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terça-feira, 26 de outubro de 2010

Análise sobre o debate a respeito do Integralismo promovido pela Revista de História da Biblioteca Nacional.*

A idéia era um debate, mas o que ocorreu foi uma extensa exposição difamatória sobre a história da Acção Integralista Brasileira, refiro-me ao encontro sobre o Integralismo promovido pela Revista de História da Biblioteca Nacional, ocorrido no dia 19 de outubro, às 16 horas, no auditório da Biblioteca Nacional. Durante cerca de 3 horas, os historiadores Leandro Gonçalves, professor do Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora e Márcia Carneiro, professora da Universidade Federal Fluminense, discorreram sobre o tema. Algumas análises feitas pelo Prof. Leandro Gonçalves chamaram a atenção dos pesquisadores sobre o Integralismo presentes durante o evento, entre elas se destaca a afirmação “que houve um clima desfavorável para o surgimento do Partido de Representação Popular após o fim do Estado Novo (1937-1945)”. Discordo, completamente, desta afirmação.

Ao contrário da Acção Integralista Brasileira, o Partido de Representação Popular - PRP alcançou vitórias nunca antes almejadas pela AIB, entre elas pode-se afirmar que o PRP participou ativamente da base do Governo Federal, durante o mandado do Presidente Juscelino Kubitschek, tendo inclusive papel de destaque no governo. Elegeu inúmeros Prefeitos, Senadores, Deputados Estaduais e Federais pelo Brasil, bem como teve papel de destaque na eleição presidencial de 1955, na qual o Presidente Nacional do PRP Plínio Salgado recebeu 8% dos votos válidos, respondendo a todos os críticos do Integralismo que este estava vivo e presente em todo o Território Nacional.
Além deste fato, o cartaz de divulgação do evento intitulado “Ameaça Fascista? O Integralismo Ontem e Hoje” demonstra , claramente, que a proposta do evento não era informar os estudantes presentes sobre a história do Integralismo até os dias atuais e sim desinformar e fomentar um julgamento de preconceito e intolerância sobre o “maior movimento de massa do Brasil”, segundo a própria palestrante Profª. Márcia Carneiro.

Por fim, gostaria de pedir a todos os Integralistas e simpatizantes que enviem E-mails para Revista de História da Biblioteca Nacional, criticando a forma que o evento foi divulgado e realizado.

* Σ - Guilherme Jorge Figueira, Presidente Estadual da FIB-RJ/NIERJ
Fonte: Artigo publicado em formato de editorial no boletim Bandeira do Sigma, pág. 1, n.15, Ano II, outubro, 2010

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Otan 'expulsa diplomatas da Rússia por espionagem'

Diplomatas russos expulsos!

Relações entre Otan e Rússia estão abaladas desde conflito na Geórgia

A Rússia confirmou que a aliança militar Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) expulsou dois de seus diplomatas de Bruxelas na quarta-feira. A medida seria uma represália por um escândalo de espionagem envolvendo uma autoridade da Estônia.

O governo de Moscou negou qualquer envolvimento com espionagem. A Rússia disse que a expulsão dos diplomatas é uma "provocação grosseira" e acontece em um momento de reaproximação entre a Rússia e a Otan, depois do conflito do ano passado entre russos e a Geórgia.

No começo do ano, Herman Simm, um alto funcionário do governo da Estônia, foi condenado a 12 anos de prisão por ter supostamente repassado documentos secretos de segurança da Otan a agentes da inteligência russa.

O tribunal não divulgou qual país teria contratado os serviços de Simm, mas os investigadores afirmaram que ele teria entregue 3 mil documentos aos russos e recebido US$ 110 mil pelas informações. O governo de Moscou nega qualquer envolvimento.

'Provocação'

"Uma provocação grosseira foi feita em relação a dois funcionários da missão permanente da Rússia na Otan com um pretexto sem nenhuma explicação clara", afirmou o ministério russo das Relações Exteriores, em nota oficial.

"Esta ação revoltante contradiz fundamentalmente as declarações de lideranças da Otan sobre sua prontidão em normalizar as relações com a Rússia."

Na quarta-feira, a Rússia e a Otan haviam retomado os contatos formais, após quase oito meses de interrupção devido ao conflito da Geórgia. A Otan anunciou a expulsão dos diplomatas russos menos de 24 horas após a retomada dos contatos.

A Otan e a Rússia ainda discordam sobre a questão da Geórgia. Recentemente, o presidente russo, Dmitry Medvedev, criticou os exercícios militares que serão realizados pela Otan na Geórgia no próximo mês. Medvedev disse que esse tipo de exercício não deveria acontecer em um país que acabou de passar por uma guerra.

Poucas horas depois da declaração do russo, a Otan acusou a Rússia de violar acordos de paz que puseram fim à guerra com a Geórgia no ano passado.

Apesar das palavras tensas, uma alta autoridade da Otan disse à BBC que uma reunião de alto-escalão entre russos e a aliança militar marcada para o próximo mês deve ser mantida.

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A volta da Guerra Fria

Rússia nega espionagem nos EUA e fala em volta à Guerra Fria.

Suspeitos compareceram a cortes federais

Um representante do Ministério do Exterior russo declarou que as acusações de que uma rede de espiões atuava nos Estados Unidos para a Rússia não têm base e representam uma regressão aos tempos da Guerra Fria. Segundo o representante, as acusações prejudicam as recentes tentativas do presidente Barack Obama de buscar uma reaproximação com Moscou. O comentário foi feito um dia depois de o Departamento de Justiça americano anunciar a prisão de dez pessoas nos Estados Unidos sob suspeita de espionar para a Rússia. Elas foram acusadas de conspiração pela sua ação como agentes de um governo estrangeiro, o que pode levar a uma pena máxima de cinco anos de prisão.

Mais cedo, o ministro do Exterior russo, Sergei Lavrov, tinha dito em Jerusalém que Moscou aguarda uma explicação de Washington.

“Eles (os americanos) não explicaram de que assunto se trata. Espero que expliquem” disse o ministro.

Os suspeitos detidos, aparentemente, viviam como cidadãos normais, alguns deles fingindo ser um casal, havia vários anos. Um 11º suspeito foi preso nesta terça-feira no aeroporto de Larnaca , no Chipre, quando tentava embarcar para Budapest, na Hungria. Ele deve ser extraditado para os Estados Unidos. Nove dos detidos também enfrentam acusações de conspiração para lavagem de dinheiro, cuja pena máxima de prisão chega a 20 anos. O Departamento de Justiça americano informou que ainda há um que permanece foragido.

'Fineza especial'

Em uma nota divulgada nesta terça-feira, o oficial do ministério do Exterior diz: "Em nossa opinião, essas ações não têm base". "É deplorável que tudo isso esteja acontecendo num momento de busca por novos laços entre Estados Unidos e Rússia". Comentando o anúncio das prisões nos Estados Unidos com jornalistas em Jerusalém nesta terça-feira, Lavrov disse que “o momento para fazê-lo foi escolhido com especial fineza”. Em seguida, o ministro se recusou a falar mais sobre o caso.

Para o correspondente da BBC em Moscou Rupert Wingfield-Hayes, Lavrov pode estar insinuando que algum grupo dentro da estrutura de poder americana esteja tentando minar as recentes tentativas de reaproximação com a Rússia promovidas pelo presidente americano, Barack Obama. Na semana passada, o presidente russo Dmitry Medvedev esteve em Washington, onde almoçou hambúrguer com batatas fritas com o presidente Obama, em um gesto visto amplamente visto como sinal de uma reaproximação entre os dois governos. Segundo um acadêmico russo entrevistado pelo correspondente da BBC em Moscou, o caso serviria como uma advertência ao presidente Barack Obama para que não confie na Rússia nem tente se aproximar do Kremlin. Um alto representante do governo russo, disse à BBC por sua vez que o caso não deve afetar as relações entre os dois países.

Disfarce

Supostas mensagens interceptadas descritas em documentos da Promotoria sugerem que os 10 suspeitos presos nos EUA tinham como missão descobrir informações sobre assuntos como armas nucleares, posição de controle de armas americanas, Irã, rumores na Casa Branca, mudanças na liderança da CIA e partidos políticos. Oito pessoas foram detidas no domingo sob acusação de supostamente realizar "missões de longo prazo e infiltração profunda nos Estados Unidos em nome da Federação Russa", informou o Departamento de Justiça. Elas foram supostamente treinadas pelo Serviço de Inteligência Estrangeiro Russo (SVR), para infiltrar círculos de pessoas influentes politicamente e recolher informações, segundo os documentos apresentados à corte americana no distrito sul de Nova York. Eles teriam sido instruídos a forjar amizades com autoridades americanas e enviar informações a agentes do governo russo usando vários métodos. O Departamento de Justiça americano afirma que os suspeitos foram detidos depois de uma investigação de durou vários anos em que agentes do FBI se fingiram de agentes russos e colheram informações de dois dos suspeitos.

