Luteranos e a Maçonaria. Imagem: Construindo História Hoje.
O tema “Maçonaria” de tempos em tempos volta a ocupar
a atenção das igrejas e o interesse do mundo.
- Que é a maçonaria?
- Quais são seus
objetivos e propósitos?
- Há incompatibilidade entre a igreja e a maçonaria?
Os motivos que acordaram tais perguntas são vários. Da parte das igrejas foi o
movimento ecumênico, um maior aconchego das denominações cristãs entre si, bem
como a aproximação do cristianismo com as religiões, na tentativa de unir todas
as forças vivas do mundo para uma luta mais decisiva em prol da paz mundial, da
fraternidade e da justiça social. Nesse esforço comum, houve também, por parte
dos maçons, maior abertura. Eles dão a conhecer publicamente os nomes de seus
dirigentes e integrantes, chamam atenção para suas reuniões, destacam suas
realizações na área social e combatem as acusações e incriminações que vêm
sofrendo.
Nesse diálogo, as igrejas cristãs ouvem da parte dos maçons argumentações de que não são uma organização secreta, não são religião nem substitutivo para a religião; antes favorecem os verdadeiros princípios religiosos, lutam pelo aperfeiçoamento moral do indivíduo e da humanidade, promovem a união e a paz, amam a liberdade, praticam a caridade e a tolerância.
Jesus Cristo. Imagem: IELB.
Diante dessa nova situação, as igrejas cristãs, especialmente as que condenavam a maçonaria não permitindo que seus membros pertencessem a ela, são convidados a reexaminar sua posição.
Que é a
Maçonaria?
Ouçamos o que os próprios
maçons dizem a seu respeito:
“A maçonaria é uma união de
homens que busca, por uma união fraternal e através de ações e rituais
honrados, o aperfeiçoamento e enobrecimento da pessoa.”11 Mais: “A
maçonaria é o último dos grandes sistemas de uniões de homens com o alvo do
aperfeiçoamento ético e moral de seus associados.”12 Por fim, ela é
“uma união secreta, que tange o laço da fraternidade em torno de homens livres
e honrados, laço que é mais forte e alto do que as uniões profissionais,
patrióticas, nacionais ou religiosas.”13
A partir destas fontes, pode-se chegar à seguinte definição: A maçonaria é uma entidade fechada (outros preferem o termo secreta, com o que alguns maçons não concordam), que congrega homens de todas as raças e credos religiosos e políticos, que afirmam buscar a verdadeira luz, ou a verdade. Seus membros não precisam ser necessariamente ricos, mas terem o suficiente para o seu sustento e de seus familiares e possam socorrer outros, numa união fraternal, que excede os laços políticos, nacionais e religiosos.
A
maçonaria se divide em dois grupos:
(1) os regulares, que se destacam pelos seguintes
princípios: Não admitem mulheres em suas reuniões; exigem que seus integrantes
creiam em um ser superior (a quem chamam de Supremo Arquiteto); não permitem em
suas reuniões disputas religiosas confessionais ou discussões sobre política;
(2) os irregulares, divididos entre si, destacam-se por
alguns princípios: admitem mulheres e ateus declarados, ou até os que professam
certos credos; admitem discussões sobre religião e política; seu livro é um
livro com páginas em branco.
Objetivo dos
Maçons
Os maçons afirmam: “O
verdadeiro objetivo da maçonaria pode resumir-se nestas palavras: desfazer nos
homens os preconceitos de casta, as convencionais distinções de cor, origem,
opinião e nacionalidades, aniquilar o fanatismo e a superstição, extirpar os ódios
de raças e com eles o açoite da guerra; em uma palavra, chegar pelo livre e
pacífico progresso a uma fórmula e modelo de terna e universal justiça, segundo
a qual todo ser humano possa desenvolver livremente as faculdades de que esteja
dotado e possa vir a concorrer cordialmente e com todas as forças para a comum
felicidade dos seres humanos, de sorte que a humanidade venha a ser uma só
família de irmãos unidos pelo afeto, cultura e trabalho.”14
A maçonaria “trabalha para
o melhoramento intelectual, moral e social da humanidade. Daí seu lema:
ciência, justiça e trabalho. Seu objetivo é a investigação da verdade, o exame
da moral e da prática de virtudes.15
Que querem os maçons?
Que querem os maçons?
“Eles querem aperfeiçoar o
homem moralmente. Seus princípios básicos são: Liberdade, Tolerância e
Fraternidade.”16 O quanto é possível julgar, a maçonaria afirma ter
o propósito de lutar pelo aperfeiçoamento ético do homem e da humanidade.
