Opressão aos índios no Peru.
Em 1492, numa estimativa conservadora, havia na Amazônia 5,1 milhões de habitantes número que se reduziu para 250.000 habitantes em fins do século XIX.
De acordo com a Funai, a população que vive em aldeias é de 512 mil pessoas, distribuídas em 225 etnias com 180 línguas diferentes. No Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 734 mil pessoas se auto-identificaram como indígenas em 2000.
A Funai aponta a tendência crescente do índio viver passar a viver em cidades para poder estudar e ter acesso a outros recursos e, com dificuldades para se assentar, tende a viver em favelas.
Extermínio
Indígenas foram massacrados cruelmente pelos europeus pelo fato de serem considerados selvagens ( que tal sub-humanos, te lembra algo)
Estimativas da população indígena na época do descobrimento apontam que existiam no território Brasileiro, mais de mil povos, sendo cinco milhões de indígenas. Hoje em dia, são 227 povos, e sua população está em torno de 400 mil. As razões para isso são muitas, desde agressão direta de colonizadores a epidemias de doenças para as quais os índios não tinham imunidade ou cura conhecidas.
Durante o século XIX, com os avanços em epidemiologia, casos documentados começaram a aparecer, de brasileiros usando epidemias de varíola como arma biológica contra os índios. Um caso "clássico", segundo antropólogo Mércio Pereira Gomes, é o da vila de Caxias, no Sul do Maranhão, por volta de 1816. Fazendeiros, para conseguir mais terras, resolveram "presentear" os índios timbira com roupas de pessoas infectadas pela doença (que normalmente são queimadas para evitar contaminação). Os índios levaram as roupas para as aldeias e logo os fazendeiros tinham muito mais terra livre para a criação de gado. Casos similares ocorreram por toda América do Sul. As "doenças do homem branco" ainda afetam tribos indígenas no Amazonas.
Em todo lado na América ou em qualquer lugar invadido pelos brancos, houve massacres injustos e mortes desnecessárias, no caso do Brasil é gritante, quase um extermínio a destruição foi geral, não se limitou ao humano, mas também as florestas, fauna e flora, exploração mineral implacável, empobrecendo os solos e matando as nascentes, tudo pra roubar as riquezas naturais, plantar café e cana de açúcar. Exportar, vender e lucrar, pois povos indígenas não dão lucro, não são consumistas, mas as suas terras dão e diariamente se assiste ao abuso de poder econômico invadindo as terras dos índios e matando a esperança.
Quem vai responder pelos milhões de vidas indígenas barbaramente assassinadas?
Quem?
Apoena Meirelles, acompanhado pelos índios.
O sertanista Apoena Meireles, assassinado no dia 9 de outubro de 2004 em Porto Velho, transformou-se em símbolo do holocausto indígena na Amazônia. Todas as aldeias contatadas pela Funai (Fundação Nacional do Índio) estão chorando a morte de Apoena como se ele fosse nativo de cada uma.
Houve um luto geral que não se restringe aos Cinta Larga, que Apoena tentava proteger enquanto investigava as invasões e o contrabando de diamantes na Reserva Roosevelt, na região de Presidente Médici (cerca de 400 quilômetros a sudeste de Porto Velho.)
Os próprios Cinta Larga estavam de luto desde o sangrento confronto de 7 de abril de 2004, com intrusos da reserva, que teve 29 garimpeiros mortos e um total não precisado - e nem oficialmente considerado - de baixas entre os índios.
Nações indígenas virtualmente extintas, como a dos Karipuna, são as que mais estão lamentando o desaparecimento de Apoena neste ano especialmente sangrento.
Os últimos Karipunas, dizimados entre os séculos 19 e 20 pelos americanos que construíram a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, e pelos seringalistas (produtores de borracha), são os protagonistas das principais homenagens fúnebres que ainda estão sendo feitas a Apoena.
Apoena foi sepultado com um cocar e adereços Karipuna - a TV Globo/ Rondônia equivocou-se ao atribuir a homenagem aos Cinta Larga.