Tinta invisível

Segundo os investigadores, alguns dos suspeitos viviam sob identidades falsas desde o início dos anos 90, usando códigos e avançadas operações por computador, como o envio de fotos aparentemente inocentes com mensagens de texto escondidas. De acordo com o FBI, os supostos espiões também usavam técnicas mais antigas, como mensagens enviadas com tinta invisível e troca de pastas idênticas em parques. “Você foi enviado aos Estados Unidos para uma longa viagem a trabalho”, diz uma das mensagens enviada a dois suspeitos e interceptada pela Inteligência americana. “Sua educação, suas contas bancárias, carro, casa etc – todos eles têm um objetivo: cumprir sua missão principal, ou seja, procurar e desenvolver ligações com pessoas nos círculos de influência política nos Estados Unidos e enviar informações”. A tarefa dos suspeitos, em geral, era se “americanizar” para conseguir se infiltrar. Alguns deles chegaram a se inscrever em universidades, trabalhar e se unir a associações profissionais relevantes, afirmam os documentos apresentados à corte. As informações são de que o grupo teria conseguido se aproximar de um cientista que estaria desenvolvendo uma bomba para explodir bunkers e de um alto oficial da Inteligência. Há vários detalhes sobre como a rede operava, mas pouca coisa sobre as informações que os agentes conseguiram apurar, afirma o correspondente da BBC em Washington, Paul Adams.

Corte


Cinco dos suspeitos compareceram a uma corte federal em Manhattan na segunda-feira – entre eles a jornalista peruana Vicky Peláez e seu marido, de origem uruguaia, Juan Lázaro – onde um juiz ordenou que sejam mantidos na prisão até a audiência preliminar marcada para o próximo dia 27 de julho. Além deles, estariam um casal conhecido como Richard Murphy e Cynthia Murphy, presos em Montclair, Nova Jérsei, e Anna Chapman, detida em Manhattan. Outros três suspeitos – Mikhail Semenko e um casal conhecido como Michael Zottoli e Patricia Mills – compareceram a uma corte federal em Alexandria, na Virgínia, depois de terem sido detidos em Arlington, no mesmo Estado.Os últimos dois suspeitos, Donald Howard Heathfield e Tracey Lee Ann Foley, foram presos em Boston, Massachussets. Todos os suspeitos, com exceção de Anna Chapman e Mikhail Semenko também foram acusados de conspiração para lavagem de dinheiro.

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Comunista era roteirista do 007!

Inteligência britânica suspeitava que roteirista do 007 era agente comunista

Arquivos do MI5, o Serviço de Inteligência do governo britânico, divulgados nesta quinta-feira revelam que o roteirista dos filmes do espião James Bond era suspeito de ser agente comunista.
Wolf Mankowitz trabalhou no roteiro de filmes sobre o agente James Bond

O arquivo da agência MI5 afirma que Wolf Mankowitz era um "marxista convicto". Ele foi espionado por mais de uma década. Mankowitz escreveu o roteiro do filme "Casino Royale", de 1967, e participou na produção e elaboração do roteiro de "O Satânico Dr. No", de 1962. O roteirista, que morreu em 1998, foi responsável por apresentar Cubby Broccoli a Harry Saltzman. Os dois lendários produtores estão entre os responsáveis por transformar o agente James Bond em um fenômeno cinematográfico internacional.

Partido Comunista

Nascido em Londres e formado na universidade de Cambrdige, Mankowitz fez parte da Sociedade Socialista da faculdade e era casado com uma integrante do Partido Comunista. O MI5 começou a suspeitar que Mankowitz era agente comunista em 1944, quando ele morava em Newcastle com sua mulher. Uma carta de David Holbrook, um homem suspeito de ser comunista, foi interceptada pela agência de inteligência. No documento, Holbrook relatava que o casal Mankowitz estava ganhando dinheiro com palestras para uma associação esquerdista.


Arquivo traz cartas e fotos de Mankowitz, que era seguido de perto

Os arquivos mostram que a polícia dizia que Mankowitz "é notório por discutir com frequência as teorias do marxismo com seus amigos". Apesar da vigilância, Mankowitz conseguiu se alistar na Territorial Army, um braço voluntário da reserva do Exército britânico. O superior de Mankowitz o descreveu como "um sujeito muito agitado e de temperamento nervoso", apesar de não o ver como uma "influência subversiva".

'Marxista convicto'


Arquivo traz cartas e fotos de Mankowitz, que era seguido de perto

Em 1948, Mankowitz tentou conseguir um emprego em um escritório de Informação do governo, mas foi rejeitado. O serviço de inteligência da Grã-Bretanha mandou uma carta ao escritório dizendo que Mankowitz era "sabidamente casado com uma integrante do Partido Comunista e ele próprio um marxista convicto". Em 1951, Mankowitz recebeu um contrato da BBC para traduzir a peça de teatro O Urso, do russo Anton Chekhov. O MI5 alertou a BBC sobre o passado comunista de Mankowitz, mas disse que não via problemas no seu trabalho como tradutor. Em meados dos anos 50, Mankowitz ainda era monitorado pelo MI5, sobretudo depois de visitar Moscou, em 1956, como convidado da União Soviética. Ele passou dez dias em uma feira sobre juventude em Moscou e anunciou um plano para montar uma produtora de filmes com cooperação entre britânicos e soviéticos.A agência deixou de seguir Mankowitz depois que ele abandonou planos para retornar a Moscou e optou por viajar para o Caribe, para participar da produção de um filme.

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Fim do mundo em 2012!

Nenhum de 15 mil textos maias profetiza fim do mundo em 2012.

Placa oriunda do estado mexicano de Tabasco: para Maias, 2012 não é o fim do mundo, mas a conclusão de um ciclo!

Em nenhum dos 15 mil textos existentes dos antigos maias está escrito que em 2012 haverá grandes cataclismos, crença originada em escritos esotéricos da década de 1970, asseguraram nesta terça-feira fontes oficiais. O diretor do Acervo Hieróglifo e Iconográfico Maya (Ajimaya) do Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH), Carlos Pallán, disse que só em dois deles há "duas inscrições" que falam em 2012, mas "só como o final do período".

Perante este fechamento do ciclo, os profetas modernos afirmam que um buraco negro no centro da galáxia, quando se alinhar com o sol, romperá o equilíbrio. Com isso, será modificado o eixo magnético da Terra e as consequências serão nefastas.

O cientista destacou em comunicado que estas versões apocalípticas foram geradas em publicações esotéricas nos anos 1970, as quais assinalavam o fim da civilização humana para 2012, data que coincide com o décimo terceiro ciclo no calendário maia, no dia 21 de dezembro. Pallán explicou que "para os antigos maias, o tempo não era algo abstrato, era formado por ciclos e estes às vezes eram tão concretos que tinham nome e podiam ser personificados mediante retratos de seres corajosos. Por exemplo, o ciclo de 400 anos estava representado como uma ave mitológica".

Os maias "jamais mencionam que o mundo vai acabar, jamais pensaram que o tempo terminaria em nossa época, o que nos reflete à consciência que alcançaram sobre o tempo, a partir do desenvolvimento matemático e da escritura". Ele acrescentou que os maias se preocupavam em efetuar rituais que de algum modo garantissem que o ciclo por vir seria propício, e no caso particular de 2012 é notada uma insistência em "que ainda em data tão distante vai ser comemorado um determinado ciclo. Este foi o miolo da confusão".

O arqueólogo disse que, no entanto, de acordo com os cálculos científicos atuais, a data astronômica precisa do fim de seu ciclo seria 23, e não 21 de dezembro. Também esclareceu que os maias legitimavam seu poder mediante os calendários e vinculavam os governantes com esses ciclos e com deuses citados em relatos ancestrais ou em mitos.

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http://www.nasa.gov/topics/earth/features/2012.html

Calendário Maia não acaba em 2012!

Erro: calendário maia não acaba em 2012, diz pesquisador.


Um artigo publicado escrito por Gerardo Aldana, professor da Universidade da Califórnia-Santa Bárbara, e publicado no livro Calendars and Years II: Astronomy and Time in the Ancient and Medieval World argumenta que as conversões aceitas atualmente do calendário maia podem estar erradas por um período entre 50 e 100 anos. Segundo o pesquisador, o problema estaria na veracidade dos documentos utilizados nos cálculos. As informações são do site LiveScience.

O calendário maia foi convertido para o gregoriano através do cálculo da chamada constante GMT - as iniciais de três dos primeiros pesquisadores da cultura maia. Aldana afirma que boa parte do trabalho foi feita com a recuperação de datas que constavam em documentos coloniais escritos na língua maia, mas com o alfabeto latino.

A constante GMT foi reforçada pelo linguista e antropologista americano Floyd Lounsbury, que usou dados da Tabela (Ciclo) de Vênus do Códice de Dresden - um documento e calendário maia que tabula datas relativas aos movimentos de Vênus. Apesar de alguns pesquisadores tomarem o estudo de Lounsbury como a confirmação definitiva da constante GMT, Aldana diz que ele estava longe de ser irrefutável. "A astronomia tinha sido considerada no passado (para a conversão de calendários), mas ninguém colocou tanta ênfase na Tabela de Vênus como Lounsbury fez", diz.

