PESQUISE AQUI!

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

“O Livro Verde da Minha Campanha”

O livro intitulado “O Livro Verde da Minha Campanha”, com a primeira edição datada de 1956, produzida pelo candidato a Presidência da República pelo Partido de Representação Popular – PRP Plínio Salgado, teve como principal objetivo fazer uma reflexão e análise crítica da campanha presidencial de 1956.

Neste exemplar, lançado pela Livraria Clássica Brasileira, o candidato aborda temas polêmicos da campanha presidencial como os acontecimentos de 1938, documentos demonstrando ligações entre o Integralismo e o Fascismo Italiano, entre outros assuntos que estiveram em voga durante o pleito.

Atualmente e possível encontrar a primeira ou segunda edição deste livro em sebos virtuais como a estante virtual.

Autor: Guilherme Jorge Figueira

ADVERTÊNCIA: A reprodução e/ou utilização das imagens desta postagem sem a autorização prévia por escrito do autor são expressamente proibidas. Para entrar em contato por email: historia.do.prp@gmail.com

Você quer saber mais?

http://www.historia.do.prp.blogspot.com

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Conectados

O que a internet tem a ver com a proliferação da aids? Qual a relação entre as moléculas do corpo e as rotas dos aviões? Conheça a ciência das redes e entenda por que esse complexo mundo conectado é tão frágil

por Alessandro Greco

Em fevereiro de 2000, um hacker conhecido pelo apelido de MafiaBoy conseguiu paralisar alguns dos maiores sites do mundo, incluindo Yahoo, Amazon e eBay, causando caos em toda a internet. O ataque mobilizou o FBI, que saiu em busca daquele que havia derrotado empresas que contam com os melhores especialistas em segurança do mundo. Parecia coisa de profissional. Acabaram prendendo um garoto canadense de 15 anos na casa de seus pais, o local de onde ele comandou o ataque. Um ataque, diga-se, de amador, segundo especialistas em computação. Foi realizado com softwares gratuitos que estão a poucos cliques de distância de qualquer um que tenha uma conexão à internet, inclusive de você, leitor.

No ano seguinte, o físico húngaro Albert Lázsló-Barabási, da Universidade de Notre Dame, em New Hampshire, Estados Unidos, mostrou na capa da revista Nature, uma das mais respeitadas publicações de ciência do mundo, que a eficiência do ataque do MafiaBoy tinha um motivo: a World Wide Web é capaz de absorver facilmente falhas aleatórias, como um site que sai do ar, mas está fadada ao desastre se tiver de enfrentar um ataque dirigido. A dificuldade está justamente em uma peculiaridade das redes descoberta por Barabási em sua simulação no computador. Alguns poucos sites (como Amazon, Yahoo e eBay) funcionam como “centros de atividade”. Há milhares de outras páginas da internet apontando para elas e milhares de pessoas tentanto acessar esses sites ao mesmo tempo. Tirar algumas delas do ar, como fez o MafiaBoy, simplesmente paralisa a rede.

O fato de a web ter essa característica coloca países como os Estados Unidos e todos os outros que são altamente conectados em uma situação de fragilidade. Um terrorista que quisesse fazer um estrago significativo no dia-a-dia dos americanos poderia tentar um ciberataque a agências governamentais e grandes empresas. Mas o contrário não teria o mesmo efeito. Os Estados Unidos pouco ganhariam com um ataque na mesma linha contra o Iraque ou o Afeganistão. Esses países não têm uma rede de computadores suficientemente conectada para serem afetados pela fragilidade da rede.

A internet e o terrorismo fazem parte das preocupações de uma ciência que se torna cada vez mais importante no mundo: a ciência das redes. Elas estão em toda parte, governando desde os relacionamentos humanos até a forma como as moléculas do nosso corpo se ligam. Usamos essas redes o tempo todo, às vezes sem perceber. Por exemplo, quando vamos a um aeroporto e subimos em um avião. Se, durante uma viagem longa, você já matou o tempo folheando uma revista de bordo, provavelmente notou uma página que contém todos os vôos da companhia aérea. Se você reparar na quantidade de linhas que conectam uma cidade a outra irá ver que a grande maioria dos aeroportos tem poucos aviões saindo ou chegando, enquanto que alguns poucos recebem uma porção de linhas, a ponto de ficar difícil entender o mapa. No caso do Brasil, são os aeroportos de São Paulo e do Rio que funcionam como centros de atividade. O Brasil provavelmente não sofreria grandes danos se meia dúzia de aeroportos de pouco movimento fechassem por um dia. Mas parar simultaneamente os do Rio e de São Paulo paralisaria todo o sistema aéreo brasileiro. O mesmo vale para virtualmente qualquer país do mundo: em todos eles há pontos estratégicos na rede aérea que, se atacados, gerariam um colapso.

A regra funciona também na sociedade, como mostrou o jornalista Malcolm Gladwell, da revista americana The New Yorker, no livro O Ponto de Desequilíbrio. Ele analisou a habilidade das pessoas de diferentes grupos sociais de criar relações pessoais e observou que cada grupo tinha algumas poucas pessoas com muitos amigos e conhecidos. Essas pessoas são os “centros de atividade”, também conhecidos como “conectores”.