Combater o fanatismo e promover a união da humanidade. Que significa isto? Se
querem melhorar o indivíduo e a humanidade, porque mulheres e crianças e as
classes menos favorecidas são excluídas? Não deveria a educação moral atingir
todos e isso desde o berço? Os maçons querem desfazer todos os
preconceitos e classes que dividem a humanidade, mas eles próprios iniciam esse
trabalho formando preconceitos, criando uma classe distinta e das mais fechadas
que existe. Se querem promover uma união e lutar contra o fanatismo,
perguntamos: o que é fanatismo? Confessar a verdade religiosa com confissão clara
é fanatismo? Voltaremos a estas perguntas mais adiante.
Ritos e Símbolos
dos Maçons
A maçonaria não possui uma
base espiritual contida em palavras ou formulada em doutrina. Procuram alcançar
seus objetivos éticos pelo galgar de graus, por ritos e símbolos que, em sua
maioria, foram extraídos do ofício de pedreiro, visto que a maçonaria
representa figurativamente a arte de construir.
Uma explicação bem popular
diz que “a base espiritual dos maçons não se representa em primeira linha em
palavras, mas por símbolos que foram tomados das profissões dos arquitetos, já
que eles representam simbolicamente a arte de construir. A simbólica dos maçons
consiste em atos simbólicos e rituais.
Aos símbolos pertencem: A
Bíblia (que em outros países pode ser substituída pelo livro religioso em
vigor, ex.: O Alcorão. Os maçons irregulares não aceitam a Bíblia, mas colocam
em seu lugar um livro com todas suas páginas em branco), o esquadro, o
compasso, o martelo, a colher de pedreiro, a mesa de trabalho; e os que dirigem
o trabalho devem estar aparamentados com luvas brancas e avental.17
Albuquerque diz que “a
maçonaria é ciência velada por alegorias e ilustrada por símbolos. Simbolismo é
alma e vida da maçonaria; nasceu com ela, ou melhor, é o germe de que brotou a
árvore da maçonaria e que ainda a nutre e anima.18 Conclui dizendo
que “os símbolos maçônicos, derivados dos símbolos primitivos, foram aplicados
à arte de construir desde a origem dessa mesma arte.”19
Os graus inicialmente eram
três: aprendiz, companheiro e mestre. Algumas lojas permanecem com estes três;
outras têm mais, chegando até 33 graus e acima. Por ritos entendem o correto
desenvolvimento das ações culturais, que têm como centro o homem ao qual visam
aperfeiçoar e enobrecer. Sobre o significado dos símbolos, Rolf Appel, líder da
Grande Loja alemã de Hamburgo, Alemanha, escreve: “os símbolos maçons fogem a
uma interpretação racional e lógica. Têm muitos sentidos - por isso são
inesgotáveis - eternos e inacessíveis à experiência. O trabalho no templo simboliza
tanto o trabalho no seu próprio aperfeiçoamento, como o aperfeiçoamento moral
do mundo. A pedra simboliza a imperfeição; nela o aprendiz deve labutar para
seu aperfeiçoamento.20
Diante desse quadro surgem várias perguntas. É possível haver uma união fraternal que sem dogma e uma base doutrinária possa alcançar a edificação moral? Até hoje esta pergunta parece não ter sido respondida pelos maçons.21 Seria o seu segredo a grande força de sua união? E qual seria esse segredo? Como se observa, tanto em seus objetivos como a respeito dos meios para alcançá-los por ritos e símbolos, há grandes incógnitas. Os maçons o explicam, afirmando que as forças destes ritos são inexplicáveis, só podem ser conhecidos pela experiência, ou seja, para conhecer seu significado a pessoa precisa tornar-se maçom.
Diante desse quadro surgem várias perguntas. É possível haver uma união fraternal que sem dogma e uma base doutrinária possa alcançar a edificação moral? Até hoje esta pergunta parece não ter sido respondida pelos maçons.21 Seria o seu segredo a grande força de sua união? E qual seria esse segredo? Como se observa, tanto em seus objetivos como a respeito dos meios para alcançá-los por ritos e símbolos, há grandes incógnitas. Os maçons o explicam, afirmando que as forças destes ritos são inexplicáveis, só podem ser conhecidos pela experiência, ou seja, para conhecer seu significado a pessoa precisa tornar-se maçom.
O Segredo dos
Maçons
Por muitos séculos os
maçons foram acusados de serem uma organização secreta. A história o confirma.