O erro, segundo Aldana, está na falta de confiabilidade dos documentos utilizados nas conversões. "Se a Tabela de Vênus não pode ser usada para provar a GMT como Lounsbury sugere, a sua aceitação depende da confiabilidade dos dados." Segundo ele, os dados históricos utilizados na pesquisa não podem ter a veracidade provada - são tão confiáveis quanto a própria tabela -, o que faz a constante GMT desabar como um castelo de cartas.

Ao longo do artigo, o professor - que não é o primeiro a questionar a conversão - se dedica a indicar que os dados utilizados na constante GMT não são confiáveis. O pesquisador não indica como a conversão deve ser feita nem qual seria a data correta para o fim do calendário. Contudo, o estudo já um indicativo que os apocalípticos terão que procurar uma nova data pra o fim do mundo.

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segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Os sete mitos da conquista da América.

Como poucas centenas de espanhóis submeteram milhões de índios, alguns tão desenvolvidos quanto as mais avançadas civilizações européias?


Hernan Cortez e Montezuma II

Nem bem o sol iluminou o lago Texcoco, no imenso Vale do México, os dois maiores líderes do Novo Mundo colocaram-se frente a frente. Era 8 de novembro de 1519 e havia anos que espanhóis e nativos se pegavam em violentas batalhas nas terras recém-descobertas da América. De um lado, Hernán Cortez personificava a figura do conquistador europeu como ninguém. Do outro, o todo-poderoso imperador asteca Montezuma II permanecia impassível. Apesar da expectativa de um encontro amigável, a tensão era tão óbvia quanto inevitável. Espanhóis e astecas trocavam olhares, até que Montezuma desceu de sua pequena tenda e foi em direção aos invasores. Cortez repetiu o gesto. Saltou do cavalo e seguiu ao encontro do imperador. A tensão aumentava a cada passo. Olhos nos olhos, eles esboçaram saudações de respeito mútuo, mas não trocaram mais do que poucas palavras, com a ajuda de um intérprete. De qualquer forma, a diplomacia prevaleceu. E, pacificamente, todos tomaram o rumo de Tenochtitlán, a capital do império asteca. Alguns meses depois, os dois lados voltariam a se encontrar. Mas, desta vez, numa sangrenta batalha que culminaria com a morte de Montezuma e faria de Cortez o homem mais poderoso do América espanhola.

Até hoje, muitos historiadores consideram este episódio como o maior símbolo do encontro entre dois continentes. E não por acaso. Pela primeira vez, um imperador nativo acolheu em suas terras o representante de um povo que estava ali justamente para conquistá-las. Além disso, as diferenças culturais entre os dois grupos nunca estiveram tão expostas quanto naquela manhã de novembro. Estas diferenças, além das idiossincrasias do século 16, ajudaram a perpetuar pelos séculos o que o historiador americano Matthew Restall, professor da Universidade da Pensilvânia, chama de “sete mitos da conquista espanhola das Américas” em seu livro Seven Myths of the Spanish Conquest (inédito em português)

Esses mitos podem ser identificados na figura de Cortez, até hoje citado por sua genialidade militar, pela forma como usou e inovou a tecnologia disponível na época, pela maneira astuta como manipulou “índios supersticiosos” e pelo modo heróico com que levou algumas centenas de espanhóis à vitória, contra um império de milhares de guerreiros. Mas a história não foi bem assim. Desde a primeira vez que Cristóvão Colombo pisou nas ilhas do Caribe, os homens enviados para cá se encarregaram de capitalizar o feito em benefício próprio, aumentando uma coisinha aqui, inventando uma ali.

Meia dúzia de aventureiros.

O mito dos homens excepcionais e seus feitos extraordinários
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Cristóvão Colombo estava em algum lugar do Atlântico, em 1504, quando a rainha da Espanha enviou uma esquadra para prendê-lo e levá-lo acorrentado para a Europa. Desde sua primeira viagem pelo Novo Mundo, seu prestígio já não era o mesmo. Sua insistência na mentira de que havia achado uma nova rota para as Índias, fato que lhe rendeu títulos e status, havia deixado a coroa espanhola irritada depois que Vasco da Gama contornou o Cabo da Boa Esperança e deu aos portugueses a liderança na corrida por um caminho mais curto para o Oriente.

A fama de Colombo estava irreversivelmente abalada, ele caiu em descrédito e tornou-se um pária. Mas como, depois de morto, ele se tornaria um herói? Para Restall, a idéia de que ele foi um visionário, um homem à frente de seu tempo surgiu durante as comemorações do tricentenário da descoberta da América, num país que também acabava de nascer: os Estados Unidos. Colombo foi tomado como símbolo dessa nova terra: aventureiro, destemido, um gênio a frente de seu tempo. “Mas a coisa mais espetacular sobre a visão geográfica de Colombo era a de que estava errada. A percepção de que a Terra era redonda, fato geralmente citado para imputar-lhe a condição de visionário, por exemplo, era comum a qualquer pessoa escolarizada da época”, diz Restall.

Esse é só um exemplo do mito de que a conquista da América só foi possível graças à coragem e à genialidade de meia dúzia de conquistadores e que surgiu desde os primeiros relatos dos colonizadores enviados à Espanha. Para obter a permissão de explorar novas terras, eles precisavam provar que a colonização era rentável e, para tanto, escreviam qualquer lorota: omitiam fatos, inventavam histórias, exaltavam a si mesmos. Hernán Cortez e Francisco Pizarro, responsáveis pelos tombos dos impérios asteca e inca, respectivamente, foram especialmente beneficiados por tais relatos e elevados à categoria de heróis. Biógrafos, cronistas e religiosos que participaram das expedições ajudaram a construir esta imagem, por meio das cartas enviadas à coroa, chamadas de probanzas de mérito (ou “provas de mérito”).

Pelo menos num ponto, porém, os relatos tinham razão: a desvantagem numérica dos espanhóis – fato que os levou a derrotas freqüentemente ignoradas nas tais probanzas de mérito. Como, então, os conquistadores conseguiram expandir seus domínios e subjugar milhares de nativos? A resposta não está na genialidade militar de Cortez ou Pizarro. Em nenhum momento eles apresentaram novas táticas de guerra e, na maior parte do tempo o que fizeram foi seguir rotinas adotadas em conflitos anteriores ao descobrimento. Uma das mais importantes foi a aliança com os nativos (que veremos mais adiante). Mesmo assim, eles não abriram mão de procedimentos igualmente eficientes, mas que nada tinham de inventivos: o uso da violência indiscriminada para intimidar os resistentes. Nos casos extremos, pessoas eram decepadas ou queimadas vivas em praça pública, tinham braços e mãos amputados e suas famílias recebiam seus corpos, o que costumava garantir a submissão de outros nativos.

Nem pagos, nem forçados

O mito de que os espanhóis que desembarcaram na América eram todos militares

A esquadra de Colombo mal aportou na praia da ilha de Hispaniola, no Caribe, e um grupo de soldados já estava perfilado na areia. Vestiam armaduras reluzentes, carregavam as mais potentes armas da época e aguardavam apenas a ordem de seu capitão para marchar em direção às terras do Novo Mundo. Disciplinados, estavam prontos para enfrentar o inimigo. Faziam parte de uma grande operação militar. Afinal, eram soldados. Esta cena jamais aconteceu, mas passa a idéia, constantemente repetida em filmes, ilustrações e livros, de que os conquistadores eram militares enviados pelo rei e faziam parte de uma máquina de guerra.

Mas, então, quem eram eles? Nobres aventureiros ou plebeus em busca da terra prometida? A rigor, nem uma coisa, nem outra. Em sua maioria, os espanhóis eram artesãos, comerciantes e empreendedores de pequeno porte, com menos de 30 anos de idade, alguma experiência em viagens desse tipo e sem qualquer treinamento militar. Armavam-se como podiam e entravam na primeira companhia que pudesse lhes render a quantia necessária para investir em outras expedições. Assim, poderiam acumular riquezas até receber as chamadas encomiendas – ou seja, o direito de cobrar taxas e impostos sobre a produção de uma determinada área conquistada e faturar em cima do trabalho de um grupo de nativos.

A maioria dos conquistadores não recebia ajuda financeira da coroa. Em geral, viajava por sua conta e risco em busca de status e dinheiro. Ou, no máximo, tinha um vínculo com eventuais patrocinadores, em nome dos quais as terras recém-descobertas eram exploradas. De qualquer forma, eles não eram pagos, tampouco obrigados a viajar. E muito menos soldados aptos a lutar pelos interesses da Coroa.

Guerreiros invisíveis.

O mito de que poucos soldados brancos venceram milhares de guerreiros índios.


Quando o conquistador Bernal Díaz de Castillo viu a capital asteca pela primeira vez, não conseguiu descrever a visão que teve do alto do Vale do México. A metrópole pontilhada de pirâmides, irrigada por canais navegáveis, engenhosamente construída para ser a referência de outras grandes cidades do império, poderia ser comparada às maiores capitais européias. Uma pergunta talvez lhe tenha surgido: como poucos de nós poderemos subjugá-la? Seguindo o mesmo raciocínio, como apenas centenas de europeus poderiam vencer os milhões de índios espalhados pelo continente? Nem a “genialidade” de seus líderes, a pólvora ou o aço espanhol dariam conta. Há algumas respostas para essas questões.