Mas o que os cientistas não esperavam é que a natureza seguisse as mesmas leis das redes criadas pelos homens. “Conectores, que são nós com um número anomalamente grande de links, estão presentes em vários sistemas complexos, que vão da economia à célula”, diz Barabási em seu livro Linked (“Ligado”, inédito em português), publicado em 2003 nos Estados Unidos. O corpo humano, por exemplo, é dominado por esses centros de atividades. Possuímos algumas poucas moléculas que participam de muitas atividades. Nosso organismo é muito complicado e é claro que nem tudo dá certo nos processos químicos que nos mantêm vivos. Mas o corpo é capaz de absorver esses erros – uma célula compensa a falha de outra e você continua vivo. Agora, se algum maluco descobrisse como atacar as moléculas conectoras, que fazem parte dos centros de atividade do nosso corpo, adiós muchacho. O organismo entraria em colapso como MafiaBoy viu acontecer com a internet diante de seus olhos. Computador tem conserto fácil ou, na pior das hipóteses, pode ser substituído. Nosso corpo, não.

Como não somos computadores, estudar a interação entre cada um dos componentes das redes poderá nos trazer enormes benefícios no futuro. O caso da proteína p53 é exemplar. Ela é a responsável por garantir a ordem dentro das células do nosso corpo. Impede, por exemplo, que células se multipliquem descontroladamente, iniciando o processo que pode levar a um câncer. Cerca de 50% dos cânceres humanos têm relação com uma mutação no gene que fabrica a p53. Na célula, o desempenho quase não é afetado pela remoção acidental de uma proteína qualquer – assim como uma falha num site obscuro não traria conseqüências sérias à internet. Mas um ataque no lugar certo pode ser fatal. “A forma mais efetiva de destruir essa rede é atacar as proteínas mais conectadas. A p53 é uma delas e uma mutação nela vai interromper algumas funções básicas da célula”, dizem David Lane e Arthur Levine, os descobridores do gene.

A existência de poucos sites, moléculas e aeroportos que funcionam como centros de atividades colocou também dilemas éticos para os cientistas. Em 2001, o físico italiano Alessandro Vespignani e o espanhol Romualdo Pastor Satorras demonstraram que mesmo vírus pouco contagiosos podem se espalhar muito se a rede na qual estiverem tiver alguns centros de atividades. No mesmo ano, o sociólogo Fredrik Liljeros mostrou que a rede de relações sexuais funciona dentro desse padrão. Nela, alguns poucos têm centenas de parceiros sexuais, enquanto a maioria de nós transa só com uma ou outra pessoa, quando muito. No caso de uma doença sexualmente transmissível, são esses conectores os primeiros a serem infectados e também os responsáveis por espalhar a doença para muitas outras pessoas. Agora pense na aids. Não temos hoje remédio suficiente para tratar todos os HIV-positivos do mundo. Então o que é mais eficiente? Cuidar de mulheres grávidas ou tratar das pessoas com muitos parceiros sexuais? A resposta dura – a segunda opção é mais eficaz – foi provada matematicamente em dois artigos publicados em 2002, um por Zoltán Dezsó (aluno de doutorado de Barabási) e outro por Vespignani e Pastor Satorras. Eles mostraram que deveríamos tratar primeiro os promíscuos, pois isso derrubaria a carga de vírus deles e diminuiria a transmissibilidade, brecando a disseminação da aids.

MUNDO PEQUENO

Essas descobertas todas ocorreram na última década só porque surgiram computadores de mesa a preços acessíveis, capazes de fazer a montanha de cálculos necessários para se entender o que se passa dentro das redes. Antes disso até se sabia que as redes existiam, mas era impossível entendê-las, dada sua complexidade. O pontapé inicial na área foi dado há quase 250 anos pelo suíço Leonhard Euler, um dos maiores matemáticos da história. Em 1792, ele escreveu um artigo respondendo a uma pergunta que os moradores da cidade de Kaliningrado, na Rússia, faziam a si mesmos: é possível atravessar as sete pontes da cidade em uma caminhada sem passar por nenhuma delas mais de uma vez? A resposta é não, mas ela é menos importante que o modo como Euler chegou à sua conclusão. Ele substituiu os pedaços de terra, ligados pelas pontes, por pontos (sites) e ligou-os uns aos outros com linhas (links) que atravessavam as pontes. Estava inventado um novo campo da matemática, a teoria dos grafos, que serviu de base para a ciência das redes.

Há quase 50 anos, os matemáticos húngaros Paul Erdös e Alfréd Rényi revolucionaram a área ao propor que as redes se formam aleatoriamente, por acaso. Mas Erdös e Rényi não estavam interessados em parar epidemias ou entender fenômenos do mundo real. O negócio deles era a beleza da matemática. De lá para cá os cientistas desse campo foram percebendo que diversas redes seguem o fenômeno do “como o mundo é pequeno” – a frase que você diz quando encontra uma pessoa pela primeira vez e descobre que ela é amiga de um amigo seu.

A frase já havia instigado a imaginação do psicólogo americano Stanley Milgram, da Universidade de Yale, no estado americano de Connecticut, que decidiu fazer, em 1967, um experimento no qual tentava descobrir a quantos apertos de mão de distância estavam duas pessoas dentro dos Estados Unidos. O resultado foi 5,5 apertos. Como não existe meio aperto de mão, a teoria de Milgram postulou que cada pessoa está a seis graus de separação de qualquer outra – aliás, Seis Graus de Separação é o nome de uma peça sobre o tema inspirada por Milgram e depois transformada em filme com Will Smith no papel principal. Em outras palavras, Milgram afirmou que a imensa maioria dos habitantes dos Estados Unidos já apertou a mão de alguém que apertou a mão de alguém que apertou a mão de alguém que apertou a mão de alguém que apertou a mão de alguém que apertou a mão de qualquer outra pessoa, seja ela George W. Bush, Michael Jackson ou Pamela Anderson. O experimento de Milgram tinha muitas falhas e somente em 2003 o sociólogo americano Duncan Watts, da Universidade de Colúmbia, Nova York, ratificou os dados de Milgram em um experimento que reuniu mais de 60 mil pessoas.

