Nazistas ocupam a Casa Branca em 1945. Imagem: História Alternativa.
A América Latina teria sido
o palco do confronto final entre alemães e aliados. E não existiria Internet!
por Denis Russo
Burgierman
A ideia de que Adolf Hitler pudesse concretizar seus planos
megalomaníacos hoje soa absurda. Mas os alemães estiveram a milímetros de
ganhar a guerra. Tanto que o historiador inglês Stephen Ambrose atribui a
derrota dos nazistas a um meteorologista escocês. Ele chamava-se J. M. Stagg e
fazia a previsão do tempo para as tropas aliadas. No dia 5 de junho de 1944,
apesar da tempestade que castigava a costa francesa, Stagg garantiu que o céu
acabaria abrindo mais tarde.
Foi um chute, já que o clima naquela região é tão instável que
até hoje os satélites erram metade das previsões. Mas Stagg acertou. Se a
chuva não parasse, os soldados que desembarcaram na França na manhã seguinte –
o fatídico Dia D – chegariam à praia enjoados, incapacitados para lutar. Também
não haveria visibilidade para soltar pára-quedistas ou bombas. Toda a operação
para libertar a França teria sido um fiasco.
Por outro lado, o historiador militar inglês John Keegan acredita que
Hitler perdeu sua chance de vencer três anos antes, em 1941. Nessa época, quase
toda a Europa estava em suas mãos ou na de seus cúmplices italianos e
simpatizantes espanhóis. Animado com o sucesso, o ditador encarou de frente a
Rússia. Acabou derrotado pelo inverno. Keegan argumenta que Hitler poderia ter
optado por uma invasão indireta. Ele entraria fácil na Turquia e de lá
estenderia seus tentáculos pelo Oriente Médio. Garantiria, assim, um suprimento
inesgotável de petróleo para mover seus tanques e aquecer suas tropas. Depois,
tomaria o sul da União Soviética, onde o inverno não é tão cruel. Desse
jeito, deixaria Stálin sem suas principais reservas petrolíferas.
Mapa Múndi segundo a vitória do Eixo. Imagem: História Alternativa. Clique na Imagem para ampliar.
“Daí para a frente, seria fácil conquistar a Rússia e depois a Índia,
então colônia inglesa”, disse Keegan à Super. Enquanto isso, seus aliados
japoneses ocupariam a China, ligando o Japão à Alemanha. E não pararia por aí.
“A Inglaterra é pouco populosa e pobre em recursos naturais”, afirma
Keegan. Sem suas colônias, viraria presa fácil. Na época, boa parte da África
era colônia de países europeus e acabaria também nas mãos do Führer.
É bem possível que nem assim o Estado nazista sossegasse. “Eles
dependiam da guerra”, diz Lohbauer. “As empresas alemãs cresceram fornecendo
equipamento para o exército e precisavam da mão-de-obra escrava dos
prisioneiros.” Ou seja: continuariam invadindo país após país para manter esse
esquema. Iriam para o Pacífico e de lá para a Oceania. “Podemos ter um século
de luta à nossa frente”, disse Hitler certa vez. “Antes isso do que ir dormir.”
Assim, fatalmente ele esbarraria nos interesses de outra potência: os
Estados Unidos. Ou você acha que os americanos deixariam Hitler invadir o seu
quintal? “Não permitiríamos que eles se apoderassem da América Latina”, afirma
o americano Robert Cowley, fundador da revista Militar History Quarterly,
especializada em história militar.
Neste cenário, a Guerra Fria teria ocorrido entre Alemanha e Estados
Unidos. “Mas o mais provável seria uma guerra quente mesmo”, diz Keegan. E o
palco seria a América Latina. Será então que a luta duraria para sempre? “Acho
difícil”, afirma Cowley. “O império nazista baseava-se numa única figura
carismática. Uma hora Hitler iria morrer. Quem o substituiria?”
Depois da morte do ditador, os oprimidos iriam se rebelar e o império se
despedaçaria aos poucos. Chegaríamos ao ano 2000 nos reerguendo dos destroços.
É bem possível que a ciência estivesse estagnada, depois de décadas
torrando todo o dinheiro em bombas e projéteis. A informática seria ainda bem
primitiva. E a Internet certamente não teria nem nascido: regimes autoritários,
que dependem do controle da informação, fariam tudo para impedir que ela se
difundisse. Na próxima vez que navegar na rede mundial de computadores,
agradeça, portanto, àquele sortudo meteorologista escocês.
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