A primeira é que os espanhóis sempre foram minoria nos campos de batalha da América, mas jamais lutaram sozinhos. Os nativos nunca formaram uma unidade política, nem no caso de astecas e maias, que fosse imune às rivalidades e intrigas. E os conquistadores se aproveitaram, desde muito cedo, dessa desunião, conseguindo formar verdadeiros exércitos índios, dispostos a eliminar seus inimigos. Na primeira vez que Cortez chegou a Tenochtitlán, mais de 6 mil aliados davam cobertura aos espanhóis, que eram cerca de 200. Na batalha final, alguns meses depois, ele conseguiu reunir mais de 200 mil homens para tomar a capital asteca. “As pessoas tendem a imaginar que os povos americanos eram unidos em torno de uma identidade nativa. Na verdade, acontecia o contrário. Quando os espanhóis chegaram à América, encontraram várias tribos rivais, que não precisavam de mais que um empurrãozinho para entrar em conflito”, afirma Restall.

Além disso, no final do século 16, cerca de 100 mil africanos desembarcaram na América. A princípio, eles trabalhavam como serventes e auxiliares dos espanhóis, mas, sempre que necessário, recebiam armas para lutar contra os inimigos. Como recompensa, ganhavam a liberdade e logo eles também se tornavam conquistadores.

Sob a tutela do rei.

O mito de que, em pouco tempo, toda a América estava sob jugo espanhol
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Palavras de Cortez: “Deixei a província de Cempoala totalmente segura e pacificada, com 50 mil guerreiros e 50 cidades. Todos estes nativos têm sido e continuam sendo fiéis vassalos de Vossa Majestade. E acredito que eles sempre serão”. A carta de Cortez enviada ao rei da Espanha dá uma boa idéia de como funcionava a burocracia da conquista. Para o monarca, não bastava o conquistador encontrar uma terra e reivindicar o direito de explorá-la. Ele precisava convencê-lo de que aquela região era economicamente viável, de preferência com minas de ouro e prata, e contava com mão-de-obra para tirar dali tais riquezas. Como resultado, os líderes espanhóis não pensavam duas vezes antes de carregar seus pedidos com informações exageradas.

Essa combinação de fatores contribuiu para a criação do mito de que a conquista total dos povos americanos foi alcançada logo nos primeiros anos da presença espanhola. Muitas cidades, no entanto, resistiram à dominação durante décadas. No Peru, alguns estados independentes só foram dominados depois de 1570, após a morte de líderes como Túpac Amaru. Quando os espanhóis fundaram Mérida, em 1542, boa parte da península de Yucatán, na América Central, permaneceu sob a influência dos maias – e muitas políticas elaboradas por eles sobreviveram até 1880. A experiência espanhola na atual Flórida, nos Estados Unidos, foi ainda mais desastrosa. Pelo menos seis expedições foram enviadas para lá entre 1513 e 1560, quando a região finalmente foi controlada pelos europeus. Mas um dos exemplos mais curiosos vem da bacia do Prata, onde os fundadores de Buenos Aires, em 1520, viraram jantar de tribos canibais.

Outro aspecto que mostra que a conquista não foi total era a relativa autonomia que alguns nativos mantiveram em relação aos seus dominadores – condição sancionada pelos próprios oficiais espanhóis, que procuravam não intervir nas regras que vigoravam antes de eles chegarem. E não por acaso. Esta era mesmo a melhor forma de garantir a manutenção das fontes de trabalho e da produção agrícola. Além disso, membros da elite nativa participavam dos conselhos das cidades coloniais, onde eram tomadas as decisões mais importantes. Ou seja, além de continuar influenciando politicamente, eles mantiveram o status que tinham antes da descoberta.

As palavras de La Malinche.

O mito de que a falta de comunicação levou ao massacre indígena
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Foi na praça central da cidade inca de Cajamarca que Pizarro e Atahualpa se viram pela primeira vez, em 1532, numa espécie de versão peruana do encontro entre Montezuma e Cortez. Ao lado do conquistador, menos de 200 homens armados pareciam não temer os mais de 5 mil nativos leais ao imperador. E, de fato, eles não tinham porque se intimidar: a maioria dos locais não possuía uma arma sequer. O primeiro espanhol a se aproximar de Atahualpa foi um frei dominicano que segurava uma pequena cruz numa das mãos e a Bíblia na outra. Em poucos minutos, a batalha havia começado. Mas, apesar da desvantagem numérica, os invasores conseguiram dizimar um terço dos nativos. Atahualpa foi capturado.

Há várias versões sobre os motivos que causaram a briga e sobre como a batalha de Cajamarca começou. Francisco de Jerez, presente no local, escreveu que o imperador atirou a Bíblia ao chão, porque não a entendia. A blasfêmia teria sido o motivo para Pizarro dar o sinal de ataque. Na versão inca, no entanto, a ofensa partiu dos espanhóis, que teriam se recusado a tomar uma bebida sagrada oferecida por Atahualpa.

É praticamente impossível saber o que aconteceu de fato naquele dia, mas o encontro sangrento entre incas e espanhóis é um bom exemplo de como as supostas falhas na comunicação serviram para justificar as ações dos europeus e, por conseqüência, a própria conquista. Mas estas falhas não eram tão freqüentes assim. O diálogo entre Montezuma e Cortez, por exemplo, apesar de ter gerado diferentes interpretações, mostra que os dois lados podiam se entender muito bem. Isso graças a uma figura central durante todo o processo de colonização: os intérpretes. O papel deles foi tão importante que um dos principais procedimentos de guerra era justamente encontrar e “formar” tradutores. Alguns destes tradutores se deram tão bem que alcançaram status inimagináveis para um nativo. Receberam encomiendas e chegaram a ser citados nas cartas enviadas ao rei. O exemplo mais famoso é o de La Malinche, a amante e intérprete que acompanhou Cortez durante anos e esteve presente no encontro com Montezuma.

O fim dos índios

O mito de que a conquista só trouxe desgraça para os nativos


A derrota de Cortez era inevitável. Havia horas que ele e seus guerreiros lutavam contra a união de três exércitos inimigos na grande praça central de Tlaxcala, uma comunidade nativa aliada aos espanhóis, e a derrocada do conquistador se aproximava a cada golpe. Finalmente ele seria vencido. E foi mesmo. Ainda no chão, Cortez pôde ouvir os aplausos efusivos da platéia. Aquela encenação do dia de Corpus Christi ficou conhecida como o evento teatral mais espetacular e sofisticado do ano de 1539. Numa curiosa inversão de papéis, o conquistador interpretou o Grande Sultão da Babilônia e Tetrarca de Jerusalém. O papel dos reis da Espanha, Hungria e França ficou com os nativos da comunidade.

O Corpus Christi de Tlaxcala não foi o único festival do século 16 no Novo Mundo. A imensa maioria das colônias da Mesoamérica e dos Andes encenou, dançou e até representou as batalhas contra os espanhóis. Muitas dessas manifestações culturais sobrevivem até hoje. Mas o curioso é que o objetivo não era reconstruir a conquista como algo traumático. Ao contrário. Para os nativos, os festivais significavam uma celebração de sua integridade e vitalidade cultural. “Eram eventos que transcendiam aquele momento histórico particular e não estavam associados à lembrança de algo ruim. Até porque o sentimento de derrota não era algo comum a todos os povos nativos”, afirma Restall.

Manifestações desse tipo eram apenas uma das formas pelas quais os nativos mostravam que o impacto da conquista não foi tão traumático quanto sugere boa parte da retórica comum. Muitas comunidades mantiveram seu estilo de vida e outras tantas evoluíram rapidamente com a necessidade de se adaptar às novas tecnologias e demandas trazidas pelos espanhóis. Aprenderam novas formas de contar, construir casas, planejar cidades e, sobretudo, guerrear. Assim, houve nativos que enriqueceram com o comércio de alimentos e com o aluguel de mulas. O povo Nahua, por exemplo, depois de lutar ao lado dos espanhóis por anos, organizaram campanhas militares próprias e expandiram seus domínios para além das terras onde hoje estão Guatemala, Honduras e parte do México.

Macacos e homens.

O mito da superioridade e da predestinação dos europeus
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“Os espanhóis têm a governar estes bárbaros do Novo Mundo. Eles são em prudência, ingenuidade, virtude e humanidade tão inferiores aos espanhóis quanto as crianças são para os adultos, e as mulheres, para os homens”, escreveu o filósofo Juan Ginés de Sepúlveda, em 1547. O mito da superioridade espanhola é visto em todos os relatos do período colonial. Para Restall, ele vem desde as primeiras expedições e está ligado à justificativa de que os europeus tinham a aprovação divina para conquistar novas terras. Eles acreditavam que eram os escolhidos de Deus, os encarregados de levar o cristianismo a outros povos.