No ano anterior, um trabalho de três professores da Business School da Universidade de Michigan, Estados Unidos, mostrou que o mundo corporativo era menor ainda. Eles pegaram os nomes dos diretores do conselho de administração das mil maiores companhias americanas e verificaram que 79% deles faziam parte de somente um conselho de administração, 14% de dois e 7% de três ou mais. E descobriram um que servia em dez conselhos, Vernon Jordan. Na época em que o estudo foi feito, o mestre do universo corporativo estava a somente três apertos de mão de quase todos os diretores dos outros conselhos. Watts, Barabási e outros decidiram testar se o mundo também era pequeno em redes como a da internet e a de Hollywood. Descobriram que um página da web está a somente 19 cliques de qualquer outra, ainda que uma esteja sediada no Butão e a outra em Honduras. Um ator de Hollywood está a três apertos de mão de qualquer um de seus colegas.

A explicação para o fenômeno é simples. Preferimos nos conectar a quem já é mais conectado. Páginas da web com mais links para elas têm chance maior de receberem ainda mais links, pois já são conhecidas. Atores de Hollywood que já participaram de vários filmes têm mais probabilidades de fazerem novos filmes. Hoje está provado que, independentemente de ser uma rede de computadores, moléculas ou pessoas, “a popularidade atrai”. As descobertas de Barabási, Watts e seus colegas sobre redes são parte de uma revolução que vai mudar nosso entendimento do mundo. Se o século 20 foi a era em que descobrimos, entendemos e usamos as propriedades individuais de coisas tão diferentes como moléculas, aviões e sites, o 21 será a hora de estudarmos como eles se relacionam. Quem sabe redescobriremos aquilo que o filósofo grego Aristóteles disse há mais de 2 mil anos: “O todo é maior que a soma das suas partes”.

Para saber mais

Na livraria:

O Ponto de Desequilíbrio, Malcolm Gladwell, Rocco, 2002

Linked – The New Science of Networks, Albert-László Barabási, Perseus Publishing, EUA, 2002

Six Degrees, Duncan Watts, W.W. Norton & Company, EUA, 2003

Na locadora:

Seis Graus de Separação, Dirigido por Fred Schepisi, Warner, EUA, 1993

Você quer saber mais?

http://super.abril.com.br/

http://supermundo.abril.com.br/busca/?qu=internet

http://supermundo.abril.com.br/busca/?qu=ci%EAncia

http://supermundo.abril.com.br/busca/?qu=site

http://supermundo.abril.com.br/busca/?qu=terrorismo

domingo, 9 de janeiro de 2011

Sadr conclama iraquianos a resistirem aos EUA e exige retirada.

Por Muhanad Mohammed e Khaled Farhan

NAJAF, Iraque (Reuters) - O clérigo muçulmano xiita Moqtada al-Sadr conclamou uma multidão de fiéis neste sábado a resistir aos ocupantes do Iraque e se opor aos Estados Unidos, mas não necessariamente por meio de armas.

Em seu primeiro discurso desde seu regresso ao país, na quarta-feira, após anos de um autoimposto exílio no Irã, o outrora agitador voltou a exibir suas credenciais antiamericanas, mas pediu a seus apoiadores que dêem uma chance ao novo governo iraquiano, comandado pelo primeiro-ministro Nuri al-Maliki.

"Nós ainda somos combatentes", afirmou Sadr, que comandou duas insurreições contra os Estados Unidos após a invasão de 2003, comandada pelos americanos. O clérigo também exigiu uma retirada anterior ao prazo dado pelos americanos, para o final deste ano.
Sadr, cuja milícia Exército Mehdi lutou contra os Estados Unidos e que foi responsabilizado por boa parte da violência sectária que atingiu o Iraque, pediu a seus seguidores que cantassem: "Não, não à América".

Ele classificou os Estados Unidos, Israel e a Grã-Bretanha como sendo "inimigos comuns" e exigiu que o governo iraquiano, no qual seu movimento terá um papel de destaque, honre o compromisso de pôr fim à ocupação americana ainda neste ano, como foi acordado.

O número de soldados americanos caiu para menos de 50 mil desde que os Estados Unidos limitaram o seu papel ao de auxiliar as autoridades iraquianas, no dia 31 de agosto.
Dezenas de milhares de pessoas em todo o Iraque ficaram horas do lado de fora da casa de Sadr, na cidade sagrada xiita de Najaf, carregando bandeiras iraquianas e retratos do clérigo de turbante negro, enquanto o saudavam de forma entusiasmada.

O retorno de Sadr sacudiu o Iraque, que se prepara para a plena retirada americana no final deste ano. O país quer usar sua vasta riqueza petrolífera no processo de reconstrução, após anos de guerra sectária e de décadas de estagnação econômica sob Saddam Hussein, no período que precedeu a invasão.

