Testes com a TGN1412. Imagem: naturalnews.com.
“Não posso, por falta de
premissas suficientes, aconselhá-lo no que determinar, mas se você quiser, eu
lhe direi como.”
Benjamin Franklin
Em 13 de Março de 2006, seis homens receberam uma infusão de pesquisa nos arredores de Londres, Inglaterra. Em questão de minutos, um dos homens reclamou de dor de cabeça. Horas depois, todos os seis foram levados às pressas para o Northwick Park Hospital com falência múltipla de órgãos. Somente com a administração intravenosa de doses maciças de esteroides, juntamente com a ventilação mecânica e outros recursos de alta tecnologia, reverteu-se o quadro desses homens, à beira da morte.
O episódio marcou um dos testes mais desastrosos de medicamentos da história – e desencadeou uma chuva de críticas. Por que, perguntaram os observadores, os pesquisadores colocaram homens saudáveis em tamanho risco?
O episódio marcou um dos testes mais desastrosos de medicamentos da história – e desencadeou uma chuva de críticas. Por que, perguntaram os observadores, os pesquisadores colocaram homens saudáveis em tamanho risco?
As
autoridades inglesas isentaram os pesquisadores de prática indevida. O experimento
tinha sido testado em animais e aprovado por autoridades fiscalizadoras tanto
no Reino Unido quanto na Alemanha, terra natal de TeGenero, que desenvolveu a droga. Além disso, o debate causou
tamanha reação global que o caso do TGN1412
teve um lugar nos anais da ética de pesquisa humana.
O TGN1412 era uma droga de
combate ao câncer e à artrite por estimular células imunes de uma maneira nova.
Estava sendo testado pela primeira vez em humanos. Apresentava pequeno risco de
efeitos colaterais sem precedentes – principalmente uma síndrome de resposta inflamatória sistêmica (SRIS)
devastadora, chamada de tempestade de citocina,
ou hipercitocinemia, em que o sistema imune ataca os órgãos do corpo. O teste
foi conduzido em homens saudáveis, incentivados a participar pela quantia que
receberiam – 2.000 libras.
O
teste apresentava inúmeras questões éticas. Uma das mais simples: os
pesquisadores, que estavam testando uma droga nova, informaram os riscos
específicos aos voluntários? Os pesquisadores
omitiram informações que teriam sugerido a possibilidade de efeitos
colaterais catastróficos já testemunhados em compostos análogos? Ou eles
simplesmente usaram um consentimento verbal padrão, comum nos negócios?
Nunca poderemos saber toda a
história sobre o teste do TGN1412 – apesar das resmas de documentos agora
abertos ao público. Mas sabemos que ela reafirma uma lição
efetiva sobre a tomada de decisão ética – para não mencionar casos diários
menos dramáticos – podemos tomar decisões mais inteligentes se dedicarmos tempo
suficiente para seguir um processo simples de tomada de decisão:
1.
Esclarecer
a questão ética. Qual é a tentação ética básica que enfrentamos?
2. Criar alternativas. Que opções aceitáveis,
atraentes e até mesmo transformadoras nós temos?
3.
Avaliar
as alternativas. Que alternativas oferecem respostas defensivas, éticas?
No
caso do TGN1412, como os
pesquisadores aprimorariam sua tomada de decisão? Vamos começar supondo que
eles tivessem princípios éticos exemplares. Eles gastaram tempo para esclarecer
possíveis aspectos éticos nessa situação? Consideraram alternativas que levaram
mais plenamente em conta o ponto de vista de homens saudáveis que se apresentaram
como voluntários para o teste? Forneceram informações suficientes aos voluntários,
para que eles fossem plenamente informados?
Todos
nós às vezes enfrentamos tentações éticas desafiadoras, seja sob pressão, para
acelerar a colocação no mercado de um produto testado inadequadamente, ou para
enganar e ganhar algum tipo de favorecimento. Nesses momentos, com frequência
nosso código pode nos levar à respostas certa. Mas ele pode não nos guiar para a melhor resposta. Podemos
sempre tomar decisões de alta qualidade se usamos um processo de tomada de
decisão para suplementar nosso código , quer pensemos na ação ou nas
consequências.
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HOWARD, Ronald A; KORVER,
Clinton D. Ética Pessoal para o Mundo Real: criando um Código Ético e Pessoal
para Guiar suas Decisões no Trabalho e na Vida. São Paulo: M.Books do Brasil
Editora Ltda, 2011.
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