Existem outros fatores, no entanto, que ajudaram a perpetuar este mito. Um deles combina a crença de que os nativos seriam incapazes de evitar a invasão dos europeus porque eles (os nativos) também acreditavam que os espanhóis eram deuses. De fato, os povos americanos enxergavam os conquistadores como seres poderosos, mas em nenhum momento – nem mesmo nos relatos dos cronistas do período colonial – os nativos comparam os espanhóis a seres supremos, ou deidades. Além disso, a diferença brutal entre as armas dos dois grupos também ajudou a construir a idéia da superioridade espanhola.

Mas Deus não foi o principal aliado dos espanhóis. A expansão dos europeus só foi possível graças a três fatores. O primeiro e mais determinante foram as doenças que os estrangeiros trouxeram. Sem oferecer nenhuma resistência para varíola, sarampo e gripe, os nativos morreram tão rápido que em poucas décadas tribos inteiras foram extintas. O impacto das epidemias foi tão devastador que, um século e meio após a chegada de Colombo, a população de nativos havia caído mais de 90%. Os astecas sentiram o poder desses males. “As ruas estavam tão cheias de gente morta e doente que nossos homens caminhavam sobre corpos”, escreveu o padre Bernardino de Sahagún, quando os conquistadores tomaram Tenochtitlán.

O segundo aliado foi a desunião dos nativos. A rivalidade entre diferentes grupos étnicos e intrigas entre vizinhos levou dezenas de milhares de pessoas a lutarem ao lado dos espanhóis. As armas que os conquistadores trouxeram para estas batalhas são o terceiro fator mais importante. Nas primeiras expedições, várias delas fizeram diferença. Cavalos e até cachorros acabaram entrando nos campos de batalha. Mas a mais eficiente foi mesmo a espada, mais longa e resistente que os machados dos nativos. No campo da guerra, Matthew Restall considera ainda um outro fator. Os nativos lutavam em sua própria terra. Precisavam, portanto, proteger a família, defender suas casas, pensar no plantio, calcular a colheita e fazer o possível para não deixar que a guerra prejudicasse e interferisse no seu dia-a-dia. Por isso, eles sempre estiveram mais dispostos a negociar e a protelar os confrontos com os conquistadores. Já os espanhóis não tinham muito a perder. Basicamente, precisavam se preocupar apenas com suas próprias vidas. E com o que teriam de fazer para continuar conquistando novas cidades e acumulando mais riquezas.

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Restall, Matthew. Seven Myths of Spanish Conquest, Oxford University Press, 2004 - O autor, professor da Universidade da Pensilvânia, é um dos maiores especialistas mundiais em culturas pré-colombianas.

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Os soviéticos pisaram na lua?

O lado vermelho da Lua

Com um plano ultra-secreto, os soviéticos estiveram bem próximos de vencer a corrida contra os EstadosUnidos para colocar o primeiro homem na superfície lunar. Saiba por que eles fracassaram!

Milhões de pessoas acompanham pela televisão. Uma imagem embaçada mostra um homem em traje espacial, prestes a descer o último degrau de uma escada. Em meio aos chuviscos em preto-e-branco, caracteres indicam que se trata de uma transmissão ao vivo da superfície da Lua. O sujeito desce o último degrau e imprime a primeira pegada humana naquele corpo celeste. Suas palavras ficam eternizadas: “Odin malen’kii shag dlya cheloveka, gigantskii pryzhok dlya chelovechestva”. Naquele ano, 1968, o cosmonauta soviético Alexei Leonov se tornava, finalmente, o primeiro homem a caminhar sobre a Lua.

Ok, ok, todo mundo sabe que não foi assim que aconteceu, que os soviéticos nunca estiveram na Lua e que a frase acima (versão em russo para a célebre “um pequeno passo para o homem, um gigantesco salto para a humanidade”) foi dita mesmo no bom e velho inglês do norte-americano Neil Armstrong, em 20 de julho de 1969. Mas o que pouca gente sabe é o quanto a cena descrita aí em cima esteve perto de ocorrer. Pouca gente mesmo. Pois até o fim da União Soviética, os esforços – e os fracassos – dos russos para colocar um homem na Lua antes dos americanos permaneceram como um dos maiores segredos da Guerra Fria.

Para todos os efeitos, os soviéticos não estavam nem aí para pousar na Lua e diziam que isso não serviria para quase nada, cientificamente falando. Pura balela. O recente acesso aos arquivos do programa espacial soviético confirmou uma antiga desconfiança dos historiadores de que o governo comunista não só tentou fazer o primeiro pouso na Lua, como falhou feio. “Havia algumas pistas de que esse programa estava sendo preparado”, lembra Alexander Sukhanov, físico do Instituto de Pesquisas Espaciais da Rússia, o IKI. “Por exemplo, eu me lembro de uma entrevista com cosmonautas soviéticos no fim de 1965. Uma das perguntas era: ‘Astronautas americanos pousarão na Lua no ano de 196x. Quando os cosmonautas soviéticos irão pousar?’. E Alexei Leonov respondeu: ‘No ano de 196x menos 1’”. Foi aplaudido de pé. O cosmonauta Leonov havia se tornado um dos principais nomes da história do programa espacial soviético quando, em 18 de março daquele ano, deixou sua nave, a Voskhod, e se tornou o primeiro homem a “caminhar” no espaço.

Yuri Gagarin, realizou o primeiro voo tripulado ao espaço.

Mas o que na época pareceu pura fanfarronice de Leonov pode mesmo ter sido uma indiscrição do herói soviético, já que, em 1965, o programa soviético para colocar um homem na Lua estava em andamento. E era secretíssimo. O engenheiro aeroespacial Sergei Korolev, a maior figura dos bastidores do programa espacial russo, trabalhava pessoalmente, desde 1963, num desenho de nave espacial que servisse para uma visita à Lua. Korolev liderara um grupo de cientistas e assistentes num escritório supersecreto identificado apenas pelo código OKB-1. Ali, ele criou o míssil R-7, que serviu como lançador para os pioneiros satélites artificiais soviéticos (os primeiros do mundo), a começar pelo Sputnik-1, em 1957. O R-7 foi mais tarde adaptado para colocar em órbita espaçonaves tripuladas, como a Vostok (que levou Yuri Gagarin a se tornar o primeiro a entrar em órbita da Terra, em abril de 1961) e a Voskhod (de Alexei Leonov). Em 1964, Korolev trabalhava no projeto do veículo tripulado Soyuz – que até hoje está em operação, servindo à Estação Espacial Internacional (leia quadro ao lado).

Em 3 de agosto daquele ano, o Partido Comunista oficializou a criação do programa conhecido simplesmente como N-1/L-3. Desmembrando as siglas: “O N-1 referia-se ao plano para a construção de grandes foguetes para colocação em órbita de objetos e naves maiores”, explica o ex-cosmonauta Anatoly Berezovoy, que passou 211 dias no espaço no início dos anos 1980, como comandante da estação russa Salyut-7. “Com a designação L existiam os modelos L-1, L-2 e L-3. O L-1 era uma nave tripulada que apenas contornaria a Lua, enquanto os artefatos da série L-2 e L-3 seriam usados para colocar nossos cosmonautas na Lua.”
As espaçonaves do tipo L-1 eram versões ligeiramente encolhidas da Soyuz, que podiam ser lançadas com os foguetes já disponíveis na União Soviética em 1964, como o Proton. Mas as naves L-2 e L-3 precisariam esperar pelo desenvolvimento do gigante N-1. A L-2 era uma espécie de Soyuz vitaminada, capaz de transportar dois cosmonautas até a órbita lunar, fazendo as vezes da cápsula Apollo americana. O L-3 era um módulo de pouso com capacidade para apenas um cosmonauta, que teria de descer sozinho até a Lua. Os planos previam os primeiros vôos-teste para 1966 e as missões reais seriam conduzidas entre 1967 e 1968.

Diagrama da Vostok, que levou o primeiro homem ao espaço.

Hoje, até os especialistas russos concordam que o plano soviético era cheio de falhas e muito arriscado. “A arquitetura da L-2 era mais frágil que a do rival americano. Comparado com o Apollo, aquele não era um bom programa”, afirma Sukhanov. “O lançador N-1 era menos poderoso que o Saturn V e só podia lançar cerca de 90 toneladas em órbita terrestre baixa. Portanto, a espaçonave lunar teria de ser menor e mais leve que a americana, o que tornaria a descida arriscada demais.” Mas até 1965 ninguém – dentro ou fora da União Soviética – pensava assim. A idéia por trás do programa era apenas chegar lá primeiro, não chegar lá melhor, então qualquer esforço – e risco – estava valendo. Afinal, os soviéticos permaneciam invictos na corrida espacial, não tendo perdido um único marco importante para os americanos.

No fim de 1965, porém, Sergei Korolev teve diagnosticado um câncer de cólon, foi internado, tratado e operado. Em janeiro de 1966, ele morreu sem ver um único teste de suas criações. Só em 23 de abril de 1967 partiu ao espaço a nave Soyuz-1, com Vladimir Komarov a bordo. A idéia era testar a operacionalidade do veículo na órbita terrestre. Após 18 voltas de um vôo cheio de problemas, Komarov teve de dirigir o veículo manualmente de volta à atmosfera. Os pára-quedas da nave não se abriram e o cosmonauta se espatifou no chão. Era a primeira morte do programa soviético, e a partir dela ficou decidido que as naves teriam testes extensos sem tripulação antes que pudessem ser habilitadas a transportar humanos.