Alguns representantes da minoria islâmica sunita estão apreensivos quanto ao restabelecimento da milícia de Sadr, mas a maior parte dos iraquianos parece ter esperanças de que o retorno do clérigo nesse momento crítico possa solidificar a frágil estabilidade do Iraque, enquanto a violência cai, apesar de contínuos ataques por parte de insurgentes.

Sadr afirmou que os ocupantes devem ser resistidos "por todos os meios", mas acrescentou que armas deveriam ser usadas "somente por pessoas de armas", um comentário que pareceu um endosso à autoridade do Exército e da polícia e que pode aplacar temores do regresso do Exército Mehdi.

O clérigo, que teria deixado o Iraque em 2006 ou 2007, após ter sido emitido um mandato de prisão contra ele, disse a seus apoiadores que eles podem realizar atos de resistência ao se opor aos ocupadores "em seus corações".

Você quer saber mais?

http://br.reuters.com

sábado, 8 de janeiro de 2011

O Período Inter-Bíblico.

Maquete do Templo de Heródes
De Malaquias a Mateus, encontramos um silêncio divino de quatro séculos. Nesse período, chamado “Inter-Bíblico”, por se localizar entre os dois Testamentos, Deus esteve preparando o mundo para o nascimento do Seu filho, para o advento do Cristianismo.
Deus preparou o mundo em vários aspectos para a vinda de Jesus; cada povo, no seu tempo, pela providência divina, criou as condições da sociedade em que o cristianismo apareceu realizando as suas primeiras conquistas.
Os babilônicos levaram o povo de Deus para o cativeiro e deram-lhe lições jamais esquecidas. Os persas fizeram-lhe retornar à Jerusalém, edificando o templo e restaurando o ensino da lei. Os gregos influenciaram intelectualmente o mundo, contribuindo ainda com um idioma universal, o “Koinê”. Os romanos contribuíram com a paz universal e o intercâmbio entre os povos unificados sob seu domínio. Os judeus contribuíram com a preservação do Antigo Testamento e a esperança messiânica que inocularam nos países por onde andaram, principalmente depois do cativeiro.
Deus, nesses 400 anos não falou por meio de profetas nem pela palavra escrita (nenhum livro inspirado apareceu nesse período), mas podemos dizer que com Sua mão poderosa, dirigiu os povos preparando o mundo para o nascimento de Jesus Cristo.
Relato --- Descrito profeticamente em Daniel 11 à 12.2.
Duração --- De 430 a 5 aC (425 anos) --- De Malaquias ao advento.
Local --- Palestina.
Fatos importantes:
Para facilitar o estudo, dividiremos o período inter-bíblico nos nos seguintes assuntos:
--- O período Medo-Persa
--- O período Greco-Macedônio
--- O período Romano
--- A literatura apócrifa
O período Medo-Persa
Guerreiros Persas em um relevo em Persépolis.
Após Neemias e Malaquias, a Palestina continuou sob os persas por mais quase 100 anos, até 330, quando a Grécia venceu a Pérsia. O centro do império Persa ficava onde hoje é o Irã. Suas capitais foram Babilônia e depois Susa, construída por Cambises ( Neemias 1.1; Ester 1.1; Daniel 8.2). Embora em cativeiro, o povo de Deus obteve os seguintes sucessos:
--- Influência espiritual dobre Nabucodonosor e os babilônios.
---Idolatria destruída.
--- A lei de Moíses respeitada.
---Inauguração do culto público.
---Reverdecimento da esperança messiânica.
---Nacionalismo pronunciado.
No período interbíblico, os persas só dominaram no mundo por cerca de 100 anos. Em 330, Dario Condomano (Dario III) foi derrotado por Alexandre “O Grande” da Grécia na famosa batalha de Arbela. Não confundir esse Dario com o Dario II ( Nothus) de Neemias 12.22. O “Jadua” aí, também não é o mesmo sumo-sacerdote que recebeu Alexandre em Jerusalém, conforme descrição de Josefo em “Antiguidades”.
O período Greco-Macedônio
Busto de Alexandre o Grande Imperador da Macedônia (356-323 a.C.).
Alexandre “O Grande”, 336 aC, com a idade de 20 anos assumiu o comando do exército grego e, à maneira de meteoro, investiu para o oriente, sobre as terras que estiveram sob o domínio do Egito, Assíria, Babilônia e Pérsia. Em 331 aC, o mundo inteiro jazia aos seus pés. Invadindo a Palestina em 332 aC, mostrou muita consideração pelos judeus, poupando Jerusalém e oferecendo-lhes imunidades para se estabelecerem em Alexandria. Esse período durou de 331 a 167 aC.
Em 323 Alexandre “O Grande” morre na Babilônia aos 33 anos de idade. Após sua morte, seu império foi dividido entre quatro dos seus famosos generais, da seguinte maneira:
Seleuco I, Nicator --- Ficou com a Síria, Ásia Menor e Babilônia. Capital, Antioquia da Síria.
Ptolomeu I, Sóter I, Ptolomeu Lagos --- Aparece na História com esses nomes. Ficou com o Egito, capital Alexandria.
Cassandro --- Ficou com a Macedônia e Grécia. Capitais Pella e Atenas.
Lisímaco --- Ficou com a Trácia, atual Romênia.
Durante a época dos Ptolomeus e Selêucidas, a língua grega foi implantada na Palestina. O poder civil passou a ser exercido pelo sumo-sacerdote, que exercia também o religioso. A divisão política da Palestina contava com 5 províncias ou distritos: Judéia, Samaria, Galileia, Traconites e Peréia. Nessa fase surgiram as seguintes seitas religiosas:
Os fariseus: (heb. “separados”). Inicialmente primavam pela pureza religiosa, depois tornaram-se secos, ritualistas e hipócritas. Eram nacionalistas.
Os saduceus: (heb. “justos”). Eram os aristocratas da época. Eram adeptos do que chamamos hoje racionalismo. Confira Atos 5.17; 23.8. Eram Helenistas (partidários dos gregos).
Os essênios: Uma ordem monástica que praticava o ascetismo. A raiz que deriva a palavra “essênio significa “piedoso”.
Antíoco Epifânio
Imagem de Antíoco Epifânio em uma moeda Grega.
Antíoco, o Grande, reconquistou a Palestina em 198 aC, que voltou para os reis da Síria, chamados “Selêucidas”. De 175-163 aC, foi violentamente rancoroso com os judeus; fez um esforço titânico e decidiu por exterminá-los e à sua religião. Devastou Jerusalém, em 168 aC; profanou o templo, em cujo altar ofereceu um porco; erigiu um alta à Júpiter; proibiu o culto no templo; impediu circuncisão sob pena de morte; destruiu todas as cópias das Escrituras que foram encontradas, matando a todos quantos foram achados de posse das mesmas; vendeu milhares de famílias judias para o cativeiro e recorreu a toda espécie imaginável de tortura para forçar os judeus a renunciar sua religião. Isso deu ocasião à revolta dos Macabeus, uma das mais heróicas façanhas da história.
O Perído Macabeu ou Hasmoneano.
Matatias, sacerdote, de intenso patriotismo e imensa coragem, furioso com a tentativa de Antíoco Epifânio, reuniu um bando de leais compatriotas e desfraldou a bandeira da revolta. Tinha cinco filhos heróis e guerreiros: Judas, Jônatas ,Simão, João e Eleazar. Matatias faleceu em 166 aC. Seu manto caiu sobre seu filho Judas, guerreiro de admirável gênio militar. Ganhou batalha após batalha em condições de inferioridade incríveis e impossíveis. Reconquistou Jerusalém em 165 aC, purificou e reedificou o Templo. Foi esta a origem da Festa da Dedicação (João 10.22-23). Judas uniu em si a autoridade sacerdotal e civil e assim estabeleceu a linguagem dos sacerdotes-governadores Hasmoneanos, que pelos seguintes 100 anos governaram uma Judéia independente. Foram eles:
Matatias – 167-166 aC.
Judas – 166- 161 aC.
Jônatas – 161- 143 aC.
Simão – 143- 135 aC.
João Hircano I – 135-104 (filho de Jônatas).
Aristóbulo e filhos – 104-63 (indignos do nome do Macabeus).
Um período que iniciou por causa da crueldade, termina com a crueldade dentro do próprio povo. Aristóbulo, filho de João Hircano, entre outras coisas, mandou prender sua genitora, à qual Hircano teria deixado o reino, conservando-a presa até morrer de forme no cárcere, Seu reinado foi curto (morreu em 105 aC) e seus filhos tão cruéis quanto ele. Não merecem serem chamados descendentes de Hasmon.
O Período Romano
Gravura de um Centurião e um Legionário romanos.
No ano de 63 aC, a Palestina foi conquistada pelos romanos sob as ordens de Pompeu. Anipator, edomita (descendente de Esaú) foi designado governador da Judéia. Sucedeu-lhe seu filho Herodes, o Grande, que foi rei da Judéia, 37-4 aC, data na qual Jesus já era nascido. Para obter o favor dos judeus, Herodes o Grande derrubou o velho templo depois de ter preparado o material para construção do novo, que edificou, talvez com maior magnificência do que o de Salomão. Este é conhecido como o templo de Herodes e o que existia quando Jesus esteve na terra.
A Literatura Apócrifa e Deuterocanônica
Cavernas em Quram
Chamamos de Apócrifos (ocultos sem autenticidade), os escritos produzidos no Período Interbíblico. No silêncio da voz divina, multiplicaram-se as palavras humanas. Outros escritos espúrios relacionados com o AT ou NT são chamados Pseudo-epigráficos, ex.: Enoque, Os 12 Patriarcas, Moisés, Apocalipse de Paulo, etc.
A denominação apócrifos para os protestantes e deuterocanônicos para os católicos se dá comumente aos escritos contidos em algumas Bíblias entre os dois Testamentos e na Bíblia de edição Romana,  Anglicana, Copta, entre outros grupos cristãos, misturados entre os livros do AT.