O manto do silêncio os
envolveu por muito tempo e ainda envolve muitas coisas dos maçons. Os maçons
contestam essa afirmação, dizendo que não possuem segredos, mas cultivam a
virtude do silêncio. Vejamos o que eles afirmam:
“o chamado segredo maçônico
é justamente o ponto sobre o que mais se tem especulado e no qual se baseiam os
que condenam nossa Ordem Augusta. Não compreendendo a sua verdadeira razão, ou
seja, o caráter espiritual, iniciático e construtivo desse segredo, não
querem ver no mesmo mais do que um pretexto para fins execráveis ou, pelo
menos, tais que não podem ser confessados publicamente por temor da luz do
dia.”22
“Cada um que se ocupa com a
maçonaria, percebe que há um segredo, que já por séculos une os maçons. Esse
segredo está nos rituais que agem sobre eles e desprendem forças na alma de
seus participantes para benefícios próprios e dos que os cercam. Estes segredos
não podem ser desvendados, mas são vividos e experimentados na alma... Por isso
num dos manuais da maçonaria de 1863 consta: A maçonaria não tem segredos, mas
é um segredo.”23
“Calar é para os maçons uma
virtude, que deve agir para educar. Isto se refere ao ritual, às conversas
íntimas de irmãos, à informação sobre irmãos. Ela é antes uma contra-ofensiva à
exagerada verbosidade de nosso tempo.24
O segredo dos maçons é a
vivência pessoal. Este é um fator indispensável, como relata um mestre maçom:
“Eu sabia como tudo iria
acontecer. Mas quando estava no meio de meus irmãos, e meus olhos foram
desvendados, fui comovido em meu íntimo. As lágrimas me vieram aos olhos. Isto
posso relatar quantas vezes quiserem e não compreenderão o que senti neste
momento. Nem mesmo eu o posso exprimir em palavras. São sentimentos que só se
pode experimentar e não descrever, como a ordenação de um sacerdote, a
confirmação, o casamento, o ser mãe pela primeira vez. Nestes momentos há
sentimentos indescritíveis. O segredo da maçonaria é a vivência."25
Respondendo à pergunta se a
maçonaria é uma sociedade secreta, um manual seu diz: “Não, pela simples razão
de sua existência, pois é amplamente conhecida. As autoridades de vários países
lhe concedem personalidade jurídica. Seus fins são amplamente difundidos em
dicionários, enciclopédias, livros de histórias, etc. O único segredo que
existe, e não se conhece senão por meio do ingresso na instituição, são os
meios para se reconhecer os maçons entre si, em qualquer parte do mundo e o
modo de interpretar seus símbolos e os seus ensinamentos neles contidos.”26
Afirma Salomão: “Há tempo de estar calado, e tempo de falar” (Ec 3.7). Tudo tem sua razão e seu motivo. Se é para falar o mal, calar é ouro, se deixo de falar o bem, calar é pecado. “Quem não me confessar diante dos homens,” diz Jesus, “também não o confessarei diante do meu Pai que está nos céus” (Mt 10.32). Assim o calar é uma virtude somente quando usado para evitar o mal.
Há segredos militares que
visam o bem da pátria. Mas por que vamos esconder o bem? Se a doutrina dos
maçons visa o bem e tem este poder, por que calar? Qual o motivo de calar dos
maçons? Eis a incógnita, que permanece não respondida, apesar de toda a
apologética maçônica.27 Boaventura Kloppenburg afirma que “a
Maçonaria não é apenas uma sociedade discreta, mas secreta, no sentido
próprio e usual da palavra.”28
A Maçonaria é
Religião?
A
maçonaria afirma categoricamente não ser religião, nem substitutivo para a
religião. Os maçons não são contra a religião, antes, especialmente os regulares,
exigem que seus filiados acreditem em um ser superior. Ouçamos o que afirmam.
Lê-se no primeiro Artigo da
Constituição de Anderson: “por seu compromisso, o maçom é obrigado a obedecer à
lei moral, e, se devidamente compreende a Arte, jamais será um estúpido ateu
nem um libertino irreligioso. Porém, embora nos tempos antigos os maçons
fossem obrigados a pertencer à religião dominante em seu país, qualquer que
fosse, considera-se hoje muito mais conveniente obrigá-los apenas a professarem
aquela religião que todo o homem aceita, deixando cada um livre em suas
opiniões individuais, isto é, devem ser homens probos e retos, de honra e
honradez, qualquer que seja o credo, a denominação que o designa. Deste modo, a
maçonaria é o centro de união e o meio de conciliar a verdadeira
fraternidade entre pessoas que teriam permanecido perpetuamente
separadas."29
A maçonaria é uma religião? Muitos maçons afirmam que não.
Dizem: A maçonaria não é
uma religião, mas uma sociedade que tem por objetivo unir os homens entre si.