O programa do foguete N-1 continuava em desenvolvimento, mas os avanços eram lentos. Já o L-1 estava bem adiantado e em março de 1968 foi feito o primeiro teste com o veículo. O segundo, em 14 de setembro, ainda sem tripulação, conseguiu cumprir sua meta original e dar a volta ao redor da Lua, retornando em segurança.

Os americanos entenderam o recado e a Nasa tratou de redirecionar o lançamento da Apollo-8. Em dezembro daquele ano, naquela que era apenas sua segunda expedição, a espaçonave foi enviada em direção à Lua: era o terceiro lançamento do Saturn V e o primeiro com tripulação. Frank Borman, William Anders e James Lovell passaram 20 horas em órbita lunar e, na véspera do Natal, leram trechos da Bíblia ao vivo para o público que, pela televisão, acompanhava as inéditas fotos do “nascer da Terra”, visto da Lua.

A corrida para a Lua entrava em seu momento decisivo. No início de 1969, o gigante N-1 finalmente estava pronto para um vôo-teste. Às 9h18 da manhã do dia 21 de fevereiro, os supermotores foram ligados, com barulho ensurdecedor. O foguete se desprendeu da base e subiu, deixando atrás de si uma elipse de fumaça branca. O sonho durou 68,7 segundos, até que vibrações anômalas e um incêndio fizeram o comando abortar a missão e explodir o N-1, a 30 quilômetros de altitude. A falha ocorreu enquanto o foguete ainda estava acionando os motores de seu primeiro estágio. Ninguém saiu ferido. Uma segunda tentativa ainda seria conduzida em 3 de julho daquele ano, mas os resultados não foram muito diferentes. Depois de 50 segundos de vôo, o enorme N-1 ficou fora de controle e teve de ser destruído no ar.

Apenas 13 dias depois, partia do Centro Espacial Kennedy, na Flórida, o Saturn V que impulsionaria a Apollo-11 até a Lua. Em 20 de julho, Neil Armstrong e Edwin Buzz Aldrin fincariam a bandeira americana na superfície lunar, marcando a definitiva virada dos Estados Unidos na corrida espacial.

O N-1 passou por mais dois vôos-teste, em 1971 e 1972, mas ambos também terminaram em falhas, todas no primeiro estágio. Depois do pouso de Armstrong, os soviéticos jamais voltaram sequer a falar em missões lunares tripuladas e passaram a negar, em todas as oportunidades, que tivessem algum programa para o desembarque de humanos na Lua. Mas as consecutivas falhas do N-1 ainda hoje são motivo de polêmica na Rússia. Muitos atribuem a culpa à morte de Korolev, que deixou todos os projetos espaciais tripulados à deriva, até que outros à sua altura conseguissem tomar as rédeas. Mas há quem diga que foi uma atitude de Korolev em vida que condenou o N-1.

Segundo Vladimir Kurt, pesquisador do IKI e veterano de projetos espaciais na Rússia, motores muito potentes para o primeiro estágio do N-1 chegaram a ser desenvolvidos pelo escritório de Valentin P. Glushko, outro grande engenheiro aeroespacial da época de ouro da União Soviética. “No entanto, as relações entre Glushko e Korolev eram muito ruins, sei lá por que razão, e Korolev decidiu usar outros motores, com um sexto da potência dos de Glushko, para o primeiro estágio do N-1”, diz Kurt.

Para compensar os motores mais fracos, foi preciso aglutinar 32 deles. Seu funcionamento simultâneo foi o que causou as vibrações que levaram ao fracasso dos quatro lançamentos do grande foguete soviético. O projeto foi encerrado em 1974, quando Glushko assumiu o comando do OKB-1.
A Leonov, que, se o cronograma soviético tivesse sido cumprido, teria sido o primeiro a pisar na Lua (seu principal concorrente, Yuri Gagarin, morreu em 1968), sobrou um irônico prêmio de consolação: ele acabaria sendo o único soviético a orbitar a Lua, a bordo de uma espaçonave Apollo, durante uma missão conjunta de soviéticos e americanos, em julho de 1975.

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domingo, 24 de outubro de 2010

INTEGRALISMO NO BRASIL, Parte III.

INTEGRALISMO NO BRASIL, Parte III.
Prof. César Augusto Machado da Silva


FATORES QUE LEVARAM À DOUTRINA INTEGRALISTA (S)

Ao se iniciar o séc.XX, vários antagonismos se destacaram: o Socialismo não só se opunha ao Capital-Liberalismo, como também ao Absolutismo-Monárquico, que ainda perdurava na Europa, nos Impérios Russo, Alemão e Austro-húngaro, oriundos do Congresso de Viena.
Por outro lado, um forte Nacionalismo Patriótico despertava em várias regiões da mesma Europa (Polônia, Tchecoslováquia, Bóznia-Hezergovina, Bascos na Espanha, etc...). Segundo o Historiador inglês Edward Carr afirmava, “Em História, tôdo o acontecimento tem consequências futuras onde o passado e o presente se inserem no tempo.” Após a Primeira Guerra Mundial, o advento do Fascismo Italiano, de cunho Nacionalista, muito aguçou os sentimentos patrióticos não só na Europa, como aqui na América, particularmente no Brasil. Não apenas cultuavam os sentimentos nacionais, como combatiam a rescém-Revolução Russa, que pregava o Internacionalismo comunista. No Brasil do início do século XX, os movimentos literários de Cruz e Souza e Elísios de Carvalho, até 1918, pregavam os valores morais do homem brasileiro, valores êstes ‘Integrais’, dentro do espírito indígena, caldeado com o europeu e o negro africano, assim foram os movimentos naturista e modernista. No entanto, à partir da criação do Partido Comunista Brasileiro, em março de 1922, esses mesmos movimentos literários despertaram para mais uma luta: o Anti-Comunismo. Esta foi a motivação do nascimento verde-amarelo,grupo que depois se constituiu no famoso “Grupo da Anta”, animal sagrado do folclore tupi. Daí, até 07/10/1931, são fundados outros movimentos, como “Ação Patrinovista do Brasil” e a “Ação Social Brasileira,mas ambas acabaram por se absorver à “Ação Integralista Brasileira”,em 07 de Outubro de 1932.
Assim, dentro da Historiografia Positivista, observamos os fenômenos de Causas e Efeitos.

ASCENÇÃO E QUEDA DO INTEGRALISMO

DE 1922 A 1927 => Formação do grupo ‘Verde-Amarelo’, e formação do ‘Grupo da Anta’, daí até 1927, se amplia o sentimento Nacional, com os valores nacionais, onde o “totem” é o sentimento indígena à tupi, onde se distinguem a “Ação Patrianovista do Brasil”, de Olbiano de Melo, e a “Ação Social Brasileira”, de J. Fabrino;

DE 1928 A 1932 => Já são nítidos os pensamentos integralistas, com os Manifestos e as obras de Plínio Salgado: “O Estrangeiro”; “Literatura e Política”; “República de 1889, Favorável e Desfavorável”; “A Cidade e a Província” e “A Quarta Humanidade”;

DE 1932 A 1934 =>Proclamação Oficial da AIB (Ação Integralista Brasileira),em
07/10/1932 com Plínio Salgado, Alfredo Buzaid, Santiago Dantas, Rui Arruda,Almeida Sales e Angelo Simões Arruda, quando paralelamente são criados o jornal “A Razão” e o SEP (Sociedade de Estudos Políticos), a AIB dá ao governo Vargas, uma vez que este adotou o sistema corporativo baseado na Carta del Lavoro,de Mussolini, fato que culminou com a Constituição de 16/07/1934;

DE 1934 A 1938 => Apogeu do Integralismo, com a nítida característica de Estado, quando se organiza em executivos nacional, regional órgãos consultivos (Câmara dos 40 e Câmara dos 400) e Núcleos Municipais.Os aspectos jurídicos eram julgados pelo SEP. Em 10 de Novembro de 1937, Vargas fecha o Congresso, impõe a Carta de 1937, fecha todos os partidos políticos, inclusive a AIB. Esta se rebela e conspira; em 11 de Maio de 1938, ataca o Palácio Guanabara, com a intenção de depor Vargas e proclamar o Estado Integralista. Mas, a intenção não vinga, os rebeldes são dominados, os chefes são presos e fuzilados; Mas alguns conseguem escapar, se refugiando em Embaixadas estrangeira; Plínio Salgado seria preso em 26 de Janeiro de 1939, e exilado inicial mente na Fortaleza de Santa Cruz (Niterói), e depois em Portugal, até o fim do governo Vargas, em 1945;

DE 1938 A 1945 => Hiato de tempo, em que o Brasil esteve sob a ditadura do Estado Novo;
DE 1945 A 1965 => Com o fim da ditadura Vargas(29/10/1945), a AIB ante os traumas e rancores do Anti-Fascismo, procurou se organizar com a sigla PRP (Partido da Representação Popular), mas por circunstâncias lógicas, não mais com aquela ênfase e força, porém, ainda conseguiu dentro deste período,eleger para a Câmara Federal alguns deputados; Com o Golpe Militar de 31 de março de 1964, todos os partidos foram perdendo forças, até ao seu fecha mento definitivo, em 27/10/1965, incluindo o PRP....