Você quer saber mais?
Cabral.J. Introdução Bíblica, Universal Produções, Rio de Janeiro, 1986.
http://construindohistoriahoje.blogspot.com/search/label/F%C3%89

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Instrumentos de Tortura e Execução na Idade Média Européia.

Instrumentos de Execução

1 - Espada, Machado e Cepo


A decapitação com a espada, entretenimento público, desde o início da Idade Média, é, ainda hoje, utilizada em alguns países do terceiro Mundo. Era necessária uma longa aprendizagem para aprender a manejar a espada com precisão, de modo a decepar a cabeça com um golpe só, coisa que a multidão muito apreciava, como um sinal da habilidade do carrasco.
Os executores mantinham-se "em forma" treinando com animais nos matadouros ou com espantalhos de cabeça de cabaça.
A decapitação, pena suave quando executada com habilidade, estava reservada exclusivamente a condenados nobres e importantes. Os plebeus eram executados de outras formas, que garantiam agonias mais prolongadas, das quais a mais freqüente e mais rápido era o enforcamento comum, no qual a vítima era erguida e lentamente estrangulada - ao contrário do enforcamento à inglesa, que faz tombar a vítima de certa altura com a corda ao pescoço, provocando ruptura das vértebras cervicais e da medula espinhal.
Distinção importante: o cepo só era usado em conjunto com o machado; nas decapitações com a espada, o condenado deveria manter-se ereto, enquanto o executor efetuava um movimento horizontal com a lâmina, ceifando o pescoço.

