempo, as tropas alemãs da Legião do Rei, as responsáveis pela guarda de La Haye Sainte, no centro, ameaçavam sucumbir.

Foi o momento de Wellington pensar rápido. Na ala esquerda, o comandante inglês ordenou que o príncipe alemão Bernhardt de Saxe-Weimar retomasse Papelotte, o que foi feito com sucesso. Para conter o ataque da infantaria napoleônica no centro, ele acionou a 5ª Brigada, veterana da guerra na Espanha. Fuziladas a curta distância, as tropas de Napoleão retrocederam, não sem antes deixar morto no campo, com uma bala na cabeça, o chefe da brigada inimiga, o general Picton. Ao ver os franceses recuando, Wellington viu a chance de liquidar a batalha. Acionou sua cavalaria para um contra-ataque no centro. As brigadas Household, Union e Vivian provocaram desordem entre os franceses. Mas por pouco tempo. Perto da linha de canhões inimiga, a cavalaria inglesa foi surpreendida por um contragolpe mortal. A cavalaria pesada francesa, com seus Courassiers (couraceiros), apoiados pelos Lanciers (cavalaria leve), atacou os ingleses. O general Ponsonby, chefe da brigada Union, morreu junto com sua unidade, aniquilada. Napoleão dava o troco e continha os ingleses.

Eram 15 horas e a batalha permanecia num impasse. Na ala direita de Wellington, a luta prosseguia sem um resultado decisivo em Hougomount. No centro e na esquerda, os ingleses e os aliados batavos e alemães haviam a muito custo mantido La Haye Sainte e Papilotte. Foi nessa hora, entretanto, que Bonaparte recebeu uma notícia que o alarmou. Cerca de 40 mil homens se aproximavam do lado direito do exército francês, nas imediações de Papilotte. De início, chegou a pensar que fosse o general Grouchy - que havia sido encarregado de afastar os prussianos - chegando. Logo suas esperanças se desfizeram. Grouchy falhara. Aquele corpo de exército era simplesmente a vanguarda do exército prussiano, que chegava para socorrer o aliado inglês. Napoleão teve que improvisar. Sua ala direita, comandada pelo general Lobau, se realinhou de modo defensivo para segurar a chegada dos prussianos e dar ao imperador algumas horas para agir.

FIM TRÁGICO

Enquanto isso, ele ordenou ao marechal Ney que, de uma vez por todas, tomas-se La Haye Sainte e rompesse o centro inglês, assegurando a vitória. Ney, com dois batalhões de infantaria, atacou a fazenda. Nesse momento, cometeu um erro fatal de julgamento. "Em meio à fumaça dos canhões e à loucura da batalha, Ney supôs que o exército inglês estava recuando. Ele então ordenou que sua cavalaria partisse para cima do inimigo. Napoleão achou o movimento precipitado, mas, uma vez que Ney era quem estava encabeçando o ataque, enviou mais cavaleiros para sustentar a carga", comenta o professor Hanley.

A tremenda carga dos Courassiers terminou de forma trágica. A infantaria inglesa não estava recuando, como Ney imaginava. Eles se agruparam em quadrados e passaram a fuzilar os cavaleiros franceses, que não conseguiam romper as formações defensivas. Nas duas horas seguintes, Ney lideraria ao menos 12 cargas de cavalaria contra o centro inglês, com mais de 5 mil cavaleiros. Às 17 horas, La Haye Sainte finalmente caiu em mãos francesas, mas os ingleses ainda mantinham seu centro coeso no alto do monte Saint Jean. Às 17h30, a cavalaria francesa lançou o assalto final e foi novamente batida. Os ingleses não estavam em melhor estado e suas linhas estavam a ponto de romper. Ney, dessa vez corretamente, identificou a oportunidade de vencer e implorou a Napoleão por mais tropas. "De onde você espera que eu tire mais tropas? Quer que eu invente algumas agora?", respondeu Napoleão, irritado.

"Nesse momento, Bonaparte viu a vitória escapar. Mais um esforço e Wellington teria sido derrotado. A essa altura, os prussianos estavam esmigalhando a direita de seu exército e ele teve que priorizar esse setor para ganhar mais fôlego. Na verdade, talvez ele esperasse ver surgir, a qualquer momento, as tropas de Grouchy. Com 30 mil homens a mais, ele poderia ter vencido a batalha", pondera o professor Mikaberidze. A luta com os prussianos ia de mal a pior. Dez batalhões da Jovem Guarda, após um combate feroz contra o dobro de inimigos, haviam perdido 80% de seus homens e começavam a recuar.

