Anjo segura uma faixa com epitáfio em alemão: Abençoados são os que morrem no senhor.
Imagem: Cemitério Luterano em Porto Alegre/RS.
A.Considerações Gerais.
B.Sepultamento de Pessoas
não Luteranas.
C.Sepultamento de Suicidas.
A.
Considerações Gerais
O sepultamento é a última cerimônia associada à
existência humana aqui no mundo e, mesmo fora do cristianismo, à condição
humana sente a necessidade de solenizar o evento com cerimônias próprias que
reflitam o valor e a dignidade humana.
2. A Escritura Sagrada nada prescreve a respeito de
cerimônias fúnebres. A igreja cristã, porém, procurou desde cedo tratar do assunto
dentro de um contexto que testemunhasse a fé e esperança que a religião cristã
professa.
3. Desde cedo os cristãos demonstraram zelo pelos mortos. A igreja se tornou responsável pelo sepultamento de seus membros. Velas, incenso e salmos expressavam a alegre esperança da ressurreição. O sepultamento sempre deveria ser expressão da fé na ressurreição, um conforto para os vivos, antes do que um serviço para os mortos.
3. Desde cedo os cristãos demonstraram zelo pelos mortos. A igreja se tornou responsável pelo sepultamento de seus membros. Velas, incenso e salmos expressavam a alegre esperança da ressurreição. O sepultamento sempre deveria ser expressão da fé na ressurreição, um conforto para os vivos, antes do que um serviço para os mortos.
4. Lutero enfatizava o conforto, o perdão dos pecados,
o descanso, o sono, a vida e a ressurreição (WA 35, 478-479). Também manteve o
ensinamento de ser tarefa da igreja providenciar um sepultamento cristão para
os seus membros (WA 44, 203).
5. As características de um sepultamento luterano são:
a proclamação da esperança de que os que morrem na fé ressuscitarão para a vida
eterna, manifestação de amor, lembrança da certeza da morte, e a necessidade de
preparação para a mesma, cantos, orações e mensagem proferida pelo pastor
(Lutheran Cyclopedia, p. 119-20).
6. A igreja luterana, com o passar dos anos, manteve o
mesmo zelo para com os seus membros falecidos. Para tanto incluiu na sua
liturgia oficial uma Ordem do Sepultamento Cristão, destinada a ser usada na
casa mortuária, na igreja e junto à sepultura. (Liturgia Luterana, p. 216-239).
B.Sepultamento de
Pessoas não Luteranas
7. Com frequência pastores luteranos são requisitados
para oficiar sepultamentos de pessoas que não são membros de suas congregações.
Às vezes, alguém que foi assistido pelo pastor no hospital, outras vezes, um
parente, vizinho ou amigo de membro. Nestes casos, precisamos ter em mente que
o único conforto que Deus oferece está intrínseca e inseparavelmente unido à
morte e ressurreição de Cristo e, por isso, o pastor precisa estar convicto de
que a pessoa faleceu na fé salvadora. Se o pastor, ou testemunhas confiáveis,
tiverem esta convicção, o pastor poderia, de boa consciência, consentir em
conduzir uma cerimônia fúnebre.
8. O pastor sempre deve ter em mente que ele
representa a igreja e a posição teológica que sua denominação professa e na
qual se fundamenta. Oficiando um sepultamento (mesmo não usando vestimentas litúrgicas e nem a liturgia oficial), o
pastor, em essência, atesta o fato de que a pessoa falecida morreu na fé
cristã. E realizar, indiscriminadamente, cerimônias fúnebres contribuiu, tão
somente, para o sincretismo religioso tão difundido em nossos dias.
9. No entanto, pelo fato de uma cerimônia fúnebre ser dirigida para os vivos e não aos mortos, o pastor deve procurar o conselho da diretoria em todas as circunstâncias incomuns que surgirem.
9. No entanto, pelo fato de uma cerimônia fúnebre ser dirigida para os vivos e não aos mortos, o pastor deve procurar o conselho da diretoria em todas as circunstâncias incomuns que surgirem.