2 - O Garrote


Consistia o garrote em um poste de madeira provido de um colar de ferro ou, menos comum e eficientemente, de couro duro, e que se apertava progressivamente por meio de um parafuso. Havia duas versões essenciais deste instrumento:
a) a versão tipicamente espanhola, na qual apertando se o parafuso, fazia-se apertar a argola de ferro, matando a vítima por asfixia;
b) a versão catalã, no qual havia, na nuca do condenado, um punção de ferro, que, ao apertar-se o colar, penetrava e quebrava as vértebras cervicais, ao mesmo tempo que empurrava o pescoço para a frente, provocando o esmagamento da traquéia contra a argola, matando tanto por asfixia como pela destruição da medula espinhal ou do bulbo cerebral. A presença deste aguilhão não garante uma morte rápida; antes, pelo contrário. A agonia podia ser mais ou menos prolongada, dependendo do humor do carrasco.
O primeiro tipo foi usado na Espanha até a morte de Franco, em 1975, altura em que o rei Juan Carlos aboliu a pena capital.
O segundo tipo, usado até princípio deste século na Catalunha e na América Central, ainda é utilizado, em alguns países do Terceiro Mundo, como instrumento de tortura e execução.

3 - Emparedamento

O emparedamento, utilizado já no tempo dos romanos, para punir as vestais que perdiam sua virtude, dispensa qualquer explicação. A vítima era sepultada viva, morrendo, dependendo do local de confinamento, de sede e fome, ou simplesmente asfixiada.

4 - As Gaiolas Suspensas


Desde a Alta Idade Média até finais do séc. XVIII, as paisagens urbanas e suburbanas da Europa abundavam de gaiolas de ferro e madeira, no exterior de edifícios municipais, palácios de justiça, catedrais e muralhas de cidades, assim como penduradas em postes situados nas encruzilhadas de diversos caminhos ; freqüentemente havia várias gaiolas em fila, umas ao lado das outras.
Em Florença, Itália, havia dois locais reservados às gaiolas: um na esquina do Bargello, na Via Aguillara com a praça San Firenze, e o outro num poste fixado na colina de San Gaggio, passada a Porta Romana, junto à estrada para Siena. Em Veneza, tida como um dos prováveis locais de origem da gaiola celular, estas erguiam-se na Ponte dos Suspiros e nos muros do Arsenal.
As vítimas, nuas ou quase nuas, eram fechadas nas gaiolas suspensas, que não eram muito maiores que seus corpos; morriam de fome e sede, de mau tempo e frio no Inverno, de queimaduras e insolação no Verão e eram muitas vezes torturadas e mutiladas para melhor servir de exemplo. Os cadáveres em putrefação eram, na maior parte das vezes, deixados in situ, até o desfazimento do esqueleto.

5 - A Roda Para Despedaçar

A roda para despedaçar era, depois da forca, a forma mais comum de execução na Europa germânica, desde a Baixa Idade Média até princípios do séc. XVIII; na Europa latina e gálica, o despedaçamento era feito por meio de barras maciças de ferro e maças, em lugar da roda.
A vítima, nua, era esticada de barriga para cima na roda (ou no chão ou no patíbulo), com os membros estendidos ao máximo e atados a estacas ou anilhas de ferro. Por baixo dos pulsos, cotovelos, joelhos e quadris, colocavam-se atravessados suportes de madeira. O verdugo aplicava violentos golpes com a barra, destroçando todas as articulações e partindo os ossos, evitando dar golpes que pudessem ser mortais. Isso provocava, como é fácil imaginar-se, um verdadeiro paroxismo de dor, o que muito divertia a platéia1 .
Depois do despedaçamento, desatavam o condenado e entrelaçavam-lhe os membros com os raios da grande roda, deixando-o ali até que sobreviesse a morte, ao cabo de algumas horas, ou até dias.
Os corvos, outrossim, arrancavam pedaços de carne e vazavam os olhos até a chegada do último momento. Esta era a mais atroz e longa agonia prevista dentre todos os procedimentos de execução judicial.
Junto com a fogueira, o despedaçamento ou desmembramento era um dos espetáculos mais populares que tinham lugar nas praças da Europa. Multidões de plebeus e nobres deleitavam-se ao contemplar um bom despedaçamento, como comprovam várias gravuras da época.

6 - Submersão em Azeite

A submersão em azeite podia ser tanto uma forma de execução como de interrogatório, tanto judicial como extrajudicial. O prisioneiro, suspenso pelos braços no teto, era baixado, por meio de um sistema de corda e roldana, dentro de um caldeirão cheio de azeite em ebulição. Este suplício podia ser aplicado em conjunto com a estrapada (!) e quase que invariavelmente, provocava a morte da vítima; na melhor das hipóteses, deixava-a inválida para toda a vida.