Napoleão decidiu então utilizar sua última e preciosa reserva: a Velha Guarda, a elite de seus veteranos. Ele enviou dois batalhões contra os prussianos - e mais uma vez eles fizeram valer sua fama. "Quando a Velha Guarda entrava em campo, os inimigos tremiam. Até então, ela nunca havia sido derrotada em batalha", relembra o professor Hanley. "Os dois batalhões varreram, sozinhos, 14 batalhões prussianos, estabilizaram a ala direita e deram ao imperador a chance de lutar novamente contra Wellington no centro", comenta. Napoleão então jogou a última cartada. Às 19 horas, enviou contra o centro inglês os últimos quatro batalhões da Velha Guarda. "Wellington, nesse meio tempo, embora quase tenha dado o toque de retirada, foi beneficiado pela intensa pressão dos prussianos, que diminuíram seu front e lhes livraram algumas unidades", aponta Hanley. Em desespero, o general inglês reuniu tudo o que tinha e esperou o ataque final entrincheirado no alto do Saint Jean. Enquanto subia o monte, a Velha Guarda foi assaltada pelas unidades inglesas, alemãs e holandesas. Uma a uma, foram repelidas, enquanto os veteranos de Napoleão continuavam seu avanço.

"A 5ª Brigada inglesa, do general Hallket, tentou pará-los, mas logo seus homens fugiram assustados diante do avanço francês. Apesar de sofrer baixas horríveis e lutar na proporção de 1 para 3, simplesmente ninguém conseguia parar a Velha Guarda", afirma Hanley. Wellington, por ironia, foi salvo não por suas próprias tropas, mas por um general belga que durante anos lutou ao lado de Napoleão - quando a Bélgica era um domínio francês. O general Chassé, à testa de seis batalhões holandeses e belgas, se lançou numa carga feroz de baioneta contra os franceses. O ataque foi demais, até mesmo para a Velha Guarda. Sem apoio e em menor número, pela primeira vez os veteranos de Napoleão recuaram.

Logo, os gritos de "la Garde recule!" (a Guarda recua) ecoaram pelo campo. O centro inglês havia resistido a despeito de todos os esforços. Pelo lado direito, os 40 mil prussianos finalmente esmagavam os 20 mil franceses que lhes haviam obstruído durante horas. Em um último ato de coragem, três batalhões da Velha Guarda permaneceram lutando para dar ao imperador a chance de fugir. Lutariam até o fim. Cercados por prussianos, receberam ordem de rendição. O general Cambonne, o líder, teria então afirmado: "A Guarda morre, mas não se rende". Em outro ponto, o marechal Ney, apelidado por Napoleão como "o bravo dos bravos", ao ver tudo perdido, reuniu um grupo de soldados fiéis e liderou uma última carga de cavalaria, gritando: "Assim morre um marechal da França!" Capturado, foi fuzilado depois pelo governo monarquista francês por alta traição.

Napoleão, agarrado por auxiliares, foi retirado à força do campo de batalha. Seria posteriormente posto sob custódia inglesa e enviado à distante ilha de Santa Helena, no Atlântico Sul, onde morreria em 1821. A batalha custara a ingleses, belgas, holandeses e alemães 15 mil baixas. Os prussianos deixaram no campo 7 mil homens. Os franceses amargaram 25 mil mortos e feridos, além de 8 mil prisioneiros.

Foi só às 21 horas que Wellington finalmente se encontrou com Blücher para o aperto de mãos. A ameaça napoleônica fora vencida de vez. Blücher queria chamar a batalha de Belle Aliance - nome da fazenda que fora o quartel - general de Napoleão durante a batalha. Wellington, porém, teve outra idéia. É que ele tinha suas manias. Uma delas era batizar combates com o nome do lugar onde ele dormira na noite anterior. Uma vila a alguns quilômetros dali, conhecida por Waterloo, deu então o nome à histórica batalha.

Grouchy, o traidor de Napoleão?