ATUAÇÃO DO INTEGRALISMO DEPOIS DE 1945

Com a criação do PRP (Partido de Representação Popular), o Integralismo fez um gigantesco esforço para ressuscitar a sua ideologia, porém encontrou sérios obstáculos, como:

a) A legalização do Partido Comunista Brasileiro (PCB),em 1945, com forte conotação política;
b) O Anti-Fascismo do Pós-Segunda Guerra;
c) Forte oposição liberal;
Mesmo assim, consegue uma fraca representação nas câmaras municipais, estaduais e federal, e seu lema principal, era o Anti-Comunismo e no campo social, o aprimoramento das classes.
Decorridos três anos, em 1948, a sua atuação ficou mais fácil, pois o PCB, fora fechado um ano antes, os rancores da guerra estavam amainados e o Governo Dutra necessitava de aliados contra os comunistas rancorosos, e assim, neste ano todos os oficiais das Forças Armadas, que foram excluídos por ocasião do levante de 11/05/38, foram anistiados e reintegrados.
O PRP procurou então, fazer o seu programa mais corporativo possível, fazendo alianças com um partido conservador (UDN), com essa finalidade. Manteve-se nesse programa os governos que se seguiram: Getúlio Vargas (1951/54), Café Filho(1954/55), sendo que neste período foi lançada a Candidatura de Plínio Salgado à Presidência da República; foi derrotado por Juscelino Kubistchek (1956/61), mas obteve cerca 8% de votos válidos.
Em 1957, quando houve o Congresso Integralista, no qual foram homenageados os “Águias Brancas”(postos honoríficos da extinta AIB), decidiu-se pela candidatura de Plínio Salgado à Câmara Federal, sendo concretizado em 1958, e se reelegendo sucessivamente em 1962, 1966 e 1970.
Com o advento do Regime Militar (1964/85), os Integralistas apoiaram o Golpe, nos seus primórdios, todavia passaram a criticá-lo já em 1965, inclusive o mesmo ano em que o Ato
Institucional N° 2, de 27/10/1965 extinguia todos os partidos, criando o Bipartidarismo, sendo
um de apoio ao Governo (Arena - Aliança Renovadora Nacional) e um da oposição (MDB –
Movimento Democrático Brasileiro); Plínio Salgado se inscreveu na Arena e lá permaneceu até
se afastar da vida pública em 1974.
Ainda em pleno regime militar, no Governo do General Garrastazu Médici (1969/74), há uma última tentativa de ressurgimento do Integralismo, com o Ministro da Justiça Alfredo Buzaid tenta enxertar complementos corporativos na Constituição de 1969, sem êxito. Com o falecimento de Plínio Salgado aos 80 anos em SP, em 07 de Dezembro de 1975, os ideais integralistas sofreram um rude golpe, mas não morreram de todo, pois de minha passagem pela Universidade Santa Úrsula, de 1987 a 1990, conheci quatro colegas integralistas, que tinham a coragem não só de assumirem, como se defrontarem com uma grande massa de marxistas.
Foi realizado nos dias 04/12 e 05/12 de 2004 na cidade de São Paulo o Congresso Integralista para o Século XXI. Na ocasião foi criado o novo movimento Integralista hoje denominado FIB (Frente Integralista Brasileira). Atualmente, os integralistas reorganizam-se em todo país, com a criação de centenas de núcleos nas mais diversas regiões. A Frente Integralista Brasileira conta com alguns braços regionais.

REFLEXOS do INTEGRALISMO NA SOCIEDADE e NA FAMÍLIA BRASILEIRA

O Integralismo em toda a sua trajetória, principalmente na década de 1930, penetrou com muita receptividade tanto na Sociedade, como na família brasileira, dado ao seu próprio lema “DEUS, PÁTRIA e FAMÍLIA”.Assim,como o imenso apoio da Igreja Católica, a quem o Povo Brasileiro maciçamente pertencia e ainda pertence! Já no ‘Manifesto da Anta’,em 1922,essa característica, e o Anticomunismo foram as bases com as quais o grupo verde-amarelo lançou as premissas do que seria mais tarde, o Integralismo. Essas premissas foram paulatinamente ganhando eco em toda a camada da classe média brasileira, como também, em grande parte da classe humilde, durante a década de 20.
Outro fator preponderante foi a essência da doutrina corporativa, uma vez que, as classes sempre tiveram uma coesão de reivindicações. Isto teve uma grande influência na década de 30.
E, justamente a partir desta década, foi que o Integralismo penetrou a fundo na sociedade brasileira, dando o seu espírito de patriotismo radicalmente dentro dos parâmetros nacionalistas, recebendo as adesões de todos os setores sociais, incluindo de uma boa parte das forças armadas, principalmente da Marinha(cerca de 80%!)..
O que é importante, porém, é que havia nessas adesões, um sentimento puro e honesto de um ideal que via realmente um Brasil acima de quaisquer interesses regionais e mesquinharias políticas e ambições individuais, objetivando unicamente um País forte e integrado dentro de suas origens, tradições e princípios nativistas, com os quais se acreditava no verdadeiro sentido de “Ordem e Progresso”. Essas foram as razões às quais, o Integralismo se refletiu na sociedade e na família brasileira.

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O INTEGRALISMO NO BRASIL, Parte II.

O INTEGRALISMO NO BRASIL, Parte II.
ProfProf. César Augusto Machado da Silva

Assessorando o Chefe Nacional, havia o SEP – Sociedade de Estudos Políticos. Foi criada também, a Milícia Integralista.
Muito contribuíram para esta elaboração, Alfredo Buzaid, Rui Arruda, Roland Corbisier,Almeida Sales, Angelo Simões Arruda e San Tiago Dantas. Miguel Reale, mais tarde, o teórico.
Iniciou-se assim, a Ação Integralista Brasileira, dando a priori, apoio ao governo Vargas, visto que a recente e derrotada Revolução Constitucionalista de São Paulo pretendia reverter política regionalista do poder Minas-São Paulo (o famoso Café com Leite). A partir de 1933, o governo Vargas inicia o programa social, cuja base é a Carta d’il Lavoro de Mussolini, ou seja, o socialismo corporativo, daí surgindo a legislação do trabalho e os Institutos de Previdência por Classes, tal foi amplamente apoiado pela A.I.B.
A partir de 1934, o Brasil continua através do governo de Getúlio Vargas, a sua política corporativa, são criados o Ministério do Trabalho e a Justiça do Trabalho, o primeiro para coordenar os Institutos de Previdência e fiscalizar as empresas no tocante à legislação do Trabalho, e, a segunda para julgar os litigios entre empregados e empresários e fixar os dissídios salariais. Em 16/07/34 é promulgada a 3ª Constituição do Brasil em bases corporativas, havendo a representação classista, sendo Getúlio Vargas eleito para o período de 1934 a 1938. A AIB apoiou tais eventos.
O ano de 1935 entra sombrio, os comunistas, elaborando a “Aliança Nacional Libertadora”, denunciam o sistema como fascista, e, pregam a revolução armada em “nome do povo”, já em 1934 Plínio Salgado declarara em um Congresso da AIB:
“A liberdade é condicionada à uma finalidade social que garanta a plena expansão das
aspirações humanas”, querendo dizer com isto, que tanto o exerço do liberalismo, permitindo as grandes riquezas, em detrimento da sociedade, como o socialismo marxista colocando o indivíduo em função do Estado, e lhe negando o direito de propriedade e logicamente sua fixação, não atendem as aspirações do homem.
Ambos, o exerço de liberalismo e comunismo tiram ao homem o direito da verdadeira liberdade, que consiste no seu direito individual de trabalho e propriedade, condicionando no dever de respeito à propriedade e trabalho de seu semelhante, dentro do espírito de classe e sociedade. Liderada por Luis Carlos Prestes, explode em 27/11/35 a intentona comunista, no Rio de Janeiro, Natal, Recife e Olinda, sendo prontamente abafada pelo governo, assim como presos os chefes do movimento. A AIB ajudou amplamente o governo Vargas, neste propósito. Em 1936, o ano abre tenso, a intentona comunista deixara muitos mortos entre os militares e civis leais ao governo Vargas, os espíritos estavam exaltados e os familiares revoltados, as
prisões cheias de comunistas e suspeitos. Apesar de Luiz Carlos Prestes estar foragido, e, o governo Vargas ter o controle da situação, o perigo de conspiração comunista não cessara. A AIB se mantém vigilante ao perigo, informando às autoridades, todos os movimentos prócomunistas que consegue detectar, Prestes foi preso e condenado. Em 1937, a política brasileira, sob o governo Vargas, atinge a temperatura máxima, não só a ameaça comunista perdurava, como as eleições presidenciais se aproximavam, cujos candidatos principais eram José Américo, da Paraíba com um programa liberal nacional e Armando Sales, de São Paulo, que, na verdade, representava a antiga política regionalista de Minas-São Paulo.
No Rio Grande do Sul, não se soube a que pretexto, Flores da Cunha, governador, conspirava contra o governo Vargas. Surgiu então o famoso plano Cohen, até hoje incerto nas pesquisas de todos os historiadores, de onde a sua origem? A sua característica era similar a do comunista húngaro Khun, daí a corruptela para Cohen, que consistia na tomada de assalto das principais repartições públicas, sobretudo a de comunicações e transportes, principais unidades militares e assassinato das
principais autoridades, conspiração essa que fracassou na Hungria. Existem várias hipóteses, nenhuma provada:

1) O Plano fora forjado pelo governo, como pretexto para o golpe de 10/11/37, com a
cumplicidade dos integralistas.
2) Havia realmente algo comunista no ar.
3) Conspiração internacional pró, ou anticomunista, até mesmo de capitais internacionais, que
viam seus interesses ameaçados.