Extermínio de índios
A morte de Apoena - quer tenha sido um latrocínio comum, como se informa oficialmente, ou uma conspiração como a própria mãe do sertanista desconfia - é mais um capítulo de uma história de horror que começa muito antes da guerra pelos diamantes da Reserva Roosevelt.
Tornou-se tão normal matar índios em Rondônia que nem o CIMI, Conselho Indigenista Missionário, organização ligada à Igreja Católica que monitora o povo Cinta Larga, se preocupa mais em divulgar o número total dos assassinatos feitos pelos garimpeiros.
O desaparecimento de povos inteiros, com sua cultura e tradições, é geralmente desapercebido.
O povo Karipuna, por exemplo, que habita a região do alto rio Jacy Paraná, a 200 quilômetros a sudoeste de Porto Velho, está reduzido hoje a nove pessoas e não tem mais condições de se reproduzir.
Desse total, existem apenas três homens e não há mais nenhuma mulher Karipuna com quem possam se unir para perpetuar a etnia.
As útimas mulheres Karipuna que existem são a matriarca da família, Katiká, de 60 anos, que enviuvou e casou um índio do povo Uru-Eu-Wau-Wau, e duas irmãs, suas três filhas Paturi, 30 anos, e Elisângela, 27, casadas com não índios, e Kaipu, 39, casada com um índio Arara.
Os demais membros do povo extinto são os irmãos Batiti, 28 anos, solteiro; Adriano, 18 anos, casado com uma não índia descendente de bolivianos, André, de 13, o primo José Carlos, de 15 e o pai dele, Aripan, 60 anos, irmão de Katiká.
Adriano disse que os filhos com mulheres de outras etnias ou não índias não são considerados "legítimos Karipunas". "Nós os amamos muito mas são mestiços."
Memória perdida
Ele disse estar preocupado com o esquecimento de sua cultura e tradições. "Já não fazemos mais artesanato, trabalhamos somente na agricultura" - explicou.
Adriano, que se tornou agente indígena de saúde num convênio com uma ONG e a Funasa (Fundação Nacional de Saúde) e tem o curso de Primeiro Grau, diz que a destruição da cultura indígena dos povos da floresta é uma das faces do holocausto indígena.
Ele aponta como um das formas de agressão contra os povos da floresta fatos como o da Rede Globo de Televisão que, segundo informa, está usando índios do povo Manivá como se fossem Karipunas na mini-série Mad Maria que está sendo filmada na região do Abunã.
"A TV Globo nos enganou. Enviou um fax convidando o povo Karipuna a participar da mini-série, pediu amostras de nosso artesanato e agora está usando um povo que não tem nada a ver conosco" - disse Adriano Karipuna.
O rapaz está preocupado também com o tratamento que mini-série dará às mulheres índias na série. "Ouvi dizer que serão mostradas como prostitutas que atendiam os operários que trabalhavam na construção da ferrovia e isso não é a realidade histórica."
Segundo ele, as índias Karipunas eram "forçadas" ou "violentadas sexualmente" pelos trabalhadores.
Banalização da maldade
Na época da construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré existiam 10 mil índios na nação Karipuna. Muitos morreram eletrocutados pelos trilhos da ferrovia aos quais eram ligados cabos de alta tensão para mantê-los afastados.
Adriano acrescentou: "Talvez os autores da mini-série apontem nosso povo como ladrões, mas minha mãe me disse que queríamos apenas conhecer o acampamento de perto e se pegávamos alguns utensílios dos americanos, como panelas, é porque não as conhecíamos."
Hoje a população indígena em todo o Estado de Rondônia é de aproximadamente 7 mil pessoas de etnias diferentes. Este crescimento se deve em parte à novas formas de organização dos povos indígenas com a criação de entidades como a Cumpir (Coordenação da União dos Povos Indígenas de Rondônia, Sul do Amazonas e Norte do Mato Grosso), o CIMI (Conselho Indigenista Missionário), ligado à Igreja e diversas ONG´s que lutam na defesa de sua cultura, de suas origens e de suas terras. (Kanindé, Índia, etc)
Rondônia, onde possivelmente nasceu a língua Tupi, tem hoje 36 povos indígenas, nas mais variadas situações. Povos que moram em suas próprias aldeias, povos sem terra, povos vivendo em terras indígenas de outros povos.