7 - A Serra


A serra era outro meio de execução extremamente cruel, no qual a vítima, suspensa pelos pés, era serrada ao meio, de cima para baixo, a partir de entre as pernas. Esse tipo de execução podia ser levada a cabo com qualquer tipo de serra de lenhador utilizada a quatro mãos e de dentes grandes. A história conta que vários mártires - santos, religiosos, laicos - sofreram esse suplício, talvez pior que a cremação lenta ou a imersão em azeite fervente. Devido á posição invertida, que assegura a oxigenação do cérebro e impede a perda geral de sangue
o condenado não perde a consciência até que a serra alcançava o umbigo, ou, às vezes, até o peito.
A Bíblia conta-nos que o rei hebreu Davi exterminou os habitantes de Rabah e de todas as outras cidades amonitas , pelo método de por os homens, mulheres e crianças debaixo de serras, rastelos, machados de ferro e fornos de tijolos. Esta espécie de beneplácito, pouco menos que divino, contribuiu muito para a aceitação da serra, do machado, do rastelo como meio de execução por gente bem pensante da Igreja medieval.
A serra era aplicada freqüentemente a homossexuais de ambos os sexos, principalmente a homens. Na Espanha, a serra foi um meio de execução militar até meados do séc. XVIII, segundo várias referências, que não citam, todavia, um só caso concreto. Na Catalunha, durante a guerra da Independência (1808-1814), contra os exércitos de Napoleão, os guerrilheiros espanhóis submeteram dezenas de oficiais franceses e ingleses à serra, sem se preocupar muito com as alianças do momento. Na Alemanha, a serra estava reservada aos cabeças de movimentos rebeldes e na França, às bruxas "engravidadas por Satanás".

8 - Empalamento

Esta era uma forma particularmente cruel de execução, visto que a vítima agonizava por vários dias antes de morrer, demorando muito a ficar inconsciente. Era, ao que se tem notícia, usada desde a antigüidade; no séc. XVI, foi amplamente empregada pelos exércitos turcos que invadiam o leste da Europa.
O método era simples: deitava-se a vítima de bruços e enfiava-se-lhe no ânus, no umbigo - ou, talvez, tratando-se de uma mulher, na vagina - uma estaca suficientemente longa para transfixar o corpo no sentido longitudinal. Para que a estaca ficasse firme, era introduzida no corpo do condenado a golpes de marreta. Em seguida, simplesmente plantava-se a estaca no chão; a força da gravidade fazia o resto. O corpo simplesmente era puxado em direção ao solo, enquanto a estaca rasgava lentamente as entranhas, num processo que podia durar - dependendo da espessura da estaca e da capacidade de resistência da vítima - várias horas ou até dias.
Ainda mais terrível era o "empalamento ao contrário", tal coo era feito pelas tropas turcas de janízaros que invadiam o leste da Europa no século XV. Segundo este método, a vítima era suspensa pelos pés, o que impedia a hemorragia e facilitava a oxigenação do cérebro; assim sendo, o condenado demorava a perder os sentidos, permanecendo consciente durante a maior parte da operação.

9 - Cremação

A cremação ou vivicombustão é conhecida como a forma de execução utilizada em casos de bruxaria ou feitiçaria; na verdade, os romanos já a utilizavam para os parricidas e os traidores.
Na sua forma medieval, utilizada pela Inquisição, o condenado só era queimado vivo se se recusasse a abjurar, ou seja, renunciar aos erros que o haviam arrastado àquela situação; nesse caso, era estrangulado.
Para garantir que a vítima morresse verdadeiramente nas chamas, e não asfixiada com a fumaça, vestiam-na com uma camisola encharcada com enxofre.

10 - Mesa de Evisceramento

Este terrível suplício era levado a cabo em um aparelho especial, constante de uma mesa ou tábua sobre a qual havia uma roldana e um sistema de cordas e pequenos ganchos. O verdugo abria o ventre da vítima amarrada sobre a tábua, de maneira a não poder debater-se; em seguida, introduzia-lhe os ganchos na abertura, prendendo-os firmemente às entranhas do condenado. Ao manipular a roldana, as entranhas eram puxadas para fora, com a vítima ainda viva; esta era então abandonada e deixada para morrer neste estado. A morte demorava por horas ou até dias. Quanto mais tardasse - isto é, quanto mais o condenado sofresse, maior era considerada a habilidade do carrasco.

Você quer saber mais?

Compêndio de Instrumentos de Tortura e Execução na Idade Média Européia por Cristine Vieira Vilarino.

Exposição traça paralelos entre Oriente e Ocidente.

Há séculos que o Oriente fascina viajantes, pesquisadores e artistas ocidentais. Uma exposição em Karlsruhe, na Alemanha, mostra como os países orientais viam o Ocidente e como também admiravam a cultura ocidental.
Expostas no Museu Estadual de Baden, em Karlsruhe, estão várias figuras conhecidas na Alemanha e associadas ao Oriente: cigarros da marca "Sultan" (sultão), chocolates que remetem às Mil e Uma Noites e figuras que lembram o universo de países orientais. O cartaz de uma cervejaria bávara estampa beduínos em cima de um camelo, transportando garrafas de cerveja.

Brincando com estereótipos

O universo de tais clichês povoa há muito a imagem que os ocidentais têm do Oriente. No mesmo espaço, contudo, encontra-se um relógio cuco – um produto tipicamente alemão, pensa o visitante admirado, antes de perceber que há, no lugar do pássaro que anuncia as horas, uma pequena caixa de som, da qual ecoa, a cada meia-hora (da mesma forma que o cuco do relógio original), o chamado do muezim para a oração.