C.Sepultamentos
de Suicidas.
10. O suicídio é transgressão
do 5º Mandamento e, como
regra geral, a igreja cristã não realiza o sepultamento de suicidas. No
entanto, a assistência espiritual aos familiares e enlutados é imprescindível e
especialmente importante nestes casos.
11. Existem,
também, situações especiais, quando uma pessoa sofre de esquizofrenias,
desequilíbrios mentais e quando uma pessoa está sendo submetida e tratamento
clínico com a utilização de medicamentos e drogas que inibem a resistência
volitiva do paciente. Nestas situações a pessoa não tem consciência de seus
atos e não pode ser, humanamente, responsabilizada por eles.
12. Antes, porém, de o pastor realizar qualquer
sepultamento de uma pessoa vítima de suicídio deverá fazer um cuidadoso
inquérito, não tanto para encontrar um motivo para não realizar o sepultamento,
mas para encontrar um motivo (mesmo se fraco) para aceitar a oportunidade. É
especialmente importante nestes casos estabelecer a condição mental do (a)
falecido(a) e se ele(ela) estava consciente de seus atos.
13. Existem, ainda, outros fatores importantes que
devem ser avaliados pelo pastor, juntamente com a diretoria de sua congregação
ou paróquia:
a) Toda a
cerimônia fúnebre deve sempre visar o benefício dos vivos e deve ser um
testemunho por parte da congregação. A morte é especialmente difícil para os
familiares de um suicida (geralmente é um pai, uma mãe, um filho, um avô, etc).
E, quase sempre, a família carrega um grande sentimento de culpa, que um pastor
ou congregação excessivamente legalistas, ao recusarem o sepultamento, apenas
aumentam.
b) Ninguém pode determinar ao certo a fé, ou a falta
da mesma, em outra pessoa. Até mesmo em sepultamentos de membros de nossas
congregações, ouviram-se comentários como: “Se o pastor soubesse a vida que
levava...” Mas, também, por outro lado, se a vida pregressa do falecido ou as
circunstâncias de sua de sua morte manifestarem a ausência da fé em Cristo, o pastor não pode realizar um sepultamento
cristão, pois num sepultamento cristão é oferecido aos familiares o conforto de
que a pessoa falecida foi salva, o que sem fé é impossível oferecer. No
máximo poderia ser um amparo aos familiares e uma proclamação do evangelho de
Cristo.
c) O que o pastor deverá dizer na sua mensagem por
ocasião do sepultamento de um suicida? Deverá ele explicar e justificar a sua
participação na cerimônia? A mensagem deve falar de pecado e graça, sem
analisar a vida e a morte do suicida. Deve falar conforto aos enlutados e
esperança em Cristo para todos os presentes.
d) O que fazer, se a família insistir que a cerimônia fúnebre seja realizada no templo da congregação, com tudo o que isto implica? A sabedoria pastoral terá que avaliar a situação com a diretoria, pois em si nada muda quando assim se procede.
14. Pastor e congregações deverão estabelecer critérios gerais, baseados em princípios teológicos sadios, que deverão servir de orientação para o sepultamento de membros suicidas. Estes critérios ainda deverão ser especificamente aplicados a cada situação particular, usando de moderação e amor cristão. E, em casos de dificuldades especiais, poderá ser de muita utilidade à consulta a colegas e ou ao conselheiro.
d) O que fazer, se a família insistir que a cerimônia fúnebre seja realizada no templo da congregação, com tudo o que isto implica? A sabedoria pastoral terá que avaliar a situação com a diretoria, pois em si nada muda quando assim se procede.
14. Pastor e congregações deverão estabelecer critérios gerais, baseados em princípios teológicos sadios, que deverão servir de orientação para o sepultamento de membros suicidas. Estes critérios ainda deverão ser especificamente aplicados a cada situação particular, usando de moderação e amor cristão. E, em casos de dificuldades especiais, poderá ser de muita utilidade à consulta a colegas e ou ao conselheiro.
Porto Alegre, 1º de junho de 1992.
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