A Funai tem feito o que pode para proteger os índios. Ao longo dos anos, os indigenistas do CIMI e outras organizações limitam-se a protestar, a denunciar o genocídio contra os povos da floresta. Mas até isso se tornou banal.
E o que é banal perde interesse para a opinião pública. Não atrai a atenção da imprensa. O que se torna comum, rotineiro, não vira manchete.
Cultura da morte
A culpa não é dos jornais ou da TV, mas das pessoas que os lêem ou assistem. Aliás, não é culpa de ninguém, é apenas a psicologia da comunicação.
As pessoas compram jornais ou ligam a TV para saber das novidades. A novidade de 7 de abril de 2004 foi a morte dos garimpeiros. A notícia não teria o mesmo impacto se fosse ao contrário: garimpeiros matam 29 índios.
Por isso o governador de Rondônia, Ivo Cassol, disse em nota oficial na época que o aconteceu na Reserva Roosevelt, naquele dia, foi "fato isolado". Claro. Para o governador, o normal é o índio morrer, não o garimpeiro.
Ele próprio é acusado de estar está matando lentamente os povos que habitam a região de Alta Floresta, desviando, com as usinas hidrelétricas da família Cassol, o rio Branco, e deixando aldeias inteiras isoladas e sem acesso pela única via de comunicação, que é o rio.
Matar índios faz parte da cultura, dos costumes dos que se tornaram donos do Novo Mundo.
Existiam mais índios no Brasil do que portugueses em Portugal quando as caravelas chegaram.
Os verdadeiros donos do Novo Mundo constituiam 900 povos diferentes, totalizando entre seis a dez milhões de seres humanos.
Povos possivelmente descendentes de asiáticos que passaram pelo Estreito de Bering, caminhando sobre o gelo entre a Sibéria e o Alasca e marcharam sobre a América do Norte, América Central até a América do Sul.
Cristóvão Colombo chamou-os de índios porque pensava estar na Índia Oriental ao descobrir a América.
Eles continuam a ser chamados de "índios" até hoje como se fossem um único povo. No entanto, têm culturas e idiomas diferentes, de nação para nação, com usos e costumes característicos.
Holocausto
Só no Brasil foram exterminados aproximadamente 700 povos - cerca de 6 milhões de pessoas - desde a chegada de Cabral.
E isso porque Vaz de Caminha, o escrivão do navegador, enfatizou na Carta do Achamento do Brasil que os índios são "gente boa e de boa simplicidade" e "são muito mais nossos amigos que nós seus."
Outros milhões morreram no restante da América do Sul, Central e do Norte. O holocausto das Américas é igual, em crueldade e horror, ao holocausto dos judeus na Alemanha nazista. A diferença é que o genocídio contra os índios está até hoje impune.
Os nazistas perseguiam os judeus alegando, entre outras coisas, que eles eram os assassinos de Cristo. Os colonizadores da América, que se proclamavam cristãos seguidores de Jesus, matavam os índios mesmo não tendo eles nada a ver com os filhos de Abraão, o patriarca dos judeus. Para eles, os índios sequer eram filhos de Adão e Eva. Por isso os índios podiam ser assaltados, violentados, escravizados e assassinados impunemente.
Restam hoje no Brasil 235 povos sobreviventes, com uma população estimada em 550 mil pessoas, falando 180 línguas e ocupando 756 terras indígenas cadastradas pelo governo do Brasil.
Trágico exemplo
O Estado de Rondônia, no noroeste do Brasil, é um trágico exemplo do holocausto indígena. No século 18, viviam cerca de 100 mil índios na região. Duzentos anos depois, na década de 1970, a população indígena era de aproximadamente 4.000 índios, tão ameaçados quanto no passado.