Bildunterschrift: Viajante ocidental em trajes beduínos

Essa obra de arte-relógio, de autoria da artista Via Lewandowsky, embora seja uma persiflage, remete a um fenômeno cultural, observa Schoole Mostafawy, a curadora da mostra. "Os relógios europeus chegaram ao Oriente já no século 17. Os relógios cuco são hoje populares nos países orientais, podem ser comprados nos bazares de Teerã, Istambul ou Damasco ou encontrados nas salas de visitas nesses países", diz Mostafawy. O que um belo tapete usado pelos nômades do deserto ou uma peça artesanal de cerâmica significa no Ocidente, um relógio cuco da Floresta Negra é no Oriente: um sinal de cosmopolitismo.

Adoção da outra cultura

A exposição em Karlsruhe brinca com estereótipos e mostra como existiu, durante séculos e mais séculos, um intercâmbio cultural rico, diversificado e hoje praticamente esquecido entre Oriente e Ocidente: tratava-se de um dar e receber, de uma troca, numa relação ainda não marcada pela ganância ocidental por matérias-primas ou pelo estabelecimento de rotas comerciais e pela falta de apreço pela população muçulmana. "Queremos mostrar aqui que o Oriente não é apenas um receptor passivo da cultura ocidental, mas também assimila essa cultura estranha a ele", observa o curador Jako Möller.

Proibição de imagens e arte visual

No século 19, quando a fotografia se tornou popular no Ocidente, pesquisadores e viajantes viajavam rumo ao Oriente e documentavam suas impressões em imagens. Quando o "Orientalismo" virou moda, o mundo islâmico assumiu ele próprio a nova mídia, passando por cima, de forma soberana, da proibição da reprodução em imagens ditada pelos líderes religiosos.

Mais ainda: os líderes religiosos acabaram encontrando até mesmo uma explicação para o motivo da súbita permissão da reprodução em imagens, explica Möller. "Eles argumentavam que a fotografia não era uma arte visual, mas meramente um procedimento científico, através do qual a luz é refletida sobre um papel fotográfico – o que, de fato, corresponde a uma descrição exata da fotografia."

O ato de fotografar se transformou num símbolo da modernidade e nas imagens cotidianas foi sendo refletida uma nova autoconsciência. Líderes orientais passaram a encomendar fotografias com prazer, nas quais a própria cultura misturava-se com a alheia. Assim vemos mulheres de haréns, deitadas num divã, vestidas com um casaco e uma saia curta, como era comum na virada do século 20 nos países ocidentais.

Imagem do profeta?

Um suposto retrato do profeta é também um achado surpreendente. Ele mostra, de fato, Maomé? O retrato é até hoje objeto de veneração no Irã.

Bildunterschrift: A suposta imagem de Maomé, à esquerda, e a fotografia original, à direita

No entanto, a imagem era originalmente uma fotografia. Ela mostra um jovem tunesiano, fotografado pelos alemães Rudolf Franz Lehnert e Ernst Heinrich Landrock no início do século 20. Mostafawy, a coordenadora do projeto da exposição em Karlsruhe, explica: "Esse era antigamente o contraponto às fotos das mulheres bérberes, com pouca roupa. Para os fotógrafos e seus clientes era sinônimo dos países orientais, ao lado de outros tópicos".

Transferência de bens culturais

Objetos de arte e cotidianos mostram que a cultura islâmica também adaptou fenômenos do Ocidente. A recepção da arte europeia se deu a partir do século 18. Retratos de líderes, imagens de santos e papéis de parede combinam motivos religiosos do Islã com detalhes ocidentais, também cristãos, integrando, por exemplo, uma cadeira moderna ou um homem de terno com representações tradicionais do paraíso.

Imagens de deuses da Índia e do Irã lembram muito a carga simbólica da imagem de Maria conhecida no Ocidente. "Artistas dos países islâmicos deixaram-se influenciar pelos motivos do Ocidente, cujo estilo e temas são usados como de um catálogo."

Cotidiano, nostalgia e traumas

Aqueles que viajavam e tomavam contato com a cultura do outro carregavam consigo sonhos distintos. Enquanto os europeus admiravam profundamente o clima e as palmeiras da região mediterrânea, os artistas muçulmanos pintavam seus sonhos em forma de montanhas, florestas frias e pequenos riachos.

Uma capítulo surpreendente da exposição é dedicado à cultura cotidiana. Quem, de longe, vê os tapetes afegãos, já pode admirar belos ornamentos orientais. De perto, contudo, tudo muda de figura, pois ali se vê kalashnikovs, tanques de guerra, armas de fogo. "Esses tapetes foram feitos na época da guerra civil. Provavelmente sob encomenda para oficiais russos, mas mostram o cotidiano dos costureiros de tapetes e seus traumas", explica Jakob Möller.

Bildunterschrift: Tapete: 'Juízo Final'

O contraponto fica em frente: um tapete da Pomerânia, na costa alemã do Mar Báltico, com peixes e anzóis, tudo em estilo e ornamentos orientais. Naquela região, até os anos 1960, os tapetes eram uma ocupação alternativa para pescadores desempregados, uma arte popular. Os tapetes pomeranos são comumente conhecidos até hoje como "os persas do Báltico", embora a produção já tenha cessado.

Autora: Cornelia Rabitz (sv)

Revisão: Alexandre Schossler


Você quer saber mais?


http://www.dw-world.de