Personagens Contemporâneos da Época:

Alzira Vargas do Amaral Peixoto => Filha de Getúlio Vargas e sua assessora direta, cita em seu livro ”Vargas, meu Pai, que desconhecia totalmente a origem deste plano,dizendo apenas que fora preso no Ministério da Guerra, um oficial integralista datilografando uma minuta sobre o plano, embora não decline o nome do oficial, se sabe que foi o Capitão Olímpio Mourão Filho ,o qual mais tarde como General em 1964, seria o principal mentor militar que precipitaria a queda do governo do Presidente João Goulart. Olímpio Mourão Filho => No seu livro de memórias, o General Mourão não faz uma única referência ao plano; não obstante se declarar abertamente integralista, chegando a dizer que “Quem veste a camisa-verde, jamais a tira”, além de tecer vários elogios à Plínio Salgado.
No entanto, há uma entrevista sua publicada no “Jornal do Brasil” no início dos anos 70, onde diz que estava informado sobre graves conspirações, às quais poderiam levar o Brasil ao caos, e por isto juntara documentos comprobatórios, levando-os ao General Mariante, então Ministro do Tribunal Superior Militar. O General Mariante, de posse dos documentos, os levou ao então Chefe do Estado-Maior do Exército, General Goés Monteiro. Quando mais tarde, Mourão soube, procurou Góes Monteiro(desmentindo aí a sua prisão), sendo por ele recebido, a quem externou a sua preocupação, e, estando apreensivo pelo fato das eleições estarem próximas, assim como, quais seriam as ressonâncias de tais notícias no Congresso.
Góes Monteiro, não lhe tinha nenhuma simpatia, diz Mourão, que ele assim o respondeu:
-“Não seja arara (bôbo), não vai haver coisa alguma! ”Tais acontecimentos se passaram no início do mês de Novembro de 1937. E, em 10/11/37, era Fechado o Congresso, desmarcadas as eleições e proclamado o Estado Novo, com Getúlio Vargas na Chefia da Nação. No dia 15/11/1937, houve uma solenidade junto ao monumento do Marechal Deodoro da Fonseca, presidida por Getúlio, onde são queimadas as bandeiras estaduais, logo a seguir, foi hasteada a Bandeira Nacional, ao som do Hino Nacional, rodeados de milhares de Camisas-Verdes de braços direitos levantados. No dia 01/11/37, duas semanas antes de tais eventos, diz Alzira Vargas em seu livro, que a grande manifestação integralista, como o grande ‘desfile dos 50 mil’ em homenagem e apoio ao seu pai, muito a impressionou, pois nele estavam altas patentes do Exército e da Marinha, bem como altos industriais e comerciantes, bancários, comerciários e senhoras da alta sociedade. E que “terminado o desfile, o meu pai subiu ao gabinete, tocou a campainha e convocou o Ministro da Justiça, Francisco Campos”.
No dia 21/11/1937, o governo do Estado Novo, fechou todos os partidos e agremiações
políticas, incluindo a Ação Integralista Brasileira. Foi um grande impacto, pois AIB já estava organizada não só como um partido político, como uma Associação Social e Beneficente, razão à qual, motivou uma série de protestos, entre os quais e principalmente, as carta do General Newton Cavalcanti e de Plínio Salgado;
a primeira falava da demissão do General Newton do comando da Vila Militar, endereçada ao Ministro da Guerra, general Eurico Dutra, e a Segunda, endereçada ao Chefe do Estado Novo, Sr. Getúlio Vargas, protestando contra o fechamento da AIB.
Hoje em dia, antigos integralistas, magoados, negam que a AIB houvesse apoiado o governo Vargas em toda a sua trajetória, mas essas cartas, cujo teor está no livro do historiador Hélio Silva, sobre o Movimento Integralista, são contundentes provas a contradizê-los... Começou, entretanto, entre fins de 1937 a princípios de 1938, a conspiração integralista, pecando desde o início, por não ser uniforme, e, quando por fim se arquiteta o ataque ao Palácio Guanabara, que seria apoiado por forças do Exército e da Marinha, com a posse de um triunvirato, composto de Belmiro Valverde, um General e um Almirante, essa planificação não era compacta. Tanto assim, que em seu livro, o Historiador Hélio Silva cita na véspera da data marcada, dia 10 de Maio de 1938, “Barbosa Lima tentara convencer Severo Fournier, tenente do Exército que ira comandar o ataque, da inutilidade de tal sacrifício, uma vez que todas as informações levavam a crer que dentro do Exército e da Marinha, ainda não havia a
aderência suficiente para se desfechar o golpe. ”Tal, porém não demoveu o Tenente Fournier, pois no dia 11/05/1938, à 01 hora da madrugada, algumas viaturas trouxeram homens uniformizados de fuzileiros navais que chegaram em frente ao Palácio Guanabara, cuja guarda de fuzileiros estava comandada pelo tenente Nascimento, que era Integralista; a resistência é pouca. Morrem três fuzileiros que tentam resistir, o Palácio é tomado, e Getúlio e a família ficam prisioneiros por várias horas.
Não chegavam nem forças rebeldes, nem do Governo; há menção de que os fuzileiros
navais são retidos no Arsenal de marinha, por forças governistas; Os telefones do Palácio foram cortados, exceto um, que permitiu a comunicação com a Polícia Especial; O General Dutra no Leme soube do ocorrido, e parte com uma pequena força de 12 homens para o Palácio; Há combate. Dutra é ligeiramente ferido na orelha. O que realmente se passou...? O fato é que com a chegada da Polícia Especial (Uma unidade de elite do Estado Novo), o combate se tornou desigual, e já de manhã estava tudo terminado: Os Integralistas vencidos, alguns mortos, outros refugiados e outros aprisionados e fuzilados, por ordem de Benjamin Vargas, irmão de Getúlio.
Seguiram-se inúmeras prisões de chefes e militantes integralistas. Houve comentários de que o levante estava ligado à Alemanha Nazista, porém no livro “O III Reich no Brasil”, que tem na íntegra documentos alemães decodificados e apreendidos pelos Aliados no final da II Guerra, o embaixador alemão Von Ritter, emitiu um telegrama-relatório normal, sem aventar qualquer ligação de seu governo com o Levante. Nele faz uma menção da eclosão do movimento devido ao fato do Governo Vargas não ter cumprido a palavra empenhada com os Integralistas. Em sua carta de demissão, o General Newton Cavalcanti chama a atenção para as conseqüências imprevisíveis para o Governo Vargas, uma vez que, se cuidasse do perigo das influências do comunismo e do banqueirismo internacional, vide PlanoCohen...
No período em que se seguiu a 2° Guerra Mundial, os Integralistas foram acusados de espionagem Pró-Alemanha (Acusação falsa e sem provas!).
Após o final da Segunda Guerra e a queda do Estado Novo, e obviamente de Getúlio, em 29/10/1945, o Integralismo ressurge, com a ajuda de seu teórico Miguel Reale com a sigla de PRP (Partido da Representação Popular), porém já não possuía a ênfase e a forçaanteriores. Já em pleno Governo Dutra (1946/1951), nasceram os seguintes Partidos Políticos:

· UDN (União Democrática Nacional )=> Cunho Ultra-Conservador;

· PSD (Partido Social-Democrata) => Cunho Conservador, abrigava empresários e donos de terras.

· PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) => Trabalhadores em geral;

· PSP (Partido Social Progressista) => Trabalhadores da Grande SP; Era conduzido por Ademar de Barros, ex-governador de SP;

· PCB (Partido Comunista Brasileiro) =>Liderado por Prestes, com grande força entre o operariado, acabou sendo fechado em 1947, por Decreto Presidencial;


Neste panorama político, foi difícil a atuação do PRP. Não obstante fazer deputados federais e até lançar a candidatura de Plínio Salgado em 1955, à Presidência da República; Foi derrotado; e em 1965 seria extinto com os demais partidos por decreto do Presidente Castelo Branco (1964/1967).

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