Quase dois séculos depois, ainda permanece a dúvida sobre o marechal Grouchy Ter ou não passado Napoleão para trás. "Grouchy é visto como o culpado pela derrota de Bonaparte por não ter evitado que os prussianos se unissem aos ingleses e por não ter acorrido à Waterloo, com seus 30 mil homens, quando ouviu a canhonaria da batalha", aponta o professor William Flayhart, professor de história moderna da Delaware State University, nos EUA. "Os bonapartistas mais exaltados viram aí sinal de traição. Na época, especulava-se que Grouchy fora subornado. Ele virou bode expiatório." Emmanuel Grouchy passaria o resto da vida tentando provar a inocência. Seu passado ao lado da causa napoleônica era o maior argumento. Ele se juntara ao exército em 1781. As habilidades como comandante foram notadas nas batalhas de Eylau (1807), Friedland (1807) e Borondino, contra os russos - uma atuação muito elogiada. "Talvez tenha faltado a Grouchy presença de espírito. Mesmo quando seu subordinado, o general Gerárd, lhe implorou para que dirigisse as tropas a Waterloo, Grouchy preferiu seguir as ordens à risca, ou seja, dar caça aos prussianos", completa o professor Flayhart. Grouchy combateu os prussianos em Wavre, em 18 de junho, dia em que Napoleão foi derrotado em Waterloo. Blücher deixara sua retaguarda como isca - e o marechal francês interpretou que esse fosse o grosso do exército inimigo. Grouchy venceu o embate para no dia seguinte receber a notícia da chegada de mais soldados inimigos. Ele ainda recuou para Paris com seus homens. Escorraçado por seus pares e pela opinião pública, só foi reaver seu bastão de marechal em 1830. "As cargas desordenadas de Ney e o medíocre dispositivo de batalha de Napoleão pesaram muito mais na derrota do que a ausência de Grouchy, que ficou com a maior culpa", diz Alfred Fierro, ex-diretor da Biblioteca Histórica de Paris.

Os maiores erros

IMPRUDÊNCIA

"Napoleão deveria ter preservado seu exército, como escreveu seu general Kellerman: ·Não poderíamos vencer os britânicos naquele dia. Com calma, evitaríamos o pior·." Steven Englund, historiador americano.

ATAQUE INFRUTÍFERO A HOUGOMOUNT

"Napoleão foi pretensioso em seu ataque à ala direita de Wellington. Só desperdiçou recursos que seriam vitais em outras áreas. No fim, Bonaparte provou que seus homens estavam fatigados. As manobras foram inócuas diante de inimigos." Wayne Hanley, da Universidade de West Chester, nos EUA.

AUXILIARES FRACOS

"Seu melhor general, Davout, estava em Paris, para a segurança da capital. Outra opção infeliz foi Soult, inadequado para a função logística. Pior foi ter dado ao inexperiente Grouchy o comando da ala esquerda, o que se provou fatal." Alexander Mikaberidze, da Universidade de Mississipi (EUA).

ATAQUES DESESPERADOS

"Ney era provavelmente o mais corajoso e leal de todos os oficiais a serviço de Bonaparte. Foi o último francês a sair da Rússia, em 1812, e Napoleão o chamava de ·o bravo dos bravos·. Mas seu ataque em Waterloo, com a cavalaria, foi puro desespero, um verdadeiro suicídio. Napoleão deveria ter abortado essa ação impensada de seu general." Alfred Fierro, ex-diretor da Biblioteca Histórica de Paris.

A morte de Napoleão

Depois de dois meses de viagem, em 17 de outubro de 1815, o ex-imperador da França chegou à longínqua ilha de Santa Helena, uma possessão inglesa encravada no Atlântico Sul, distante 1,9 mil km da África e 2,9 mil km do Brasil. A seu lado, apenas alguns poucos servos e amigos. Mas o pior ainda estava por vir. Em 14 de abril de 1816, chegou o novo governador da ilha, sir Hudson Lowe. Esse não tinha nenhuma qualidade excepcional, exceto seu fanático amor ao dever. Durante os anos de seu mandato, ele submeteu Bonaparte a toda sorte de mesquinharias. Em 1819, Napoleão caiu doente, mas ainda escreveria, em 1820: "Eu ainda estou suficientemente forte. O desejo de viver me sufoca". Na prática, porém, não foi bem assim. Ele morreria às 17h51, em 5 de maio de 1821, depois de sofrer fortes dores no estômago por meses. Ironicamente, mesmo após sua morte ele ainda levantaria controvérsias. Para muitos, o ex-imperador dos franceses fora lentamente envenenado com arsênico pelos ingleses. Pesquisas recentes descartam a hipótese, conforme registra Steven Englund em seu livro Napoleão - Uma Biografia Política. Porém a última glória os ingleses não puderam lhe roubar. Em 1840, seu corpo foi retirado da ilha e levado de volta à França. Durante dias, Paris parou para saudar a volta de seu imperador, em um desfile fúnebre grandioso.

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