União recíproca, no sentido mais amplo e elevado do termo. E nesse seu esforço
de união dos homens, admite em seu seio as pessoas de todos os credos
religiosos, sem nenhuma distinção. Mas há controvérsia. Outros maçons afirmam
ser a maçonaria uma instituição religiosa “porque reconhece a existência de um
único princípio criador, regulador absoluto, supremo e infinito, ao qual se dá
o nome de Grande Arquiteto do Universo, porque é uma entidade espiritualista em
contraposição ao predomínio do materialismo. Estes fatores que são essenciais e
indispensáveis para a interpretação verdadeiramente religiosa e lógica do
Universo, formam a base de sustentação e as grandes diretrizes de toda a
ideologia e atividade maçônica.”30 Haack contesta: “Os maçons de
nossos dias nada têm a ver com religião. Mas por ter crescido em terra cristã,
nota-se em muitas partes contatos no campo da ética.”31 Ou, então:
“ela compromete o maçom só com aquela religião com a qual todos os homens
concordam e deixa a cargo de cada indivíduo suas convicções especiais.”32
Em contraposição à
religião, todo o esforço dos maçons concentra-se na vida nesta terra; não se
refere à eternidade: não realizam cultos e sua grande diferença em relação à
religião é não possuir uma doutrina salvífica. Assim também o jesuíta Michel
Diereck reconheceu que a maçonaria não é religião, mas um estilo de vida e não
possui um dogma escrito, mas regras de vida.”33 No ritual fúnebre da
maçonaria fica expresso que pelo avental depositado na sepultura, os maçons são
“lembrados da pureza e conduta da vida tão essenciais para ser admitido na Loja
Celestial lá do alto, onde o Supremo Arquiteto do Universo reina em eterno
esplendor.”34
Como se vê, os maçons negam
serem religião ou substitutivo para ela. Ao mesmo tempo afirmam serem
religiosos e por isso possuem ritos cultuais. Negam que aspiram ser uma
religião que una a todos; ao mesmo tempo afirmam combater o fanatismo, tirarem
de cada religião as verdades universais e lutarem por uma união. Possuem o seu
deus, se bem ser-lhes o mesmo desconhecido. Dão-lhe o nome de Grande Arquiteto
do Universo – G.A.D.U.35 Iniciam suas reuniões em nome desse
Arquiteto. Cultuam esse deus não por ensinamentos dogmáticos, mas por ritos
simbólicos. Têm seus próprios ritos funerais.
Se a religião se ocupa com
a relação do homem com Deus, então a maçonaria é religião. Pretendem ser uma
religião que toda a pessoa possa aceitar. Portanto uma religião segundo a
carne, que não aceita as coisas do Espírito de Deus. São religião tolerante,
tão em moda em nosso tempo de ecumenismo, cujo denominador comum é: “União na
diversidade e aceitar a verdade de cada um, pela tolerância.” Dentro de seu princípio
de tolerância, usam o livro religioso mais em voga na localidade, mas na
verdade não aceitam nenhum, pois têm sua própria concepção das coisas.
Bem afirmou um líder
maçônico: “Nós só aceitamos “procuradores”, não aceitamos “achados” em nossas
fileiras. Quem deseja ser um maçom o percebe primeiramente em seu interior,
então confia-se a um amigo.”
Assim consta num antigo
documento maçom. Esta frase espelha a verdadeira índole maçônica. Maçons são
pessoas que procuram a verdade. São eternos procuradores. Procuram a verdade, a
justiça e o aperfeiçoamento. Em tudo isso, seus olhos não estão voltados para a
eternidade, nem atentos à voz de sua razão. Realmente é uma religião pobre e
vazia. Falam em Deus, mas não o conhecem. Veneram um deus mudo que não lhes
fala. Confiam em suas próprias obras, julgando que por elas são aceitos pelo
deus desconhecido na eternidade. Como não possuem uma verdade expressa, aceitam
de certa forma qualquer religiosidade, desde que concorde com seus princípios.
Mas, no confronto com a verdade revelada do verdadeiro Deus, a
rejeitam.Chamam o apegar-se à verdade divina, revelada na Escritura, de
fanatismo e a combatem, revelando assim a índole da natureza humana que não
aceita as coisas do Espírito de Deus (2Co 2.14). Reúnem pessoas que buscam a
verdade e a paz, por não a terem encontrado nas religiões existentes.
Luteranos e a Maçonaria
Diante do que vimos sobre a
maçonaria, especialmente as afirmações de que o maçom é um eterno procurador da
verdade, que luta pelo aperfeiçoamento moral da pessoa e julga ser capaz disso,
queremos mostrar porque um cristão convicto, especialmente o cristão luterano,
não se filia à maçonaria, e porque um maçom, ao abraçar a fé cristã, não
permanecerá na maçonaria. As razões o poeta sacro expressou assim: “Achei o
eterno fundamento, em que minha âncora firmar; é Cristo e seu atroz tormento.
Eterno, prévio à terra e mar, nem mesmo irá estremecer, quando o universo
perecer.”36