Nessa década intensificava-se a migração para Rondônia e consequente ocupação de suas terras. Muitos fazendeiros, madeireiros e garimpeiros foram acusados - alguns até presos - de invadir terras indígenas e matar seus habitantes para extrair pedras preciosas ou madeiras de lei.
Oficialmente, o Brasil tem, desde o século 20, uma política de proteção aos povos indígenas primeiro através do Serviço de Proteção aos Índios, criado por inspiração do sertanista Cândido Rondon, depois transformado na Fundação Nacional do Índio (Funai).
A organização, não obstante a heróica atuação de sertanistas abnegados como Francisco Meireles e seu filho Apoena, não consegue impedir que criminosos continuem atacando as aldeias. E não mudou o preconceito que ainda existe em largas parcelas da população contra os índios.
No tempo do Brasil Colônia, para justificar as invasões, as pilhagens e massacres contra povos inteiros, os índios não eram considerados seres humanos. Os índios são vistos até mesmo como uma sub-raça nivelada aos animais irracionais.
O preconceito é estimulado por fazendeiros, madeireiros, garimpeiros e outros em busca da borracha, do ouro, da madeira, da cassiterita, dos diamantes, e de campos para a criação de gado em Rondônia.
Processos de dominação
Para melhor dominá-los (e justificar os ataques), eles usam as mentiras inventadas pelos europeus desde os tempos do descobimento do Brasil: as de que os índios são "vagabundos", "ladrões", "preguiçosos e bêbados".
No passado índios que sobreviviam aos assaltos ou às doenças transmitidas pelos "brancos" contras as quais não têm imunidade orgânica - como a gripe, por exemplo - eram escravizados. Os homens para trabalhos forçados. As mulheres eram submetidas a abusos sexuais.
O "aculturamento", especialmente através da "evangelização" ou transformação de índios em "cristãos", tem sido outra forma secular de dominação e o lado não sangrento do genocídio, pois vai desligando os povos de suas próprias tradições espirituais, culturais e destruindo sua identidade nacional.
A escravidão, nos tempos atuais, ocorre de outras formas, facilitada pelo "aculturamento". Através do álcool, da prostituição e do aliciamento de lideranças indígenas por quadrilhas de contrabandistas de minérios e de madeira.
Corrompidos pelo dinheiro, muitos caciques trocam sua cultura pela do consumismo do "branco" - ganham carros do ano mas não têm permissão para entrar na sociedade dos consumidores. A fronteira se limita às cercanias dos bares de quinta categoria e dos bordéis.
Alguns aculturados vencem heroicamente as dificuldades causados pelos preconceitos e se tornam até profissionais de nível superior, respeitados pela comunidade dos não índios.
Silêncio das elites
A gripe, o sarampo, a malária, a catapora e a tuberculose dos "brancos" contribuiram para o genocídio, dizimando milhares de índios. Em março passado, o jornal "O Estadão do Norte", de Porto Velho, noticiou que a Aids (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) estaria causando nova mortandade nas aldeias.
A contaminação de índios pelo vírus da Aids seria consequência de violências sexuais ou através da prostituição de índios com "brancos".
Ainda não está clara a posição oficial das autoridades de Rondônia ou do governo federal do Brasil havia sobre o assunto.
Em 500 anos de conquista as elites procuram silenciar o passado para assegurar seus interesses e privilégios no próximo milênio, em detrimento do bem estar dos povos indígenas e da maioria da população brasileira.
Os sobreviventes nunca foram e jamais serão indenizados. Até hoje são-lhes negados os direitos fundamentais à terra e a um futuro autônomo como povos étnica e culturalmente distintos.
Desesperançados, moralmente destruídos, os guaranis que habitam o sul do Brasil, adotaram o costume do suicídio quando se tornam adultos.
Adriano Karipuna, o último Karipuna, que estudar Direito. Mas teme afastar-se da aldeia e deixar que o resta de seu povo esqueça sua própria história. "Aí sim estaremos extintos" - disse.
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